Análise da série “Adolescência” da Netflix: alerta sobre o impacto das redes sociais nos adolescentes

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Especialista comenta cuidados que pais devem ter com seus filhos no meio digital

Recentemente, a Netflix lançou a minissérie “Adolescência”, que causou um grande sucesso: 66,3 milhões de visualizações em menos de duas semanas, de acordo com o site Omelete. Esse grande interesse dos telespectadores vem do impacto que o enredo traz ao abordar como as redes sociais podem influenciar o comportamento dos jovens, muitas vezes de forma perigosa.

Jamie, de 13 anos, é o personagem principal da trama e é acusado do assassinato de uma colega de escola. Ao longo dos episódios, a produção expõe como o ambiente digital é um terreno fértil para a disseminação de conteúdos misóginos e machistas, discursos extremistas e desafios que colocam em risco o desenvolvimento saudável dos adolescentes.

A série reforça a necessidade de um maior acompanhamento por parte dos pais e educadores, para ajudar a mitigar impactos negativos nas vidas dos adolescentes com o Jamie. Marco Giroto é fundador da SuperGeeks, escola de competências para o futuro para crianças e adolescentes e comenta que a falta de preparo para lidar com o mundo digital é um dos principais desafios da nova geração.

“As redes sociais se tornaram o principal canal de informação e socialização dos jovens, mas nem todos entendem como funcionam as métricas, algoritmos e os impactos do que consomem. O problema não é a tecnologia em si, mas o uso que se faz dela”, explica.

Adolescência: a série que pais e mães precisam ver
Fonte: https://l1nq.com/T65wv

O monitoramento ativo dos pais e a educação digital são fundamentais para garantir um uso mais saudável das plataformas. O ideal não é proibir, mas ensinar. Os pais precisam saber e entender o que seus filhos consomem online e ter conversas sobre os riscos, como fake news, discursos de ódio e desafios virais.

Além da supervisão, Marco reforça a importância de oferecer conhecimento técnico sobre o funcionamento das redes sociais: “Quando os jovens se aprofundam no estudo de programação e tecnologia, eles passam a enxergar a internet de forma mais crítica e responsável. Isso ajuda a evitar que sejam influenciados por conteúdos prejudiciais”.

Com a popularização de séries e filmes que abordam esses temas, a discussão sobre o impacto das redes sociais na juventude se torna ainda mais necessário. O desafio agora, é transformar esses alertas em ações, garantindo que as novas gerações saibam navegar pelo ambiente digital de forma segura e consciente.

Sobre

A rede de franquias SuperGeeks nasceu com o objetivo de formar não somente consumidores, mas também criadores de tecnologia. Desde 2014, a marca assume uma posição importante ao preparar as novas gerações para os desafios e oportunidades do futuro tecnológico, dedicando-se a ensinar programação e robótica de maneira lúdica e criativa, atendendo a todas as faixas etárias.

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A Jornada de “Lady Bird”: a caminhada para a maturidade e os laços familiares

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Para cada adolescente que se torna independente, há um adulto lutando para desapegar.

Aos 17 anos, Christine “Lady Bird” MacPherson (Saoirse Ronan) está no último ano do colégio católico e enfrenta os dilemas da adolescência, como o primeiro amor, a descoberta do sexo, a tentativa de ser popular na escola e a relação tumultuosa com sua mãe, Marion (Laurie Metcalf). No filme “Lady Bird – A Hora de Voar”, Christine deseja fazer faculdade longe de Sacramento, Califórnia, uma ideia firmemente rejeitada por sua mãe. Lady Bird, como a jovem de forte personalidade exige ser chamada, não se dá por vencida e leva adiante o plano de ir embora. Enquanto sua hora não chega, ela se divide entre as obrigações estudantis, o primeiro namoro, os rituais de passagem para a vida adulta e inúmeros desentendimentos com a mãe.

O filme foi indicado a cinco Oscars: melhor filme, melhor atriz para Saoirse Ronan, melhor atriz coadjuvante para Laurie Metcalf, melhor roteiro original e melhor direção para Greta Gerwig, que se tornou a quinta mulher a ser indicada na categoria.

Em “Lady Bird”, as relações familiares desempenham um papel central, evidenciando a essência do gênero ‘coming of age’, que trata das inevitáveis mudanças da adolescência. A família, como primeira organização social, desempenha um papel crucial ao impor expectativas, cobranças e esperanças. Esse impacto é perceptível especialmente durante a adolescência, quando se espera que se apresente ao mundo a pessoa que se está escolhendo se tornar. Por isso, parece estranho que muitos filmes dessa fase tratem os pais como meros coadjuvantes.

“Lady Bird” ilustra magistralmente esse cenário ao focar na relação mãe-filha. Embora o título do filme seja o alter ego da protagonista, Christine, o título provisório era “Mães e Filhas”, reforçando que toda história de amadurecimento tem dois lados: o jovem que aprende a amadurecer e o pai que aprende a dizer adeus. Enquanto os adolescentes anseiam por sair da casa dos pais, estes enfrentam seus próprios conflitos internos ao aceitar a liberdade dos filhos. “Lady Bird” se destaca ao mostrar o protagonismo “escondido” de Marion, além de como a força de uma personagem exerce influência sobre a outra.

                                                                                                  fonte: A24

A cena após a discussão entre Lady Bird e sua mãe (que terminou com Lady Bird pulando do carro) mostra que ela escreveu “f*** you, mom” em seu próprio gesso imobilizador. Detalhe interessante que acrescenta à sua ,ainda infantil, rebeldia.

O filme intercala cenas de Christine com amigos, professores e namorados com cenas dela e sua mãe, mostrando como os acontecimentos de uma esfera desencadeiam os da outra. As interações entre Christine e Marion, explosivas ou discretas, são as que mais se destacam, dando substância ao que poderia ser apenas mais uma comédia adolescente sobre uma garota mimada se rebelando.

SEndo caracterizado pelo gênero ‘coming of age’, Lady Bird captura a transição turbulenta da adolescência para a vida adulta, explorando relacionamentos amorosos, pertencimento, desentendimentos familiares e a busca por novas experiências. Para Christine, a universidade distante representa a oportunidade de se libertar das imposições familiares, da situação econômica e da religião. Lady Bird busca um recomeço, experimentando a existência sem as correntes de sua origem. A cena inicial do filme destaca o conflito entre gerações, com Christine tentando se distanciar de tudo o que a família representa, adotando um alter ego que a define e a separa do passado.

O clímax ocorre quando Christine é levada ao aeroporto pelos pais para embarcar para Nova Iorque, onde cursará faculdade. A instabilidade da relação entre Christine e Marion é evidente. Há um momento desconcertante em que Christine pergunta se a mãe a acompanhará até o portão de embarque, e Marion responde que não, citando o custo do estacionamento. Quando Christine sai do carro, Marion começa a chorar enquanto dirige sozinha, tentando conter suas emoções. Ela retorna ao aeroporto, mas já é tarde demais; Christine havia alçado voo. E é nesse momento que fica claro o primeiro contato de Marion com o ninho vazio, visto que o irmão mais velho de Christine não tem o mesmo ímpeto de sair de casa o mais rápido possível.

Essa transição, conhecida como  ninho vazio, ocorre quando os filhos deixam a casa dos pais para seguirem seus objetivos de vida. Os pais perdem a função antes exercida na criação dos filhos, afetando diretamente o psicológico deles. A maturidade, embora desejada durante o processo de amadurecimento dos filhos, passa a ser motivo de solidão, e muitas vezes, sem perspectiva do que fazer para o futuro, perdendo até mesmo a visão do casamento depois dos filhos irem embora. Sentir saudades de filhos distantes não é incomum, e se preocupar também não. Porém, quando falamos da síndrome, esses sentimentos são de sofrimento e depressão, causando até mesmo reações físicas nos pais.

 fonte: A24: Universal Pictures Focus Features

Lady Bird é o raro filme que reconhece plenamente a complexidade do amor entre mãe e filha, bem como como as melhores intenções dos pais para com o filho podem ser obscurecidas ou confusas por má comunicação ou problemas pessoais.

