Desafios e transformações na relação conjugal após a chegada do primeiro filho

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Os desafios emocionais, práticos e de ajuste da dinâmica familiar diante da chegada do primeiro filho.

A dinâmica conjugal é um aspecto fundamental nas relações humanas, e a chegada do primeiro filho é um evento significativo que provoca alterações nessa dinâmica.  Segundo a teoria do ciclo de vida familiar, proposta por Duvall (1977), o nascimento de um filho representa uma transição para o casal, que precisa se adaptar às novas demandas e responsabilidades parentais. Essa transição é marcada por mudanças nas rotinas, na divisão de tarefas, na comunicação e na intimidade entre os parceiros. A chegada do bebê demanda uma reorganização das prioridades, tempo e energia, afetando diretamente a relação conjugal.

Um estudo realizado por Doss e Rhoades (2017) destacou que a chegada do primeiro filho pode levar a um aumento na satisfação conjugal para alguns casais, enquanto para outros, pode trazer um declínio na qualidade do relacionamento. Essa variação se deve a diversos fatores, como a adaptação à nova rotina, a divisão de tarefas e responsabilidades, e a gestão do estresse e das demandas familiares.

Um dos principais desafios enfrentados pelos casais é a redistribuição de tarefas e responsabilidades relacionadas ao cuidado dos filhos. Segundo Cowan e Cowan (2014), essa redistribuição pode gerar conflitos, especialmente se não houver uma comunicação aberta e equitativa entre os parceiros. A divisão desigual do trabalho pode levar a sentimentos de sobrecarga e ressentimento, impactando negativamente a satisfação conjugal.

Além disso, a teoria da interdependência, proposta por Kelley e Thibaut (1978), sugere que a presença de filhos pode aumentar os custos percebidos em um relacionamento. O casal pode enfrentar desafios como falta de sono, aumento das responsabilidades financeiras e diminuição da privacidade. Esses fatores podem gerar estresse adicional, levando a conflitos e desgaste na relação conjugal.

Um dos principais impactos da vinda do primeiro filho é a mudança nas responsabilidades domésticas e no papel de cada membro do casal. De acordo com o modelo de divisão de tarefas proposto por Hochschild (1989), há uma tendência culturalmente construída de que as mulheres assumam a maior parte das responsabilidades relacionadas ao cuidado infantil e às tarefas domésticas. Isso pode gerar conflitos e sobrecarga para a mulher, afetando a satisfação conjugal e aumentando o risco de desequilíbrios de gênero na relação.

A teoria da equidade conjugal, desenvolvida por Adams e Jones (1997), argumenta que a percepção de justiça na distribuição de tarefas é fundamental para a satisfação conjugal. No entanto, muitas vezes, as demandas relacionadas aos cuidados infantis recaem de forma desproporcional sobre um dos parceiros, especialmente a mãe. Isso pode levar a sentimentos de sobrecarga, frustração e ressentimento, afetando negativamente a qualidade do relacionamento.

Além disso, o surgimento do primeiro filho também provoca mudanças na comunicação e na intimidade entre os parceiros. Estudos mostram que, muitas vezes, os casais passam a dedicar menos tempo um ao outro e têm menos espaço para a vida conjugal. A atenção e o cuidado são redirecionados para o bebê, o que pode gerar sentimentos de solidão, negligência e desconexão entre os parceiros.

A teoria do apego, desenvolvida por Bowlby (1969), sugere que a relação do casal pode ser afetada pela forma como cada um deles se relaciona com o bebê. Se ambos os parceiros conseguirem desenvolver um apego seguro com a criança, isso pode fortalecer o vínculo conjugal. No entanto, se surgirem dificuldades no processo de adaptação à paternidade e maternidade, como a presença de sintomas de depressão pós-parto, isso pode impactar negativamente a relação conjugal.

Fonte: Imagem PublicCo no Pixabay.

Imagem de pés de bebê sendo segurados por uma mão.

Além dos aspectos já mencionados, é importante considerar as mudanças emocionais e as expectativas que os pais têm em relação ao filho. A chegada de um filho é um momento de grande significado e transformação, repleto de emoções intensas, tanto positivas quanto negativas. Os pais podem experimentar uma ampla gama de sentimentos, como alegria, amor incondicional, preocupação, medo e ansiedade.

Essas mudanças emocionais podem afetar a dinâmica do relacionamento conjugal. Por exemplo, a sobrecarga emocional pode levar a um aumento do estresse e da sensibilidade, o que pode resultar em conflitos e dificuldades de comunicação. As preocupações e ansiedades relacionadas à parentalidade, como o bem-estar do bebê e a capacidade de serem bons pais, podem ser compartilhadas ou expressas de maneiras diferentes por cada um dos parceiros.

Nesse contexto, a capacidade do casal em lidar com essas emoções e em buscar apoio mútuo é crucial para a adaptação à nova realidade. A comunicação aberta e empática é fundamental para expressar as preocupações, medos e expectativas. O compartilhamento dessas emoções pode fortalecer a conexão emocional entre os parceiros e proporcionar um espaço seguro para o apoio mútuo.

Buscar apoio externo também é importante. Amigos, familiares ou grupos de apoio podem desempenhar um papel significativo, proporcionando um espaço de troca de experiências e de suporte emocional. Além disso, a busca de orientação profissional, como a terapia de casal ou aconselhamento parental, pode ser valiosa para auxiliar os pais a lidarem com as emoções e desafios da parentalidade.

As expectativas em relação ao filho também podem influenciar o relacionamento conjugal. Os pais podem ter ideias preconcebidas sobre como será a vida com o filho, alimentando expectativas de perfeição e felicidade constante. No entanto, a realidade muitas vezes é diferente do que foi imaginado, e isso pode gerar frustrações e desapontamentos.

Nesse sentido, é importante que os pais tenham uma visão realista e flexível da parentalidade. Reconhecer que cada criança é única e que haverá momentos de alegria, mas também de desafios, pode ajudar a reduzir a pressão e o estresse. É essencial cultivar a resiliência e a capacidade de adaptação, reconhecendo que a parentalidade é um processo contínuo de aprendizado e crescimento.

Fonte: Imagem aliceabc0 no Pixabay.

Imagem de pés de casal.

Ademais, ainda há a mudança de prioridades e interesses individuais após o nascimento dos filhos. Os pais podem dedicar a maior parte do seu tempo e energia às necessidades dos filhos, deixando de lado atividades e interesses pessoais e de casal. Essa mudança pode gerar sentimentos de perda de identidade e distanciamento entre os parceiros, afetando a qualidade e a vitalidade do relacionamento.

Outro fator importante a ser considerado é a insegurança que assola o relacionamento diante da situação desconhecida. A pressão social e as expectativas idealizadas sobre a parentalidade podem contribuir para as inseguranças. A sociedade muitas vezes impõe um padrão de perfeição, colocando pressão nos pais para que sejam pais exemplares desde o início. Essa pressão pode levar a um sentimento de inadequação quando surgem dificuldades ou quando as coisas não saem como o esperado.

