A psicodinâmica do trabalho considera o trabalho como eixo central de estruturação do sujeito e prioriza, em sua análise, a organização do trabalho para compreender como são produzidos os processos de subjetivação e de saúde, assim como as patologias. Essa teoria vem se destacando como referencial de estudo sobre a saúde mental no trabalho.
Os estudiosos dessa abordagem procuram compreender e dar visibilidade a aspectos subjetivos que constituem a ação de trabalhar como a cooperação, o reconhecimento, as estratégias de defesas, as relações de prazer e sofrimento, a mobilização subjetiva, entre outros. Para isso, propõem a criação de um espaço de discussão onde os trabalhadores possam expressar, diante de seu coletivo de trabalho, a visão que têm a respeito do trabalho.
O efeito da subjetivação sobre o trabalho irá depender da mobilização e do engajamento do sujeito no trabalho. O favorecimento da subjetividade leva à vivência de prazer, mas quando ela é desconsiderada e bloqueada, favorece as vivências de sofrimento.
Prazer e sofrimento são vivências subjetivas e apontam a experiência do sujeito em função do fracasso ou do sucesso de seus esforços para resolver os conflitos que surgem no ambiente de trabalho. Para Dejours (2004a), uma forma de se captar o sofrimento é por meio das defesas, uma vez que ele não é diretamente acessível. Diante dele, os trabalhadores se mobilizam para transformá-lo e obter prazer, mas quando isso não é possível, surgem asestratégias de defesa individuais e coletivas para mascarar a percepção de risco e perigos a que estão expostos, assim como o sofrimento gerado pelas condições de trabalho.
Como exemplo da atuação da psicodinâmica do trabalho, Dejours (1992) investigou os pilotos de caça e percebeu que, apesar do medo relativo ao risco que supõe uma tarefa, o trabalho pode ser fonte de satisfação e de equilíbrio psíquico. Mas se o trabalho não tem sentido, a possibilidade de uma doença mental ou somática torna-se muito elevada. Para o autor, o trabalho de pilotagem engaja o corpo, a inteligência, as intuições e o ser humano no que ele tem de mais íntimo.
Essa profissão, segundo Dejours, Abdoucheli e Jayet (1994), deve ser escolhida pelo piloto que tenha motivação para exercer essa atividade, caso contrário, o piloto se arrisca efetivamente a se matar. Para Dejours (1992), poucas profissões conseguem integrar a teoria e a prática, assim como poucas situações exigem tantas habilidades de um só sujeito simultaneamente. O autor destaca que, na aviação, a valorização do corpo e do emocional pela situação de trabalho é exemplar da síntese trabalho intelectual-trabalho manual.
A exemplo de Dejours, que estudou a atividade aérea, a pesquisa que será apresentada teve como objetivo geral analisar a psicodinâmica do trabalho da Unidade de Operações Aéreas do DETRAN. Os objetivos específicos consistiram em: a) descrever a organização do trabalho; b) identificar as vivências de prazer e de sofrimento; c) analisar a mobilização subjetiva: inteligência prática, cooperação e reconhecimento e d) investigar as defesas coletivas utilizadas pelos pilotos para suportar as adversidades do ambiente de trabalho.
Método
A pesquisa teve como base os princípios teórico-metodológicos da psicodinâmica do trabalho. Utilizou-se a clínica do trabalho que se define como um espaço clínico e social que envolve o sujeito na realidade de trabalho. Tem como foco a análise da organização do trabalho e procura compreender como são produzidos os processos de subjetivação, as patologias e a saúde (MENDES, ARAÚJO & MERLO, 2011).
O estudo foi feito com a Unidade de Operações Aéreas – Uopa, constituída por 11 agentes de trânsito (nove pilotos, um mecânico de voo e um tripulante operacional) e duas técnicas de trânsito. Foram 10 sessões, que ocorreram no local de trabalho dos servidores, durante quatro meses, com encontros semanais e quinzenais, com duração entre uma hora e trinta minutos e duas horas.
A análise de dados foi feita pela Análise Clínica do Trabalho – ACT – proposta por Mendes e Araújo (2012). Nessa técnica, as verbalizações são analisadas no coletivo, ou seja, não se identifica a pessoa que fala.
Resultados
Organização do trabalho
A atividade aérea requer um profissional com muitas habilidades físicas, cognitivas e psíquicas. Para ter o privilégio de voar é preciso superar uma maratona que é o processo de seleção, formação e qualificação profissional. O processo seletivo é composto por avaliações médicas, físicas, psicológicas e teóricas. Percebe-se que “só fica na aviação quem tem perfil”. Durante o processo de formação se reconhece quem não tem perfil. “O meio se encarrega de tirar aqueles que, por algum motivo, não têm perfil”.
