A Solidão do “Criador” em Rick and Morty

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A série animada “Rick and Morty” é conhecida por sua capacidade de abordar uma vasta gama de temas, muitas vezes com uma abordagem filosófica e crítica. Foi criada por Justin Roiland e Dan Harmon, dois criadores com trajetórias distintas, mas complementares, que se uniram para desenvolver uma das séries de animação mais influentes e populares dos últimos tempos. A série combina a estrutura da ficção científica clássica com um humor sórdido, explorando questões profundas sobre a existência, a moralidade e a condição humana. Tudo isso,  envolta em enredos aparentemente absurdos e hilários.

Uma das principais características da série é a exploração do conceito de multiverso, em que inúmeras versões de realidades alternativas coexistem. Isso permite à série explorar questões sobre identidade, livre-arbítrio e o impacto de nossas escolhas. Em vários episódios, Rick e Morty encontram versões alternativas de si mesmos e lidam com as consequências de suas ações em diferentes realidades. A série frequentemente satiriza aspectos da sociedade moderna, incluindo consumismo, religião, política e o papel da ciência. Rick, com seu cinismo extremo, frequentemente faz críticas contundentes sobre o sentido da vida, questionando valores morais e instituições sociais. Essa abordagem filosófica lembra o niilismo, Rick demonstra uma visão de mundo onde nada tem importância intrínseca, o que contrasta com a tentativa de Morty de encontrar significado e propósito.

No centro de Rick and Morty está a dinâmica disfuncional da família Smith. As interações entre Rick, Morty, Summer (a irmã de Morty), Beth (a mãe) e Jerry (o pai) são uma fonte constante de conflito e drama. A série usa essas relações para explorar abandono, auto-estima, fracasso, e o impacto de traumas geracionais. Apesar do humor sombrio, a série frequentemente revela momentos de vulnerabilidade e afeição entre os personagens, no qual surpreende as expectativas do público sobre o que significa ser uma família.

A série também mergulha em questões de psicologia e existencialismo. Rick, em particular, é um personagem complexo que luta com depressão, alcoolismo e uma visão niilista da vida. Ele é uma representação do “herói trágico” moderno, cuja genialidade é também sua maldição. A série aborda como o intelecto superior: “O Criador”. Este fato o isola dos outros e o deixa preso em um ciclo de autodestruição e vazio existencial.

Embora trate de temas significantemente pesados, Rick and Morty é, acima de tudo, uma comédia. O humor da série é frequentemente absurdo, misturando elementos de cultura pop, ciência e paródias de outros gêneros. A série não tem medo de ser provocativa ou bizarra, utilizando desde piadas simples até referências intelectuais complexas, muitas vezes desafiando o espectador a refletir sobre o significado por trás da comédia.

O que indaga muitas vezes as pessoas se identificarem com essa série, com isso é perceptível que são personagens multifacetados. Dito isso, Rick é um gênio alcoólatra com uma visão cínica da vida, enquanto Morty é um adolescente inseguro lutando para encontrar seu lugar no mundo. Essa complexidade permite que os espectadores se vejam em diferentes aspectos de suas personalidades e lutas.

Apesar do cenário e do humor, a série explora temas universais como o propósito da vida, a busca por significado e a complexidade das relações familiares. Essas questões são abordadas de uma forma que, embora muitas vezes exagerada, compartilha com as experiências e sentimentos do público. Rick and Morty, frequentemente faz comentários sobre a sociedade e a cultura de forma crítica e irônica. Essa crítica, muitas vezes disfarçada de humor, pode fazer os espectadores refletirem sobre suas próprias vidas e o mundo ao seu redor.

Rick: Entre Amor e Controle

No episódio “Auto Erotic Assimilation” de Rick and Morty, a relação entre Rick Sanchez e Unity ilustra complexas dinâmicas de controle e poder dentro dos relacionamentos. Unity, uma entidade coletiva que inicialmente parece ser a solução perfeita para as necessidades emocionais e intelectuais de Rick, acaba se tornando uma metáfora poderosa para explorar o controle narcisista e os impactos sobre a identidade pessoal.

Rick, como uma figura narcisista, utiliza seu relacionamento com Unity para atender suas próprias necessidades de validação e controle. Ele manipula Unity para moldar um mundo ao seu redor que se ajuste às suas próprias expectativas e desejos. Essa dinâmica é analisada por Daniel Martins de Barros em seu livro “O Lado Bom do Lado Ruim”, onde ele explora como situações difíceis podem revelar aspectos de crescimento pessoal e autodeterminação. Barros destaca que “a capacidade de manter a autonomia, mesmo em cenários desafiadores, é essencial para o bem-estar emocional” (Barros, 2020, p.127). Essa afirmação ecoa a luta de Unity ao tentar manter sua própria identidade, enquanto Rick tenta controlá-la.

Unity, por outro lado, enfrenta um dilema emocional significativo. Inicialmente, a assimilação de outras consciências e a adaptação ao desejo de Rick parecem oferecer uma forma de felicidade e integração. No entanto, à medida que Unity começa a recuperar sua própria identidade e questionar o controle de Rick, ela se depara com um conflito interno sobre manter sua integridade ou se submeter novamente ao controle de Rick. Segundo Barros, “a preservação da identidade em contextos de pressão emocional é fundamental para a saúde mental e para a realização pessoal” (BARROS, 2020, p. 128). A decisão de Unity de se afastar de Rick é um reflexo direto dessa necessidade de preservar sua autonomia e evitar a manipulação emocional.

Fonte: br.pinterest.com

Esse episódio demonstra como o controle narcisista pode corromper a autenticidade e a saúde emocional dos relacionamentos, ilustrando a importância de manter a integridade pessoal e a autonomia, mesmo em face de uma conexão emocional intensa. A luta de Unity para manter sua identidade é um exemplo claro da necessidade de proteger a própria autonomia em qualquer relação que envolva controle e manipulação.