Por outro lado, o sofrimento do jovem adulto é marcado por desafios emocionais, sociais e econômicos durante a transição para a vida adulta.  Portanto, a transição para a vida adulta é caracterizada por uma série de mudanças e eventos específicos, incluindo concluir a escolaridade, ingressar no mercado de trabalho, casar e tornar-se mãe ou pai. Em certa medida, a juventude é mais uma etapa de assumir grandes responsabilidades. No entanto, devido às diferenças de classe social, gênero e diversidade cultural e étnica, essas experiências emocionais variam em sociedades e histórias específicas.

Nas cenas finais do filme “Lady Bird”, é possível ver a protagonista se colocando em risco, bebendo com desconhecidos e andando sem rumo pela nova cidade onde se encontra. Ela liga para os pais: “Sou eu, Christine. É o nome que vocês me deram. É um bom nome” e fala com a mãe, demonstrando saudades de casa. O filme acaba com as falas de Christine: “Eu te amo. Obrigada.”Assim, é nítido que algumas das expectativas com o sonhado mundo de Lady Bird foram quebradas e ela está enfrentando as dificuldades da nova vida adulta.

Os jovens adultos também passam pelo luto de sua infância/adolescência, e a atuação do psicólogo pode ser um aliado nessa turbulenta fase. A psicoterapia para o jovem adulto é recomendada quando há sofrimento no momento em que o jovem passa a fazer escolhas de forma mais independente. O processo de amadurecimento pode acarretar ambivalências e angústias intensas frente ao desafio que é se tornar adulto na nossa sociedade. Aspectos como classe social, raça e gênero impactam e determinam as experiências emocionais do jovem.

Diante dessas demandas, a saída de casa de um dos filhos pode ser um período turbulento tanto para quem vai quanto para quem fica. Um psicólogo qualificado desempenha um papel crucial para os filhos que estão saindo e para os pais que estão ficando. A atuação do psicólogo oferece um espaço seguro para que os jovens e seus pais expressem suas preocupações, ajudando-os a desenvolver resiliência e estratégias de enfrentamento. O psicólogo trabalha para diminuir o estigma em torno da saúde mental, facilitando o acesso a tratamentos e promovendo a importância do bem-estar psicológico. Além disso, ele pode orientar na construção de identidade e autonomia, ajudando a navegar as pressões sociais e expectativas de futuro.

Lady Bird, 2017 – Estados Unidos

Direção: Greta Gerwig

Roteiro: Greta Gerwig

Elenco: Saoirse Ronan, Laurie Metcalf, Tracy Letts, Lucas Hedges, Timothée Chalamet, Beanie Feldstein, Stephen McKinley Henderson & Lois Smith

Fotografia: Sam Levy

Trilha Sonora: Jon Brion

Montagem: Nick Houy

Design de Produção: Chris Jones

Referências

GERWIG, G., Lee, B., & McWilliams, J. (2017). Lady Bird. Universal Picture.

Hassan, Nuha. Lady bird: the complex love story of a mother and daughter. Disponível em <: https://medium.com/narrador-personagem/lady-bird-e-a-import%C3%A2ncia-das-rela%C3%A7%C3%B5es-familiares-na-narrativa-coming-of-age-439fc6b7784 >. Acesso em 20 de maio  2024.

Telavita. A forte saudade do filho e a síndrome do ninho vazio. Disponível em <: https://www.telavita.com.br/blog/sindrome-do-ninho-vazio/ >. Acesso em 20 de maio de 2024.

FERREIRA, T. L. Aspectos psicossociais do ninho vazio em mulheres: uma compreensão da psicologia analítica. 2012. Dissertação (Mestrado em psicologia) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. Disponível em: . Acesso em 22 mai. 2024.

HERDAYANTI, Kicki.; SATRIA, Robby. Psychological Conflict Of The Main Character Reflected In Lady Bird Movie . Ejournal Universitas Putera Batam  Vol. 8 No. 2 (2021): JOURNAL BASIS UPB  . DOI:  < https://doi.org/10.33884/basisupb.v8i2.3766> .

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“Coda, no Ritmo do Coração” – a comunicação familiar na construção de identidade na adolescência

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 CODA é um filme repleto de sensibilidade e evoca muitas reflexões acerca da deficiência auditiva e da importância da comunicação no estabelecimento dos laços familiares e sociais saudáveis.

CODA (Child of Deaf Adults, significa em português, Filho de Pais Surdos). O filme conta a história da jovem Ruby Rossi, interpretada pela atriz Emilia Jones. Ela é uma adolescente, que vive com familiares surdos: seu pai, sua mãe e seu irmão mais velho. Devido a surdez de sua família, ela enfrenta os conflitos e desafios de viver entre dois mundos: o da família e o da comunidade. Devido a morar em uma pequena cidade, família de Ruby enfrenta as dificuldades de inclusão e a falta de uma estrutura governamental que atenda às necessidades básicas de acesso aos seus direitos, fazendo
com que Ruby absorva a responsabilidade de intermediar as relações e comunicações de sua família com as demais pessoas da comunidade.

Durante todo o filme observamos que o cerne do problema é a comunicação. A jovem protagonista precisa lidar com questões complexas em sua adolescência e acaba sendo afetada por problemas que vão muito além dos comuns para a sua idade. Há uma carga grande de responsabilidade que devido à peculiaridade da surdez de sua família é compreensível, porém injusta. Tendo em vista que Ruby é a única ouvinte em sua família, ela se torna peça essencial para a comunicação familiar dentro e fora de casa, o que traz inúmeros conflitos e desconfortos à adolescente.

Para aumentar a dramaticidade da obra, Ruby tem um talento nato para a música e se envolve no coro escolar, o que a leva mais uma vez a um mundo diferente do que sua família domina e conhece. Com a ajuda de seu professor, que acredita em seu potencial e talento, a música se torna um fator de distanciamento entre ela e sua família e ao mesmo tempo provoca um processo de crescimento e amadurecimento ao fazê-la desenvolver sua comunicação familiar e alçar novos voos.

Famílias abertas ao diálogo proporcionam um ambiente acolhedor, deixando os adolescentes à vontade para falar de suas inseguranças e medos e expor seus sentimentos

A mãe de Ruby (interpretada pela atriz Marlee Matlin), vai vivenciar os dilemas da maternidade, a insegurança, o instinto de proteção e ao mesmo tempo enfrentar seus próprios medos quanto a desenvolver suas habilidades sociais e melhorar sua comunicação e interação com a comunidade. Neste processo, ela questiona se Ruby começou a cantar para irritar a família ou se ela realmente é alguém que tem este talento, mesmo sendo filha de pais surdos. É neste ponto do filme que vemos florescer a importância e necessidade de uma comunicação clara e aberta entre toda a família para enfrentar seus temores e construir diálogos que aproximam e ampliam os horizontes de cada um dos personagens quanto aos seus conflitos e inquietações. 

O irmão mais velho de Ruby, interpretado por Daniel Durant, esconde o conflito de querer se sentir independente de sua irmã, ao mesmo tempo que se preocupa com seus sonhos e deseja vê-la feliz e fazendo o que gosta. Já o patriarca da família, interpretado por Troy Kutsur, retratado com um pai amoroso, presente e sensível, protagoniza uma das mais belas cenas com sua filha, ao lhe pedir que cante para ele, fazendo-o compreender através da leitura labial e vibrações, a importância e amor que ela nutre pela música.

É importante ressaltar que o filme conta com a atuação de atores surdos que são (o pai, a mãe e o irmão de Ruby) o que traz credibilidade aos papéis e engrandece todo o elenco. Destaca-se a atuação da atriz que interpreta Ruby, a qual traz paixão e o uso da linguagem de sinais de forma impecável, após nove meses de dedicação para o aprendizado da língua e interação verossímil com seus pares surdos.   

