Influência da arquitetura sobre o comportamento humano

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Ao criar ambientes que são acolhedores, acessíveis e estimulantes, a arquitetura pode produzir bem-estar e melhorar a qualidade de vida das pessoas

Portal (En)Cena entrevistou a arquiteta e urbanista Camila Pimentel. Ela é graduada pela Universidade Federal do Tocantins, com formação complementar pela Universidade Técnica de Lisboa. Pós-graduada em Reabilitação Ambiental Sustentável Arquitetônica e Urbanística, pela Universidade de Brasília – UNB. Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília – UNB e Pós-graduada em Gestão e Docência no Ensino Superior pela Faculdade UniBF. Também atua como professora das disciplinas de Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo no Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA. Nesta entrevista, falamos um pouco sobre a influência da neuroarquitetura no planejamento dos ambientes e a importância do olhar especializado e de um trabalho conjunto com os profissionais da área de saúde para que os ambientes colaborem para a saúde mental, principalmente nos ambientes relacionados ao atendimento terapêutico.

(En)Cena: Como integrar os princípios da neurociência no design de espaços para otimizar o funcionamento cognitivo e emocional dos usuários?

 Camila Pimentel:  Os estudos acerca da neuroarquitetura apontam os aspectos positivos de um ambiente bem pensado e planejado. As cores, texturas, design dos móveis podem contribuir com o comportamento que desejamos que os usuários tenham. Por exemplo, em um ambiente escolar deseja-se a atenção dos alunos em sala de aula. Em um ambiente terapêutico deseja-se a sensação de confiança e segurança. Em um espaço religioso busca-se a introspecção. Em todos esses casos, as intenções podem ser demonstradas através de todas as escolhas projetuais, seja na forma dos ambientes, altura do pé direito, iluminação, cores, acabamentos e móveis.

 

(En)Cena: Como você considera a influência dos espaços físicos na saúde mental e emocional das pessoas ao projetar um edifício ou ambiente urbano?

Camila Pimentel:  Os espaços, sejam eles construídos ou vazios, proporcionam diversas sensações aos seus usuários, pois os cinco sentidos são aguçados pelas cores, texturas, sons, fragrâncias e até mesmo sabores escolhidos. Por exemplo, em um jardim pode-se ter o projeto dos caminhos, dos mobiliários e a escolha das espécies de plantas mais adequadas, tanto decorativas quanto frutíferas. Todas essas escolhas podem convidar o usuário a se sentir pertencente ou a afastar-se deste espaço, a ter a sensação de segurança ou insegurança, a promover encontros ou distanciamento das pessoas. Dessa forma, o ambiente circundante tem uma grande influência sobre o comportamento humano e suas emoções.

 

(En)Cena: Quais são os aspectos fundamentais do design de um ambiente que podem afetar o cérebro e o sistema nervoso das pessoas?

Camila Pimentel:  Essa análise pode ser feita considerando algumas situações específicas. Por exemplo, em um restaurante fastfood, as cores vibrantes em tons de vermelho e amarelo aguçam o apetite. Enquanto que as luzes brancas e fortes, unidas à um mobiliário frio e não convidativo, favorecem a alimentação rápida e a liberação do espaço para aos clientes seguintes. Em contraposição, os restaurantes mais caros, trazem uma atmosfera mais intimista através de mobiliário aconchegante, cores em tons mais fechados e iluminação quente e indireta, convidando o cliente a permanecer por mais tempo e gastar mais dinheiro consumindo em seu espaço. Outro exemplo é uma casa planejada para um reality show, onde a profusão de texturas, estampas, mescla de cores, ambientes enclausurados e sem iluminação e ventilação natural, causam confusão mental, aumentando o nível de estresse e irritabilidade. Dessa forma, podemos ver na prática como o design afeta o sistema nervoso.

 

(En)Cena: Quais são os desafios mais comuns enfrentados ao tentar traduzir as descobertas da neurociência em práticas arquitetônicas?

Camila Pimentel:  O maior desafio é o interesse do cliente. Por ser leigo, muitas vezes o cliente deseja algo que sabemos que não é adequado para as atividades que ele vai exercer no ambiente solicitado. Cabe a nós a tarefa de instruir e revelar o que é o melhor e mais apropriado, enfatizando sempre qual o resultado final que ele deseja obter.