O episódio “Auto Erotic Assimilation” também ilustra o conceito de ciclo de abuso, conforme discutido pela psiquiatra brasileira Ana Beatriz Barbosa Silva em seu livro “Mentes Perigosas: O Psicopata Mora ao Lado”. Silva descreve como, em muitos relacionamentos abusivos, existe um padrão recorrente de tensão crescente, seguido por um incidente de abuso, e posteriormente uma fase de reconciliação ou “lua de mel”, onde o abusador promete mudar ou se arrepende (Silva, 2008).

No episódio, vemos uma variação desse ciclo. A presença de Rick inicialmente “liberta” Unity, levando-a a excessos que desestabilizam o equilíbrio da entidade. Enquanto Unity se entrega a festas e indulgências sob a influência de Rick, ela começa a perceber o impacto negativo que ele exerce sobre sua vida. Silva explica que “o ciclo de abuso é marcado por uma repetição de padrões que reforçam a dependência e a destruição emocional”. Ao perceber isso, Unity decide romper o relacionamento para preservar sua integridade, uma decisão difícil, mas necessária para interromper o ciclo de destruição.

Unity representa a vítima que reconhece o ciclo de abuso e, ao tomar a difícil decisão de sair do relacionamento, preserva sua própria saúde emocional e mental. Como Silva afirma, “o reconhecimento do ciclo é essencial para que a vítima possa tomar as rédeas de sua vida e interromper a sequência de abuso”. Ao decidir deixar Rick, Unity dá um passo crucial em direção à sua autonomia e bem-estar.

Rick Sanchez, o protagonista de Rick and Morty, frequentemente demonstra traços de narcisismo exacerbado. Ele é apresentado como uma pessoa que possui uma confiança inabalável em sua própria inteligência e habilidades, mas que simultaneamente exibe uma profunda falta de consideração pelos sentimentos e necessidades das outras pessoas. Este comportamento é típico de indivíduos com traços narcisistas, que frequentemente acreditam que são superiores aos outros e merecem tratamento especial.

César Souza, em seu livro “Você é o Líder da Sua Vida”, explora como o narcisismo pode influenciar negativamente tanto o próprio indivíduo quanto as pessoas ao seu redor. Souza discute como a busca incessante por validação e superioridade pode levar ao isolamento emocional e a relacionamentos destrutivos, características que são claramente observáveis em Rick. Segundo Souza, “um líder narcisista frequentemente aliena aqueles ao seu redor ao priorizar suas próprias necessidades e desejos acima dos outros” (Souza, 2016). Essa alienação é evidente na vida de Rick, onde sua incapacidade de se conectar emocionalmente com os outros o deixa profundamente isolado, apesar de suas realizações intelectuais.

No episódio “Auto Erotic Assimilation”, vemos como o narcisismo de Rick o leva a interações disfuncionais com Unity, uma entidade coletiva que, inicialmente, atende às suas necessidades emocionais e físicas. Contudo, quando Unity começa a recuperar sua autonomia e questiona o relacionamento, Rick tenta buscar novamente o controle, resultando em um colapso emocional. A tentativa de Rick de dominar Unity espelha o que Souza descreve como “a tendência dos narcisistas de manipular os outros para manter sua autoimagem e controle” (Souza, 2016).

Essa dinâmica ilustra como o narcisismo pode destruir relacionamentos, corroendo tanto o narcisista quanto as pessoas ao seu redor. Rick é incapaz de manter relações saudáveis porque sua necessidade de controle e validação supera sua capacidade de genuinamente se conectar com os outros. A decisão de Unity de deixar Rick, apesar de sua conexão, reflete a importância de preservar a autonomia emocional e evitar relações onde o narcisismo domina.

Unity, como uma entidade que controla mentalmente uma sociedade inteira, levanta questões profundas sobre identidade e livre-arbítrio. Rossandro Klinjey, em seu livro “Help: Me Eduque!”, aborda como a perda de identidade individual pode ser uma consequência de uma dependência excessiva em outra pessoa ou em uma entidade maior. Klinjey discute como, em relações onde há uma fusão excessiva de identidades, a individualidade de cada parceiro tende a se diluir, resultando em uma forma extrema de codependência.

No episódio, Unity representa essa perda de identidade ao assimilar outros seres e suprimir suas individualidades em favor de uma mente coletiva. Klinjey explica que, quando uma pessoa se anula em prol de outra, seja em uma relação amorosa ou em um contexto mais amplo, ela corre o risco de perder sua essência e, com isso, sua capacidade de tomar decisões autônomas (Klinjey, 2017).

Além disso, Unity enfrenta um dilema interno: continuar com Rick e arriscar perder sua estabilidade, ou se separar dele para preservar sua integridade. Esse dilema reflete a luta de muitas pessoas em relacionamentos tóxicos, que, apesar de reconhecerem o impacto negativo da relação, encontram dificuldade em sair dela devido à intensa conexão emocional. Klinjey afirma que a capacidade de preservar a própria identidade dentro de um relacionamento é essencial para a saúde emocional, e que o livre-arbítrio deve ser exercido para evitar que uma pessoa se perca completamente na outra (Klinjey, 2017).

Assim, a decisão de Unity de deixar Rick para manter sua integridade é um passo crucial para romper com a codependência e preservar sua individualidade. Essa narrativa ressoa com as reflexões de Klinjey sobre a importância de manter a autonomia e a identidade pessoal, mesmo dentro de relacionamentos íntimos, onde o equilíbrio entre conexão emocional e independência é fundamental para a saúde psicológica de ambos os parceiros.