Todo o coletivo de trabalho formado pelos profissionais da aviação apresenta uma forte mobilização subjetiva na busca de evitar acidentes aéreos. Cada acidente é alvo de uma pesquisa técnica detalhada, em que todo erro ou negligência é combatido por medidas de segurança.
Dessa forma, a atividade aérea é marcada pelo controledas condições de uso das aeronaves e do estado de saúde física e mental dos pilotos. O trabalho de pilotar é regido por muitas regras e normas que são padronizadas para todos os grupamentos aéreos. Toda a doutrina que o piloto recebe visa evitar falhas por incompetência, despreparo ou falta de compromisso e responsabilidade. Prega-se a doutrina de não transgredir e manter o limite de segurança operacional.
Na aviação, o perigo, por se estar voando, é constante. Porém, o risco pode ser minimizado e administrado com treinamento, com a proficiência do piloto em situações de emergência, com cursos de segurança de voo e com supervisão eficiente de manutenção. Tenta-se prevenir os riscos e amenizar as situações em que os acidentes aconteçam. No entanto, podem ocorrer no voo situações imprevisíveis como incidentes, panes e acidentes, apesar de todo o planejamento do voo.
A mobilização subjetiva
Por ser um “universo restrito”, a atividade aérea está entre as profissões prestigiadas, valorizadas e elitizadas. São poucas as pessoas que têm oportunidade, qualificação e competência para ingressar na atividade aérea. A decisão de ser piloto é uma escolha consciente e coerente com os interesses e necessidades pessoais.
Os pilotos devem trabalhar em equipe, pois precisam manter um bom relacionamento com várias pessoas e não afetar seu desempenho profissional. Além dos profissionais da aviação, lidam com os passageiros, demais servidores do órgão e familiares que podem desequilibrar seu funcionamento psíquico.
A forma de organização do trabalho, em que se trabalha com todos, em horários diferentes e em escalas diferentes, não promove o estabelecimento da cooperação pela convivência e pelo nível de afinidade entre as pessoas; mas se constitui pelo resultado do trabalho em conjunto. Ter uma missão bem sucedida estabelece um vínculo profissional entre a equipe. A cooperação existe, portanto, pela contribuição que cada um oferece ao seu grupamento ou a aviação.
O coletivo se constitui por saber que a vida de cada um deles depende do bom desempenho do outro. Dessa forma, precisam superar as desavenças pessoais na hora em que precisam trabalhar juntos. Neste contexto, ter brigas e conflitos é um risco. Todos precisam cooperar um com o outro para que tenham segurança necessária para trabalhar.
Além da cooperação, o trabalho operacional de conduzir um helicóptero envolve certa postura, habilidade e aprendizagem do corpo. A mudança na direção dos movimentos do helicóptero exige do piloto um esforço e uma interação entre seu corpo e a máquina. Mesmo sendo um trabalho extremamente prescrito, cada piloto adquire seu jeito de pilotar, o que requer o engajamento de toda a sua subjetividade para enfrentar as situações inesperadas, arriscadas e imprevistas.
No trabalho de pilotagem, não se respeita a postura natural do corpo do piloto. Para dar conta de pilotar, o piloto fica torto. Se fosse seguir as normas da ergonomia, não daria conta de pilotar. Se não ficar na posição torta, o piloto não consegue colocar os pés nos pedais e as mãos no cíclico e coletivo, que são os instrumentos de comando da aeronave. A posição torta do corpo do piloto no helicóptero demonstra que “é o corpo que se adapta à aeronave”. “A aeronave já está construída, ela não se adapta a nada. A gente se adapta a ela ou não pilota”.
Apesar das dificuldades existentes, o trabalho aeronáutico é realizado com prazer e visto como fonte de prazer. Trabalhar como piloto é uma forma de realização pessoal que fortalece a identidade individual e coletiva dos profissionais. O piloto de helicóptero sente prazer em voar porque pode conduzir, controlar e comandar a aeronave. Também sente prazer pela sensação de liberdade, pelo deslocamento rápido e pela visão privilegiada que se tem quando se pode observar uma situação com várias dimensões.
O grupo se sente bem por fazer o que gosta e por gostar dos colegas. Outras fontes de prazer são o reconhecimento, as conquistas em relação à formação e o simbolismo que os instrumentos de trabalho representam, como o uniforme.
O trabalho de pilotar também é fonte de sublimação. As características do trabalho de pilotar como a diversidade do trabalho, a complexidade da tarefa, a qualificação requerida, o aperfeiçoamento permanente, a livre escolha da tarefa, o lugar ocupado pela motivação, o exercício simultâneo de todas as potencialidades físicas, psicossensoriais e intelectuais afasta o piloto das doenças mentais ou psicossomáticas (DEJOURS, 1992).