Também é importante ressaltar o impacto da parentalidade na vida sexual do casal. Pesquisas indicam que a frequência e a qualidade das relações sexuais tendem a diminuir após o nascimento dos filhos, como abordaram Cowan & Cowan (2014). A atenção e o desejo podem estar direcionados principalmente para o cuidado dos filhos, deixando menos espaço para a intimidade e a sexualidade do casal. Essa mudança pode gerar frustração e insatisfação sexual, afetando o vínculo conjugal.

Em suma, a chegada do primeiro filho é um momento de transformação para um casal, afetando diversos aspectos da relação conjugal. As mudanças nas responsabilidades domésticas, na comunicação, na intimidade e nas expectativas emocionais exigem dos parceiros uma capacidade de adaptação e de negociação. Compreender essas alterações à luz de teorias e estudos acadêmicos pode auxiliar casais e profissionais da área da saúde a oferecerem suporte adequado e estratégias de intervenção para promover a saúde e o bem-estar do casal e da família como um todo.

 

Referências:

ADAMS, J. M.; JONES, W. H. A conceituação do compromisso conjugal: uma análise integrativa. Journal of Personality and Social Psychology, v. 72, n. 5, p. 1177-1196, 1997. Disponível em: https://doi.org/10.1037/0022-3514.72.5.1177. Acesso em: 10. jun. 2023.

BOWLBY, J. Apego: a natureza do vínculo. São Paulo: Martins Fontes, 1990.

COWAN, C. P.; COWAN, P. A. Quando os parceiros se tornam pais: A grande mudança de vida para os casais. Porto Alegre: Artmed, 2014.

DOSS, B. D.; RHOADES, G. K. A transição para a parentalidade: impacto nos relacionamentos românticos dos casais. Current Opinion in Psychology, v. 13, p. 25–28, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.copsyc.2016.04.003. Acesso em: 09 de jun. 2023.

DUVALL, E. M. Desenvolvimento familiar. São Paulo: Martins Fontes, 1977.

HOCHSCHILD, A. R. O segundo turno: trabalhadores e trabalhadoras em tempo integral e a revolução inacabada em casa. São Paulo: Paz e Terra, 1989.

KELLEY, H. H.; THIBAUT, J. W. Relações interpessoais: Uma teoria da interdependência. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1978.

Por Daniela Iunes Peixoto – danielaiunesp@rede.ulbra.br

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Individuação Vs Adaptação: Perspectivas Queer de gênero e sexualidade a partir do olhar junguiano

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Matheus Vale Campagnac – matheusvalecampagnac@gmail.com

 

O presente texto tem o intuito de apresentar discussões da palestra ministrada pelo grupo Thiasos. O tema da palestra foi apresentado por um grande autor da psicologia analítica, George Taxídes. O autor levantou discussões de relevância sobre o tema de “Individuação Vs Adaptação – Perspectivas de gênero e sexualidade”.

Inicialmente o autor introduz sua perspectiva sobre a razão do tema; George enfatiza que sua maior descoberta pessoal, foi encontrar uma obra inteiramente queer, e como o mesmo coloca, “talvez a maior e mais antiga obra Queer de todas”. George se refere ao Livro Vermelho de Jung. Carl Gustav Jung introduziu todas as suas perspectivas e ideias voltadas aos sonhos, dentro de “The Red Book – O Livro Vermelho”, o qual além de elucidar alguns construtos teóricos da psicologia analítica, trás consigo os relatos pessoais e análises profundas dos sonhos do próprio Jung. George, interliga o contexto apresentado no livro de Jung referente a multiplicidade, a qual contém todas as possibilidades para um indivíduo, e isso perpassa caminhos como comportamentos e identidade de gênero.

A individuação, ele explica, é um processo do qual o indivíduo se tornará único a partir do meio. “É individuando-se que o ser encontra o seu próprio caminho”. Nessa perspectiva, o autor também discute a Adaptação, que descreve como um processo de se juntar ao meio: “De desadaptações e adaptações, formulo o meu Eu”. Nessa perspectiva o autor trás reflexões voltadas ao desenvolvimento do indivíduo, focando especificamente na parte do convívio social e a diferenciação do meio, essa relação de vertentes, origina a personalidade individual do ser.

Imagem: PixaBay

Ele traz a reflexão de que a luta não se trata sobre gênero ou raça, e sim sobre a promoção da liberdade individual como consequência da vida, que todos tenham essa possibilidade de exercerem a si mesmos com todo o ímpeto. Além disso, gera discussões sobre como a sociedade influencia negativamente por meio do preconceito as vivências dessa individuação do indivíduo Queer.

Durante a discussão, George traz a reflexão de que o processo de individuação se volta dentro de uma perspectiva de reflexão profunda e lenta. Nesse sentido, ele discute a respeito de um texto onde Jung coloca que “O indivíduo se pergunta constantemente a sua alma o que fazer”, e tem sua resposta sendo “Wait – Esperar”. George faz uma ligação direta com o tema Queer, onde o indivíduo precisa esperar, e durante esse tempo de espera, busca por um processo de integração com todos os seus “Eus”.

Por fim, George debate sobre como todos somos unidos e próximos, possuímos um grau de unicidade dentro de cada um de nós. Nesse sentido ele enfatiza uma perspectiva de aceitação do humano como ser humano, por meio de uma frase: “Aquilo que é humano, não me é estranho”. Ele termina sua discussão promovendo a ideia de que, “se todos somos únicos dentro de nossas peculiaridades e vivências, não existe um jeito universal, cada uma precisa encontrar a sua própria estrela azul, para que possa se guiar.”

Todos possuem conteúdos individuais e únicos, vivências, pensamentos e experiências. Toda essa multiplicidade que formula o indivíduo é o cerne de toda a questão. O objetivo final é simplesmente apresentar a ideia de que todos precisam ser livres para poderem atuar sobre o mundo como indivíduos libertos e sem medo de ser quem são.

Imagem: PixaBay

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Um relato sobre amadurecimento….

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Sem saber do processo, ele foi crescendo e se transformando em alguém melhor.

Durante os anos de minha vida, tive muitas experiências: alegrias, tristezas, conquistas e perdas. Mas nunca tinha me dado conta de que fazia parte do crescimento. Em minha infância, eu era chamado de bonzinho demais e ingênuo, pois só conseguia enxergar o lado bom das pessoas, ao mesmo tempo que era muito alertado em não confiar tanto nos outros. 

Pois bem, os anos foram passando e tive meu primeiro choque: a separação dos meus pais. Por mais que ele não fosse o “bom exemplo”, nenhum filho quer que seus pais se separem. Conviver com a dor e com a nova configuração, me deixou muito confuso e foi o primeiro depósito de mágoas que deixei dentro de mim. 