As referências a autores brasileiros contemporâneos, como Daniel Martins de Barros, Ana Beatriz Barbosa Silva, César Souza e Rossandro Klinjey, acrescentam uma camada de profundidade à análise desses temas. Barros, explora como o controle emocional e a manipulação podem desestabilizar a saúde psicológica, um conceito que se aplica à relação entre Rick e Unity, Silva discute como o ciclo de abuso emocional pode prender indivíduos em padrões destrutivos, enquanto Souza ilustra os efeitos corrosivos do narcisismo de Rick sobre seus relacionamentos. Klinjey, por sua vez, destaca a importância de manter a autonomia emocional e a identidade pessoal em face de relações que ameaçam a individualidade.

Unity, ao reconhecer o impacto negativo de Rick sobre sua coesão e decidir se afastar, exemplifica a luta por preservação da identidade e exercício do livre-arbítrio em situações de codependência. A decisão de Unity de romper com Rick para manter sua integridade emocional reflete o que Klinjey descreve como essencial para a saúde emocional: a capacidade de preservar a própria identidade e exercer o livre-arbítrio em relacionamentos.

Essa narrativa reforça a mensagem de que, para alcançar relacionamentos saudáveis, é crucial reconhecer e interromper ciclos de abuso, resistir ao narcisismo que desumaniza o outro e preservar a autonomia emocional. Rick and Morty nos lembra que a verdadeira conexão, deve ser construída sobre a base do respeito mútuo e da independência, sem comprometer a integridade de nenhum dos parceiros envolvidos.

No final, o episódio serve como um poderoso lembrete dos altos custos emocionais associados a relacionamentos disfuncionais e da importância de proteger a própria integridade emocional. Rick and Morty demonstra, através da narrativa de Rick e Unity, que a busca por controle e poder nas relações não só prejudica os outros, mas também desintegra quem exerce esse controle. Por isso, preservar a própria identidade e autonomia é essencial para o bem-estar emocional em qualquer relacionamento.

Referências: 

BARROS, Daniel Martins. O Lado Bom do Lado Ruim. São Paulo: Planeta do Brasil, 2014.

KLINJEY, Rossandro. Help: Me Eduque! São Paulo: Academia, 2017.

RICK and Morty. Auto Erotic Assimilation. Direção de Bryan Newton. Roteiro de Dan Harmon e Justin Roiland. EUA: Adult Swim, 9 ago. 2015. Disponível em: <link>. Acesso em: 22 ago. 2024

SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes Perigosas: O Psicopata Mora ao Lado. 6. ed. Rio de Janeiro: Fontanar, 2018.

SOUZA, César. Você é o Líder da Sua Vida: E Se Você Não Lidar Bem Consigo, Como Vai Lidar com os Outros? Rio de Janeiro: Alta Books, 2016.

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Álcool, o frágil limite entre prazer e destruição

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Todos os anos o dia 20 de fevereiro é dedicado ao combate e conscientização da dependência do álcool, e é de suma importância que haja uma reflexão individual sobre o papel que a bebida exerce em nossas vidas e como ela pode impactar nossa realidade.

O álcool, diferente de outras drogas, pode estar presente desde muito cedo na vida das pessoas e a dependência que ele muitas vezes causa afeta milhões mundialmente. Socialmente muito bem aceito, e proposto em quase qualquer ocasião, a falta de controle no seu consumo às vezes está relacionado à busca de alívio da tensão e do estresse do dia a dia, entre outras razões. Seja para ser bem aceito num grupo, seja para perder a timidez, ou tantos outros motivos, a bebida é muitas vezes vista como uma boa alternativa.

O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM), na sua última edição (DSM-5) atualizou o abuso e dependência de álcool que antes era chamado de alcoolismo, para Transtorno por Uso de Álcool (TUA), sendo uma condição na qual uma pessoa tem desejo ou necessidade física de consumir bebidas alcóolicas, mesmo que isso tenha um impacto negativo e traga consideráveis prejuízos em sua vida. É uma forma de extrema dependência em que a pessoa tem uma necessidade compulsiva de ingerir álcool para ser funcional nas suas atividades diárias.

Atualmente são identificados quatro padrões de consumo de álcool: o consumo moderado, sem risco; o consumo arriscado, que tem o potencial de produzir danos; o consumo nocivo, que se define por um padrão constante de uso já associado a danos à saúde; e o consumo em binge, que diz respeito ao uso eventual de álcool em grande quantidade.

Fonte: encurtador.com.br/syCT0

Alguns autores trazem este abuso como uma doença crônica, com fatores genéticos, psicossociais e ambientais influenciando seu desenvolvimento e suas manifestações, ou seja, as teorias levam em conta a complexidade do transtorno e reconhecem que geralmente é causado por uma combinação de fatores.

Mas porque referir-se a este assunto como um frágil limite entre prazer e destruição?

O álcool atua sobre o sistema de recompensa do cérebro, através da liberação de dopamina (entre outros neurotransmissores), trazendo a sensação de prazer e recompensa. Por ser uma droga lícita, difundida e muito usada até mesmo como ferramenta de aceitação e desenvoltura social, entender o mecanismo por trás deste sistema de gratificação que o cérebro produz e as consequências deste tipo de condicionamento, nos fazem perceber quão tênue é esta linha entre o prazer e o perigo.

Segundo o psiquiatra Dr. André Gordilho, “o paciente pode desenvolver tolerância, precisando de uma quantidade cada vez maior da bebida para sentir os efeitos que ele busca. Às vezes ocorrem sintomas físicos, como insônia, irritabilidade, e outros sintomas de abstinência”, completa.

