Além do ícone da beleza: Marilyn Monroe

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Musa recebe diagnóstico de transtorno de personalidade Borderline e tem uma vida meteórica

Marilyn Monroe (cujo nome verdadeiro era Norma Jeane Mortensen), nasceu no dia 1º de junho de 1926 em Los Angeles, Califórnia, nos Estados Unidos. Durante seus 36 anos, superou muitas fases difíceis em sua vida, possuía muitos traumas, problemas e sonhos. Os homens a viam como uma coisa que ela não era, uma “loira ingênua e tonta”, burra, que só servia para uma coisa: ser sexy. No fundo ela era outra pessoa: doce, amável, sentia uma profunda solidão e um vazio, era exigente consigo mesma, insegura, reflexiva, instável, tinha uma baixa autoestima, imaturidade e dependência.

Em 1930 recebeu um diagnóstico de transtorno de personalidade Borderline, que seria uma condição, segundo o DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª Ed. 2013), que envolve um padrão de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e dos afetos e de impulsividade acentuada, assim causando comportamentos autodestrutivos, como ela fazia, se sedando com barbitúricos (calmantes).

Fonte: encurtador.com.br/anH27

Os médicos associaram também uma personalidade histriônica – condição mental que causa na pessoa emoções intensas, instáveis e autoimagens distorcidas, sua autoestima depende da aprovação dos outros. Eles têm um enorme desejo de ser notados, e muitas vezes se comportam de forma dramática ou inadequadamente para chamar a atenção. Dependente – condição ansiosa caracterizada pela incapacidade de ficar sozinho, precisam de outras pessoas para obter conforto, segurança, conselhos e apoio, e comportamentos paranoides, que seria um padrão generalizado de desconfiança e suspeitas dos outros. De fato ela tinha um transtorno de personalidade, acredito que tinha traços de quatro personalidades.

Alguns fatores contribuintes para isso vem desde quando era pequena, ela não conheceu o pai (uma vez que a mãe teve muitos namorados, não se sabe quem ao certo era o pai), ao mesmo tempo sua mãe teve um histórico associado à psicose e depressão, sendo internada em um hospital psiquiátrico do estado com transtornos mentais. Fiz pesquisas e descobri que a avó (depressão) e o bisavô (depressão) também tinham problemas mentais. Após isso, ela ficou sem alguém para cuidar dela, e acabou sob guarda do estado tendo que, no total, morar e passar por 11 casas adotivas, sofrendo abusos sexuais várias vezes na sua adolescência.

Fonte: encurtador.com.br/anH27

Ela teve num total três casamentos, todos fracassados; o primeiro foi com um vizinho dela, ela tinha 16 anos. Arranjou um trabalho numa fábrica e um fotógrafo se encantou por ela e a chama para ser modelo. Norma Jeane então assina o contrato com o Twenty Century Fox, no mesmo tempo que o marido se alista para a Marinha e vai embora, o que culminou na separação do casal. Em 1946, ela muda de Norma Jeane para Marilyn Monroe, pinta o cabelo de loiro e começa a fazer filmes, no ano seguinte assinou com a Columbia Pictures, onde permaneceu por seis meses.

Após uma série de pequenos filmes, retornou para a Fox. Em 1949, pousou nua para um calendário (o que na época seria um escândalo, recebendo apenas 50 dólares). Em 1953 pousou para a revista Playboy. De repente estourou e subiu, sua sensualidade e instinto de comediante fizeram-na subir na carreira de forma meteórica, sendo chamada de “loira fatal” na comédia romântica “Os Homens Preferem as Loiras” (1953). Em 1954 ela casou de novo com um ex-jogador de beisebol Joe Dimaggio (muito ciumento), mas se separou 9 meses depois. Em 1956 se casou com Arthur Miller, inclusive ela ficou grávida; tinha um sonho de construir uma família e ser mãe, mas não teve êxito. Separaram-se em 1961.