Logo após a separação, 1 ano e meio depois, eu, minha mãe e minha irmã mais nova nos mudamos para Palmas e tivemos que começar do zero. Minha mãe voltou a ser doméstica e passou a trabalhar como professora em colégios infantis e eu tive que começar a trabalhar e desistir do sonho de estudar por enquanto. Felizmente, pouco tempo depois, minha mãe passou no concurso municipal de Palmas e continuou como professora até se tornar coordenadora pedagógica. Porém, a minha frustração fez eu desistir de estudar e continuar apenas trabalhando. 

Foi assim durante 1 ano, até que comecei a estudar um curso técnico de Segurança do Trabalho no IFTO. Consegui fazer apenas dois períodos, mas não me sentia motivado, nem ao menos conseguia me enxergar exercendo a profissão. Neste período, o campus entrou em greve e isto foi o gatilho para desistir do curso, foi então que decidi que não ia estudar mais e continuar apenas trabalhando. 

Mesmo diante da decisão, estava muito frustrado e triste, e escondia essa dor dentro de mim, somente 1 ano e meio depois, após um confronto da minha mãe, ela insistiu para que eu voltasse a estudar e que me ajudaria a pagar uma faculdade caso fosse necessário. Foi então que me enchi de esperança e escolhi Psicologia em 2016 para prestar o vestibular, até então não sabia muito sobre essa ciência, mas sempre tive muita curiosidade. Após ser aprovado, consegui começar a cursar a partir de 2017/1. 

A faculdade me deu um novo olhar sobre a vida, sobre as pessoas e sobre si mesmo. Não foi fácil, pois sofria com algumas descobertas, com as pessoas e por não conseguir fazer muitas amizades. Fui confrontado na minha fé e isto fez com que eu me sentisse mais desmotivado. No mesmo período, engatei um relacionamento com uma pessoa que amei muito, porém foi uma relação muito tóxica. Durante os quase 3 anos de relacionamento me entregava a ponto de chegar a ser dependente emocional. Eu fui me destruindo, pois não me amava, não conseguia me ver feliz e nem conseguia mais sonhar com os projetos que possuía. Fiquei tão depressivo que só conseguia realizar as coisas no automático. O término do relacionamento me fez gerar um transtorno de ansiedade muito forte que se juntou com a depressão até não conseguir mais encontrar uma saída, a não ser em pensar na morte. 

Fonte: Pixabay

 

A minha fé, foi o único motivo pelo qual não tentava algo contra minha vida, porém eu pedia pela morte. Vivi 1 ano dessa forma, não conseguia nem mesmo rir de verdade ou ter prazer nas demais atividades. Isto me prejudicou ao ponto de atrasar a minha formatura na faculdade, pois tive que trancar dois estágios durante este ano de sofrimento,  pois não tinha forças para exercer as atividades. 

Neste tempo, vendo que não conseguia sair desse estado, ficava me perguntando porque passei por tantas dores, tanto sofrimento já que sempre tentei olhar o lado bom da vida e o melhor das pessoas. 

Comecei a frequentar a terapia que me ajudou a enxergar que eu não pensava em mim, não olhava o quanto fui negligente comigo mesmo, não me amava e nem mesmo sabia o que eu gostava, pois sempre dediquei tudo para os outros.

Fonte: Pixabay

Também frequentei o psiquiatra, pois a ansiedade e a depressão já tinham me prejudicado muito  e  foi necessário o auxílio da medicação. Depois de 6 meses de tratamento, me considerei recuperado, e é incrível como hoje em dia olho para trás e vejo como tudo isso me fez forte. Durante as crises eu pedia para Deus pular para o tempo em que eu estivesse bem. Mas sei que foi necessário para que eu olhasse para mim, me amasse, voltasse a sonhar e acreditar no melhor. 

Passar por essas dificuldades, abriu meus olhos para o amadurecimento, pois emocionalmente me sinto mais maduro e mais preparado para enfrentar o dia-a-dia. Era um processo que foi necessário, talvez não ao ponto de chegar a estar em adoecimento mental, mas como pude ser transformado mesmo passando por dores.  Elas foram essenciais para que eu justamente pudesse me fazer essas perguntas para poder encontrar as respostas. 

As borboletas passam por um processo de transformação que é natural, porém não é por escolha. O corpo de lagarta é completamente transformado ao ponto de se tornar praticamente um outro inseto. Uma vez, pude ver uma borboleta saindo do casulo e percebi que do casulo pingavam gotas de sangue, então percebi o quanto esse processo era doloroso para ela. 

Fazendo esta comparação, passei por muitas dores emocionais tão profundas que nem sabia o porque estava passando, mas eu estava no meu processo de crescimento e de transformação para chegar onde estou atualmente. Encerro este relato não dizendo que já estou 100% maduro para o resto da vida, mas em como a superação e amor próprio foram necessários para conseguir alcançar um novo nível em todas as áreas da minha vida e que com certeza é uma preparação para poder alcançar os níveis que ainda virão. 

Fonte: Pixabay

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Efeito conformidade: A tendência para seguir os outros sem questionar

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Sabe aquele comportamento que acontece em um determinado lugar ou situação e se reproduz como rastilho de pólvora pela maioria das pessoas presentes? Em muitas situações chega até ser visível por outras pessoas a indecisão ou apenas a reprodução de uma fala, um aceno, um gesto de amor ou ódio dispensado à situação ou ao grupo de pessoas. Tal comportamento se afirma na necessidade que muitos sujeitos têm de se sentirem aceitos ou vistos pelo grupo desejado. Esta tendência de comportamento em não se colocar ou simplesmente se colocar do lado da maioria é muito observada no vasto terreno das redes sociais, onde os sujeitos se escondem nas opiniões daqueles que colocam suas falas e posições sobre determinado assunto, concordando com eles! Isso tem nome, chama-se comportamento em conformidade, ou seja, a capacidade de ser conforme, de seguir, de reproduzir. Conformidade significa ato ou efeito de se conformar, de aceitar, de não se opor, de se por de acordo, conformação, concordância.

Fonte: encurtador.com.br/muzE3

Esse tipo de comportamento foi estudado pelo psicólogo polonês Solomon Asch na década de 1950. Sólomon foi pioneiro nos estudos da psicologia social, estudando a influência que as pessoas exercem sobre outras. O psicólogo estudava este comportamento através de experiências que avaliavam a conformidade do indivíduo ao grupo, a capacidade adaptativa ao grupo. Uma de suas principais conclusões foi o simples desejo de pertencer a um ambiente homogêneo faz com que as pessoas abram mão de suas opiniões, convicções e individualidades.

Fonte: encurtador.com.br/ginX1

É interessante pensarmos sobre esse desejo de pertencer ao grupo que leva a comportamentos passivos, onde a persona se oculta manifestando o lado da sombra de forma sutil produzindo assim resultado em conformidade com o ambiente. O indivíduo observa, sente e projeta aspectos da psique através de sua persona, predominando assim um estado de adequação e reprodução de ideias nas diversas situações.