Para um diagnóstico eficaz, ele traz que a atenção ao histórico do paciente é essencial. Normalmente a pessoa começa a estreitar o intervalo dos dias em que bebe, passando a consumir álcool de forma cada vez mais frequente. Também pode passar a ter comportamentos inadequados, como beber em locais em que não deveria, como no trabalho.

Fonte: encurtador.com.br/ckmwN

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o abuso de álcool é responsável por 3,3 milhões de mortes todos os anos no mundo. Dentre outras consequências podemos listar algumas patologias como: cirrose e outras doenças do fígado, depressão, crises de ansiedade, tremores e etc.

O álcool pode piorar os sintomas de depressão e ansiedade já existentes, além de aumentar as explosões emocionais. Muitas vezes, os alcoólatras têm uma falta de controle emocional (autoregulação) e às vezes podem causar perturbação nos contextos onde estão inseridos se estiverem altamente intoxicados.

O vício em álcool é perigoso, e ele vai aumentando gradativamente sem que o indivíduo perceba. O usuário não pensa que tem um problema, e quando vai se dar conta já não consegue assumir o controle em relação ao comportamento de beber ou à quantidade consumida.

Esta prática, além de conduzir o indivíduo a sérios malefícios para a saúde, contribui para a deterioração das relações sócio familiares e de trabalho, causando sérios prejuízos para a pessoa tanto fisicamente, quanto psicológico, emocional e socialmente.

Fonte: encurtador.com.br/rvQX9

Alguns sinais e sintomas do transtorno incluem:

  • beber sozinho ou em segredo;
  • não ser capaz de limitar a quantidade de álcool consumida;
  • não ser capaz de lembrar alguns espaços de tempo;
  • ter rituais e ficar irritado se alguém comentar sobre esses rituais, por exemplo, bebe antes, durante ou depois das refeições ou depois do trabalho;
  • perder o interesse em hobbies que eram apreciados anteriormente;
  • sentir muita vontade de beber;
  • sentir-se irritado quando os horários de beber se aproximam, especialmente se o álcool não estiver disponível;
  • armazenamento de álcool em lugares improváveis;
  • bebe para se sentir bem;
  • adquire problemas com relacionamentos, leis, finanças ou trabalho que resultam da bebida;
  • precisa cada vez mais de mais álcool para sentir seu efeito;
  • sente náuseas, sudorese ou tremor quando não está bebendo;

O tratamento da dependência possui algumas características particulares, visto que o indivíduo precisa de um programa bem personalizado, específico para ele. As perspectivas trabalhadas são medicação, abstinência, psicoeducação e responsabilização, dentro de uma visão multidisciplinar, envolvendo profissionais como psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais e quaisquer outras especialidades como hepatologistas por exemplo. Para cada uma dessas abordagens é realizado um tratamento específico que vai depender do estágio que o paciente se encontra.

O primeiro passo deve partir da pessoa e o desejo de mudar aquele comportamento, reconhecendo que o consumo excessivo, progressivo e abusivo de bebidas alcoólicas está causando problemas em sua vida. A rede de apoio (familiares, amigos) é essencial para o sucesso da restauração da saúde e bem estar do usuário.

Um retorno ao consumo normal de álcool é muitas vezes possível para indivíduos que abusaram do álcool por menos de um ano, mas, se a dependência persiste por mais de cinco anos, os esforços para retornar ao consumo social geralmente levam à recaída.

Fonte: encurtador.com.br/bjIO3

Existe uma negação muito grande em reconhecer a doença por causa do estigma que ela carrega. E por ser tão bem socialmente aceito, as pessoas demoram a reconhecer e a procurar tratamento. Existe também muita vergonha envolvida nesse processo, e acaba sendo em alguns casos uma situação velada, e muitas vezes nem os próprios familiares conseguem se mobilizar para ajudar a pessoa que sofre com isso, às vezes por falta de informação ou por falta de acesso a estes meios de assistência.

Algumas formas de abordar e reduzir os níveis de consumo nocivo de álcool podem vir da promoção de conhecimento sobre saúde na população, fornecendo evidências da relação do consumo de álcool e os danos causados pelo abuso. A conscientização precisa ser mais bem trabalhada na sociedade como um todo, e precisa haver uma quebra de paradigmas, e buscarmos desmistificar o processo de tratamento, para a não normalização da doença e como qualquer outro transtorno ou patologia, procurando ajuda, pois é possível com tratamento superar e melhorar a qualidade de vida significativamente dos indivíduos prejudicados, tanto o portador do transtorno quanto seus familiares, amigos e colegas de trabalho.

O mais importante (e na verdade essencial) neste processo é que não se abra mão de um olhar psicossocial do indivíduo, que esteja ampliado e atento às relações deste sujeito, que ele seja protagonista nesta trajetória, e que haja este olhar nas interações entre os profissionais de saúde e o usuário e a sua rede de apoio, para um tratamento humanizado, que respeite as vontades do sujeito e busque sua melhora gradativa, de acordo com o seu caso e seu contexto.

REFERÊNCIAS

Transtorno do Uso de Álcool: uma comparação entre o DSM IV e o DSM – 5, NIH – National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism, outubro de 2021. Disponível em:  <https://www.niaaa.nih.gov/sites/default/files/publications/AUD-A_Comparison_Portuguese.pdf> . Acesso em: 15/02/2022.

O que é Transtorno por abuso de Álcool e qual é o Tratamento?, Seu Amigo Farmacêutico, 2019. Disponível em: < https://www.seuamigofarmaceutico.com.br/artigos-e-variedades/o-que-e-transtorno-por-abuso-de-alcool-e-qual-e-o-tratamento-/404#:~:text=O%20alcoolismo%2C%20agora%20conhecido%20como,era%20chamada%20de%20%22alco%C3%B3latra%22 >. Acesso em 15/02/2022.