 

(En)Cena: Quais são os princípios de design que você considera essenciais para criar um ambiente acolhedor e seguro para os clientes em uma configuração terapêutica?

Camila Pimentel: Ao se propor um espaço como este, primeiramente devem ser analisados os aspectos arquitetônicos, como o tipo de portas e janelas, os quais devem ser feitos de materiais acústicos que impeçam a passagem do som para o ambiente lindeiro. Além disso, dentro do espaço deve ser pensado o uso de materiais que absorvam o som, como tapetes, estofados e cortinas, de forma a evitar a reverberação. No espaço terapêutico, a sensação de segurança primordial é a confidencialidade. O paciente precisa perceber que o que é dito ao terapeuta não será ouvido pelas pessoas que estão nos espaços adjacentes. Em segundo lugar, o acolhimento pode ser percebido através de um mobiliário confortável e aconchegante, fazendo com que ele se sinta abraçado e convidado a relatar suas dificuldades. Cadeiras muito rígidas ou de material frio, podem afastar e criar um desconforto ao usuário. Um ambiente terapêutico precisa ser organizado, sem muitas informações que tirem a atenção do paciente. O foco do ambiente deve ser a promoção do bem estar e da segurança, seja através de um layout ordenado, materiais naturais que tragam aconchego, presença de vegetação e uma iluminação indireta, com luz quente que traga mais serenidade ao espaço.

 

(En)Cena: Em ambientes terapêuticos recebemos pessoas com as mais diversas necessidades. Qual é o papel da acessibilidade e da inclusão social nos projetos arquitetônicos em termos de psicologia ambiental?

Camila Pimentel: Tornar os ambientes adaptados às atividades e, principalmente, a seus usuários é de fundamental importância para o bem-estar daqueles que habitam ou trabalham neste determinado espaço. O Desenho Universal é um exemplo disso, quando estimula a elaboração de ambientes, mobiliários e produtos que sejam adaptados às mais diversas necessidades e condições humanas. Informações e equipamentos intuitivos, de fácil alcance e manuseio promovem um espaço mais funcional e, consequentemente, mais usual seja para o idoso, a criança, a pessoa deficiente ou com mobilidade reduzida.

 

(En)Cena: Em sua opinião, como a colaboração entre psicólogos e arquitetos pode ser aprimorada para criar ambientes mais saudáveis e sustentáveis do ponto de vista psicológico?

Camila Pimentel: Através dos estudos de ambas as áreas de atuação, podemos aprimorar os trabalhos que envolvem o ambiente e seu impacto sobre o comportamento humano. As análises realizadas pelos psicólogos podem promover um aprofundamento do conhecimento dos arquitetos sobre as sensações e emoções evocadas pelos projetos realizados por nós e, assim, melhorar as proposições arquitetônicas considerando a necessidade de cada cliente.

 

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Ambiente de trabalho caótico: oficina de transtornos físicos e mentais

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Com o avançar da sociedade, as mutações presenciadas no setor industrial e de serviços, o crescimento exponencial das demandas em serviços necessários e voluptuários (supérfluos) tem criado um cenário profissional extremamente agitado de competição comercial para entregar o melhor produto e o mais eficiente para o consumidor.

Essa visão de produtividade e comprometimento com público-alvo é algo vem, como dito, se intensificando através dos anos, algumas empresas adotam a postura de aperfeiçoar o serviço desempenhado por seus colaboradores através de novas contratações ou supressões de etapas não essenciais na construção do seu objetivo.

Serviços e produtos que possuem grande demanda são encontrados em todos os seguimentos, por exemplo, automobilístico, aplicativos virtuais, suporte técnico, logística, até mesmo o delivery pode ser observado nesta ótica.

Mas nem tudo são rosas, uma das principais contrapartidas desse grande crescimento e até mesmo pressão dos consumidores em ter o melhor produto, na maior rapidez possível, com o custo-benefício extraordinário faz com que muitos empresários criem um cenário caótico entre seus colaboradores.