Tal comportamento pode ser estudado quando se trata de assuntos que merecem extrema atenção e posicionamentos que possam interferir diretamente nos resultados. É nesse cenário muitas vezes de incerteza que se verifica o comportamento de conformidade acentuado. Esse espelhamento também conhecido por efeito manada surge da capacidade de pensar que assim fazendo a pessoa não se expõe ou pelo menos não destoa do restante, trazendo-lhe uma “paz momentânea” de “zona de conforto” e zero confrontamento com opiniões que possam ser divergentes da sua, no caso da maioria! Ratifico que não se trata de criticar quem concorda com outra pessoa, mas de enfatizar o comportamento efeito manada ou efeito rebanho, aquele somente reprodutivo que segue em palminhas a atitude do primeiro. Como seres humanos autônomos, dotados de consciência possuímos a plena capacidade interventiva para se manifestar com assertividade.

Fonte: encurtador.com.br/eoJKM

De acordo com Jung, a personalidade é adaptável, ajustando-se a cultura ou a organização e sob certas condições se fragmenta, acomodando-se a conteúdos conscientes ou inconscientes não levando em conta o tempo ou o espaço. Concordo com Jung no que se refere às adaptações sociais de comportamento, porém no caso da conformidade fica evidente que há aspectos na psique que precisariam ser trabalhados a fim de que o sujeito perceba que ter sua própria opinião lhe trará certa liberdade de escolha ampliando assim seu estado de consciência. É nesse espectro de ampliação da consciência que a personalidade se desnuda sendo capaz de comportar-se de maneira autônoma não apenas espelhando-se no que já fora pensado ou proposto. Afinal como dizia o próprio Jung: Sou eu próprio uma questão colocada ao mundo e devo fornecer minha resposta; caso contrário, estarei reduzido à resposta que o mundo me der.”

 

REFERÊNCIAS

https://amenteemaravilhosa.com.br,solomon-asch-psicologia-social/

Efeito manada: o que é, quais os riscos e como evitar? | Genial (genialinvestimentos.com.br)

https:www.likedin.com/pulse/efeito-manada-ser%c3%a1-que-agimos-por-decis-%c3%b5es-pr%c3%b3-prias-john-hrenechen/?originalsubdonmain=pt

JUNG.CG. Fundamentos de psicologia analítica. 10ª ed. v. XVIII/1 Petrópolis: Vozes, 2001.

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O “novo normal”: da experiência à prática do ensino remoto nos últimos anos de formação

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A nova realidade de isolamento social, iniciada em 2020, somente intensificou em minha vida de forma exacerbada a rotina que eu já possuía antes da pandemia, de modo que quase não teve alterações, exceto pelas aulas na modalidade remota.

Apesar de ser pregada como mais flexível e vantajosa para o aprendizado, a realidade se mostrou totalmente destoante da teoria, a “simples” mudança no método de ensino se mostrou desastrosa.  Más conexões, poucos recursos tecnológicos foram os primeiros sinais da dificuldade que seria enfrentada. Posteriormente, a adaptação da rotina para aprender assistir aulas no seio familiar, sendo mãe, se tornou uma tarefa extremamente desafiadora. Por possuir TOC, uma necessidade de organização exacerbada, a “comodidade” do estudo domiciliar resultou no descontrole de toda a rotina de afazeres, tendo em vista o ambiente inadequado corroborado pelas intervenções familiares.

Essa nova realidade, esse “novo normal”, explicitou ainda mais alguns aspectos presentes no país, como a desigualdade social, por exemplo. Como COSTA (2020) expõe, há um despreparo do aluno para as habilidades socioeconômicas, além da inabilidade, a falta de recursos foi escancarada quando observado o equipamento de apoio de alguns ante os demais. No ensino remoto tudo favorece uma boa qualidade de internet, bons equipamentos sonoros, bom maquinário tecnológico, e nem todos o possuem.

Fonte: Figura 2 https://bitlybr.com/GySX

A crise global impactou a vida de todas as pessoas, forçando-as a saírem da zona de conforto no que tange o aprendizado, de modo que foram experimentadas várias reações, positivas e negativas com relação ao atual cenário pandêmico. Muitos tentaram ignorar os avisos e riscos de contaminação, tantos outros buscaram se proteger e se isolaram antes mesmo de serem decretados os lockdowns mundo à fora. Tal situação reforça os ensinos de BAUMAN quando diz que são as reações diante das crises que mudam o mundo, e não o contrário. Eu mesma tive muita dificuldade, como dito, em me adaptar o ensino remoto, não possuía estrutura.

Em virtude do contexto pandêmico, particularidades foram fortalecidas, obrigando-nos, como indivíduos, compostos por papéis sociais, a adquirir e melhorar a capacidade que temos de nos relacionarmos com o outro e superar desafios de maneira saudável e equilibrada, como autoconsciência, estoicismo e capacidade coletiva, além de instituições e de outros arcabouços grupais que estão à frente de novas adaptações, o desafio da normalidade.

Agregado a essas e muitas outras questões, foi possível distinguir dois caminhos a seguir: um deles passei a chamar de “caminho simples”, e outro seria o “caminho complexo”. No primeiro, tive que aprender me adaptar com o ensino à distância, buscando agir com proficiência, para caracterizar a minha realidade social com a de todos e derivar do conhecimento e da tecnologia disponível com a qual precisei lidar, resumidamente precisei tornar aquela situação em algo habitual. No segundo, o mais complexo, tive que ressignificar assim como muitos o meu saber fazer, meu saber querer e meu saber agir, em prol de um bem maior que visa garantir a preservação da vida de um modo geral.

Fonte: encurtador.com.br/ptDV2

Não posso deixar de enfatizar, que com a modalidade do ensino online/remoto perdi o limite do que é momento de descanso e o que é momento de trabalho, estou o tempo inteiro conectada, com o corpo estático, sentada à frente de uma tela, com fones de ouvido durante muitas horas o que ajudou a me sobrecarregar, tornando-me ainda mais ansiosa e com menos disposição do que com a agitação de antes.

Por outro lado, o que de fato tive que deixar de planejar durante esses quase dois anos de pandemia? Mais uma vez, àquela tão sonhada viagem de férias ficou ao léu, os encontros aos finais de semana com amigos e familiares no almoço de domingo ou datas festivas, os passeios, as compras, o convívio diário com pessoas diferentes, o tato, o abraço, o olhar daquelas (es) que não contactamos todos os dias foram ficando cada vez mais escassos, deixando em nós um vazio pela perda desses momentos e ao mesmo tempo um alívio por saber que havia um motivo de força maior por traz de todo esse mal que assola a humanidade.

No que concerne à minha formação acadêmica, às mudanças não foram bruscas, tendo em vista que antes mesmo de surgir esse vírus (Covid-19), eu já tinha uma vida isolada, num ritmo desacelerado e pacato. E, que, só precisei me adaptar à nova modalidade de ensino, me familiarizar com o processo, num ritmo totalmente diferente do normal por englobar não só os aspectos educacionais, familiares etc., o que não significa que não houve desgaste e frustrações ao longo desse período que se aliou a problemas advindos de outrora e até atuais, em que se tornou apenas a ponta do iceberg para desencadeamento de transtorno relacionado às incertezas do futuro.