Alcoolismo pode ser um inimigo invisível, Holiste, 27/05/2019. Disponível em: <https://holiste.com.br/alcoolismo-pode-ser-um-inimigo-invisivel/>. Acesso em: 15/02/2022.

Os cinco tipos de problemas com a bebida são mais comuns em diferentes idades, Third Age, 2019. Disponível em: < https://thirdage.com/the-five-types-of-problem-drinking-are-more-common-at-different-ages/>. Acesso em 16/02/2022.

Alcoolismo, Rede D’or, 2021. Disponível em: <https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/alcoolismo>. Acesso em 16/02/2022.

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Caos 2021: A importância de grupos familiares para usuário de álcool e outras Drogas

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Chegamos ao segundo dia do 6º Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – CAOS. Dentre vários minicursos propostos para os inscritos no evento, nessa manhã do dia 04 de novembro, quem ministrou um dos minicursos foi a Assistente Social, graduada pela Universidade Federal do Tocantins – UFT, Maísa Carvalho Moreira.  

O minicurso abordou o tema “A importância de Grupos Familiares para Usuário de Álcool e outras Drogas”, com transmissão pelo Google Meet, e interação com a formadora pelo chat e pelo microfone.  

A Assistente Social Maísa Moreira Carvalho iniciou o minicurso agradecendo pelo convite e que é sempre importante compartilhar o conhecimento, falou também das suas experiências e sua jornada como Assistente Social, e que hoje trabalha com consultório na rua onde trata diretamente com usuários de drogas e moradores de rua.

Durante o minicurso a formadora descreveu alguns conceitos importantes para abordar o tema, como por exemplo, o tipo e uso de drogas, tanto as lícitas quanto as ilícitas e do conceito da dependência química. Relatou a sua experiência do CAPS AD III- Centro de Atenção Psicossocial, que oferta um tratamento de portas abertas e voluntário trabalhando com o vínculo afetivo e nunca obrigando o usuário ao serviço prestado. Explanou que nem todos os casos são acolhidos pelo serviço do CAPS AD III, e que são direcionados para outros serviços da rede de apoio do Sistema Único de Saúde. 

Informou que dentro dos Grupos de Familiares é importante estimular e trazer para o grupo mais pessoas para participarem aumentando as chances de resultado positivo é melhor para o paciente. Disse que não é fácil para a família estar nessa situação em ver o sofrimento do usuário e que os familiares são essenciais no tratamento do usuário de droga e que sozinho não vai conseguir lhe dar com a sua doença. E que a internação compulsória pode atrapalhar o vínculo com a família 

 Os cursistas participaram e interagiram com interesse na explanação da formadora e a mesma respondeu com tranquilidade as perguntas e indagações locando à disposição como profissional de saúde atuante com esse público, dando a sua contribuição no esclarecimento de dúvidas em relação ao tratamento dos usuários em drogas e álcool. A ministrante falou que o objetivo do minicurso não é findar a discursão sobre o assunto, mas buscar na ciência a ajuda para solucionar ou amenizar o problema.   

O segundo dia de programação do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia só está começando e ainda dá tempo de se inscrever no CAOS, pelo site www.ulbra-to.br/caos/edicoes/2021/.

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Caos 2021: A importância de grupos de orientação familiar para usuários de álcool e outras drogas

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O minicurso “A importância de grupos de orientação familiar para usuários de álcool e outras drogas” acontecerá no dia 04 de novembro, será online via Google Meet no horário de 9h às 12h, na sala poderá ter até 100 participantes onde a convidada Maísa Carvalho Moreira irá compartilhar com os telespectadores a sua experiência com as famílias e os usuários de álcool e outras drogas, irá comentar também como funciona a mediação entre sujeito e a família e qual o objetivo e a importância da família no tratamento.

Existem fatores que contribuem para o uso de álcool e outras drogas, os gatilhos acionam comportamentos que levam o usuário a recair e ir em busca da substância de sua preferência. A dependência é uma patologia, não muito bem esclarecida para a sociedade que ainda fortalece o discurso onde o usuário pode sim escolher e manter a escolha de não usar. Ao ser marginalizado pela família e pela sociedade, o sujeito se afasta cada vez mais do tratamento.

Fonte: encurtador.com.br/jvAOQ

O CAPS – AD é uma instituição que acolhe todos os usuários que recorrem ao serviço. Por ser um local onde é de acesso a toda comunidade, além de atender os profissionais desenvolvem meios que informam a comunidade sobre o tema drogas e o que acarreta, fornecem novos meios e ferramentas para que o sujeito resgate sua autonomia. Tanto a comunidade quanto a família são catalisadores para que exista qualidade de vida para o usuário de álcool e outras drogas.

A rede de apoio é fundamental para que sejam percebidos os gatilhos que levam ao consumo maléfico de drogas em geral. A família também está adoecida e a ausência de conhecimento das formas que engatilham o usuário acaba mantendo todos os membros envolvidos adoecidos, vivendo em um sistema onde a melhora se torna ainda mais difícil. A interação desses membros promove qualidade de vida para o usuário.

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Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo: aumento no consumo durante a pandemia reforça importância da data

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Em 20 de fevereiro, o país chama a atenção para as consequências geradas pelo uso excessivo dessas substâncias

Ao longo dos últimos meses, pesquisas confirmaram o aumento no consumo de álcool e drogas provocado pelo isolamento social, durante a pandemia de Covid-19. Estudo da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), por exemplo, reportou que 35% dos entrevistados com idades entre 30 e 39 anos relataram ter ampliado o número de ocasiões em que consumiram mais de cinco doses de álcool. Como resultado, a OMS (Organização Mundial da Saúde) chegou a recomendar que os países limitassem a venda de bebidas alcoólicas no período. Nesse sentido, ganha ainda mais importância a data de 20 de fevereiro, considerada o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo.