Obviamente que um cenário desordenado não é derivado somente da pressão causada pela sociedade em geral, muitas vezes o despreparo do gestor, a falta de uma equipe multidisciplinar que tenha ênfase em psicologia organizacional acaba por não conseguir evitar os atritos e pressões vivenciadas pelos trabalhadores.

As consequências dessa grande pressão, metas profissionais inalcançáveis torna um ambiente crítico que repercute diretamente na vida do indivíduo que exerce aquela atividade essencial para a satisfação direta ou indireta do público.

Fonte: Imagem no Freepik

Quem não se recorda, por exemplo, da comoção nacional para conscientização sobre os riscos dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT, popularmente conhecida como Lesão por Esforço Repetitivo – LER, que é resultante exatamente da grande “mecanização” do corpo humano na execução de uma atividade profissional. O DORT é apenas um dos riscos que já foram amplamente discutidos na mídia nacional. Contudo, outras situações também atingem a estima dos colaboradores, um ambiente de competitividade e cobrança desregulada cria na psique do indivíduo.

Excesso de cobrança, exaustão extrema, esgotamento físico são características da Síndrome de Burnout, uma condição que tem ganhado grande destaque em razão do grande risco à saúde dos profissionais no mercado de trabalho.

Fonte: Imagem no Freepik

De acordo com o próprio site governamental, a síndrome de Burnout causa depressão, exaustão física e mental, falta de vontade e energia, sentimentos de incompetência, priorização das necessidades de terceiros, alterações de humor, etc.

É uma condição que merece ser tratada com zelo e profissionalismo, vez que sua existência prejudica demasiadamente a vida íntima, pessoal e profissional do seu portador.

Medidas alternativas para construção de um ambiente de trabalho engajado e que entregue excelentes resultados da forma mais célere e eficiente possível já estão sendo estudados. Empresas que incentivam o desenvolvimento pessoal e trabalham de forma digna com a compensação de seus colaboradores já vem demonstrando sinais de melhor qualidade de vida organizacional.

Desta forma, o caos pode ser tratado, desestimulado e até mesmo transformado positivamente para o bem-estar daquele ambiente de trabalho.

REFERÊNCIAS

DESCONHECIDO. LER/DORT são as síndromes que mais acometem trabalhadores brasileiros. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca. INFORME ENSP. Disponível em <https://informe.ensp.fiocruz.br/noticias/52793> acesso em 26 ago 2022.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Síndrome de Burnout. disponível em<https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sindrome-de-burnout> acesso em 26 ago 2022.

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A importância da educação ambiental na infância

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“Ensina a criança no caminho em que ela deve andar”, esta referência bíblica pode ser usada no contexto da educação ambiental. Ou seja, a sustentabilidade e o meio ambiente devem ser ensinados desde cedo, e desenvolver esse comportamento em um pequenino, é contribuir para a formação de um adulto consciente, por meio de ações positivas. Evitar o desperdício de água, descarte correto dos resíduos, queimadas indevidas são alguns exemplos que devem ser cultivados na aprendizagem da criança.

Pensando nisso, o Ministério da Educação elaborou o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), um documento didático que direciona técnicas pedagógicas a serem utilizadas em sala de aula para o ensino aprendizagem da criança sobre educação infantil.  O objetivo do referencial é sociabilizar informações, discussões e pesquisas junto aos professores e demais profissionais da educação infantil, no ensino público no âmbito municipal e estadual.

Fonte: Freepick

Para isso, o RCNEI foi dividido em três volumes: Formação Pessoal e Social e Conhecimento de Mundo, Identidade e Autonomia, bem como Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática. A intenção da divisão em eixos de trabalho foi facilitar o trabalho do profissional da educação infantil para o desenvolvimento de atividades com os alunos para a prática educativa. O documento encontra-se disponível no portal do ME para consulta.

Sobre essa temática a Universidade Federal do Tocantins (UFT), campus de Palmas, lançou um projeto de extensão intitulado “BeeTec UFT”, que objetiva levar a educação ambiental à criança do ensino público, da Capital, por meio dos estudos das abelhas nativas do Tocantins. Inaugurado em 2019, a iniciativa disponibiliza sua versão online, devido à pandemia de Covid- 19, bem como página no Instagram e canal no YouTube.  O projeto de extensão é realizado pelo trabalho voluntário dos estudantes de iniciação científica e de pós-graduação da UFT.

