No filme (Upgrade), Grey Trace, interpretado por Logan Marshall-Green, é uma pessoa bastante desapegada de tecnologias em um futuro que basicamente tudo gira em torno dela. Ele trabalha como mecânico de carros, utilizando as próprias mãos, o que é raro para a época, onde quase tudo funciona de forma automatizada, desde carros que dirigem sozinho à máquinas que imprimem pizzas. O protagonista é casado com Asha (Melanie Vallejo), que trabalha em uma empresa de tecnologia.
Em uma noite, os dois voltando de um serviço entregue por Trace, têm o sistema de seu carro autônomo invadido. O carro assume uma rota diferente e só pára após colidir com um obstáculo. Ambos são atacados por uma gangue que mata Asha e deixa Trace tetraplégico.
Após o acidente, no hospital, Trace recebe a visita de Eron Keen (Harrison Gilbertson) que foi para quem ele havia entregue um carro horas antes do acidente. Eron faz uma proposta para Trace, que era a de implantar um chip que poderia fazê-lo voltar a andar e consequentemente ir atrás e descobrir quem matou sua mulher. Trace se nega a aceitar, mas acaba cedendo.
Os médicos então implantam o chip e o levam para casa, onde depois de algumas horas acorda e tem a surpresa de que aquilo não era só um chip, mas sim uma inteligência artificial que se chamava Stem, que fala com ele e realiza a comunicação do cérebro de Trace e seus membros.
Trace então vai atrás de uma pista que Stem (a IA) havia descoberto sobre o possível endereço de onde encontrar o assassino de sua esposa. No decorrer da cena, ele descobre que a IA o possibilita fazer movimentos sobre-humanos, e com isto o personagem mata um dos suspeitos do assassinato da esposa.
A trama se desenvolve em cima desse ar de vingança, onde Trace procura cada um dos possíveis assassinos de sua mulher, e descobre que, na verdade, foi tudo uma armação. O precursor disso tudo foi Eron Keen, o milionário para o qual ele havia realizado o conserto do carro e havia lhe oferecido a oportunidade de ter os movimentos de volta.
O plot twist do enredo se dá quando o protagonista descobre que na verdade quem está por trás disso tudo é a IA (Stem) que controlava a parte paralisada de seu corpo, e que tudo isso ocorreu porque ela queria um corpo humano para servir de hospedeiro. Trace luta enquanto pode contra Stem para evitar que a IA faça coisas que vão contra suas intuições, mas acaba perdendo e assassinando pessoas inocentes.
Ao se analisar o contexto apresentado no filme, observa-se uma tendência a questionar os “perigos” da inteligência artificial ao ser humano. O diretor busca trazer estas questões ao apresentar a IA como um mecanismo controlador que é implantado em Trace.
Trazendo para a nossa realidade, ainda não se tem uma inteligência artifical que atue com conexões sinápticas assim como humanos de modo a gerar o raciocínio, mas isto não impede que grandes nomes da tecnologia propaguem o quão perigosa pode se tornar tal tipo de tecnologia. Um bom exemplo é o CEO da Tesla, Elon Musk, que afirma o perigo da IA ao ser humano ao dizer que “até que as pessoas não vejam robôs matando gente na rua, não entenderão os perigos da inteligência artificial”, desta forma atentando para os possíveis perigos que a evolução na inteligência artificial poderia acarretar.
Outro filme que retrata a grande controvérsia em relação a “ameaça“ da inteligência artificial é o filme baseado em histórias em quadrinhos: Vingadores Era de Ultron. Nele, Tony Stark (Robert Downey Jr.) e Bruce Banner (Mark Ruffalo) criam uma inteligência artificial chamada Ultron que teria por objetivo proteger e auxiliar a humanidade, mas que ao navegar pela rede e buscar aprender o comportamento humano, percebe que a maior ameaça à humanidade são os próprios seres humanos.
Atualmente, não temos tal capacidade de se criar uma inteligência tão elaborada como a dos filmes, porém, não é descartada a possibilidade de em alguns anos termos algo que se aproxime do ideal apontado na ficção. Esse fato pode ser visto por meio da grande crescente de pesquisas relacionadas à IA e a forma de transformar o computador em um ser pensante por grandes companhias como a Google.
Em seu congresso mais recente [1][2][3] (Google I/O – 2018) a companhia apresentou uma inteligência artificial capaz de se passar por uma pessoa e agendar horários em, por exemplo, salões de beleza utilizando até mesmo de um “tom de voz” irônico ao conversar com a atendente a fim de mostrar insatisfação.
Em um possível futuro no qual a IA terá evoluído a ponto de assumir postos ocupados por humanos, é possível imaginar diferentes perspectivas, por exemplo: a substituição de mão de obra em trabalhos realizados por humanos e tomadas de decisões realizadas por essas tecnologias. Porém, pode-se imaginar o lado no qual as inteligências artificiais assumam um estado de autonomia, onde as mesmas saem do controle humano de forma a oferecer riscos tanto físicos quanto virtuais. O filme mostra um cenário em que o personagem se torna totalmente vulnerável ao chip que o controla, resultando em situações de danos à vida humana.
FICHA TÉCNICA DO FILME
Título Original: Upgrade
Direção: Leigh Whannell
Roteiro: Leigh Whannell
Produção: Jason Blum, Kylie Du Fresne, Brian Kavanaugh-Jones
Elenco Principal: Logan Marshall-Green, Betty Gabriel, Harrison Gilbertson, Benedict Hardie
Ano: 2018
Referências:
[1] Ref: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/17/tecnologia/1500289809_008679.html
[2] Vídeo IA Google agendando horário em salão de beleza e restaurantes: https://www.youtube.com/watch?v=tiuZD0b9dSo
[3] Ref: https://ai.google/
Artigo falando da IA do google: https://inteligencia.rockcontent.com/google-duplex/
Informações do filme: https://www.imdb.com/title/tt6499752/
Nota: Texto produzido na disciplina Gestão Tecnológica II, professora Parcilene Fernandes de Brito.