Por fim, o último ano de curso posso afirmar que veio carregado de novas formas de conhecimento, novas formas de agir, novos processamentos, ensinando-nos a lidar com o novo, não se limitando apenas ao atendimento físico, mas também digital como o online (mesmo sabendo que já existia) se fortalecendo e mostrando cada vez mais a necessidade de um profissional de psicologia que busque garantir a saúde mental e o bem-estar dos indivíduos, independentemente do momento de crise.

REFERÊNCIAS

BLIKSTEIN, Paulo; CAMPOS, Fabio; FERNANDEZ, Cassia; MACEDO, Livia, COELHO, Raquel; CARNAÚBA, Fernando; e, HOCHGREB-HÄGELE, Tatiana. Como estudar em tempos de pandemia. Revista Época. Disponível em: < https://oglobo.globo.com/epoca/como-estudar-em-tempos-de-pandemia-24318249>. Publicado em 22/03/2020. Acesso em 15/08/2021.

MÜLLER, Cristiane Dreher. Impactos da pandemia de Covid-19 na educação brasileira. Escritório Dreher. Disponível em: < https://escritoriodreher.com.br/impactos-da-pandemia-de-covid-19-na-educacao-brasileira/>. Acesso em 15/08/2021.

PRADO, Adriana. Sociólogo polonês cria tese para justificar atual paranoia contra a violência e a instabilidade dos relacionamentos amorosos. Revista Istoé. Disponível em: < https://istoe.com.br/102755_VIVEMOS+TEMPOS+LIQUIDOS+NADA+E+PARA+DURAR+/>. Acesso em 15/08/2021.

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Paciência e adaptação – (En)Cena entrevista Delcilene Vieira

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“A pandemia apenas escancara os desafios impostos às mulheres mães de família que precisam trabalhar fora de casa. Principalmente mulheres responsáveis pela renda familiar”.

O Portal (En)Cena entrevista Delcilene Baptista Vieira para compreender o que significa ser mulher no Brasil na pandemia pelo foco de uma mãe solo, de dois filhos, sendo um deles pessoa com deficiência, que enfrenta os desafios de manter o trabalho presencial como empregada doméstica em casa de família, durante a calamidade da COVID-19, se deslocando por meio de transporte público e se utilizando exclusivamente dos serviços de saúde pública oferecidos pelo SUS – Sistema Único de Saúde.

A conversa com Delcilene permite identificar reflexos nocivos da pandemia na saúde mental, especialmente, destacam-se as questões relativas à atuação das mulheres que atuam como empregadas domésticas, e que pela natureza da sua atividade, mesmo durante a pandemia, tiveram que deixar suas famílias e continuar a trabalhar presencialmente, enquanto muitos profissionais de áreas distintas puderam ser beneficiados pelo trabalho em home office (em casa).

Fonte: Arquivo Pessoal

(En)Cena –  Considerando o seu lugar de fala, de mulher, mãe-solo, profissional do lar e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID-19?

Delcilene Vieira – A pandemia apenas escancara os desafios impostos às mulheres mães de família que precisam trabalhar fora de casa. Principalmente mulheres responsáveis pela renda familiar. Já era bastante difícil ser mãe antes da pandemia, onde ninguém nos respeita, principalmente os “homens”. Somos a maioria, mas mais ainda falta muito para nós chegarmos ao topo. Nós mulheres durante a pandemia tivemos que nos reinventar em todos os aspectos. Tivemos que trabalhar e cuidar da nossa própria casa, ensinar as tarefas para os filhos. Mas também ficamos mais empreendedoras e unidas. Somos leoas independentemente de qualquer situação.

(En)Cena –  Como a saúde mental (sentimentos e emoções) das mulheres interfere em tomadas decisões acertadas ou equivocadas em casa e no trabalho?

Delcilene Vieira – Na minha opinião quando uma mulher está com a saúde mental afetada, isso interfere sim nas suas tomadas de decisões. Ela perde o controle das suas emoções e com isso acaba tomando decisões diferentes das que tomaria se ela estivesse bem.

Em qualquer situação, seja na pandemia ou não, devemos aprender a controlar nossas emoções, o nosso equilíbrio mental. Com a COVID, o meu psicológico ficou muito abalado, pois tive que aprender a trabalhar com todos em casa. Não foi fácil para mim, nem para eles. Tivemos que nos adaptar ao novo e aprender a ter paciência com todos e com tudo que está acontecendo.

Fonte: encurtador.com.br/ixHJN

(En)Cena – Quais os desafios de cuidar de outra família sendo mãe e mulher, durante a pandemia?

Delcilene Vieira – Estes desafios sempre estiveram presentes em minha vida, pois fui mãe muito nova (aos 15 anos). Eu, sendo mãe e mulher chefe de família, tive que abrir mão da convivência com os meus filhos, para ter zelo e responsabilidade com outras famílias. E essa ausência as vezes traz um preço muito alto para os nossos filhos. Ainda mais no meu caso que tenho um filho especial. O tempo com os meus filhos foi muito pouco, pois sempre passei a maior parte do tempo no trabalho.

Para cuidar de outra família, a pessoa tem que ter muita responsabilidade, controle das suas emoções, respeito, paciência e acima de tudo muito amor a todos, principalmente quando se tem crianças.

Fonte: encurtador.com.br/amsz0

(En)Cena – Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?

Delcilene Vieira – Na minha opinião o caminho é: buscar dentro de si motivos para sorrir; ser grata pela vida; procurar alimentar sua mente de coisas positivas; fazer o que gosta. Com isso, as mulheres conseguirão manter o equilíbrio das suas emoções.

Após a pandemia temos que investir mais em nós, fazer cursos, sermos mais empreendedoras e correr atrás dos objetivos para conseguirmos conquistar nosso espaço.

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Dia Internacional das Pessoas com Deficiência celebra o crescimento de 89% de novas contratações na indústria de acessibilidade

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As vendas dispararam no mercado de acessibilidade, e com isso as vagas temporárias também. Elas representam cerca de 400 mil vagas e faz girar a economia do setor. SP, RS, RJ, MG, Brasília, PR e SC, são os estados que mais contratam.

São Paulo, novembro de 2020: Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 24% da população brasileira é composta por pessoas que possuem algum tipo de deficiência. E por conta da quarentena, as pessoas com mobilidade reduzida passaram a adaptar as residências e, com isso, aquecer a indústria que não foi contaminada pela Covid-19.

O setor movimenta R$ 5,5 bilhões ao ano. Apenas um fabricante, do interior paulista, registrou aumento nas vendas e já estima um faturamento de R$ 22 milhões para 2021. RJ, RS, SP E MG são os estados que mais consomem produtos de acessibilidade.

Segundo a Projeção da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem) é que cerca de 400 mil vagas temporárias devem ser criadas no último trimestre. O crescimento foi de 89,5%, em relação ao ano anterior. Além das vagas, cresceram também, as vendas de barras e piso antiderrapante, devido as pessoas quererem evitar as quedas durante o isolamento social.