Fonte: Universidade Federal do Tocantins (UFT)

Nesse sentido, Campus de Carvalho (2004) afirma que a maioria das pesquisas empíricas, demonstram a influência de aspectos físicos nas ações de crianças pequenas, oriundas da psicologia ambiental. Segundo o pesquisador, um aspecto ambiental físico faz-se necessário para a ocorrência de interações positivas, não só entre crianças, mas também delas com o adulto. Por isso, a importância do lúdico por meio de ações com características físicas para a assimilação do conteúdo exposto para a criança, no que tange a educação ambiental, bem como outras disciplinas.

Gleice Azambuja Elal (2013) aponta que o debate do ambiente no desenvolvimento infantil, bem como sua literatura na área das relações pessoa-ambiente são necessários para a construção de uma qualidade de vida na criança, a qual passa pela compreensão ecológica de seu comportamento. “A otimização das relações com o ambiente, preocupando-se com a definição de lugares que contribuam para a formação da identidade pessoal, das aptidões e competências individuais”.

REFERÊNCIAS

Campos-de-Carvalho, M. (2004). Psicologia ambiental e do desenvolvimento: O espaço em instituições infantis. In R. S. Guzzo, J. Q. Pinheiro & H. Günther (Orgs.), Psicologia ambiental: Entendendo as relações do homem com seu ambiente

ELALI, Gleice Azambuja. O Ambiente da Escola – o Ambiente na Escola : Uma Discussão sobre a Relação Escola-Natureza Educação Infantil. Estud. psicol. (Natal) 2003, vol.8, n.2. Disponível em: <http:// www.scielo.org/> Acesso em: 20 julho 2013

Ministério da Educação (ME). Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI). Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf. Acesso 01.out. de 21.

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Melhor é Impossível: análise funcional do comportamento de Melvin

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A análise do comportamento, desenvolvida por B. F. Skinner, é uma abordagem que busca entender o indivíduo a partir da interação com o seu ambiente.

Melhor É Impossível é um filme norte-americano de 1997, do gênero comédia romântica, dirigido por James L. Brooks e produzida por Laura Ziskin. É estrelado por Jack Nicholson como um romancista obsessivo-compulsivo misantropo, Helen Hunt como uma mãe solteira com um filho asmático, e Greg Kinnear como um artista gay. O roteiro foi escrito por Mark Andrus e James L. Brooks. Nicholson e Hunt ganharam o Oscar de Melhor Ator e Oscar de Melhor Atriz, respectivamente, tornando As Good As It Gets o filme mais recente que ganhou ambos os prêmios de atuação de protagonização, e o primeiro desde 1991, quando aconteceu com O Silêncio dos Inocentes. Ele é classificado na posição 140 da revista Empire da lista de “Os 500 Melhores Filmes de Todos os Tempos”.

A análise do comportamento, desenvolvida por B. F. Skinner, é uma abordagem que busca entender o indivíduo a partir da interação com o seu ambiente. Vale ressaltar que para a análise do comportamento o termo ambiente vai mais além do que seu significado em si, significa tanto a vida passada, o modo de interagir consigo mesmo, com as coisas físicas, materiais e as sociais, que é a relação com outras pessoas.

“A tarefa, em uma análise funcional, consiste basicamente em encaixar o comportamento em um dos paradigmas e encontrar seus determinantes” (Moreira, M. Medeiros, C. 2007. p.149), ou seja, ao encontrar os determinantes do comportamento através dos paradigmas, pode-se prevê-los e até mesmo controlá-los. Para que essa análise funcional seja elaborada corretamente é preciso que seja dominado os princípios do comportamento, que são os reforços, punição, extinção, controle aversivos.