O poeta norte americano E.E. Cummings disse certa vez que é preciso coragem para crescer e se tornar quem você é de verdade. Ao assistir ao filme CODA podemos observar toda a coragem de Ruby em sua jornada de autoconhecimento e a forma como sua percepção foi se desenvolvendo e a ajudando a reagir emocional e comportamentalmente de forma mais assertiva. Neste processo de crescimento e desenvolvimento, vemos a personagem desbravando terras desconhecidas e tendo a coragem de enfrentar seus temores, dúvidas e as reações de sua família quanto aos seus sonhos. 

Durante o filme vemos Ruby desenvolver uma ideia firme de sua identidade ao enfrentar os dilemas relativos a todos os aspectos emocionais referentes a questões importantes de sua vida. É notório o papel da comunicação, a qual foi essencial para que todos pudessem colocar seus pontos de vista e temores e assim entender uns aos outros e encorajarem-se a tomar suas próprias decisões rumo ao crescimento individual e familiar. 

A adolescência é uma das fases mais intensas da vida e a importância da família é essencial para superar os obstáculos

Ao desfrutar de uma família amorosa, que se comunica e estabelece relações empáticas e encorajadoras, vemos Ruby enfrentar os dilemas de sua existência e identificar – se com os valores de sua família, desenvolvendo o senso de pertencimento à ela e ainda assim, tomando importantes decisões sobre seu futuro e papel dentro e fora dela. 

O filme também se destaca pelo caráter político e impulsionador de mudanças na indústria cinematográfica, tendo em vista que levanta a bandeira da representação e da representatividade de pessoas com deficiências. No Brasil, segundo dados do IBGE, temos em torno de 5% da população com alguma deficiência auditiva, sendo 10 milhões de cidadãos com deficiência auditiva e 2,7 milhões com surdez profunda. CODA definitivamente é um filme repleto de sensibilidade e evoca muitas reflexões nos telespectadores acerca da deficiência auditiva e da importância da comunicação no estabelecimento dos laços familiares e sociais saudáveis. 

 

Referências

DIAS, Ana Paula. CODA: Uma história emocionante e sincera sobre encontrar o nosso lugar no mundo. Unesp Bauru, 2021. Disponível em: https://matavunesp.wordpress.com/2021/08/19/coda-uma-historia-emocionante-e-sincera-sobre-encontrar-nosso-lugar-no-mundo/ . Acesso em 15 de março de 2024.

FERREIRA, Isabela Maria Freitas, BARLETTA, Janaína Bianca; MANSUR-ALVES, Marcela. DO AUTOCONHECIMENTO AO AUTOCONCEITO: REVISÃO SOBRE CONSTRUTOS E INSTRUMENTOS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES. Psicologia em Estudo, v. 27, p. e49076, 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pe/a/XQrsmHHnN7g7SSkYGpcPjqb/#

FRANCO, Gabi. NO RITMO DO CORAÇÃO LEVA ATORES SURDOS AO OSCAR 2022. UOL, 2022. Disponível em: https://tangerina.uol.com.br/filmes-series/critica-no-ritmo-do-coracao/. Acesso em 15 de março de 2024.

LEMOS, Simone. MAIS DE 10 MILHÕES DE BRASILEIROS APRESENTAM ALGUM GRAU DE SURDEZ. Jornal da USP, 2023. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/mais-de-10-milhoes-de-brasileiros-apresentam-algum-grau-de-surdez/#:~:text=Dados%20do%20IBGE%20(Instituto%20Brasileiro,ou%20seja%2C%20n%C3%A3o%20escutam%20nada. Acesso em: 15 de março de 2024.

PAPALIA, D. E. e FELDMAN, R. D. (2013). Desenvolvimento Humano. Porto Alegre, Artmed, 12ª ed. 

SCHOEN-FERREIRA, Teresa Helena, AZNAR-FARIAS, Maria; SILVARES, Edwiges Ferreira de Mattos. A construção da identidade em adolescentes: um estudo exploratório. Estudos de Psicologia (Natal), v. 8, n. 1, p. 107–115, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/epsic/a/X5DFFZCZsb4pmrLchTsQVpb/#

 

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“Red – Crescer é uma Fera” e importância das redes de afeto na adolescência

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Há muito tempo os filmes vêm sendo utilizados para análises psicológicas e neste contexto as animações estão entrando com uma expressiva força. A exemplo de Divertida Mente (Disney, 2015) que pode ser considerado um divisor de águas para as análises psicológicas, sobretudo na fase de passagem para a adolescência, a bola da vez é a animação Red: Crescer é uma Fera (Disney, 2022). O filme tem como plano central a puberdade da menina Meilin Lee, carinhosamente apelidada de Mei-Mei, de 13 anos, uma adolescente “praticamente uma adulta” como ela se coloca no início do filme e as intensas transformações da puberdade. O filme em si possui imensos campos de análises psicológicas e antropológicas: explora relações familiares (conflitos mães/filhas), bullying, papéis de gênero, movimentos imigratórios, bem como tradições orientais.

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Mei-Mei e sua representação das emoções da adolescência.

Mei-Mei é de origem chinesa e mora com sua família em Toronto, Canadá, é uma adolescente dedicada aos estudos e a família. Participa das tradições religiosas no templo de sua família, fonte de renda familiar, gosta de garotos e boybands, sofre bullying na escola por ser uma “nerd”, mesmo assim procura ser sucesso em todas as atividades escolares, afinal, deve sempre ser a melhor aluna, o que provoca intenso orgulho para sua mãe. Sua mãe é apresentada como a típica mãe superprotetora, invasiva e devoradora que não consegue enxergar sua filha como uma menina em fase de transição, é a eterna criança que deve ser protegida de qualquer ameaça mesmo que esta ameaça não exista. Ao vermos inicialmente o filme nos desperta certa antipatia por aquela mãe que submete a filha a situações vexatórias e ridículas em nome da proteção de quem ela se refere como um “bebê inocente”.

Mesmo com todas as situações que a mãe de Mei-Mei a faz passar ela não consegue se impor de modo algum para não decepcionar sua mãe. Aquela mãe que controlava tudo. Percebe-se que a figura da mãe foi construída daquela maneira justamente para sentirmos a antipatia inicial. Uma mulher sisuda, sóbria e fechada que dominava a casa e a família com mão de ferro e quer controlar todos os passos e atitudes da filha. Até descobrimos que ela própria foi também filha de uma mãe devoradora, reproduzindo o ciclo. Tema de uma futura análise.

Tudo ia indo de maneira normal na vida de Mei-Mei até o momento que um dia ela acorda transformada em um incrível panda gigante vermelho. Esta foi a alegoria escolhida para representar as mudanças da puberdade, a chegada da primeira menstruação e a descoberta da libido. Todas as emoções confusas e conturbadas desta fase da vida são demonstradas através da transmutação em panda. Mas mesmo com todas as conturbações e emoções desconhecidas, lidar com as cobranças familiares, e o bullying sofrido, Mei-Mei conseguia se remeter ao que mais a acalmava: seu grupo de amigas.

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Mei-Mei e sua rede de afeto.

Mei-mei conta com um inseparável grupo de três amigas que são sua rede de apoio e a ajudam a enfrentar as perturbações e emoções desconhecidas. Cada uma das meninas tem suas personalidades próprias e seus dramas pessoais, mas as paixões, os sentimentos, os gostos pela música e bandas típicas da fase da adolescência são compartilhados por elas. Segundo Assis e Avanci (2004) a convivência dos adolescentes com sua rede de apoio emocional é de fundamental importância para o seu desenvolvimento psicológico. Eles aprendem a conhecer o mundo além de sua rede familiar e podem perceber que o mundo é além do que apenas sua casa, aprendem sobre desejos, autoconfiança, decepções e podem estabelecer objetivos de vida.

