Famílias, Gêneros e Violências

Em “Famílias, Gêneros e Violências”, as autoras Narvaz e Koller discutem a transmissão transgeracional da violência de gênero intrafamiliar. Ou seja, elas trazem a afirmativa de que a violência de gênero, principalmente para com as mulheres, é algo passado de geração para geração, dentro do seio familiar. Assim, as mulheres não reescrevem apenas sua história individual, mas também a história coletiva de todas as mulheres.

Segundo as autoras, cada família possui histórias, romances e segredos que são contados e recontados de geração em geração. Entre estes, há segredos que geram grande medo em serem revelados. A relação de dominação e submissão é um deles. Para que a revelação desses segredos ou o recontar de histórias sejam saudáveis. ou contribuam para a promoção de saúde, é necessário que a própria família se torne espaço confiável de compartilhamento, encontrando-se disponível à mudanças, transformando alguns percursos históricos e tradicionais.

A violência intrafamiliar não é algo de hoje, ela tem fundamento histórico. O que se vê hoje em um grande número de famílias, no que tange à violência de gênero, observa-se desde tempos remotos, em que a mulher possuía o papel de cuidar da prole e da casa, servindo sempre ao “macho alfa”, e sendo submissa a ele. Isso deixou um legado histórico, incrustrado na mentalidade de todos, refletidos no machismo e na sociedade falocêntrica existentes ainda nos dias atuais.

Fonte: http://zip.net/bhtJqC

Muito já foi conquistado pelas mulheres, graças ao movimento do Feminismo. Porém, parece sempre haver um pensamento primeiro de que a mulher é submissa, e fim de papo. Para que a mudança desse pensamento também ocorra, talvez ainda leve muito tempo, pois esse teve início também há muito tempo, agarrando-se com unhas e dentes e de modo coletivo no interior de cada um.

Essa mudança caminha a passos lentos, mas a família, que fora a própria causadora dessa submissão transgeracional de gênero, é o órgão capaz de começar a transformação. É como curar uma picada de cobra com o veneno da mesma cobra. Ou seja, é no seio familiar que pode ocorrer uma mudança de rota, sendo os homens os principais guias, percebendo suas mulheres não como alguém abaixo ou atrás de si, mas ao seu lado. Dessa forma, caminhando juntos para a construção de um lar, e de uma família, em que o respeito e a paz reinam no dia a dia.

Referência

NARVAZ, M. G.; KOLLER, S. H. Famílias, Gêneros e Violências: Desvelando as tramas da transmissão transgeracional da violência de gênero. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.