Fonte: encurtador.com.br/anH27

Marilyn Monroe tinha muitos amantes, muitos namorados, e muitos homens, isso me passa a sensação de que seria para suprir sua carência com os casamentos (figura masculina que não foi preenchida). Esses fatores como os casamentos fracassados e os sonhos frustrados de ser mãe só pôde alimentar o vazio existencial e a solidão. Ela até aqui nesse ponto me passa a impressão de que estava perdida, que não sabia como retomar sua vida, que se sentia abandonada. Até aqui, ela parava em reabilitações devido ao uso de bebidas e barbitúricos, chegaram a alegar que ela estava com depressão, Marilyn atrasava muito em filmagens e faltava a muitos compromissos.

Eu acredito que não foi intenção dela se suicidar, já que ela se sedava com frequência para fugir da dor e do vazio, sempre dormia e voltava ao normal; acho que ela só queria fugir dos sentimentos por que não tinha muitos recursos emocionais. Creio que não estava planejando morrer, só queria “fugir” e então no dia 5 de agosto de 1962, tomou 20 comprimidos de Nembutal, um barbitúrico, resultando em sua morte. Foi encontrada em sua cama, e a causa do óbito foi determinada como overdose por barbitúrico e anunciada como suicídio pelo departamento médico legal de Los Angeles, causando imediata comoção mundial em razão da sua fama e do ícone de beleza que era, se tornando uma estrela eterna de Hollywood.

marilyn monroe kiss GIF
Fonte: encurtador.com.br/beMV0

Referências:

A lenda Marilyn Monroe, biografia em vídeo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=TnUZ402Zcms&t=13s>. Acesso em:15 de fevereiro 2019.

AZEVEDO, Tiago. Disponível em: <https://psicoativo.com/2016/07/transtorno-da-personalidade-histrionica-causas-sintomas-tratamentos.html>. Acesso em: 20 de fevereiro 2019.

Biografia Marilyn Monroe | History. Disponível em: <https://seuhistory.com/biografias/marilyn-monroe>. Acesso em: 15 de fevereiro 2019.

Fãs da psicanálise |transtorno de personalidade dependente em : <https://www.fasdapsicanalise.com.br/transtorno-de-personalidade-dependente/>. Acesso em: 20 de fevereiro 2019.

FRAZÃO, Dilva. Disponível em: <https://www.ebiografia.com/marylin_monroe/>. Acesso em: 15 de fevereiro 2019.

VINOCUR, Evelyn. Disponível em: <https://www.minhavida.com.br/saude/temas/transtorno-de-personalidade-borderline?&tb_cb=1>. Acesso em: 20 de fevereiro 2019.

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“Beleza Americana” e o ideal de felicidade

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Beleza americana, filme ganhador de cinco oscars no ano de 2000, (Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator, Melhor Roteiro Original e Melhor Fotografia), inicialmente nos deixa em conflito, ficar ao lado do Lester, personagem interpretado por Kevin Spacey, um pai de família “fraco” que se sente atraído pela amiga adolescente da filha, essa sendo o típico estereótipo adolescente: insegura, irritada e confusa, ou ao lado de sua esposa Carolyn, interpretada por Annette Bening, que é extremamente controladora, gananciosa e mãe ausente, formando uma família americana comum e feliz, com certeza o sonho de todos os jovens apaixonados.

Logo no começo, Lester se encanta por Angela, vários fatores contribuem para isso, a insatisfação com seu casamento, a monotonia da rotina, o desejo de se arriscar, a saudades da sua juventude. Esse novo sentimento o faz perceber que nunca é tarde demais para recomeçar, em busca disso, ele pede demissão, começa a se exercitar, compra um carro.

Época conhecida na Psicoterapia Junguiana como processo de Individuação, onde o adulto intermediário reconhece que a vida tem fim e tenta dar voz as atividades que uma vez teve que negligenciar, envolvendo momentos decisivos para o self, e ao contrário das metas do relógio social, não são impostas pela sociedade.

Fonte: https://bit.ly/2D0kIf7

De acordo com a Teoria da personalidade de Sigmund Freud, o Id são os instintos irracionais, as punções selvagens que nascem com o indivíduo, o Ego é responsável por satisfazer esses instintos de forma racional e menos imediatista, o Superego são esses instintos se adequando a vivência em sociedade, percebe-se esses três aspectos no maior conflito do protagonista: o relacionamento com uma adolescente menor de idade, sendo considerado moralmente errado, e para piorar ele é um homem casado e pai de família, esse também foi o motivo de tanto fascínio e inquietação por parte do público. Tal dilema de fazer o que eu quero versus o que a sociedade impõe que eu faça, não afligem somente Lester mas todos os demais personagens.