Ao se deparar com emoções descontroladas, Mei-Mei se transforma naquele panda gigante e para voltar ao seu estado normal ela deve se ater a calmaria, conseguida apenas ao pensar em suas amigas, seu grupo de apoio, seu ninho de tranquilidade e segurança que encontra apenas naqueles abraços calorosos. Este também é um momento de lutas internas para a menina que sempre deseja a aprovação da mãe, pois para a mãe seu lugar de conforto e segurança deveria ser seu colo, não entendendo que o colo materno é sim importante, mas na fase da adolescência não é o suficiente.  Percebe-se com o filme como os amigos podem ajudar a fornecer um espaço seguro para experimentar novas ideias e comportamentos. Eles podem fornecer conselhos e perspectivas diferentes das dos pais e outros adultos significativos na vida do adolescente, permitindo uma maior compreensão do mundo ao seu redor. Além disso, os amigos podem desempenhar um papel importante na construção da autoestima e confiança oferecendo suporte em momentos difíceis ajudando a aliviar o estresse.

A adolescência é um período da vida marcado por mudanças físicas e psíquicas que ocorrem de modo abrupto, mudanças essas muito difíceis de lidar, mudanças que são vividas não só pelo adolescente, mas, por toda a família. O luto pela perda do corpo infantil, pela perda dos pais ideias: “Sabe quando você olha para as fotos antigas e fica feliz, mas também fica triste porque tudo mudou”. A fala da personagem simboliza bem a forma como passamos por estas transformações, nossa tristeza ao perceber que não somos mais crianças e que agora tudo será diferente em nossas vidas, a luta por aceitação pelos pares, as pressões familiares para ser “alguém na vida”, a descoberta da sexualidade. Sim, adolescentes também têm libido e este ponto fica claro no filme de forma simples e sutil. Fato totalmente impensado pelos seus pais. Para a mãe de Mei-Mei, que invade sua intimidade lendo seu diário e descobre que a menina tem um interesse amoroso, típico da adolescência, julga que “seu bebê” foi seduzida por aquele “marginal sedutor de crianças”.

 Interessante perceber que o panda sempre aparecia quando as emoções eram afloradas, emoções boas ou ruins. Deste modo vemos que emoções adolescentes são tão intensas quanto mutáveis e sim, é normal. O panda era um imenso desconforto para sua família, panda este que apenas sumia quando Mei-Mei se concentrava no que mais a fazia feliz e a reportava a tranquilidade e segurança, e qual seria este lugar? Certamente sua mãe julgava que seria em seus braços, afinal era sua mãe quem mais a amava e protegia, mas neste momento que nos deparamos com os longínquos pensamentos de Mei-Mei e seu lugar feliz repleto de segurança e conforto: o abraço de suas amigas. Era lá e apenas lá que ela conseguia o equilíbrio e a segurança para se concentrar e controlar aquelas emoções (panda) que tanto a afligiam.

 No decorrer do filme descobrimos que todas as mulheres da família de Mei-MEi sofriam com a mesma “maldição” do panda, inclusive sua mãe. A figura segura e controladora também fora a menina desprotegida que não conseguia controlar suas emoções e sensações. Em se tratando de uma animação infantil obviamente temos um final feliz com Mei-Mei aceitando suas emoções, seu panda interior, e fazendo as pazes com sua mãe e finalmente aceita que seu “bebê” está crescendo e também aceita lidar com as mudanças que são próprias da vida. A alegoria final foi a despedida de Mei-Mei para a mãe e os sorrisos para suas amigas para se divertiram em seus programas típicos da fase, como se finalmente conseguisse dizer adeus a sua infância e saudado sua nova fase de vida, mesmo que esta fase seja totalmente difícil e intensa.

Referências:

ASSIS, SG., and AVANCI, JQ. Os adolescentes, os amigos e a escola: caleidoscópio de imagens sobre o ‘eu’. In: Labirinto de espelhos: formação da autoestima na infância e na adolescência [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2004. Criança, Mulher e Saúde collection, pp. 129-159. ISBN 978-85-7541-333-3. Disponível em: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://books.scielo.org/id/vdywc/pdf/assis-9788575413333-06.pdf. Acesso em: 05/03/2023

CARNIER, A. Análise psicológica do filme “Red: Crescer é uma Fera”. Saúde Interior. Disponível em: https://saudeinterior.org/analise-psicologica-do-filme-red-crescer-e-uma-fera/.  Acesso me: 06/03/2023.

CARVALHO, R. B. Et. Al. Relações de amizade e autoconceito na adolescência: um estudo exploratório em contexto escolar. Estudos de Psicologia I Campinas I 34(3) I 379-388 I junho – setembro/ 2017. Disponível em: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.scielo.br/j/estpsi/a/n5xVR6z3nMqY9NPTXZLwzJg/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 05/03/2023.

 FILIPINI, C. B. Et. Al. Transformações físicas e psíquicas: um olhar do adolescente. Adolesc. Saude, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 22-29, jan/mar 2013. Disponível em: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://cdn.publisher.gn1.link/adolescenciaesaude.com/pdf/v10n1a04.pdf. Acesso em: 05/03/2023.

NOBRE, A. F. Resenha do filme Red: Crescer é uma Fera. Disponível em: https://labdicasjornalismo.com/noticia/10986/resenha-do-filme-red-crescer-e-uma-fera. Acesso em: 06/03/2023.

OLIVEIRA, A. Conflitos Familiares e Amigos e a Influencia na Construção na Identidade do Adolescente. Portal dos Psicólogos. ISSN: 1646-6977. 2015. Disponível em: efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0933.pdf. Acesso em: 05/03/3023.

ROSA, N. Crítica: Red, Crescer é uma Fera. Sobre Crescer e Abraçar quem você é. Disponível em: https://canaltech.com.br/entretenimento/critica-red-crescer-e-uma-fera-211678/. Acesso em: 06/03/2023.

VIEIRA, L. Feminilidade, amadurecimento e família – Resenha de Red: crescer é uma fera. Diponível em: https://wp.ufpel.edu.br/empauta/feminilidade-amadurecimento-e-familia-resenha-de-red-crescer-e-uma-fera/. Acesso em: 06/03/2023.

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Entrevista com a Psicóloga Janinne Costa sobre Avaliação Psicológica Forense

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Aconteceu no em maio o  3° Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica. O evento, foi realizado no Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/ULBRA), abordou a avaliação psicológica aplicada a diferentes campos de atuação do profissional de psicologia, dentre elas a avaliação psicológica forense.

O Simpósio, recebeu a psicóloga Janinne Costa Rodrigues (CRP 23/1861), mediadora da oficina  “Avaliação Psicológica no Contexto Forense: Um Olhar para Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência”. Egressa do curso de psicologia do CEULP/ULBRA. Especialista em psicologia clínica na abordagem da Gestalt-Terapia, formada pelo Instituto Carioca de Gestalt-terapia (ICGT). Estagiou na equipe multidisciplinar da Defensoria Pública do Estado do Tocantins. Na área de psicologia jurídica desde 2017,  hoje atua como supervisora dos entrevistadores credenciados no projeto Depoimento Especial.

Nesta entrevista a psicóloga destaca pontos importantes acerca do cenário da avaliação psicológica forense voltada para crianças e adolescentes vítimas de violência, esclarece dúvidas acerca da temática e conta ainda um pouquinho do que podemos esperar da oficina.

Fonte: Arquivo Pessoal

(En)Cena – Como começou seu percurso ? O que te despertou interesse por essa área?

Comecei no Estágio I da faculdade, onde fomos conhecer os campos de atuação de Psicologia e acabei conhecendo os campos da Psicologia Jurídica, sendo o IML.

(En)Cena – Existem diferenças entre a psicologia jurídica e a psicologia forense? Se sim, quais?

Sim, a Psicologia Jurídica é uma área da psicologia e dentro dela tem subáreas: psicologia forense, psicologia criminal, psicologia penitenciária e psicologia investigativa.