É importante a prática de analisar filmes. Os professores de universidade ao elaborarem esta estratégia, conduzem os alunos a colocarem em prática o uso dos princípios teóricos discutidos em sala de aula, neste caso, a análise comportamental, ou seja, conduzem os alunos a aplicarem o seu conhecimento em situações do dia a dia. Como afirmam as organizadoras do livro Skinner vai ao cinema “Durante nossa experiência enquanto alunas e professoras de psicologia pôde comprovar que a análise de filmes traz excelentes resultados no que tange á maior participação dos alunos durante a aula, tornando o aprendizado mais ativo e atrativo.” (Curado Rangel de-Farias e Rodrigues Ribeiro, 2014 p.6), ou seja, ao relacionar o comportamento dos personagens dos filmes com as explicações dadas em sala de aula, permite o aluno a compreender, defender ou criticar a teorização estudada.

Melvin é um escritor que mora em um apartamento, adora fazer comentários maldosos para com os seus vizinhos. É portador de transtorno obsessivo–compulsivo (TOC), não toma remédios e não frequenta as sessões com o psiquiatra. Melvin sempre vai ao mesmo restaurante, come sempre com talheres descartáveis, não anda sobre as listras da calçada, tranca a porta várias vezes, não gosta de ter contato físico e social com outras pessoas, sempre que conversa com alguma pessoa é para ofendê-la, mesmo que ele não perceba. Através de confrontos com os outros personagens do filme, como a Carol a garçonete e Simon o vizinho Gay, Melvin passa a ter mudanças de comportamento, que através da análise funcional podem ser compreendidas. Melvin, por não gostar do cachorro de Simon o joga pela lixeira do prédio. Temos um exemplo de Reforço negativo, pois pode aumentar este comportamento, pois a consequência foi a retirada de um estímulo aversivo do ambiente.

Melvin também leva Carol para jantar durante uma viagem. Durante o jantar mais uma vez Melvin é idiota e intolerante, Carol se recusa a continuar a jantar com ele e vai embora. Temos um exemplo de punição negativa, pois é provável que esse comportamento diminua porque a consequência foi a retirada de algo prazeroso, neste caso, Carol.

Há mudanças nesses comportamentos de Melvin, quando ele é confrontado pelas pessoas que estão a sua volta. Sendo assim um exemplo de como o ambiente e as consequências influenciam no comportamento de uma pessoa. Simon é violentado fisicamente e enquanto está no hospital o cachorrinho é entregue para ser cuidado por Melvin. No começo Melvin o ignora, mas depois passa a ter um carinho e cuidado muito grande por ele, sendo retribuído com o carinho do cachorrinho, chegando ao ponto de o imitá-lo ao pular as linhas da calçada. Temos um exemplo de Reforço positivo, pois é provável que o  comportamento de dar carinho para o cachorro aumente, por que foi retribuído com algo apetitivo.

Melvin se apaixona por Carol, e seu ponto inicial é voltar a tomar os seus remédios para ter a atenção de Carol. Temos um exemplo de reforço positivo, pois é provável que seu comportamento aumente, pois a consequência é algo prazeroso.

Diante do exposto percebe-se como é possível predizer e controlar o comportamento através da análise funcional, e ao entender a análise do comportamento é possível compreender porque as pessoas se comportam da maneira que se comportam. Percebe-se que o ambiente está em completa interação com o indivíduo. Isto está claro na história de Melvin, pois ao se relacionar com outras pessoas, através do contato social e dos confrontos por parte de seus conhecidos, houve mudanças notáveis em seu comportamento. Passou a respeitar mais as pessoas, saber que nem tudo deve ser dito, começou a aceitar a sua doença e procurar ajuda, deixou de lado os seus costumes de sempre trancar a porta, até pisou em uma linha da calçada, deixou de usar luvas e passou a entender que é necessário o contato com o outro.

Diante de toda essa interação com o ambiente e através das consequências de seus comportamentos, que o levou a mudança, Melvin deixou o medo e se entregou a paixão por Carol, mostrando assim que as pessoas são capazes de influenciar na vida de outras, como Melvin disse para Carol, “Você me faz querer ser um homem melhor”. Através da análise funcional, pode-se compreender o comportamento de Melvin, buscando os determinantes do comportamento, tanto no meio externo quanto interno. E de como estamos em completa interação com o ambiente a nossa volta, sendo influenciado por nossas características fisiológicas, nosso meio social, as nossas experiências e pelos grupos, que são responsáveis pela forma que as pessoas se comportam.

