Processo de adicção a nível celular e o vício em pornografia

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Vamos falar sobre vício? Quando se trata de vício vem logo a nossa mente algo relacionado a álcool, cigarro, maconha, crack, LSD, morfina, entre outras drogas; porém não nos lembramos somente da existência destes tipos de drogas com as quais indivíduos dia após dia se viciam, e degradam sua dignidade humana e outros que reconhecendo os estragos causados em seus corpos, mentes e relacionamentos, tentam desesperadamente desistir destes vícios. Temos sempre alguém próximo que passou ou passa por este processo de adoecimento, e por vezes são nossos pais, mães, tios, irmãos, sobrinhos, parceiros, amigos, e quão desafiante é para estas pessoas e para os que estão próximos delas, de permanecerem próximos e os ajudarem a vencer este vício.

            Mas o quê explica estes homens, mulheres, jovens e até mesmo crianças, terem contato com drogas se viciarem e não conseguirem largar com a mesma facilidade com que iniciam em um vício? Para isto precisamos entender um pouco do funcionamento do nosso cérebro e o que estes mais diversos tipos de drogas causam no nosso cérebro. O nosso sistema nervoso central é um sistema complexo cheio de funções e sistemas de feedback que regulam a forma como experimentamos a vida. Para compreender o comportamento de adicção (vício), é necessário compreender um sistema muito importante no nosso dia a dia, que faz com que continuemos a fazer coisas que reconhecemos como apetitosas e prazerosas nas nossas vidas.

            Este sistema importantíssimo é chamado de sistema de recompensa. Mas como assim sistema de recompensa? Sim, existe uma parte do nosso cérebro que foca exatamente em reconhecer experiências que para nós foram marcantes positivamente e gerar aquela sensação prazerosa, gostosa das coisas, por exemplo uma ida ao parque, ver uma bela paisagem ou obra de arte, experimentar uma comida muito boa, ver um bom programa de TV, uma série preferida, no sexo, etc.

Imagem do sistema/circuito de recompensa em destaque.

Este circuito de recompensa é composto por três áreas muito importantes do nosso cérebro que são responsáveis também pela tomada de decisão, que são o córtex Pré-Frontal, o Núcleo da Accumbens e a Área Tegmentar, e há pouco tempo foi descoberto que o Núcleo Caudato também integra este sistema, sendo seu papel ajudar na detecção e percepção de uma recompensa, discernir entre recompensas e escolher uma recompensa particular a outra, além de antecipar uma recompensa e esperar uma recompensa (BORGES, 2015).

Já vimos onde ele fica no nosso cérebro e o que ele faz, mas como ele funciona e como as pessoas se viciam? O circuito de recompensa como todo o nosso cérebro é formado por uma quantidade enorme de neurônios que se comunicam a partir de sinapses, que são impulsos elétricos, que são produzidos pela comunicação destes neurônios, que se de diversas formas, mas nesta área específica os neurônios comunicam a outros neurônios um neurotransmissor chamado Dopamina, que é o responsável por sentirmos o prazer e a satisfação.

Imagem de uma sinapse dopaminérgica.

               Então toda vez que fazemos algo agradável estas sinapses dopaminérgicas acontecem no nosso cérebro, e aqui entra o fator chave para o comportamento de adicção, estas mesmas sinapses de dopamina acontecem em pessoas que entram em contato com drogas, o que acontece no cérebro quando entra em contato com esse tipo de estimulação, é que essa quantidade de neurotransmissores na fenda sináptica, aumenta em níveis altíssimos, gerando uma sensação de prazer muito grande no indivíduo. Mas há um grande problema neste volume elevado de neurotransmissores, pois o excesso de dopamina gera uma maior flexibilidade no córtex pré-frontal, e prejudicar a capacidade de concentração (HUBNER, 2022).

