1. Introdução
A Psicologia Comunitária pode ser considerada uma ramificação da Psicologia Social, porém, está mais voltada para a prática do psicólogo, que, em sua práxis profissional, utiliza-se de conceitos para aplicá-los em campo, unindo teoria e prática. “Entendo que é o olhar do psicólogo que diferencia sua prática dos seus pares das ciências sociais. Dado um contexto social complexo, cada pesquisador lançará seu olhar específico, colocará os ‘óculos’ de seu referencial teórico” (ARENDT, 1997).
O psicólogo comunitário atua, também, como pesquisador. É necessário que o profissional adote o método da pesquisa-ação, inserindo-se no contexto em que pretende atuar, de modo que suas práticas interventivas vão ao encontro das reais necessidades da comunidade observada. Dessa maneira, o profissional, embasado nas metodologias que a Psicologia Comunitária traz, torna-se mediador e participante ativo no processo de transformação que passa a ocorrer com a união dos indivíduos em comunidade e dotados de responsabilidades para que tais mudanças aconteçam.
A comunidade torna-se, então, objeto transformado e ao mesmo tempo transformador. O psicólogo comunitário, inserido na mencionada, tem a função de mediar intervenções, reuniões, diálogos e outras práticas, apenas para dar início ao processo de transformação, tornando clara a importância da participação ativa dos sujeitos nesse.
1.1 Objetivo
A visita técnica, relatada no presente, objetivou a busca pelo contato direto com a realidade vigente no contexto da COOPERAN de Palmas/TO, de modo a observar, na prática, o que é estudado em sala de aula, na matéria de Psicologia Comunitária.
2. Metodologia
A metodologia usada no presente estudo se deu por meio de pesquisa aplicada, qualitativa e descritiva, haja visto que foi realizada visita a campo, na comunidade (cooperativa) COOPERAN e, através de diálogo/entrevista, obteve-se informações acerca da convivência e do trabalho executado na cooperativa.
3. Conhecendo a COOPERAN
COOPERAN designa a associação, no modo de cooperativa, entre pessoas com o objetivo em comum de unir forças para trazer melhorias ao meio ambiente, através da coleta de materiais recicláveis. Iniciou-se há cerca de 12 (doze) anos e hoje conta com 15 (quinze) cooperantes e o presidente da cooperativa. Para a entrevista, realizada na visita técnica, disponibilizou-se a dona Maria, cooperante e pioneira na COOPERAN. De início, apresentou-se um pouco retraída, mas logo que iniciou sua fala, apresentou relatos importantes sobre a cooperativa.
Sobre as expectativas das visitantes em relação ao local, admite-se que não foram atendidas. Esperava-se um local bem estruturado e organizado, porém, chegando lá, deparou-se com um galpão, uma pequena área e um lote sem cobertura, sem piso e sem muro, com os materiais espalhados pelo chão, conferindo-lhe um triste aspecto de “lixão”. Dona Maria relatou sobre as várias necessidades que a cooperativa apresenta. Entre elas, a estrutura, que precisa ser melhorada, acrescentando a cobertura, o piso e o muro, como foi citado acima. Necessita também de um galpão maior, com mais maquinários (prensador e balança), com baias (separadores de materiais) e outro caminhão para a coleta.
A coleta apresenta-se com grande dificuldade também, pois a cidade carece de coleta seletiva, pelo menos, nos comércios, sendo essa uma das causas pelas quais a cooperativa vem lutando para conseguir do governo. Outro aspecto, apontado por dona Maria, diz respeito ao descaso dos órgãos de saúde para com a cooperativa. Quando lhe foi perguntado se eles recebiam visitas de psicólogos e agentes de saúde, ela responde negativamente, afirmando que são esquecidos por esses. Em relação à convivência e a execução do trabalho entre os cooperantes, dona Maria relata que é boa, havendo respeito e distribuição das funções. Porém, ela atenta para a necessidade deles se unirem mais, praticarem o diálogo e se conhecerem melhor.
4. Considerações Finais
A visita feita a COOPERAN foi de grande proveito, pois tivemos contato direto com a realidade dos indivíduos que trabalham ali. Pudemos ver de perto as dificuldades de realizar um trabalho tão lindo, mas que ainda carece de apoio da comunidade, ONG´s e do Governo. A convivência é boa, mas percebe-se que pode melhorar, e logo melhorando também a qualidade de trabalho. Está faltando mais união e empoderamento da equipe. Para ajudar nesse processo, precisaria de uma equipe profissional multidisciplinar. Um profissional de grande importância e que está em falta é o psicólogo. A senhora que foi entrevista relata que sente mesmo a necessidade de um apoio psicológico, já que as dificuldades são muitas, e estas afetam também o emocional.
O papel do psicólogo nesta entidade serviria como forma de aprimoramento de um trabalho maravilhoso que eles já fazem, sendo de muita importância, pois os ajudaria a encontrar uma maior cognição social, maior união, maior autoestima e maior autonomia dos sujeitos para buscarem melhores condições básicas para continuarem efetuando seus trabalhos.
Nós enquanto alunas percebemos nessa visita que ser psicólogo comunitário é muito difícil, pouco reconhecido, mas de muita necessidade em entidades como essa. Cabe a nós mudar esse quadro e buscar sempre a melhoria e autonomia de equipes tão raras e importantes como essa que tivemos o prazer de conhecer um pouco mais sobre sua realidade.
REFERÊNCIAS:
ARENDT, Ronald J. J. Psicologia comunitária: teoria e metodologia, Scielo Brasil, Rio de Janeiro, vol.10 n.1, mar. 1997. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79721997000100003>. Acesso em: 28 mai. 2016.