FICHA TÉCNICA:

MELHOR É IMPOSSÍVEL

Título original: As Good as It Gets
Direção: James L. Brooks
Elenco: Jack Nicholson, Helen Hunt, Greg Kinnear, Cuba Gooding Jr.;
Ano: 1997
País: EUA
Gênero: Romance/Drama

REFERÊNCIAS: 

MOREIRA, M.B; MEDEIROS, C. A. Princípios Básicos de Análise do Comportamento. Porto Alegre. ArtMed. 2007.

FARIAS, A.K.C.R; RIBEIRO, M. R.(Org). Skinner vai ao cinema. 2. ed. Brasília. Instituto Walden 4, 2014. 267. v. 1.

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(ecos)sistemas

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“O que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato;
é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção.
Representa uma atitude de ocupação, preocupação,
de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro.”

Leonardo Boff

Como o homem produz sua existência na contemporaneidade, tendo consciência de que ele também se produz nessa relação?

Questões como Humanidade, Cuidado, Responsabilidade Ambiental, Fraternidade e Vida, foram conceitos centrais e que nortearam a fala do Teólogo Leonardo Boff na última quarta-feira (04/06/2014), no Centro Universitário Integrado de Ciência, Cultura e Arte (CUICA), na abertura da Semana do Meio Ambiente de Palmas, promovido pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), Palmas/TO.

Na conferência intitulada “Meio Ambiente e Cidade – AS 4 Ecologias: Ambiental, Política e Social, Mental e Integral” Boff trouxe um panorama histórico e cultural do olhar do homem para o meio ambiente, enquanto tecia críticas ao modelo de organização social. O mundo no qual vivemos é fruto da ação desse homem concebido pós-capitalismo, e que, frente às revoluções cientificas e tecnológicas, iniciadas no século XVIII, e que ainda se propagam o homem começa a repensar sua inserção posição dicotômica: (ser)humano versus (uni)verso, e assim, produz novos saberes.

Em rápida analise, podemos entender que as transformações históricas e culturais acontecem em nível micro e macro, sempre alinhavada pelo modo como homem se relaciona com o meio ambiente (ecossistema) – de modo direto e indireto – e com seus iguais, aqui abrimos aspas para um tópico importante: a qualidade de nossas relações interpessoais, que também englobam: a promoção/construção de saúde e os processos de adoecimento e organização do modo de trabalho. Nesse aspecto, considero que a psicologia, assim como várias áreas das ciências da saúde e humanas, parece exercer um papel mais efetivo. É nesse cenário que ela encontra elementos para uma intervenção significativa.

Ainda falando de psicologia, acredito que o contexto central é – e parece-me que sempre será – a qualidade das/nas relações humanas, ou seja, o modo de implicação do ser (homem) nessas relações, num cenário de (co)responsabilidades e tomada de consciência/decisão. O resultado de toda e qualquer relação é, portanto, o homem, na produção de sua humanidade. Essa construção do ser não acontece isolada. Mas em nível grupal (relacional), intra e interinstitucional.

Na conjuntura social vigente, vê-se a necessidade de uma transformação no modelo institucional, cientifico, legislativo, cultural, religioso etc. A palavra chave é o Cuidado, não apenas do homem para com o homem, ou do homem para com o meio, mas sim, do homem com o todo, e como parte total desse todo.

É destaque um crescente movimento contrário ao regime social vigente, e que busca acordar nos Seres, habilidades que foram se perdendo, nesse modelo artificial e mecanicista de produção de vida que está posto, e que pauta-se em interesses particulares, muitas vezes de cunho egoísta.

Ao final da conferencia, passei a ver com mais clareza, que os seres são, todavia, resultado direto da qualidade de suas relações (diretas e indiretas), o que implica diretamente na necessidade de uma produção de cuidado. O processo de adoecimento instaura-se numa conjuntura: intra/inter/sujeitos, com o meio e, de volta, consigo mesmo. E não há como se isentar de nossa responsabilidade com o meio ambiente, que é o todo, sistematicamente interligado.

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