            O cérebro humano é sistema muito complexo e inteligente, e traz em si sistemas de feedback para a manutenção de suas funções, logo ao perceber que está acontecendo uma irregularidade na quantidade de dopamina lançada nas fendas sinápticas, ele age diminuindo a produção do neurotransmissor e o neurônio que iria receber este neurotransmissor também diminui a quantidade de receptores, que são como janelas abertas onde os neurotransmissores se ligam e geram as sinapses. Este processo natural do cérebro produz duas grandes consequências, uma a curto e a outra a longo prazo, a curto prazo, ainda que o indivíduo faça a ingestão da mesma quantidade de droga ela não produzirá mais o mesmo efeito no cérebro.

            Então, em resumo a pessoa entra em contato com a droga e a partir deste momento o cérebro imediatamente começa a tomar medidas para se proteger de outra descarga tão grande de dopamina. Não aprofundaremos aqui as motivações que levam uma pessoa a entrar no uso de drogas, mas por muitas vezes as motivações que levam a usar pela primeira vez, podem levar a pessoa a procurar uma segunda, ainda não como um comportamento de vício, mas por vezes como comportamento de fuga dos seus sofrimentos, por incentivo de seus grupos sociais, etc.
No entanto, o que acontece nesta segunda vez não chega nem perto do que aconteceu na primeira, o cérebro em modo de sobrevivência, não permite uma sobrecarga novamente e a sensação de prazer e recompensa diminuem drasticamente, para que tenha uma sensação de prazer maior será necessária uma ingestão ainda maior, ou de uma droga mais pesada, o que explica o comportamento de muitas pessoas que começam com o álcool, cigarro, maconha e podem gradativamente fazendo o uso de drogas cada vez mais pesadas.

            A longo prazo, precisamos lembrar que o neurotransmissor que gera esse efeito de prazer e recompensa no uso das drogas, é o mesmo neurotransmissor do dia a dia, das coisas prazerosas da vida, como uma boa comida, uma bela paisagem, uma convivência com a família ou amigos, porém o cérebro neste momento está focado em continuar mantendo as suas funções, sem sofrer sobrecargas de dopamina, já diminuiu a produção e já fechou algumas “janelas”, então atividades simples como estas não terão mais o mesmo sabor, passarão a ser consideradas “chatas” ou tediosas, pois elas normalmente já não produziam tanta dopamina, e agora produzem menos e geram muito menos sinapses.

Pessoa em sofrimento pela adicção

Um pessoa inserida na adicção já está vivendo em profundo sofrimento, e esta mesma pessoa que por muitas vezes busca na droga uma forma de esquecer, de fugir um pouco do seu sofrimento, começa não sentir prazer nenhum na vida exceto no momento em que entra em contato com a droga a qual está viciado, e cada vez mais procurando drogas cada vez mais fortes. E aqui entra todo sofrimento familiar, perda de relações afetivas, perda de trabalho e vida desta pessoa é reduzida ao seu sofrimento.
Como foi visto no início é possível se viciar em drogas lícitas, ilícitas de diversas formas, mas há um tipo de vício que a nossa sociedade incentiva e se utiliza para enriquecimento de algumas classes, que é o vício em pornografia, ele acontece da mesma forma que todas as outras drogas, este mesmo processo de adicção que acontece em todos os tipos de droga também acontece na pessoa viciada em pornografia, a única diferença é que a “droga” a qual os homens e mulheres se viciam na atualidade com grande frequência é que é de graça, de fácil acesso e amplamente estimulado pelas novelas, filmes, séries e até mesmo propagandas de produtos de consumo, como carros, cerveja e etc., onde o sensualismo é lançado como fetiche para induzir o desejo de consumo de homens e mulheres.