“Uma campanha deste tipo chama a atenção para uma problemática recorrente, que nos acompanha todos os dias”, avalia Guilherme Campanhã, psicólogo do CAPS AD (Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas) Jardim Ângela, gerenciado pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Prefeitura Municipal de São Paulo.

“Poder dedicar um dia para falar especificamente sobre as drogas possibilita repensar nossa relação com as substâncias psicoativas e promover maior consciência no papel que elas ocupam na vida de todos”, completa.

Em seu atendimento clínico diário, o psicólogo também observou um agravamento no quadro de usuários de álcool e drogas. De acordo com o profissional, esse aumento no consumo ocorre principalmente em uma tentativa de “suportar” as incertezas e transformações trazidas pela pandemia.

Fonte: encurtador.com.br/xMQY8

“Ocorre que, muitas vezes, o caminho conhecido para lidar com angústias é justamente o uso abusivo destas substâncias. Construir novas formas de elaborar e encarar as dificuldades é o que permite a ressignificação do papel das substâncias na realidade destes usuários”, afirma.

Para auxiliar a população neste momento difícil, São Paulo disponibiliza o atendimento através dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e das Unidades Básicas de Saúde (UBS). A rede municipal conta, atualmente, com 95 CAPS, sendo 31 deles sobre Álcool e Drogas (AD), 32 Infanto-juvenis e 32 Adultos.

No entanto, ainda assim, é preciso ampliar o debate sobre o assunto. “Ainda que, hoje em dia, a questão das drogas seja discutida mais abertamente, temos muito o que avançar. Se por um lado os adolescentes têm mais acesso à informação, por outro as dificuldades econômicas, sociais e a falta de perspectivas empurram os jovens para um consumo cada vez maior das substâncias”, avalia.

Atenção com familiares

No processo de atendimento, acolhimento e tratamento dos dependentes químicos é muito importante que a família esteja envolvida em uma rede de proteção. Muitas vezes cabe aos próprios familiares perceberem os sinais que indicam uma possível dependência, como mudanças bruscas no padrão do humor, dificuldades em manter uma rotina e sustentar as relações.

“Precisamos encarar a dependência química de forma aberta e sem preconceitos. Os familiares podem sempre buscar ajuda e orientações nos equipamentos de saúde, em especial os CAPS, que mantêm plantão de acolhimento ‘porta aberta’, sem necessidade de encaminhamento prévio. É importante ressaltar que, ainda que o paciente apresente resistência em se tratar, os CAPS estão aptos a acolher e atender os familiares”, explica o psicólogo.

“A melhor forma de ajudar uma pessoa nesta situação é não julgá-la, colocando-se ‘ao lado dela’. Ocorre que muitas famílias ainda enxergam a dependência química como um desvio de caráter e não como uma doença e isso, certamente, dificulta o processo de aceitação e o próprio tratamento em si”, completa.

Principalmente em relação ao álcool, os familiares podem avaliar se o consumo deixou de ser eventual para se tornar um hábito, a partir da frequência e da quantidade ingerida. “De forma geral, quando o uso de determinada substância começa a se sobressair em detrimento da rotina de vida da pessoa, além do surgimento de conflitos e prejuízos nas mais diversas áreas da vida, é preciso acender o sinal de alerta e buscar ajuda profissional”, conclui Guilherme Campanhã.

Fonte: encurtador.com.br/ekmvQ
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Tocantins é o estado com maior percentual de motoristas que dirigiram após beber, revela pesquisa do IBGE

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Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) divulgada nesta quarta-feira, 18, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que 31,4% dos motoristas tocantinenses conduziram carro ou motocicleta após o consumo de bebida alcoólica. O resultado do Tocantins foi quase o dobro da média nacional (17%) e o maior registrado entre as Unidades da Federação, seguido do Maranhão (27,4%) e Sergipe (25,7%).

No recorte por sexo, a proporção de mulheres motoristas que dirigiram após o consumo de álcool foi de 13,8%. Já entre os homens condutores, o percentual chegou a 37,7%. Na comparação por idade, adultos de 25 a 39 anos apresentaram a maior proporção (34%), seguidos por adultos de 40 a 59 anos (31,7%), enquanto idosos de mais de 60 anos tiveram a menor (22,1%).

A Pesquisa Nacional de Saúde 2019 aborda em seu 4º volume a percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e saúde bucal da população. O levantamento também inclui dados sobre hábitos alimentares, atividade física, diabetes e depressão, e foi realizado em convênio com o Ministério da Saúde.

Fonte: encurtador.com.br/hyJNX

O consumo de bebida alcoólica, sinaliza a pesquisa, é um dos maiores fatores de risco para a população, sendo considerado uma das principais causas de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), bem como dos acidentes e violências. Apesar disso, para uma parcela significativa dos tocantinenses se tornou hábito.

Conforme os resultados, 21,4% da população adulta afirmou ter bebido semanalmente em 2019. Esse foi o maior percentual registrado entre os estados da região Norte. Na comparação por sexo, a proporção de homens tocantinenses que tinham o hábito de consumir bebida alcoólica ao menos uma vez por semana era de 31,1%, superior ao observado entre as mulheres (12,1%).

No comparativo por faixa etária (ambos os sexos), a maior proporção de pessoas que beberam pelo menos uma vez na semana foi de jovens de 18 a 24 anos (29,2%), seguida de perto por adultos com idade entre 25 a 39 anos (28,3%) e 40 a 59 anos (20,7%). Apenas 6,8% dos idosos de 60 anos ou mais consomem bebida alcoólica no Tocantins semanalmente, a faixa com o menor resultado.