Os pilotos buscam por diversas maneiras encontrar a melhor forma de tornar o trabalho uma fonte de prazer. Mas como isso nem sempre é possível, precisam enfrentar o sofrimento de modo criativo ou criar estratégias de defesa para lidar com ele.
Sofrimento, defesas e patologias
No grupo, as vivências de sofrimento apareceram no início da formação para se tornar piloto, nas situações em que há restrições para a pilotagem, nos incidentes com o helicóptero, nos conflitos interpessoais e na dificuldade de integração com colegas que não fazem parte do grupo.
O sofrimento nas relações interpessoais ocorre devido ao conflito de papéis, aos traços de personalidade, ao abuso de intimidade construída pelos vínculos afetivos, devido às falhas no processo de comunicação e ao modo de gestão.
Os pilotos desenvolvem estratégias de defesa contra o sofrimento gerado pelo medo de acidentes, contra os ritmos de trabalho, diante dos conflitos das relações de trabalho, contra a ansiedade gerada por situações de risco.
As estratégias de defesa identificadas no grupo são o controle, o pacto de confiança, o humor, a negação e a projeção, estratégias de convivência para se garantir a segurança do voo e estratégias de comunicação para melhorar a convivência.
A atividade aérea é marcada pela tentativa de se controlar tudo que faça parte do ambiente aeronáutico. Busca-se controlar a aeronave, o estado de saúde física e mental da tripulação, a forma de comunicação, os relacionamentos afetivos, o desempenho dos profissionais, os riscos, as transgressões e tudo que ocorra dentro e fora da aeronave. Por meio da estratégia de controle se constrói um pacto de confiança de que é seguro voar.
O pacto de confiança é estratégia para se lidar com o risco e com o medo. A relação de confiança é importante para a segurança do voo, pois precisam confiar um no outro, no profissionalismo de cada um. “Tem que ter aquela confiança… você sabe que a tua vida está na mão de outra pessoa”.
Outras estratégias são o humor, a negação e a projeção. O humor é uma forma de evitar sentimentos agressivos, de lidar com situações delicadas e de evitar conflitos. Há a negação e a projeção quando o grupo relata situações que ocorrem em outros grupamentos, mas não percebe que há entre eles. Há ainda a negação momentânea da percepção da vulnerabilidade de sofrer acidentes, que ajuda o piloto a enfrentar as situações de risco. A pessoa, às vezes, só vai ter noção do risco após ter vivenciado uma situação complicada. Surge ainda quando se nega reconhecer que o colega possa sofrer com determinadas situações, como com o treinamento de emergência ou com a escala de sobreaviso.
Os pilotos criam estratégias para permitir que as relações sociais aconteçam sem prejuízos para a segurança do voo. O grupo procura separar o lado afetivo do lado racional e respeitar o limite e o jeito de ser de cada um. Busca ainda identificar o momento certo para se conversar e conhecer como a pessoa reage em determinadas situações. Também há o cuidado em relação ao modo de falar, devido à preocupação de como a palavra possa ser interpretada.
Essas estratégias de defesa foram desenvolvidas na tentativa de preservar o equilíbrio emocional dos trabalhadores e garantir a segurança de voo, além de contribuir para identificar quem tem perfil para permanecer no grupo ou não. Não aceitar as defesas pode gerar uma ameaça de desconstrução delas e colocar o grupo em risco.
Nessa pesquisa, não foram encontradas patologias relacionadas ao trabalho, uma vez que o profissional não pode voar se não estiver em condições de saúde física e mental satisfatórias para a realização da atividade. No entanto, voar gera danos físicos e mentais. A causa material do dano físico pode ser uma explosão, um incêndio, um acidente de descompressão, circunstâncias atmosféricas, irregularidades no funcionamento do helicóptero. No grupo, os danos físicos e psicossociais aparecem devido à estrutura ergonômica do helicóptero, devido ao público que influencia na pilotagem, devido às críticas de quem não conhece a realidade aeronáutica e devido à sobrecarga de trabalho.
O grupo, no entanto, já se mobilizou para enfrentar diversas situações e esforça-se para encontrar soluções para melhorar o desempenho no trabalho.
Análise clínica da mobilização do coletivo de trabalho
A implantação do espaço de discussão permitiu que o grupo se mobilizasse para que os encontros acontecessem, pois viram neles uma oportunidade para se encontrar e conversar. Durante as sessões, os participantes demonstram ser cooperativos e solidários uns com os outros.
No grupo, o acordo de convivência se destaca em relação aos acordos sobre a organização do trabalho e de como lidar com as dificuldades do trabalho de ofício. As regras são construídas e modificadas constantemente de acordo com a necessidade. As regras são elaboradas para criar condições favoráveis para as relações sociais, mas aquelas que não cumprem mais seus objetivos são substituídas por outras. O grupo tem conseguido encontrar saídas para as situações de sofrimento que comprovam que já existe a mobilização subjetiva para lidar com o real do trabalho.