Este problema social que afeta uma quantidade incontável de pessoas, alguns em grau mais leve e em outros muito elevado, tem ganhado um pouco mais de atenção porém ainda forma tímida, em 2019 o CID adota uma novo diagnóstico de transtorno que é o 6C72 Transtorno de comportamento sexual compulsivo que consiste principalmente na incapacidade persistente de controlar impulsos sexuais, sendo eles ligados ao sexo de fato, ou comportamentos como sexo virtual, pornografia e masturbação.
Um problema muito grave no processo de vício em pornografia é que a pessoa é bombardeada por estímulos que servem como “gatilhos” para que ela consuma mais e mais pornografia, e uma grande dificuldade relacionada é a naturalização deste tipo de comportamento, certamente ou você, ou algum conhecido seu já recebeu em algum grupo de Whatsapp um conteúdo pornográfico, quantas notícias já vimos de pessoas que foram demitidas por enviarem este tipo de conteúdo em grupos de trabalho, e entre os jovens é reforçado ingressar neste tipo de comportamento.
É muito importante lembrar que temos campanhas contra o uso abusivo de drogas, tanto as ilícitas como as licitas, como o álcool, o tabaco, no tabaco por exemplo temos na caixa do cigarro o que o vício nele pode causar, com imagens reais de casos gravíssimos que aconteceram por causa do uso de cigarro, mas e quanto à pornografia? Você é capaz de contar a quantidade de vezes que teve acesso a conteúdo de cunho sexual nesse mês, por meio de propagandas, séries, filmes, novelas, músicas? Há uma naturalização deste tipo de produtos sociais.

Propagandas utilizadas para venda de bens de consumo, reflexo da hipersexualização.

            Umas das consequências desta naturalização e de não informarmos às pessoas os riscos de ingressarem em consumo de pornografia, é que a pessoa vive esse processo achando que está vivendo algo saudável e quando se percebe já não está mais conseguindo conter impulsos sexuais em seus mais diversos ambientes, já não está tendo mais prazer nas suas relações familiares e afetivas, no seu trabalho, passa a viver desanimado e tomado pelo tédio, por que nada mais é capaz de motivá-lo de fazer com que se sinta vivo, a não ser entrar em contato mais um vez com conteúdo pornográfico, e da mesma forma que com outras drogas passa a precisar de estímulos mais poderosos para que sinta aquele pico de dopamina, pois o cérebro já foi se protegendo fechando receptores e produzindo menos dopamina.
Logo esta pessoa pode passar a procurar tipos de sexo diferentes, com animais, mais violentos, com crianças, com cadáveres, etc. E assim a nossa sociedade estimula a produção deste tipo de conteúdo, em sua grande maioria proibidos por lei. Temos uma sociedade que incentiva o desejo sexual a todo tempo, somos bombardeados por este tipo de conteúdo, e como ficam as pessoas que tentam deixar este comportamento abusivo? Sofrem constantemente com recaídas e vão se sentindo cada vez mais incapazes de ter controle de seus impulsos sexuais.

Aqui temos o relato de uma pessoa que não quis se identificar que passou por este sofrimento, segue na íntegra o relato:

            “ Tive contato pela primeira vez com conteúdo pornográfico, aos 11 ou 12 anos, por meio de um amigo que chamei para jogar no computador da minha casa, e em um dado momento da brincadeira este amigo me falou que queria me mostrar um tipo de jogos ‘diferentes’, foi quando ele abriu um site de jogos pornográficos, e ao me deparar com aquilo eu percebia que havia algo errado, mas ao mesmo tempo não fazia ideia da existência do tipo de coisas que eu estava vendo ali pela primeira vez, e até hoje tenho dificuldade de me perdoar por ter me deparado com aquilo e não ter fugido, mandado fechar, saindo dali, ou ter dito que não queria ver aquilo.
Ainda hoje, depois de passar mais de metade da minha vida tendo vivido como um viciado, é difícil olhar pra trás e acolher que eu era uma criança, que não entendia nada do que eu estava sentindo ao ver aquelas coisas. Depois desse dia não me lembro de quando foi a segunda vez em que tive contato a final fazem muitos anos, só me lembro que pornografia e masturbação fizeram parte da minha vida constantemente ano após ano, tempos com menos frequência e outros com muito mais frequência, eu não sei dizer hoje quando foi a primeira vez em que tentei parar e que não durou muito tempo, mas ao longo tempo comecei a perceber que sempre que me frustrava eu acabava mais uma vez buscando a pornografia.
Via sempre meus colegas falando sobre vídeos pornográficos que tinham visto, e algumas vezes até abrindo sites assim na escola, e então parecia algo cada vez mais natural, que todo mundo vivia, e cada vez mais via mais vídeos, fotos, e como foram anos vivendo assim, cada vez mais foi se tornando mais frequente, mas fui me percebendo cada vez mais mal, as coisas começavam a perder a cor, eu não conseguia mais me sentir tão bem quando estava com os amigos, não me sentia feliz, comecei a pesquisar e descobrir que tantas pessoas haviam ficado muito mal também por causa deste vício, e comecei a tentar sair mas sempre vinha alguma coisa, que me lembrava de algo que eu tinha visto, as vezes nas conversas, em séries que assistia, me faziam ter recaídas, não conseguia de forma alguma conter os impulsos, por mais que tentasse, por vezes corria pra lugares da casa onde tinha gente pra não ir ver pornografia, ajudava mas quando ficava sozinho recai de novo, e de novo e de novo…
Você não sabe o quanto é difícil viver assim, se sentindo incapaz de se controlar, de não fazer algo que você sabe que faz mal pra você mesmo, que cada vez mais vai te tirando a graça de viver bem com as pessoas que você tá perto. E cada vez que recaía me sentia cada vez mais culpado e envergonhado por não conseguir. Procurei ajuda mas mesmo assim tive muitas dificuldades de conseguir enfim parar, mas ainda hoje é muito difícil permanecer sem recaídas, porque direto aparece alguma coisa que me lembra, que me faz querer voltar pra aquelas coisas. As vezes só penso o que eu não daria para mudar aquele primeiro dia, o quanto minha vida poderia ter sido melhor se eu não tivesse sido apresentado a pornografia, me tornando como que um prisioneiro de mim mesmo, mesmo vivendo limpo as vezes acho que nunca voltarei aquele normal da infância que não sentia vontade de ver aquelas coisas.”

Precisamos repensar o que estamos fazendo com as nossas crianças, com nossos adolescentes e jovens, e conosco, com essa hipersexualização da vida, é primordial que questionemos este padrão social de pegar qualquer que seja o produto e colocar uma pessoa ali sensualizando como forma de vender aquele produto. E conscientizarmos que há riscos seríssimos a saúde mental e física de cada indivíduo, como em qualquer outro tipo de adicção, ainda que pareça em grau menor que outras drogas, é tão possível que uma pessoa que inicia o vício em pornografia possa acabar se viciando em drogas ainda mais pesadas.

Referências

BORGES, Maria. O amor no cérebro. Princípios: Revista de Filosofia (UFRN), v. 22, n. 38, p. 125-135, 2015.

HUBNER, Luiza Johanna et al. Papel da Dopamina e Motivação para o Esforço e Fadiga Mental. 2022.

 

 

 

 

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Álcool, o frágil limite entre prazer e destruição

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Todos os anos o dia 20 de fevereiro é dedicado ao combate e conscientização da dependência do álcool, e é de suma importância que haja uma reflexão individual sobre o papel que a bebida exerce em nossas vidas e como ela pode impactar nossa realidade.

O álcool, diferente de outras drogas, pode estar presente desde muito cedo na vida das pessoas e a dependência que ele muitas vezes causa afeta milhões mundialmente. Socialmente muito bem aceito, e proposto em quase qualquer ocasião, a falta de controle no seu consumo às vezes está relacionado à busca de alívio da tensão e do estresse do dia a dia, entre outras razões. Seja para ser bem aceito num grupo, seja para perder a timidez, ou tantos outros motivos, a bebida é muitas vezes vista como uma boa alternativa.

O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM), na sua última edição (DSM-5) atualizou o abuso e dependência de álcool que antes era chamado de alcoolismo, para Transtorno por Uso de Álcool (TUA), sendo uma condição na qual uma pessoa tem desejo ou necessidade física de consumir bebidas alcóolicas, mesmo que isso tenha um impacto negativo e traga consideráveis prejuízos em sua vida. É uma forma de extrema dependência em que a pessoa tem uma necessidade compulsiva de ingerir álcool para ser funcional nas suas atividades diárias.