A Psicologia Jurídica é o estudo do comportamento humano perante a Lei, e a Psicologia Forense é quando esse estudo ocorre dentro do Tribunal da Justiça, fórum, defensoria pública, etc.

(En)Cena – Quais os principais aspectos de diferenciação entre a utilização da avaliação psicológica no contexto clínico e forense?

A avaliação psicológica na clínica é uma avaliação de um sofrimento psicológico, de uma demanda de desenvolvimento humano, algo que demonstra um cuidado e apoio com o avaliado. Já a avaliação forense tem a finalidade de auxiliar uma demanda trazida pelo agente jurídico, sobre uma questão legal, tem caráter mais investigativo.

Fonte: encurtador.com.br/htEI4

(En)Cena – De que forma a demanda de avaliação psicológica  forense chega ao profissional de psicologia?

Falando sobre a realidade do Estado do Tocantins essa demanda pode chegar através da rede de proteção, ou das partes do processo, por exemplo quando os genitores estão em disputa de guarda, então um pede para fazer avaliação da criança com intuito de revelar qual será o ambiente mais seguro para a criança viver. Também pode ser solicitado por um advogado da parte.

(En)Cena – No caso de avaliação psicológica para crianças e adolescentes vítimas de violência existem protocolos especiais para condução do processo de avaliação? Se sim, quais?

Sim, um dos protocolos mais utilizados é o protocolo NICHD para entrevista investigativa no ambiente forense. E também tem o Protocolo Brasileiro de Entrevista Forense, que é utilizado para realização da audiência de Depoimento Especial

Fonte: encurtador.com.br/cgqH4

(En)Cena – Quais competências poderiam ser definidas como fundamentais para um profissional de psicologia que deseja atuar na área de avaliação psicológica forense voltados para crianças e adolescentes vítimas de violência?

Acredito que é necessário ser imparcial, ter uma bagagem de estudos na área, compreender os limites pessoais e profissionais, entender que está trabalhando em prol do direito da criança e do adolescente, entender sobre o trabalho multidisciplinar (agente da justiça, rede de proteção).

(En)Cena – O que os nossos inscritos podem esperar desse encontro?

Podem esperar que vou tentar trazer um resumão sobre a avaliação psicológica no âmbito forense e vou contar um pouco da minha história trabalhando nessa área. Se preparem, pois essa área é encantadora!

A oficina de “Avaliação Psicológica no Contexto Forense: Um Olhar para Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência”, mediada pela psicóloga Janinne Costa Rodrigues (CRP 23/1861), será realizada na sala 221, no dia 25 de maio de 2022.

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Saúde do adolescente em ação

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Parte integrante do processo avaliativo da disciplina Gestão e Políticas na Odontologia Social II, ministrada pela Professora Micheline Pimentel Ribeiro Cavalcante no Curso Odontologia, do Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA, este trabalho intitulado “PROJETO DE INTERVENÇÃO SAÚDE DO ADOLESCENTE EM AÇÃO- UMA AÇÃO INTEGRADA”. Objetiva executar o plano de intervenção idealizado pelas acadêmicas Franciele Rodrigues dos Santos, Amanda Teles Amorim, Ana Eduarda Freitas Araujo, Karen Mylla Cunha, Vanise Dias da Silva e Mariana Rezende Oliveira do Curso de Odontologia, que foi aplicado junto aos/às estudantes do 1º ao 3º ano do ensino médio no Centro de Ensino Médio Castro Alves, vinculada à Secretaria de Educação, Juventude e Esporte do Governo do Estado do Tocantins (Seduc).

A escola se configura em um espaço de interação social, que promove educação, construção de valores, formação cidadã, bem como do desenvolvimento de habilidades socioemocionais e autoconhecimento. É nesse organismo vivo que se pode perceber o tecer diário na formação do sujeito, aos poucos desenhado através do pensamento crítico, da aquisição de conhecimentos e da expressividade emocional.

A Base Nacional Comum Curricular compreende que o processo educativo vai além do conhecimento e da propagação científica, sendo necessário o desenvolvimento de competências e habilidades, que contribuam na formação de atitudes e valores dos indivíduos inseridos dentro da comunidade escolar.

Em função disso, a BNCC propõe na sua oitava competência um relevante aspecto para a promoção da saúde física e mental do sujeito: Conhecer-se, apreciar se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

Diante do contexto apresentado, entende-se que há uma ciranda entre escola, educação e saúde, compreendendo que quanto mais ocorre a comunicação entre esses elementos, mais benefícios poderão ser percebidos na comunidade escolar, indo assim de encontro à perspectiva do desenvolvimento integral do aluno proposto na BNCC. Os bons níveis de educação, que envolvem a melhor compreensão dos conteúdos, podem ser percebidos em indivíduos mais saudáveis. Em função disso, a escola deve ser entendida como promotora de saúde, através de práticas interdisciplinares e multiprofissionais, intervindo nos mais diversos contextos de vida do estudante.

Nessa perspectiva, as metodologias educacionais devem priorizar a participação e a interação dos atores da escola, compreendendo que o conceito de saúde configura um conjunto de habilidades, tais como autonomia e a tomada de decisões, sendo necessário estimulá-las nos indivíduos, favorecendo atitudes mais saudáveis como a corresponsabilização e o enfrentamento das situações.

Dessa forma, diante do cenário pandêmico em que o contexto escolar está vivenciando com completa mudança da rotina e estrutura vivenciada até então, o presente projeto busca realizar ações de promoção, educação e prevenção em saúde do adolescente ampliando a integralidade do cuidado de forma interprofissional e criando elo entre a saúde e educação.

Com vistas à problematização e ao enfrentamento dos problemas elencados, este relato de experiência apresenta a execução de uma intervenção, cujo procedimento terá na utilização de grupos terapêuticos a sua referência principal.

Fonte: encurtador.com.br/uzFZ1

Discussão da Experiência

No dia 26/04/2022 e 07/05/2022 realizamos um projeto de intervenção multiprofissional “Adolescente em ação” sob responsabilidade da professora Micheline Pimentel com parcerias da Secretaria Municipal da Saúde de Palmas (SEMUS), e com a Fundação Escola de Saúde Pública (FESP) e a Universidade Federal do Tocantins (UFT) onde teve curso de nutrição, psicologia, enfermagem e agentes comunitários de saúde, na escola CEM Castro Alves, cada curso ficava em uma sala recepcionando os alunos para realizar a atividade educativa destinada a sua responsabilidade. Como palestras educativas, avaliação bucal, fisioterapia, avaliação nutricional e outros serviços.

Nosso grupo ficou responsável por apresentar uma palestra educativa que tem como objetivo sensibilizar os adolescentes quanto às fakes news sobre estética facial encontradas nas redes sociais, apresentamos para cinco turmas do turno vespertino e além das palestras teve uma orientação de higiene bucal, e aplicação de flúor. Realizamos uma dinâmica no qual os alunos descreviam em um papel os que eles sabiam a respeito do assunto abordado e colocar também pontos negativos e positivos.

A ação mobilizou a escola inteira, levando aos alunos acesso à informação sobre a saúde mental, a utilização de métodos clareadores que são comprados pela internet, sobre IST ‘s, e também sobre a gravidez, além de estimular as atividades físicas. Observamos que grande parte dos alunos não têm acesso às informações sobre alguns temas, e acaba indo em busca desse conhecimento pela internet e achando informações erradas, dessa forma mobilizar eles com a ação é um incentivo para que eles filtrem os conhecimentos que acham nesse meio na internet.

É importante ressaltar que houve a avaliação da saúde bucal e depois os alunos serão levados para unidade Básica de saúde para realizar o tratamento, a minoria dos alunos demonstrou não ter cuidado com a cavidade bucal, deixando de lado a escovação, o uso do fio dental.  A grande parte dos alunos não tem como ir ao dentista, fica com receio de ir, ou não observa a cavidade bucal, quando acontece uma ação educativa e preventiva ele tem a oportunidade de que um profissional aponte suas necessidades e o incentive a procurar um dentista para poder avaliar e melhor a cavidade bucal deles.