A pesquisa também revela a proporção de pessoas de 18 anos ou mais de idade com consumo abusivo de álcool nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa. Tocantins registrou 20,5%, maior índice da região Norte e o 4º maior do país. A ingestão abusiva de bebida alcoólica também foi mais elevada entre os homens (30,2%) do que entre as mulheres (11,1%).

Fonte: encurtador.com.br/iFR01

Tabagismo

O resultado da PNS 2019 mostra que 12,8% da população adulta do Tocantins consumiu produtos derivados de tabaco, fumado ou não fumado, de uso diário ou ocasional. Esse foi o 2º maior resultado da região Norte, já que o Acre registrou a maior taxa (15,1%). Assim como o álcool, a proporção também é maior entre os homens tocantinenses (17,6%) do que entre as mulheres (8,1%). Na comparação entre os grupos de idade, o maior índice foi na faixa etária de 40 a 59 anos (15,1%), e o menor, na de 18 a 24 anos (8,0%).

Outro dado que chama a atenção na pesquisa: quanto maior o nível de escolaridade, menor a proporção de tabagistas. A faixa com o índice mais elevado é a de pessoas sem instrução/nível fundamental incompleto: 20,4%. A proporção vai diminuindo: para 12,4% na faixa de pessoas com fundamental completo e médio incompleto, até chegar a 7,3% para médio completo/superior incompleto e a 4,0% entre pessoas com nível superior.

Segundo Gustavo Geaquinto Fontes, analista do IBGE, o maior acesso à informação e às campanhas de conscientização desta faixa é fator preponderante. Ele também acrescenta que na categoria de escolaridade de nível superior, “há mais pessoas que trabalham em empresas maiores ou ambiente onde é proibido fumar”.

Fonte: encurtador.com.br/firNU

Estilo de vida

Como novidade, em consonância com as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira de 2014, a PNS 2019 investigou o consumo de alimentos ultraprocessados, além daqueles indicadores marcadores da alimentação saudável e não saudável já monitorados. A proporção de pessoas com mais de 18 anos que consumiram cinco ou mais grupos de alimentos ultraprocessados no Tocantins foi de 10,8%. Entre os homens o percentual ficou em 11,1% e entre as mulheres, 10,6%.

Já o percentual de pessoas de 18 anos ou mais de idade que tiveram o consumo recomendado de frutas e hortaliças no estado foi de 11,9%. As mulheres (16,3%), em média, consumiam mais estes alimentos do que os homens (7,3%). O consumo de frutas e hortaliças mostrou aumento com o grau de escolaridade, registrando 7,9% na faixa de pessoas sem instrução/nível fundamental incompleto e 25,4% entre aquelas com superior completo.

Na PNS 2019, 31,4% dos homens tocantinenses com 18 anos ou mais praticaram o nível recomendado de atividade física no lazer, enquanto para as mulheres este percentual foi de 29,6%. No mesmo período, a média geral foi de 30,5%.

Da população de adultos, 42,1% foram classificados como insuficientemente ativos – ou seja, pessoas que não praticaram atividade física ou praticaram por menos do que 150 minutos por semana considerando os três domínios: lazer, trabalho e deslocamento para o trabalho. No estado, 51,5% dos adultos eram fisicamente ativos no trabalho. A frequência dos homens para este domínio foi de 61,7%, enquanto das mulheres foi de 37,9%.

Na categoria das atividades domésticas, estimou-se que 17,3% dos adultos tocantinenses praticavam atividade física por no mínimo 150 minutos semanais, tais como faxina pesada ou atividades que requerem esforço físico intenso. Este indicador mostrou-se concentrado no público feminino: 22,9% entre as mulheres, contra 11,5% entre os homens.

Fonte: encurtador.com.br/kpzD2

Doenças Crônicas

A PNS 2019 estimou que quase metade (49,2%) da população tocantinense com 18 anos ou mais de idade havia recebido diagnóstico de pelo menos uma das doenças crônicas investigadas por essa edição da pesquisa. Cerca de 22,5% referiram ter hipertensão arterial e 6,3% diabetes. As mulheres (6,6%) apresentaram maior proporção de diagnóstico de diabetes que os homens (5,9%).

De acordo com o estudo, 14,9% tiveram diagnóstico médico de colesterol alto. As mulheres também apresentaram proporção maior nesse quesito (19,7%) do que os homens (10,0%). Já 5,5% receberam diagnóstico médico de alguma doença do coração. Observou-se que 19,5% dessas pessoas com doença cardíaca já haviam se submetido a alguma cirurgia de ponte de safena, colocação de stent ou angioplastia.

A PNS apurou que no Tocantins 4,1% dos adultos tinham diagnóstico médico de asma (ou bronquite asmática), 1,7% de câncer, 6,6% de artrite ou reumatismo, 24,8% de problema crônico de coluna e 6,6% de depressão. Desses, 16,8% faziam psicoterapia e 32,2% usaram medicamentos para a doença nas duas últimas semanas anteriores à pesquisa. Verificou-se que havia uma maior prevalência desta doença sobre pessoas do sexo feminino, 10,4% das mulheres, contra 2,7% dos homens. A faixa etária com maior proporção foi a de 65 a 74 anos de idade (9,3%), enquanto o menor percentual foi obtido na de 18 a 29 anos de idade (4,1%).

Fonte: encurtador.com.br/rFHX8

Dados da capital

O estudo aponta que 22,6% dos palmenses maiores de 18 anos tinham o hábito de consumir bebida alcoólica uma vez ou mais por semana e 9,2% consumiram produtos derivados de tabaco em 2019. Já 25,9% dos motoristas da capital chegaram a conduzir carro ou moto depois de beber. Esse percentual foi o maior entre as capitais da região Norte e o 2º mais elevado do país.