Atualmente são identificados quatro padrões de consumo de álcool: o consumo moderado, sem risco; o consumo arriscado, que tem o potencial de produzir danos; o consumo nocivo, que se define por um padrão constante de uso já associado a danos à saúde; e o consumo em binge, que diz respeito ao uso eventual de álcool em grande quantidade.

Fonte: encurtador.com.br/syCT0

Alguns autores trazem este abuso como uma doença crônica, com fatores genéticos, psicossociais e ambientais influenciando seu desenvolvimento e suas manifestações, ou seja, as teorias levam em conta a complexidade do transtorno e reconhecem que geralmente é causado por uma combinação de fatores.

Mas porque referir-se a este assunto como um frágil limite entre prazer e destruição?

O álcool atua sobre o sistema de recompensa do cérebro, através da liberação de dopamina (entre outros neurotransmissores), trazendo a sensação de prazer e recompensa. Por ser uma droga lícita, difundida e muito usada até mesmo como ferramenta de aceitação e desenvoltura social, entender o mecanismo por trás deste sistema de gratificação que o cérebro produz e as consequências deste tipo de condicionamento, nos fazem perceber quão tênue é esta linha entre o prazer e o perigo.

Segundo o psiquiatra Dr. André Gordilho, “o paciente pode desenvolver tolerância, precisando de uma quantidade cada vez maior da bebida para sentir os efeitos que ele busca. Às vezes ocorrem sintomas físicos, como insônia, irritabilidade, e outros sintomas de abstinência”, completa.

Para um diagnóstico eficaz, ele traz que a atenção ao histórico do paciente é essencial. Normalmente a pessoa começa a estreitar o intervalo dos dias em que bebe, passando a consumir álcool de forma cada vez mais frequente. Também pode passar a ter comportamentos inadequados, como beber em locais em que não deveria, como no trabalho.

Fonte: encurtador.com.br/ckmwN

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o abuso de álcool é responsável por 3,3 milhões de mortes todos os anos no mundo. Dentre outras consequências podemos listar algumas patologias como: cirrose e outras doenças do fígado, depressão, crises de ansiedade, tremores e etc.

O álcool pode piorar os sintomas de depressão e ansiedade já existentes, além de aumentar as explosões emocionais. Muitas vezes, os alcoólatras têm uma falta de controle emocional (autoregulação) e às vezes podem causar perturbação nos contextos onde estão inseridos se estiverem altamente intoxicados.

O vício em álcool é perigoso, e ele vai aumentando gradativamente sem que o indivíduo perceba. O usuário não pensa que tem um problema, e quando vai se dar conta já não consegue assumir o controle em relação ao comportamento de beber ou à quantidade consumida.

Esta prática, além de conduzir o indivíduo a sérios malefícios para a saúde, contribui para a deterioração das relações sócio familiares e de trabalho, causando sérios prejuízos para a pessoa tanto fisicamente, quanto psicológico, emocional e socialmente.

Fonte: encurtador.com.br/rvQX9

Alguns sinais e sintomas do transtorno incluem:

  • beber sozinho ou em segredo;
  • não ser capaz de limitar a quantidade de álcool consumida;
  • não ser capaz de lembrar alguns espaços de tempo;
  • ter rituais e ficar irritado se alguém comentar sobre esses rituais, por exemplo, bebe antes, durante ou depois das refeições ou depois do trabalho;
  • perder o interesse em hobbies que eram apreciados anteriormente;
  • sentir muita vontade de beber;
  • sentir-se irritado quando os horários de beber se aproximam, especialmente se o álcool não estiver disponível;
  • armazenamento de álcool em lugares improváveis;
  • bebe para se sentir bem;
  • adquire problemas com relacionamentos, leis, finanças ou trabalho que resultam da bebida;
  • precisa cada vez mais de mais álcool para sentir seu efeito;
  • sente náuseas, sudorese ou tremor quando não está bebendo;

O tratamento da dependência possui algumas características particulares, visto que o indivíduo precisa de um programa bem personalizado, específico para ele. As perspectivas trabalhadas são medicação, abstinência, psicoeducação e responsabilização, dentro de uma visão multidisciplinar, envolvendo profissionais como psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais e quaisquer outras especialidades como hepatologistas por exemplo. Para cada uma dessas abordagens é realizado um tratamento específico que vai depender do estágio que o paciente se encontra.