Considerações finais

Concluímos que o encontro foi positivo, pois eles se interessaram pelo assunto e tiraram suas dúvidas, puderam ver que as mídias sociais podem influenciar o modo como pensamos e que nem sempre isso é o melhor para nossa saúde física e mental. Ter o contato com os alunos matriculados na escola CEM Castro Alves nos motivou a ajudar a comunidade a ver suas reais necessidades e a ajudá-los a encontrar os tratamentos e resultados desejados de maneira correta baseadas em evidências científicas.

Visando que esses trabalhos são significativos para a comunidade, fica evidente a necessidade de intervenção nesse ambiente, dando amparo, acolhimento e mostrando a realidade de fake news que a mídia trás principalmente para os jovens, por isso abordamos o ensino médio onde encontra-se jovens tentando acompanhar a moda. A cada dia algo novo surge para os jovens a qual fazem de tudo para acompanhar, o que às vezes leva no prejuízo fazendo de qualquer jeito e com pessoa incapacitada de fazer certos procedimentos. Ao levar essa ação para a escola damos a oportunidade para os alunos terem conhecimento e buscar uma melhora na sua qualidade de vida.

Referências

Alencar, A.C.I.; Lemos, D.C.R.B.; Rodrigues da Silva, E.V.; Sousa, K.B.N.; Sousa Filho, P.C.B.;Ciranda entre Educação e Saúde: Aspectos da Saúde Mental do Adolescente em Contexto Escolar em Tempos de Pandemia. saúdecoletiva  •  2021; (11) COVID.

Brasil. MEC/CONSED/UNDIME. Base Nacional Comum Curricu-lar (BNCC). Educação é a Base. Brasília; 2017.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Orientações básicas de atenção integral à saúde de adolescentes nas escolas e unidades básicas de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. 1. ed., 1 reimpr. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2013.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção em Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes nacionais para a atenção integral à saúde de adolescentes e jovens na promoção, proteção e recuperação da saúde. / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção em Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Área Técnica de Saúde do Adolescente e do Jovem. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010. 132 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos.

Casemiro  JP,  Fonseca  ABC,  Secco,  FVM.  Promover  saúde  na  escola:  reflexões  a  partir  de  uma  revisão  sobre  saúde  escolar  na  América Latina. Ciência & Saúde Coletiva. 2014; 19(3): 829-840.

Menezes KM, Rodrigues CBC, Candito V, Soares FAA. Educação em Saúde no contexto escolar: construção de uma proposta inter-disciplinar de ensino-aprendizagem baseada em projetos. Rev. Ed. Popular. 2020; 48-66.

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Características psicológicas da Geração Floco de Neve

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Quando falamos de floco de neve logo nos vem em mente não só sua beleza, mas também sua fragilidade e vulnerabilidade, e essas duas características são as que definem pessoas que atingiram a fase adulta na década de 2010. A “geração floco de neve” (“snowflakes”), “milênio” (“millenial”) ou geração “Y”, é uma geração formada por pessoas extremamente sensíveis em pontos de vista que desafiam sua visão de mundo, jovens adultos que se acham melhores e mais especiais que os outros e são tratados como flocos de neve, pois “derretem” com muita facilidade.

Essa expressão teve origem no filme Clube da Luta, quando Brad Pitt fala “vocês não são especiais, não são um floco de neve, o único, o singular. Vocês são feitos da mesma matéria de que vai se decompor como todo mundo”. Essa geração geralmente tem a atitude de filtrar e só permitir entradas de opiniões que não irão ferir sua sensibilidade tendo como suas possíveis consequências à preparação de mentes frágeis do ponto de vista da saúde mental e maus profissionais para o mercado, já que sempre vai existir a diversidade de pensamentos e comportamentos entre as pessoas.

O fato de se achar especial e melhor que os outros acabam deixando o jovem muito mais vulnerável, segundo a psicóloga Jean Tweng, geralmente essas pessoas crescem em famílias onde qualquer atitude da criança os pais já o tratam como se fosse diferente dos outros, ela dá como exemplo uma criança que faz um traço em um papel e seus pais já trata como se fosse Picasso, a criança vai crescendo com muita pressão vinda das pessoas ao seu redor, tanto para sobrevivência financeira quanto para suas ações, que devem ser sempre extremamente legais, amáveis e corretos, havendo assim certo determinismo sócio histórico pressionando e fazendo com que essas crianças cresçam como uma grande projeção narcísica dos pais, que sempre se enchem de expectativas sobre os filhos, imaginando e criando assim uma personalidade que seus filhos devem seguir.

Segundo Luiz Felipe Pondé o crescimento das expectativas dos pais de hoje está ligado a diminuição do número de filhos, pois com o passar do tempo houve essa diminuição e isso consequentemente acabou fazendo os pais colocarem todas suas expectativas e neuras em uma criança.

Estes Jovens acabam se tornando super dependentes dos pais, demoram mais a sair da casa dos pais e ao saírem acabam afundando uma parte de sua vida, já que geralmente ganham menos que seus genitores, tendo relacionamentos líquidos por terem dificuldade e medo do desejo, pois ao entrar em um relacionamento longo começam a lidar com pessoas reais (o que é uma das maiores dificuldades dos jovens), e cada vez menos querem ter filhos, já que será uma responsabilidade muito grande cuidar e bancar um filho. Ao sair de casa o jovem precisa trabalhar, agir como adulto, tendo cada vez mais que se preocupar com as coisas ao seu redor, não podendo depender ou correr para seus pais no primeiro problema a sua frente.

Fonte: Freepik

Como dito, na visão da chamada geração floco de neve, as pessoas se negam as frustrações da vida cotidiana, buscando sempre estarem em suas zonas de conforto, na “mesmice” não a espaço para novas experiências e, portanto novos possíveis fracassos. A humanidade deveria rumar à alteridade, a capacidade de reconhecer e conviver com o diferente e a diversidade, pois este é um belo caminho para evolução.

Atualmente as redes sociais tem sido um mecanismo de espaço de fuga para expressão da geração floco de neve. Nesse espaço virtual é cada vez mais fácil fazer comparações surreais e injustas com a vida de pessoas com realidade completamente distintas, o que gera a frustração na pessoa de pensar que nunca poderá chegar a determinado “pódio” e devido a isso se acomodar em sua rotina, seu cotidiano sem ambição e sem vontade de ir além. As pessoas dessa geração também expressam extrema sensibilidade, uma fragilidade e um papel de vítima, indivíduos que por tudo se ofendem.

Nesse sentindo, tem sido estabelecido nas universidades aos redores do mundo o chamado “espaço seguro”, que se trata de uma reclusão aceitável e voluntaria daqueles que não se sentem à vontade em dialogar, ouvir ou falar sobre determinados assuntos que possam o infringir como individuo por algum motivo, independente de qual seja. Todavia esse espaço pode acabar se tornando uma bolha de reclusão daqueles que não enfrentam determinadas questões, e isso pode influenciar muito na evolução desta pessoa. Pois nem sempre nos meios em que ela se encontrará haverá essa opção de se opor ao debata fala ou escuta.

“Eu não me sinto confortável”, “não aguento mais” ou “isso não é para mim’ são frases marcantes desta geração em questão, de pessoas que privam de realizar e ir em direção aos seus sonhos e objetivos, por se encaixarem na zona de conforto, se colocam em posição de vítima por ser uma válvula de escape mais fácil do que sair em busca de um sentido a sua vida.

Quanto a essa geração no âmbito profissional, estima-se que em 2025 o mercado de trabalho será 70% composto por jovens pejorativamente chamados “flocos de neve”. As características deste grupo no mercado de trabalho são diversas, observa-se muitas vantagens e contribuições na inserção e atuação deste grupo dentro das organizações, contudo, há também muitos pontos a serem discutidos.

