Informática e Sociedade

“Proporcionar contato direto com a tecnologia da computação a pessoas que, pela exclusão social, ficaram as margens deste avanço tecnológico”. Este é o objetivo do projeto Informática e Sociedade, iniciativa dos cursos de Sistema de Informação e Ciência da Computação do Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP).

O projeto existe desde 2004 e atende, por meio de cursos ministrados pelos universitários, em média 200 pessoas por ano. Entre esse público, estão idosos do Centro de Convivência dos Idosos, jovens carentes de escolas públicas de Palmas e alunos da APAE; e para cada grupo, há um formato diferente de atuação.

O (En)Cena entrevistou o professor doutor Edeilson Milhomem, um dos coordenadores do projeto Informática e Sociedade. Na entrevista, Edeilson fala sobre os impactos do projeto na realidade das pessoas atendidas e também sobre os trabalhos desenvolvidos pelos acadêmicos como forma de sensibilização para causas sociais.

 


Professor Edeilson Milhomem, um dos coordenadores do projeto Informática e Sociedade

 

(En)Cena – Qual é a importância deste projeto, que promove inclusão digital?

Edeilson Milhomem – O projeto Informática e Sociedade possui duas vertentes de atuação:  (1) inclusão digital de pessoas carentes, com necessidades especiais, idosos, em situação de risco social ou que, por algum motivo, não têm acesso à tecnologia da informação; e (2) a qualificação profissional de jovens e adolescentes de comunidades carentes, que visa despertar o interesse dos jovens pela TI, visto que há um mercado vasto a ser explorado no que tange a Inovação Tecnológica, com amplas possibilidades de negócios e trabalho. Assim, este projeto contribui diretamente para a redução da exclusão digital de pessoas e o aprimoramento pessoal e profissional.

Além disso, como o projeto possui uma participação ativa dos discentes dos cursos de Computação do CEULP, estes têm a oportunidade de exercitar o conhecimento tecnológico adquirido em sala de aula em prol de uma causa social (um exemplo prático de exercício social), aproximando duas realidades em que o próprio conhecimento tecnológico é tido como um fator de distanciamento social.

 

Crianças da APAE familiarizando-se com o computador, a internet e com jogos educativos
Foto: Arquivo do Projeto

(En)Cena – Este processo de democratização do acesso às tecnologias da informação é necessário na capital tocantinense? Por que vocês escolheram os três públicos (idosos do Centro de Convivência dos Idosos, jovens carentes de escolas públicas de Palmas e alunos da APAE) para o desenvolvimento do projeto?

Edeilson Milhomem – Um dos fatores que contribuíram para a evolução desta nossa sociedade moderna em um espaço de tempo tão curto foi, com toda certeza, o surgimento de novas tecnologias, a facilidade que as pessoas têm de comunicar-se, de ter acesso às diferentes fontes de conhecimento, de interagir entre elas, de produzir conhecimento. Nesta direção, na nossa capital e nem tampouco em no estado não há diferença. Precisamos de pessoas que estejam seguindo a mesma direção que o mundo segue: o que “respira” tecnologia.

O público do projeto foi escolhido por dois motivos: propiciar aos idosos e às pessoas com necessidades especiais a possibilidade destes terem um contato direto com um “mundo” antes desconhecido por eles, que é o baseado em novas tecnologias; e despertar o interesse dos jovens carentes pela área de TI, uma vez que estes, hoje, têm muitas possibilidades (por exemplo, a partir de iniciativas do governo brasileiro) de ingressarem em um programa de graduação. Além disso, a área vem “ganhando” um destaque cada vez maior, já que as necessidades do mercado aumentam constantemente e a quantidade de profissionais que são formados atualmente não supre as necessidades do mercado.

 

Idosa em momento de aprendizado por meio do projeto informática e Sociedade
Foto: Arquivo do Projeto

(En)Cena – Quais são as abordagens para esses três públicos? O que eles aprendem nos encontros/cursos?

Edeilson Milhomem – Aos idosos e alunos da APAE são oferecidos cursos de microinformática básica, tais como, Microsoft Word, Microsoft Excel, Pesquisa na Internet e Redes Sociais, além de atividades lúdicas realizadas através do computador. Já aos jovens que buscam uma qualificação profissional, são oferecidos cursos de Introdução à Programação; Arduino e Desenvolvimento para Dispositivos Móveis.

 

Curso profissionalizante para alunos do ensino médio de colégio de Palmas – TO
Foto: Arquivo do Projeto

(En)Cena – Os acadêmicos dos cursos de Sistemas de Informação e Ciência da Computação são instrutores dos cursos, certo? Além do aspecto técnico, como o projeto Informática e Sociedade pode contribuir para a formação desses universitários?

Edeilson Milhomem – Sim, são estes alunos que ministram os cursos: ora de forma voluntária, ora como bolsistas. Assim, eles desenvolvem naturalmente, habilidades como organização e sistematização de conteúdo para treinamento em grupo, além da preocupação com o impacto de uma ação social da natureza deste projeto.

 

Acadêmico ministrando curso
Foto: Arquivo do Projeto

 

Acadêmico ministrando curso
Foto: Arquivo do Projeto

Eles desenvolvem também a habilidade da prática docente, trabalhando conceitos de didática e metodologia e colocam em prática o conhecimento adquirido em sala de aula em prol de uma causa social.

(O (En)Cena publicou, recentemente, o relato de Leandro Andrade como instrutor de curso no Projeto Informática e Sociedade. Confira também a experiência dele)

(En)Cena – Que impactos o projeto Informática e Sociedade promove na vida da comunidade atendida? A autonomia pode ser um dos resultados?

Edeilson Milhomem – Os principais impactos causados pelo projeto à sociedade são a redução da exclusão social e o desenvolvimento de habilidades baseadas em tecnologias em jovens carentes sem oportunidades.
Com o exercício e a prática em despertar o interesse destes pela área de tecnologia da informação naturalmente, estes conseguem autonomia para o desenvolvimento de novos conhecimentos, uma vez que passarão a ter discernimento de como buscar as diferentes fontes de conhecimentos que atualmente estão disponíveis através da internet.

 


Idosos em momento de curso desenvolvido pelo projeto informática e Sociedade
Foto: Arquivo do Projeto