A atividade aérea exige que os profissionais tenham entrosamento, relações de confiança e que cooperem uns com os outros para que tenham segurança necessária para trabalhar e possam se manter vivos. Para poderem conviver juntos, os servidores buscam lidar com as desavenças e com as diferenças, assim como respeitar o limite e o jeito de ser de cada um. O grupo considera que os conflitos ocorrem por causa das características de personalidade e que não irão conseguir mudar os colegas. Terão que aprender a conviver com eles e a lidar com suas características de personalidade.
As regras sociais, que organizam o viver junto, são propostas desenvolvidas com o objetivo de amenizar os conflitos interpessoais e não comprometer as relações profissionais. Outra situação que também contribui para o esforço do grupo em unir as pessoas e superar as diferenças individuais é que o trabalho da aviação é muito sofisticado. Quando alguém sai do grupo, não dá para substituí-lo facilmente.
Desse modo, grupo deseja encontrar maneiras de conviver um com o outro que sejam respeitosas, fraternas, solidárias, cooperativas, que não sejam de competição, de degradar o outro, de desqualificar o outro. Não levam os problemas para fora do grupo e procuram encontrar soluções entre eles.
Considerações
Com a clínica, foi possível conhecer a organização do trabalho, o conteúdo das tarefas, as jornadas de trabalho, o processo de formação desses profissionais, os modos de gestão e descrever as relações socioprofissionais entre outras características do serviço de monitoramento aéreo de trânsito.
Diante das adversidades do trabalho, o grupo se mobiliza para encontrar soluções. É um trabalho, que apesar da prescrição, o profissional contribui com sua experiência, sua inteligência e seu jeito de trabalhar. Estão sempre corrigindo falhas para evitar a possibilidade de ocorrer um acidente.
A mobilização subjetiva ocorre porque todos cooperam fazendo a sua parte para o sucesso da missão. A cooperação é importante para o funcionamento coletivo e para a construção das regras de trabalho. Estabelece-se pela confiança que se tem no compromisso de cada um com o trabalho, pois o bom desempenho garante que todos trabalhem com segurança.
Essa clínica mostrou que o trabalho na aviação representa a concretização da realização do desejo de voar gerado na infância. É uma profissão dinâmica, gratificante, prestigiada e valorizada. O voo gera prazer porque é o momento em que o piloto vê o resultado dos seus esforços pelo tempo investido em formação e em treinamento. No entanto, a avaliação das condições física e mental é rigorosa. O piloto não pode relaxar em relação à saúde. Seu corpo é testado constantemente em relação à qualidade de funcionamento orgânico comprovada por exames médicos. Mas a preocupação com a saúde se justifica pela segurança de voo e quem não tem condições de voar é eliminado da tripulação.
Esse estudo contribuiu para dar visibilidade ao trabalho exercido pela UOPA e, por meio dessa visibilidade, tornar o trabalho conhecido pelos pares e pelas pessoas que não fazem parte do contexto aeronáutico. A possibilidade de se mostrar o trabalho não visível gera a chance de se obter reconhecimento ao se submeter ao julgamento do outro. Segundo Dejours (2004b), o trabalho precisa ser visível para haver reconhecimento.
Referências
DEJOURS, C. A Loucura do trabalho: estudo da psicopatologia do trabalho. 5ª edição ampliada. São Paulo. Cortez-Oboré, 1992.
DEJOURS, C; ABDOUCHELI, E; JAYET, C. Psicodinâmica do trabalho: contribuições da escola dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas, 1994.
DEJOURS, C. Addendum. Da psicologia à psicodinâmica do trabalho. Em LANCMAN, S. e SZNELWAR, L. I. (orgs.). Christophe Dejours: da Psicopatologia à Psicodinâmica do Trabalho.Rio de Janeiro: Editora Fiocruz. Brasília: Paralelo 15. P. 47-104. 2004a.
DEJOURS, C. Patologia da comunicação. Situação de trabalho e espaço público: a geração da energia com combustível nuclear. Em LANCMAN, S. e SZNELWAR, L. I. (orgs.). Christophe Dejours: da Psicopatologia à Psicodinâmica do Trabalho. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz. Brasília: Paralelo 15. P. 243-275. 2004b.
MENDES, A. M; ARAÚJO, L. K. R. Clínica psicodinâmica do trabalho: o sujeito em ação.Curitiba: Juruá. 2012.
MENDES, A. M; ARAUJO, L. K. R; MERLO, A. R. C. Prática clínica em psicodinâmica do trabalho: experiências brasileiras. Em BENDASSOLO, P. F; SOBOLL, L. A. P. Clínicas do trabalho – Novas perspectivas para compreensão do trabalho naatualidade. São Paulo: Atlas. 2011.