Fonte: Freepik

Lombardia (2008) define a Geração Y como “as pessoas nascidas entre 1980 a 2000, conhecida como a geração dos resultados, tendo em vista que nasceu na época das tecnologias, da Internet e do excesso de segurança”. E Oliveira (2009) ressalta que “ela não viveu nenhuma grande ruptura social, vive a democracia, a liberdade política e a prosperidade econômica”.

Após estudos e pesquisas realizadas por grandes autores comprometidos com o assunto em questão, observou-se que os adultos jovens pertencentes à Geração Y são inovadores, criativos, buscam crescimento dentro das organizações, dominam a tecnologia, gostam de serem desafiados, precisam ser constantemente motivados e valorizados pelo seu chefe ou superiores, sempre procuram um lugar que se sintam satisfeitos e precisam trabalhar felizes, se sentindo bem.

Em empresas que são comandadas por essa geração, geralmente os colaboradores são livres para trabalharem quando e como quiserem, eles também possuem espaço de lazer e diversão dentro da empresa que pode ser acessado caso estes atinjam suas metas, e caso isso ocorra, eles ainda podem ganhar premiações para se sentirem valorizados.

Em contrapartida, esta geração “sofre” muitos questionamentos e falta de propósito, estão desacostumados a reconhecer seus erros e a lidar bem com frustrações. Conhecida também como a geração “mimimi”, se faz constantemente de vítimas e transferem a culpa de seus fracassos a terceiros, são imediatistas e visto também como ressentidos e hipersensíveis.

De acordo com Lipikin e Perrymore, os jovens Y não enxergam o chefe como uma figura superior que está lá para ser respeitada, mas sim alguém cujo dever é ajudá-las e orientá-las – sendo uma pessoa que merece respeito como qualquer outra.  Isso retrata também que colaboradores da geração Y não lidam bem com hierarquia, vêem seus superiores como colegas de trabalho e não são nada flexíveis a hierarquia tradicional, além de apresentarem pouca predisposição a escuta, e isso se constitui como um desafio para as empresas.

Referências

Augusta de Oliveira Melo, Fernanda. Cristina dos Santos, Daniele. Cristiane Mendes de Souza, Cleiva.  A Geração Y e as Necessidades do Mercado de Trabalho Contemporâneo: “um Olhar sobre os Novos Talentos”. Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia 2013, Volta Redonda – Rio de Janeiro, vol 1, p. 6. Outubro, 2013.

COVEY, Franklin. Os principais desafios da geração Y no mercado de trabalho: Quais são os desafios da geração Y no mercado de trabalho?. In:  Artigo. 01. ed. Não consta: Franklin Covey, 29 abr. 2019. 00. Disponível em: https://franklincovey.com.br/blog/geracao-y-no-mercado-de-trabalho/. Acesso em: 25 nov. 2021.

PONDÉ, Luiz Felipe. Geração Floco de Neve. Youtube, 22/04/2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=X7rdZwSA4G0&t=2128s. Acesso em 25/11/2021

TORRES, Leonardo. As redes sociais e a geração “floco de neve”. Campo Grande News, 2019. Disponível em: https://amp.campograndenews.com.br/artigos/as-redes-sociais-e-a-geracao-floco-de-neve. Acesso em:25/11/2021.

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“Por lugares incríveis”: uma proposta de intervenção com adolescentes

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“Por Lugares Incríveis” é um filme de drama romântico adolescente americano de 2020, dirigido por Brett Haley, a partir de um roteiro de Jennifer Niven e Liz Hannah. É apresentada a história de dois adolescentes, Violet Markey e Theodore Finch, ambos possuem transtornos mentais porém se diferenciam com a forma de lidar com os mesmos.

Sabe-se que a adolescência é um marco onde ocorrem mudanças biológicas e psicológicas. De acordo com Einsenstein (2005) a adolescência é a transição da infância para a vida adulta, onde o sujeito passa por desenvolvimentos físicos, mentais, emocionais, sexuais e sociais, nos quais o indivíduo se esforça para conseguir alcançar as expectativas culturais. Além de passar por todas essas mudanças que a adolescência exige, Violet precisa aprender a viver com o luto da morte de sua irmã e Theodore, que vive altos e baixos, possui traumas e episódios depressivos. Os dois, por fim, acabam se unindo para fazer um trabalho de escola, na qual vivem momentos bons e engatam um relacionamento.

O filme “Por lugares incríveis” vai além de um típico filme para adolescentes pois retrata uma dura realidade vivida entre os jovens do século XXI. “Aliás, por baixo da aparência de normalidade dos adolescentes de Indiana, há bulimia, automutilação e aqueles transtornos cheios de letrinhas (TDAH, TOC, TOD), ‘tratados’ com Ritalina e drogas tarja-preta”. (FARIA, 2020).

Fonte: encurtador.com.br/bjX23

Tudo isso implica muito na forma como os adolescentes reagem ao mundo e na formação de suas personalidades. É importante mencionar que nessa fase é onde o adolescente constrói encontros e relações, onde questiona valores e começa a construir seus projetos de vida. Nesse processo de desenvolvimento é onde o adolescente busca sua individualidade e autonomia, e é onde começa os conflitos, não é mais criança, e se ver a frente de uma série de descobertas, problemas e escolhas.

A Revista de Psicologia da UNESP (2013) levantou dados em que afirmam que um dos principais problemas enfrentados na fase da adolescência é “dificuldade no âmbito escolar decorrente de problemas da aprendizagem e/ou de comportamento, transtornos alimentares, mau comportamento, depressão, insegurança, retração, problemas de relacionamento familiar, falta de higiene pessoal, hetero e auto agressão, comportamentos antissociais, como furtos, mentiras, uso de drogas, comportamento sexual exacerbado.”

Sobre o filme, a narrativa gira em torno da adolescente Violet, que vive um momento de depressão, devido o trauma que sofreu sobre a morte de sua irmã em um acidente de carro. Enfrenta a depressão se isolando do mundo e de seus amigos da escola. Também conta a história de Finch, um garoto egocêntrico, problemático e inteligente. O mesmo também tem uma vida difícil e marcada por histórias que o perturbam até sua vida atual.

Fonte: encurtador.com.br/BHSZ5

Segundo Zimerman (2008), “o natural no adolescente é a existência de dúvidas existenciais e ideológicas…” . Nessa fase da vida, há muitas queixas e dúvidas sobre, por exemplo, se estão traçando um caminho correto. Isso se mostra muito presente na vida dos dois personagens. Várias queixas, dúvidas sobre o morrer e o viver assombram a vida desses dois adolescentes.

Diante desses desafios vividos na adolescência, os programas de atenção aos adolescentes são voltados para essas problemáticas vividas por eles. “As intervenções podem ter melhores resultados para os adolescentes quando os aspectos afetivos, cognitivos e sociais são inter-relacionados e as informações repassadas de maneira abrangente.”(Minto, Elaine; Pedro, Cristiane; col. 2006).

É importante trabalhar os problemas com os adolescentes, abrindo possibilidades para que eles possam ter condições e habilidades de trabalhar os desafios que lhe são impostos no decorrer da vida. “As habilidades de vida sugeridas pela OMS são: autoconhecimento, relacionamento interpessoal, empatia, lidar com os sentimentos, lidar com o estresse, comunicação eficaz, pensamento crítico, pensamento criativo, tomada de decisão e resolução de problemas” (WHO, 1997).

Fonte: encurtador.com.br/krA29

Segundo Minto e Col, 2006 essas habilidades permitem que:

“os adolescentes relatam aumento da capacidade de reflexão em situações de resolução de problemas, melhora dos relacionamentos interpessoais e da comunicação, da qualidade de vida física e mental… Acredita-se que a descrição detalhada das estratégias empregadas para a apresentação e discussão de cada uma das habilidades de vida poderá auxiliar os psicólogos ou profissionais que tenham interesse em implementar programas de saúde integral para os adolescentes, fornecendo-lhes um modelo bem-sucedido.”