Para o CEO da Planeta Acessível, Marcelo Costa, tornar espaços de lazer acessíveis a todos os públicos é mais que uma simples obra.”… crianças, idosos e portadores de necessidade especial ou mobilidade reduzida, exigem atenção redobrada. A demanda na pandemia aumentou. “Vendemos cerca de 300 mil itens e estimamos um faturamento de R$ 22 milhões para 2021”, contou Costa, que projeta um faturamento de R$ 22 milhões em 2021 e já incluiu no planejamento do próximo anos a arrecadação de 2% das vendas do elevador de piscina para projetos inclusivos.

E visando o tempo de isolamento social, e com o intuito de dar mais independência, autonomia e qualidade de vida, em especial às pessoas com restrições motoras, a Planeta Acessível, a maior indústria fabricante de produtos para acessibilidade do Brasil e especialista em objetos de adaptações de ambiente para manter a segurança, aumentando ainda expectativa de vida, inovou e criou o MOBlife, uma linha de elevadores de transferência para a piscina, totalmente à base de energia solar, dispensando o uso de cabos e fiações externas.

Pesquisa realizada pela USP (Universidade Federal de São Paulo), 29% dos idosos caem ao menos uma vez ao ano e 13% caem de forma recorrente – neste período de pandemia e isolamento social, o número chegou a 30%. Segundo balanço do CEO, entre os itens mais adquiridos estão além do elevador da piscina, outros itens estão liderando as vendas. Entre eles, Barra de Apoio, Alarme Audiovisual, Banco Articulado para banho, Fechadura Acessível e Fita Antiderrapante para Banho. “Há uma procura significativa desses produtos nos Estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais”. Finaliza o empresário.

Sobre a Planeta Acessível: Maior indústria fabricante de produtos para acessibilidade do Brasil. Entre os produtos mais fabricados para construção civil, órgão públicos e residências estão a barra de apoio, piso tátil, placas de sinalização em braile e agora começam a produzir o elevador de piscina. Apoiam eventos e grandes feiras como Equipotel e Feicon, além de abraçar causas de inclusivas de responsabilidade social. A fábrica possui 70 funcionários prevê uma receita anual de R$ 22 milhões a partir de 2021.

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O Diabo Veste Prada: liderança e motivação

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O filme O Diabo Veste Prada, de 2006, foi baseado no livro de Lauren Wesberg, e pode ser observado sob várias perspectivas, e aqui será sob o ponto de vista da Psicologia Organizacional, com ênfase na liderança e no aspecto motivacional.

Neste filme, a personagem Andrea (Anne Hathaway) é uma jovem jornalista recém formada, idealista e talentosa, e começa a distribuir seu currículo em diversas editoras e jornais, é chamada a uma entrevista na Runnaway Magazine, uma das principais revistas de Nova Iorque. Muito embora não seja seu foco inicial, vê o desafio como adequado ao seu currículo como jornalista.

Verifica que a vaga seria como uma das assistentes da editora chefe de Miranda Priestly (Meryl Streep), que na trama, submete e humilha suas funcionárias, se mostra autoritária e perfeccionista e está sempre exigindo mais de seus subordinados.

Fonte: encurtador.com.br/xAENW

O papel da liderança dentro de uma organização é explicitado por Gutierrez, et al. (2017), como “uma interação social e uma habilidade de influenciar as pessoas e envolvê-las nas decisões a serem tomadas na organização, à luz de suas crenças, valores e significados compartilhados, proferindo as ações em equipe para alcançar os efeitos esperados pela corporação (p. 11).”

Silva e Mourão (2015), nos faz pensar que o líder influencia o grupo social onde está inserido, implementando sua aura na organização, onde nem sempre será o administrador, mas pelas suas próprias características é visto como tal.

Silva, et al (2015) nos apresenta os tipos de liderança:

liderança diretiva, liderança de apoio, liderança orientada para realizações e liderança participativa. Liderança diretiva envolve dizer de forma clara quais são as tarefas a serem executadas pelos subordinados, e que resultados são esperados; a liderança de apoio direciona o líder a satisfazer às necessidades e preferências de seus subordinados visando promover um clima de trabalho agradável; já a liderança orientada pelas realizações incentiva a excelência do desempenho no trabalho dos subordinados através de metas e desafios para que o grupo consiga atingir um alto desempenho e, por último, a liderança participativa que permite funcionários colaborarem nas tomadas de decisões e definições que envolvem o processo operativo de trabalho (p. 2 ).

Miranda Prisley se caracteriza como uma pessoa irascível,  acostumada a ter suas ordens atendidas sem nenhuma contestação, e decide fazer ela mesma a entrevista com Andrea, e mesmo apresentando um desdém inicial, vê nela algum potencial transformador, pois ao ser dispensada ao final da entrevista, a candidata demonstra uma característica determinada, o que a editora chefe não está acostumada a ver em seu ambiente de trabalho. Andrea fica surpreendida ao ser chamada e saber que fora contratada.

  No primeiro dia de trabalho Andrea presencia uma cena que lhe parece estranha, pois ao sinal de que Miranda chega ao prédio, ocorre uma verdadeira transformação em todo o escritório da revista, com mudança substancial de atitude das pessoas que ali trabalham, demonstrando desde logo a personalidade autoritária da editora chefe.

Fonte: encurtador.com.br/moGIX

Andrea terá como cargo ser a assistente número dois, e observa inicialmente o comportamento de cada um dos colegas de trabalho, demonstra dentro da organização uma motivação para permanecer ali. Sobre isto Freitas e Rodrigues (2009), enfatiza:

Podemos dizer que a motivação é uma força e energia que nos impulsiona na direção de alguma coisa, de forma intrínseca, ou seja, que está dentro de nós, nasce de nossas necessidades interiores, que se refere ao processo de desenvolver uma atividade pelo prazer que ela mesma proporciona, isto é, desenvolver uma atividade pela recompensa inerente a essa mesma atividade. Essa forma de considerar o comportamento motivacional implica o reconhecimento de que ele representa a fonte mais importante da autonomia pessoal, à medida que as pessoas podem, de certa forma, escolher que tipo de ação empreender com base em suas próprias fontes internas de necessidades e não simplesmente responder aos controles impostos pelo meio exterior ( p. 4 ).

Neste contexto, os autores parecem delinear alguns dos principais assessores de Miranda, dentre eles Emily assistente 1, que para manter seu trabalho e foco na atividade trás sempre um mantra “ eu amo o meu trabalho”, isto pelo fato de que lhe era o seu desejo estar dentre os principais estilistas de moda, chegando inclusive a prejudicar a sua saúde para que estivesse com uma silhueta perfeita para vestir os trajes que eram disponibilizados a elas, assim como comparecer a festas e ser reconhecida, muito embora a chefe nem sempre a via como tal. É possível perceber no decorrer da trama como a personagem Emily idolatra Miranda, mas esta passa a ter sempre sob foco Andrea.