O primeiro passo deve partir da pessoa e o desejo de mudar aquele comportamento, reconhecendo que o consumo excessivo, progressivo e abusivo de bebidas alcoólicas está causando problemas em sua vida. A rede de apoio (familiares, amigos) é essencial para o sucesso da restauração da saúde e bem estar do usuário.

Um retorno ao consumo normal de álcool é muitas vezes possível para indivíduos que abusaram do álcool por menos de um ano, mas, se a dependência persiste por mais de cinco anos, os esforços para retornar ao consumo social geralmente levam à recaída.

Fonte: encurtador.com.br/bjIO3

Existe uma negação muito grande em reconhecer a doença por causa do estigma que ela carrega. E por ser tão bem socialmente aceito, as pessoas demoram a reconhecer e a procurar tratamento. Existe também muita vergonha envolvida nesse processo, e acaba sendo em alguns casos uma situação velada, e muitas vezes nem os próprios familiares conseguem se mobilizar para ajudar a pessoa que sofre com isso, às vezes por falta de informação ou por falta de acesso a estes meios de assistência.

Algumas formas de abordar e reduzir os níveis de consumo nocivo de álcool podem vir da promoção de conhecimento sobre saúde na população, fornecendo evidências da relação do consumo de álcool e os danos causados pelo abuso. A conscientização precisa ser mais bem trabalhada na sociedade como um todo, e precisa haver uma quebra de paradigmas, e buscarmos desmistificar o processo de tratamento, para a não normalização da doença e como qualquer outro transtorno ou patologia, procurando ajuda, pois é possível com tratamento superar e melhorar a qualidade de vida significativamente dos indivíduos prejudicados, tanto o portador do transtorno quanto seus familiares, amigos e colegas de trabalho.

O mais importante (e na verdade essencial) neste processo é que não se abra mão de um olhar psicossocial do indivíduo, que esteja ampliado e atento às relações deste sujeito, que ele seja protagonista nesta trajetória, e que haja este olhar nas interações entre os profissionais de saúde e o usuário e a sua rede de apoio, para um tratamento humanizado, que respeite as vontades do sujeito e busque sua melhora gradativa, de acordo com o seu caso e seu contexto.

REFERÊNCIAS

Transtorno do Uso de Álcool: uma comparação entre o DSM IV e o DSM – 5, NIH – National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism, outubro de 2021. Disponível em:  <https://www.niaaa.nih.gov/sites/default/files/publications/AUD-A_Comparison_Portuguese.pdf> . Acesso em: 15/02/2022.

O que é Transtorno por abuso de Álcool e qual é o Tratamento?, Seu Amigo Farmacêutico, 2019. Disponível em: < https://www.seuamigofarmaceutico.com.br/artigos-e-variedades/o-que-e-transtorno-por-abuso-de-alcool-e-qual-e-o-tratamento-/404#:~:text=O%20alcoolismo%2C%20agora%20conhecido%20como,era%20chamada%20de%20%22alco%C3%B3latra%22 >. Acesso em 15/02/2022.

Alcoolismo pode ser um inimigo invisível, Holiste, 27/05/2019. Disponível em: <https://holiste.com.br/alcoolismo-pode-ser-um-inimigo-invisivel/>. Acesso em: 15/02/2022.

Os cinco tipos de problemas com a bebida são mais comuns em diferentes idades, Third Age, 2019. Disponível em: < https://thirdage.com/the-five-types-of-problem-drinking-are-more-common-at-different-ages/>. Acesso em 16/02/2022.

Alcoolismo, Rede D’or, 2021. Disponível em: <https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/alcoolismo>. Acesso em 16/02/2022.

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