Essas habilidades podem servir de base para que profissionais possam trabalhar com adolescentes, promovendo assim uma mudança de vida dos indivíduos que passam por momentos delicados no decorrer da vida e não sabem como lidar.

 FICHA TÉCNICA

Título Original: All the Bright Places
Direção: Brett Haley
Elenco:  Elle FanningJustice SmithAlexandra Shipp
Ano: 2020
País: Estados Unidos da América
Gênero: Drama, Romance

REFERÊNCIAS

EISENSTEIN, Evelyn. Adolescência: definições, conceitos e critérios. Adolescência e Saúde, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 1-1, jun./2005.

FARIA, Ângela. Filme ‘Por lugares incríveis’ faz um tocante retrato da adolescência. Estado de Minas. Cultura. 2020. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/cultura/2020/03/28/interna_cultura,1133274/filme-por-lugares-incriveis-faz-um-tocante-retrato-da-adolescencia.shtml. Acesso em 14 de julho de 2020.

ZIMERMAN, D. E. Manual de técnica psicanalítica. Porto Alegre : Artmed, 2008

VERCESE F. A; SEI M.B; BRAGA C. M. L; A demanda por psicoterapia na adolescência: a visão dos pais e dos filhos . Revista de Psicologia da UNESP 12(2), 2013.

MINTO, Elaine Cristina; PEDRO, Cristiane Pereira e col. Ensino de habilidades de vida na escola: uma experiência com adolescentes. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 3, p. 561-568, set./dez. 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/pe/v11n3/v11n3a11. Acesso em 14 de julho de 2020.

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O nome dela é Sabine: a importância do diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista

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O diagnóstico tardio do TEA acarretou a Sabine diversas consequências negativas, dentre elas o tratamento inadequado e a regressão do seu desenvolvimento, mudando totalmente o rumo de sua vida e história.

Elle s’appelle Sabine, ou sua tradução “O nome dela é Sabine”, se trata de um filme/documentário francês que estreou em 2007 e chegou a receber o prêmio da Federação Internacional de Críticos de Cinema do Festival de Cannes no mesmo ano. A diretora da obra, Sandrine Bonnaire, discorre de uma forma sensível acerca da vida e história da sua irmã mais nova, Sabine, que apresentou um desenvolvimento considerado “normal” na sua infância, mas começou a apresentar traços diferentes ao longo dos anos, sendo diagnosticada com Transtorno no Espectro Autista (TEA) tardiamente.

Fonte: https://bit.ly/2ZDWhyh

Sandrine construiu o referido documentário ao longo de 25 anos em que filmou sua irmã incansavelmente, a princípio somente com o intuito de mostrar à Sabine o seu passado de superação do TEA. O filme se divide em dois momentos, sendo o primeiro apresentando a juventude de Sabine, como uma garota alegre, espontânea, comunicativa, em pequenos registros de família em que ela viaja, se diverte, toca piano e dança, condição vivenciada até cerca dos seus 28 anos. Já o segundo momento retrata a realidade daquele momento de Sabine, após viver 5 anos em um hospício para tratamento do TEA, período no qual a personagem principal engorda cerca de 30 quilos, raspa os cabelos e passa notoriamente a viver fora da realidade com o uso de medicamentos fortes.

Fonte: https://bit.ly/30KVrPE

De acordo com a narrativa da diretora e irmã da protagonista, Sabine apresentou desde a infância comportamentos diferenciados em relação aos irmãos, o que levou os pais a matricularem em uma escola para crianças “anormais”. Somente por volta dos 12 anos de idade ela foi transferida para a escola em que os irmãos estudavam, momento muito marcante na vida da adolescente, pois suas “diferenças” passaram a ser nítidas: Sabine começou a apresentar comportamentos de automutilação e agressividade, acarretando sua desvinculação da escolarização formal e início de uma vida mais doméstica e isolada. Apesar dos comportamentos estereotipados, Sabine apresentava grande interesse em aprender e inteligência, pois mesmo com os estudos apenas domésticos a menina aprendeu a tocar piano, chegando a compor uma peça no instrumento.

De acordo com o DSM – 5, existem 5 Critérios Diagnósticos para a detecção do Transtorno do Espectro Autista, sendo alguns deles os déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, e a necessidade de que os sintomas se apresentem precocemente no período do desenvolvimento, tendo esse último a possibilidade de que os sintomas não sejam plenamente manifestos até que as demandas sociais excedam as capacidades limitadas, ou ainda, podem ser mascarados por estratégias aprendidas mais tarde na vida (APA, 2014). Tendo como base o último critério citado, pode-se dizer que o diagnóstico de Sabine foi realizado tardiamente, tendo em vista que os sintomas já estavam presentes desde sua infância, mas se tornaram relevantes apenas na sua idade adulta, levando a um tratamento inadequado e à sua regressão no que diz respeito ao seu repertório de comportamentos.

Fonte: https://bit.ly/2Ozsn7X

A busca por tratamento psicológico para Sabine aconteceu apenas por volta dos seus 28 anos de idade, pois após a morte do irmão, e consequente mudança para o interior da França, ela começou novamente a apresentar comportamentos agressivos e de automutilação. Após alguns pareceres médicos, Sabine recebeu um laudo que indicava comportamentos autísticos. Nesse momento a família decide interná-la numa clínica psiquiátrica, onde fica por cinco anos e na qual regride totalmente em seu desenvolvimento. Sandrine, então, ao ver a situação degradante em que a irmã se encontrava, decide tirá-la da clínica psiquiátrica e cria o seu próprio Centro Psiquiátrico, no qual a irmã passa a vivenciar o autismo de outra forma, inclusive retomando algumas das habilidades perdidas ao longo do tempo e, provavelmente, em decorrência do uso das fortes medicações.

Para Vorcaro e Rahme (2013), “a condição de inércia de Sabine, que lhe é prevalente, como testemunhamos a partir do filme, parece poder ser atribuída aos fracassos das suas tentativas de inserção social, além das perdas de convívio familiar, da iatrogenia das hospitalizações e da medicação.” O diagnóstico tardio do TEA acarretou a Sabine diversas consequências negativas, dentre elas o tratamento inadequado e a regressão do seu desenvolvimento, mudando totalmente o rumo de sua vida e história. Quando o TEA é diagnosticado tardiamente há um aumento considerável da probabilidade de fracasso do indivíduo em desenvolver seus relacionamentos com seus pares, ou seja, haverá prejuízos e dificuldades na sua vida social. Além disso, detectar o Autismo precocemente não tem como objetivo “rotular” a pessoa, mas diminuir e/ou extinguir comportamentos autísticos e ganhar tempo na estimulação e tratamento adequado, visando a melhora na qualidade de vida do indivíduo, estimulando sua independência (PESSIM; FONSECA, 2014).

FICHA TÉCNICA: 

Título original: Elle s’appelle Sabine
Direção: Sandrine Bonnaire
Elenco: Sabine Bonnaire
Ano: 2009
País: França
Gênero: Documentário.

REFERÊNCIAS:

ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA (APA). Manual diagnóstico e estatístico de transtorno mental: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 948 p. Tradução de: Maria Inês Corrêa Nascimento et al. Pág 50-51.

PESSIM, Larissa Estanislau; FONSECA, B.; RODRIGUES, Ms Bárbara Cristina. Transtornos do Espectro Autista: Importância e Dificuldade do Diagnóstico Precoce. Rev Cientifica Eletrônica (FAEF) Psico, v. 23, 2014. Disponível em: http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/pnnWsCHLoL9zOLE_2015-3-3-14-7-28.pdf

VORCARO, Angela; RAHME, Mônica. Ela se chama Sabine… Estilos clin.,  São Paulo ,  v. 18, n. 2, p. 251-267, ago.  2013 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-71282013000200003&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  08  jul.  2020.

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