Em relação ao estilo de vida: 33,2% dos palmenses com 18 anos ou mais de idade estavam insuficientemente ativos (sedentários) e 40,2% praticavam o nível recomendado de atividade física no lazer. Apesar disso, cerca de 44,9% possuem pelo menos uma doença crônica e Palmas é a capital da região Norte com os maiores percentuais de adultos com diagnósticos de depressão (8,3%), hipertensão arterial (19,0%), doença do coração (4,9%) e diabetes (7,0%).

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Alcoolismo: o convívio com o mal

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“Esqueci o conselho da mãe e segui o exemplo do pai”

Este discurso é de alguém que ingere altas doses de álcool diariamente. Alguém que tentou vencer na vida, assim como tenta vencer o vício. Que tem sua mente devastada pelo julgamento alheio e, inclusive, da própria família.

Paranaense, 52 anos, Paulo Donizete Oliveira, apesar do vício, traz em seu currículo uma nomeação controversa: é presidente da Associação Londrinense de Saúde Mental (ALSM), função desempenhada quando não está trabalhando na prefeitura de Londrina, Paraná. Como presidente, ele se preocupa bastante quando perguntado sobre os projetos da Associação:

– É muito complicado, não há recursos para se fazer nada naquele lugar. Eu tenho batalhado bastante, mas as autoridades não repassam como deveriam – afirma Oliveira.

Paulo Donizete Oliveira (canto direito) – Presidente da Associação Londrinense de Saúde Mental durante sessão na Câmara de Vereadores de Londrina (Foto: Acervo pessoal)

Já como pessoa comum, a cena é triste. Embora goste de falar bastante (talvez isso o credencie para exercer o cargo de presidente na Associação), o que se vê é um ser humano que sofre calado. Não apenas pelo efeito do álcool, mas muito pela vergonha que sente a cada familiar que visita. Calado sim, pois o odor etílico faz desnecessária qualquer manifestação momentânea. O silêncio só acaba quando é hora de ir “às compras”:

 – Quem quer sorvete? Deixa que eu busco. – pergunta Paulo com a voz um pouco trêmula devido ao início de embriaguez. Essa é a desculpa para Paulo poder sair de casa sem se sentir constrangido para ir beber com os amigos no bar da esquina. Ele caminha com pressa e sede proporcionais.

Talvez pressa demais, pois não demora a regressar. Em 20 minutos está de volta com o sorvete que prometera buscar. Saboreando a sobremesa conta sua história:

– Eu sempre bebi, mas socialmente. Só que hoje, não consigo mais parar. Já tentei, tentei muito, mas ele (o vício) é mais forte do que eu. É uma vergonha isso, mas o que eu vou fazer? – diz um Paulo Donizete indignado com si mesmo.

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o Brasil está entre os países do continente americano com as maiores taxas de mortalidade causada pelo álcool. Entre 2007 e 2009, 12,2 a cada 100.000 mortes ocorridas ao ano no país não teriam acontecido sem o consumo de bebida alcoólica.

– A história é simples. Vai muito também do exemplo que você tem em casa. Mas eu mesmo: esqueci o exemplo da minha mãe e segui o do meu pai, que bebia pra caramba. Então, além das dificuldades que você tem na vida, as experiências que você tem em casa fazem muita diferença – explica Oliveira.

Paulo Donizete Oliveira (agachado), com os colegas da Associação Londrinense de Saúde Mental (ALSM) onde é presidente. (Foto: Acervo pessoal)

24 de dezembro, véspera de natal, data em que as famílias se reúnem. Quase todo mundo sabe onde e com quem vai passar a noite de confraternização. Mas para o presidente da Associação Londrinense de Sáude Mental é sempre uma incógnita. Sem ter esposa ou filhos, ele depende de algum convite dos parentes em Londrina, Rolândia ou Porecatu, todas as cidades situadas no norte do estado do Paraná, para ter onde ficar.

Apesar de morar em Londrina e ter mais familiares nesta cidade, desta vez, o convite vem de Porecatu:

– Vou lá pra casa da minha tia, estou com muita saudade dela – diz ele, arrumando a mochila, sua constante companheira de viagem.

Apesar de demonstrar certo carinho pela tia, parece que a rejeição por parte de seus familiares amarga seu coração de uma maneira muito forte. Paulo já “se juntou” quatro vezes durante a vida, porém esse convívio intenso com o vício tenha, talvez, lhe desanimado em construir uma família de verdade.

– Eu sou totalmente contra esse negócio de família, esse tradicionalismo todo. Pra mim, família não serve. Família pra que? Eu tenho que buscar meus objetivos, seguir meu caminho – diz de forma contundente.

Já está quase na hora de ir, mas o vício não dá trégua. Sem alarde algum, ele sai novamente, sem a promessa de buscar e, sim, deixar algo muito valioso: sua dignidade. Com os parceiros de copo, ele demora vinte, trinta, até quarenta minutos. Muitos mais do que passa com a sua família. Provavelmente porque no bar, Paulo se sinta livre e longe de repúdios e olhares atravessados. Para ele, “o vício pune, mas não cobra”.

“Tchau. Até mais!” Assim, Paulo Donizete Oliveira se despede na rodoviária rumo à Porecatu, sem esboçar qualquer sorriso, em busca de abraços menos frios e olhares menos interrogativos.

Consumo frequente de álcool aumentou nos últimos anos http://veja.abril.com.br/noticia/saude/consumo-frequente-de-alcool-aumentou-20-nos-ultimos-seis-anos

Saiba como como reconhecer a doença e a ajudar uma pessoa a se tratar.http://www.youtube.com/watch?v=6iZi53lUAaA

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