Lester tem 42 anos, nessa idade, a maioria das pessoas costumam pensar que já viveram tudo que tinham para viver, só resta auxiliar os filhos na jornada deles e esperar a morte. Contudo, Lester foge do padrão socialmente estabelecido para a idade dele, busca reestruturar sua vida e reconstruir projetos, cenário exemplificado na frase de Simone de Beauvoir: “Um futuro limitado e um passado a ser resgatado”. Como também, não há problema algum em seguir o padrão, o problema é quando começa a acreditar que esse é o único caminho, e você não será feliz se não o alcançar.

Fonte: https://bit.ly/2R7L5mw

Angela, amiga da filha de Lester, é o estopim para mudança de vida dele e consequentemente de toda a família. Ao contrário da imagem de popular, destemida e conquistadora que tenta passar, Angela, como a maioria das adolescentes, é inexperiente, insegura com o corpo, e seu maior medo é ser uma garota comum. Carolyn, esposa de Lester, parte do mesmo princípio de Angela: viver uma vida à espera da aprovação alheia, tentando vender uma imagem de suas vidas pessoais, vivendo de aparências e transformando suas vidas em uma grande propaganda.

A personagem Carolyn reveza entre momentos do puro autocontrole, contendo seus sentimentos, á momentos de surtos emocionais. Ela busca fugir da sua própria representação de falsa felicidade, ao ter um caso com um corretor de imóveis famoso, que oferece o que ela aspira: liberdade e identificação, por ele ser alguém ambicioso como ela.

Fonte: https://bit.ly/2CwEIoJ

Filme criado em 1999, à 19 anos atrás, mas não deixa de ser atual. Visto que tal situação vivenciada por Angela e Carolyn é uma característica marcante das relações da sociedade contemporânea. É imensamente perigoso fazer escolhas baseadas no consentimento alheio, isso nos coloca dentro de uma caixa, limitando e oprimindo, ficando cada vez mais longe da autossatisfação e autoestima adequada.

Outro exemplo dentro do próprio filme, e ouso dizer o mais surpreendente ao mesmo tempo que é obvio­, é sobre o vizinho Coronel Fitts, sua frieza e crueldade são uma máscara para esconder seus desejos, sua homofobia uma capa para esconder sua homossexualidade. O que reforça a ideia que aquilo que você odeia nos outros é o que você reprime, Sigmund Freud chama isso de Projeção, um mecanismo de defesa no qual você, inconscientemente, se reconhece no outro e passa a repudiar tal característica, retirando uma carga que seria originalmente sua e projetando no outro.

Fonte: https://bit.ly/2JeP3a3

A única beleza da vida é mostrada através do namorado da filha de Lester, que passa seu tempo livre filmando as pessoas, tentando captar sua vulnerabilidade, através das lentes de uma câmera. Ele apresenta uma nova maneira de ver a arte, um olhar peculiar sobre a beleza, que está em coisas simples e até mesmo consideradas feias. Quando ouvimos que temos que aproveitar os pequenos momentos, e admirar a beleza da vida, ainda somos superficiais, por isso há estranheza quando o filme mostra que a real beleza está no vento, na morte de um pássaro, na morte de alguém. Lester percebe isso no momento de sua morte, o sorriso do personagem principal ao saber que a filha estava bem, transmite como ele poderia ter sido feliz se tivesse escolhido ser feliz e não só se deixar levar pela maré.

O que causa maior identificação do público com o filme é o fato de não ter a típica divisão de mocinhos e vilões, representando a realidade nua e crua, com alguns exageros para ressaltar o aspecto cômico e dramático do filme, mostrando que todos têm defeitos e acertos. Através da letargia envolvente sobre a história da vida de Lester, o filme expõe defeitos humanos, como egoísmo, vaidade, mentiras, preconceito, traição, e dramas comuns, sem tentar florear a realidade.

FICHA TÉCNICA DO FILME

Fonte: https://bit.ly/2yX7ETb

Direção:  Sam Mendes
Roteiro: Alan Ball
Elenco:  Kevin Spacey, Annette Bening, Thora Birch, Wes Bentley, Mena Suvary
Ano: 1999

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