Todo dia é dia de festa: o trabalho no contexto circense

O artigo em questão, de autoria de Karlinne de Oliveira Souza e José Eleonardo Tomé Braga Júnior, retrata sobre a pesquisa desses acerca do trabalho no contexto circense, sendo realizada em forma de estudo de caso e investigação qualitativa, através de observação participativa e entrevistas, o que caracteriza bem o processo de pesquisa-ação, em que o pesquisador se insere no contexto estudado.

Inicialmente, os autores abordam a temática das mudanças ocorridas no cenário do trabalho, em que, na contemporaneidade, ele vem causando cada vez mais a perda de direitos dos trabalhadores que, somada à instabilidade, fraca inserção e fraca permanência em um ambiente de trabalho, caracterizam a precariedade com que se encontra esse fator na atualidade.

Fonte: http://zip.net/bstDNz
Fonte: http://zip.net/bstDNz

Em contraponto à sua concepção arcaica, em que trabalho denotava humilhação e tortura, na modernidade a palavra passa a significar como criador de valores e organização social. Dessa maneira, o trabalho torna-se fator constituinte da subjetividade do indivíduo contemporâneo, pois esse passa a empenhar boa parte de seu tempo na execução do trabalho, de modo a satisfazer suas necessidades materiais, promover o contato social, através das relações interpessoais e produzir sua própria cidadania.

A abordagem da pesquisa foi feita com um integrante do Circo do Motoca, que circula pelo Ceará e estados próximos há mais de 20 anos. O artista trabalha no circo como palhaço, mas, dependendo do fluxo de visitantes ao circo, ele desempenha mais de um papel por dia, como atirador de facas, trapezista, bilheteiro e outros, além de ser gerente do circo e fazer projetos para outros circos.

Fonte: http://zip.net/bqtFtG
Fonte: http://zip.net/bqtFtG

Nota-se claramente a precariedade do trabalho no contexto circense, dado que, primeiramente, não há direitos garantidos aos seus trabalhadores. Somado a isso, há o fato de que, quando rompidos os vínculos pessoais entre algum indivíduo e o restante do grupo, o primeiro acaba ficando desamparado, sem moradia e sem emprego, ambos perdidos ao mesmo tempo. Circo lembra alegria, festividade, brincadeiras, tudo carregado com um gostinho de infância. É frustrante saber que em seus bastidores a realidade não é assim também.

REFERÊNCIAS:

Maria Chalfin Coutinho, Odair Furtado, Tânia Regina Raitz. Psicologia Social e Trabalho: perspectivas críticas. Coleção Práticas Sociais, Políticas Públicas e Direitos Humanos. p.140-144. Vol. 1. ABRAPSO editora. Florianópolis, 2015.