Andrea que é conhecida por Andy, por seus amigos, aos poucos consegue entender como Miranda age de forma autoritária. Descobre que ela é uma pessoa fragilizada pelos relacionamentos pessoais e pelo modo de que lida com as filhas, Miranda tem relação de descartabilidade com os funcionários. Para Freitas e Rodrigues (2009) a ligação com o que o indivíduo tem com o seu trabalho ou seu futuro tem uma certa fusão, e que pode fazer com que se esforce mais ou menos a conseguir o que deseja, mesmo que isso possa se modificar.

Fonte: encurtador.com.br/lKVY1

Outro trecho do filme que chama atenção é um diálogo entre Andrea e Nigel,  o colega verbaliza: “me avisa quando sua vida for para o espaço, significa q você vai ser promovida” – logo, é percebido aqui que eles entendem que o trabalho é tão importante que toma o lugar da vida pessoal, ou seja, condicionados a entender que sua vida profissional tem prioridade sob a vida pessoal. Essa é uma característica da empresa em questão e de como os funcionários são levados a se comportar.

Freitas e Rodrigues (2009) anota que os indivíduos trazem para dentro da organização, suas próprias aspirações e com o passar do tempo, essa energia motivacional pode mudar, podendo inclusive surpreender o líder. Foi isso que levou Andrea a entender que todo o processo que teve na Runaway Magazine, chegara ao fim e que seus objetivos iniciais, ser uma jornalista famosa, deveria iniciar, o que surpreendeu Miranda, e fez seu respeito por ela crescer, pois ela fez uma escolha, demonstrando uma força que não tivera no passado e que a fez se tornara uma profissional da moda.

É preciso pontuar todo o percurso vivenciado por Andrea, o seu desenvolvimento profissional, toda a adaptação que precisou realizar para garantir o seu emprego e ter o reconhecimento da chefia imediata, ela precisou sair da sua zona de conforto e se adequar as necessidades da empresa. Outros tantos temas podem ser discutidos em volta dos acontecimentos do filme O Diabo veste Prada, como clima e cultura organizacional, ambiente organizacional, competitividade, trabalho em equipe, saúde do trabalhador etc.

Entretanto, o foco aqui é destacar o estilo de liderança, que vem mudando ao longo dos anos. Cada vez mais se discute sobre a importância do desenvolvimento de líderes dentro das organizações, mas com características bem distintas de Miranda. Piza (2018) destaca o papel do líder como primordial, e que a função deste é de, com habilidade, criar um contexto para que os colaboradores consigam se motivar, tendo como ponto principal relações de confiança, alinhando o grupo para um mesmo objetivo.

FICHA TÉCNICA

Título Original: The Devil Wears Prada

Ano de produção: 2006

Direção: David Frankel

Gênero: comédia, drama, romance

País de origem: Estados Unidos da América

 

REFERÊNCIAS

FREITAS, N. G.; RODRIGUES, M. G. Uma Reflexão sobre liderança e motivação sobre o enfoque organizacional. In: SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA, 6, 2009. Resende: SEGET, 2009. Disponível em https://www.researchgate.net/profile/Manoel_Rodrigues3/publication/289671715_UMA_REFLEXAO_SOBRE_LIDERANCA_E_MOTIVACAO_SOB_ENFOQUE_ORGANIZACIONAL/links/569119f108aecd716af17ecf/UMA-REFLEXAO-SOBRE-LIDERANCA-E-MOTIVACAO-SOB-ENFOQUE ORGANIZACIONAL.pdf Acesso em 14 julho 2020.

GUTIERREZ, Luciana Alves et al. A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA NAS ORGANIZAÇÕES. REVISTA FAIPE, [S.l.], v.4, n.2, p.9-16, 2017. ISSN 2179-9660. Disponível: http://www.revistafaipe.com.br/index.php/RFAIPE/article/view/43> Acesso em: 15 julho 2020.

PIZA, Sergio. O NOVO PAPEL DO LIDER. GVEXECUTIVO, v. 17, n. 01, JAN/FEV. 2018.

SILVA, Paulo Henrique Franzão; FERIGATO, Guilherme Cassarotti; SANTOS, Andreia Mileski Zuliani e PEREIRA, José Aparecido A LIDERANÇA NA GESTÃO COM PESSOAS. Anais Eletrônico IX EPCC – Encontro Internacional de Produção Científica UniCesumar, Nov. 2015, n. 9, p. 4-8 ISBN 978-85-8084-996-7. Disponível em: http://rdu.unicesumar.edu.br//handle/123456789/2900. Acessado em 15 julho 2020.

SILVA, Neilda de Souza Oliveira da; MOURAO, Luciana. A influência dos estilos de liderança sobre os resultados de treinamento. Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v.15, n. 01, p. 260-283, 2015. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S180842812015000100015&lng=pt&nrm=iso. Acessos em 14 julho 2020.

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Transições e desenvolvimentos em “Boyhood”

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O presente ensaio tem por objetivo demonstrar as transformações no desenvolvimento ocorridas em um casal divorciado e seus filhos, durante um período de 12 anos, observando aspectos físicos, cognitivos e psicossociais, através do filme “Boyhood”. Sendo assim, a história estabelece um parâmetro de passagem claro do tempo, onde se verifica as mudanças físicas dos personagens, bem como os mesmos vão interagindo, à medida que questões sociais e emocionais aparecem no contexto familiar.

A preocupação em retratar as mudanças de forma mais próxima à realidade é sem dúvida, a maior riqueza técnica do filme, que apesar de trazer questões comumente evidenciadas em um contexto familiar provoca uma reflexão acerca das mesmas, observando um cotidiano que pode ser devidamente analisado, observando as diferenças que acontecem no desenvolvimento humano, no decorrer de um determinado período.

O filme inicia com o ator principal ainda na fase da infância, demonstrando como este se relaciona com os pais divorciados, que ainda se encontram no início da fase de adulto jovem, com dificuldades em absorver responsabilidades na criação dos filhos. Com as passagens do tempo, a história tem desdobramentos que são demonstrados tanto pelas mudanças ocorridas nos pais, como também nos filhos.

Fonte: https://bit.ly/2NgmT3N

A maturidade sendo construída nas diversas dimensões é algo bastante relatado no filme. As novas relações familiares, a busca pelo aperfeiçoamento profissional, a interação com os filhos, os novos papéis que se estabelece, o ninho vazio são aspectos vivenciados pelos pais.

Enquanto que a adaptação dos filhos a realidade socioeconômica dos pais, os novos padrões de relacionamento com os mesmos, amigos, irmão, bem como o aparecimento de relacionamentos íntimos, as primeiras atividades laborais, a linguagem diferenciada, as transformações físicas como a puberdade, entre outras, e ainda, o distanciamento dos pais e a saída de casa, como marco de passagem para a fase de adulto jovem são mudanças que ocorrem na vida dos filhos e que vem a ser enfatizadas no filme.

Desenvolvimento físico

Pode-se destacar como mudança importante na fase da adolescência relatada no filme, a transição marcada pela chegada da puberdade. Segundo Papalia (2013) a “puberdade é desencadeada por mudanças hormonais. Ela dura cerca de quatro anos, normalmente começa mais cedo nas meninas e termina quando a pessoa é capaz de reproduzir” (PAPALIA, 2013, p.418). A transição para puberdade acontece de forma clara nos atores mirins, porém é perceptível que existe uma diferença na transição realizada pela menina, em relação ao menino, que interpretam os filhos do casal, confirmando, portanto, o que elucida Papalia na citação acima.

Fonte: https://bit.ly/2QxaIgV

Ainda observando, aspectos relacionados ao desenvolvimento físico, a maturidade sexual chega no momento em que as alterações hormonais acontecem, e desencadeia mudanças nas características sexuais primárias, como os testículos e o pênis nos meninos, ovários e útero nas meninas, assim como pelos no corpo e mudança de voz, em ambos (BEE, 1997). Também marcadas pela menarca nas meninas e espermarca nos meninos. No filme percebemos essas transformações acontecendo em todo o período dos 12 anos retratados, aonde também os relacionamentos afetivos vão surgindo e são demonstrados em seus pares.

As transformações que ocorrem no cérebro do adolescente são evidenciadas no filme pela relação dos filhos com os pais, onde eles “tendem a fazer julgamentos menos precisos e menos racionais” (PAPALIA, 2013, 418), sendo assim observado em uma passagem, o segundo divórcio da mãe acontecendo e os filhos questionando aspectos familiares e mudanças do seu cotidiano, porém aceitando a situação imposta.

Desenvolvimento cognitivo

Ao se observar as alterações que ocorrem sob o ponto de vista cognitivo, Piaget define como o nível mais alto do desenvolvimento, o operatório formal, que se caracteriza pela capacidade de pensar em termos abstratos, pela compreensão dos aspectos relacionados ao tempo histórico e ao espaço extraterrestre, e assim proporcionando uma maneira mais flexível no processo de manipulação das informações e possibilitando também, o surgimento das implicações emocionais no desenvolvimento. (PIAGET apud, PAPALIA, 2013, 404).

Fonte: https://bit.ly/2OqLVtE

No filme, o que está acima mencionado é observado na cena, em que o adolescente é obrigado a cortar seu cabelo, por uma imposição do padrasto, ocasionando em um comportamento questionador com sua mãe, ao mesmo tempo em que as questões emocionais são também demonstradas, quando este se recusa a ir até a escola, por se sentir triste e envergonhado pela sua aparência.

Ainda sobre essa fase, e de acordo com os níveis e estágios de moralidade de Kohlberg, citados por Papalia (2013), observamos que os adolescentes no filme se encontram no nível II da moralidade convencional ou moralidade de conformidade com o papel convencional, onde “internalizam os padrões das figuras de autoridade” (PAPALIA, 2013, p.408).

Desenvolvimento psicossocial

Dentro dos aspectos psicossociais, temos a busca pela identidade como o foco principal na adolescência, que tem como componentes, as questões ocupacionais, sexuais e de valores (PAPALIA, 2013, p.422). Nesse sentido, o filme destaca o surgimento dos relacionamentos afetivos, do distanciamento dos pais e aproximação dos amigos, exposições aos riscos, das primeiras atividades de trabalho, início da autonomia e processos de escolhas.

Fonte: https://imdb.to/2Nj29bP

Em umas das passagens do filme, o adolescente passa a conviver mais com os amigos, em ambientes com alta exposição a bebidas e outras drogas, iniciando também sua vida sexual. Os pais em contrapartida são obrigados a se adaptarem as mudanças e passam a orientar quanto aos possíveis riscos.

O adolescente também nessa fase experimenta as responsabilidades do primeiro emprego, porém ainda se reconhece certa imaturidade e dependência de seus pais, mas já se constata o início de conquistas em relação à maturidade, podendo ser observado, na cena em que o adolescente está trabalhando em uma lanchonete e seu patrão chama a sua atenção, pelo fato de não está conduzindo o trabalho de maneira satisfatória.

Ao final da adolescência retratada no filme temos a presença da recentralização, ou seja, a “mudança para uma identidade adulta” citada por Papalia (2013) segundo Erikson, onde o jovem aparece em processo de saída de sua casa rumo à universidade, iniciando seu processo de autonomia e escolha profissional, aperfeiçoando as relações sociais e familiares, sendo também retratada a questão do ninho vazio vivenciado, especificamente por sua mãe, em uma cena clara no filme, onde ela aparece preocupada e entristecida pela saída dos filhos de casa.

Fonte: https://imdb.to/2NfvJP3

Vale ressaltar ainda, que o posicionamento dos pais interfere diretamente no processo de amadurecimento dos filhos, sendo observada no filme em algumas cenas a relação democrática existente entre a mãe e os filhos, enquanto o pai inicialmente se apresentou com características negligentes, porém ao longo do filme passou a demonstrar amadurecimento e características mais democráticas. Já em relação ao primeiro padrasto, as atitudes eram bastante autoritárias, principalmente na adolescência. Tal contexto reflete diretamente no comportamento dos filhos.

Considerações finais

O filme “Boyhood” narra a vida de um casal de pais divorciados, que cria seus filhos de acordo com as condições da família daquele momento. Apesar de a mãe usufruir de conhecimento da ciência psicológica, não conseguiu ressignificar a própria história diante das adversidades impostas. O relato percorre, especialmente, a vida do menino durante um período de doze anos, da infância à juventude, e analisa sua relação com os pais conforme ele vai amadurecendo.

O ensaio é dividido em três aspectos do desenvolvimento: o físico, que compreende as alterações físicas decorrentes dos processos hormonais, desencadeando crescimento e maturação cerebral, bem como, o aperfeiçoamento das habilidades motoras e sensoriais; o cognitivo, que passa pela aprendizagem, atenção, memória, linguagem e raciocínio; e o psicossocial, que respalda nas relações sociais, nas emoções e na própria personalidade.  A análise é realizada, através da relação entre os três domínios.

Fonte: https://bit.ly/2NfwmrT

Por fim, o presente ensaio traz um repertório de conhecimento e percepção sobre a importância da ciência psicológica para o indivíduo. Esse estudo possibilita uma reflexão, acerca de aspectos significativos que envolvem saúde mental, revendo conceitos de vida e analisando como poderia ser ressignificada a história daqueles personagens. É por meio também de trabalhos como este, que o acadêmico pode aprimorar constantemente o seu conhecimento, envolvendo a interação entre questões da teoria e da prática, o que proporciona um avanço necessário, no que se refere ao desenvolvimento crítico relacionado aos processos de ensino e aprendizagem.

 Referências Bibliográficas

BEE, Helen. O ciclo Vital.Porto Alegre. Artmed, 1997.

PAPALIA, Diane E. e FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento Humano. 12 edição, Porto Alegre/RS. Artmed, 2013.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

BOYHOOD

Diretor: Richard Linklater

País: EUA

Ano: 2014

Classificação: 14

 

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