Grace and Frankie: uma ode à meia idade, à amizade e ao recomeço

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“Nós somos como vinho, ficamos melhores com o tempo.” – Frankie

A série Grace e Frankie é uma refrescante comédia que narra a jornada de duas mulheres que se reinventam e desafiam paradigmas aos 70 anos. Após quatro décadas de casamento, suas vidas são viradas do avesso quando descobrem que seus respectivos maridos mantinham um relacionamento amoroso há 20 anos e agora decidiram se casar. Devastadas e sem rumo, Grace e Frankie — personalidades opostas — veem seus caminhos se entrelaçam ao serem forçadas a dividir a casa de praia que pertence a ambas as famílias.

O que começa como uma convivência turbulenta se transforma em uma amizade poderosa. Entre risadas, desentendimentos e descobertas, Grace e Frankie constroem um vínculo que as fortalece, recusando-se a aceitar imposições e limitações sociais. Juntas, exploram novos prazeres, redescobrem seus corpos e unem suas mentes brilhantes e criativas, provando que as mulheres são capazes de tudo — em qualquer fase da vida.  

Grace, sofisticada e controladora, e Frankie, uma artista livre e espirituosa, têm personalidades opostas, o que torna a convivência um desafio repleto de impasses e divergências. No entanto, essa relação também é sua maior força: suas diferenças as complementam e as desafiam, despertando uma na outra, potencialidades até então desconhecidas. A série aborda questões fundamentais como aceitação do corpo, desejo sexual e a importância de viver plenamente e com autenticidade.  

Quebrando barreiras, Grace e Frankie escancararam a invisibilização do desejo feminino em mulheres maduras e questionaram a ideia de que a sexualidade tem prazo de validade. A trama explora temas como masturbação, sexo a dois e a necessidade de produtos específicos para o prazer feminino nessa fase da vida, como lubrificantes e vibradores. Com sensibilidade e humor, a série reforça que intimidade e prazer não são exclusividade da juventude.  

Fonte: https://shre.ink/e4Gb

A dinâmica familiar também ganha destaque, explorando os desafios das relações intergeracionais. O convívio com os filhos revela nuances sobre diferentes tipos de maternidade, expectativas e individualidade. Filhos que amam suas mães, mas precisam lidar com suas próprias inseguranças e medos; mães que desejam ser cuidadas, mas se recusam a renunciar à própria independência. Ao longo da série, acompanhamos a luta de Grace e Frankie para provar que são perfeitamente capazes de cuidar de si mesmas. Com bom humor, teimosia e uma dose de caos, elas desafiam os estereótipos da velhice, mostrando que essa fase da vida pode ser sinônimo de vitalidade, ousadia e autodescoberta.  

Outro ponto central da trama é a relação com os ex-maridos, Robert e Sol. Assumidamente gays, eles precisam lidar com a culpa e a dificuldade de reconstruir laços com as ex-esposas e os filhos. Para Grace e Frankie, o impacto da revelação é devastador, levando-as a questionar suas próprias identidades e os papéis que desempenharam ao longo de seus casamentos. No entanto, ao longo da série, vemos essa dor se transformar: da mágoa e do ressentimento surgem a amizade, o respeito mútuo e novos formatos de relações familiares.  

As histórias românticas também assumem um papel importante. Depois de décadas de casamento, Grace e Frankie se veem solteiras e livres para explorar novos amores. Seus relacionamentos são retratados de forma leve e divertida, com momentos cômicos e situações inusitadas, mas a série também aborda temas como insegurança, medo da rejeição e a necessidade de se sentir desejada e amada, independentemente da idade. A trama desafia os estereótipos sobre amor e sexualidade na terceira idade, mostrando que relacionamentos intensos e significativos podem acontecer após os 70 anos.  

Ainda assim, o grande coração da série é a amizade entre Grace e Frankie. Juntas, elas descobrem que são revolucionárias, aprendendo sobre liberdade, amor e o direito de existir sem que suas identidades sejam anuladas no processo. Grace e Frankie é uma série arrebatadora que nos convida a refletir sobre como a cultura apaga e invisibiliza corpos, tornando essencial que essas vozes sejam ouvidas. Mais do que nunca, a série reforça que idade não define o potencial de uma mulher — e que ter alguém ao lado para segurar sua mão torna essa jornada ainda mais poderosa.  

Ficha técnica
 Título original: Grace and Frankie

Estrelando: Jane Fonda, Lily Tomlin, Martin Sheen

Criação: Marta Kauffman, Howard J. Morris

Ano de Produção: 2015

Gênero: Comédia e drama

País de Origem: Estados Unidos

Lily Tomlin conquistou quatro indicações ao Emmy e uma ao Globo de Ouro por seu papel nesta série de comédia.

 

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“Matilda” – as relações no ambiente escolar e o impacto no desempenho das crianças

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O meio educacional pode ter grande influência no desempenho e desenvolvimento da criança nas escolas.

Matilda é um filme de comédia e fantasia baseado no livro homônimo de Roald Dahl. Lançado em 1996 e dirigido por Danny DeVito, o filme conta a história de Matilda Wormwood, uma criança prodigiosa e inteligente, cuja família a trata com negligência e desdém. Enquanto seus pais estão envolvidos em esquemas de golpes, Matilda descobre que possui habilidades telecinéticas, que ela começa a desenvolver e controlar.

Matilda enfrenta dificuldades na escola, onde a diretora tirânica, a Senhorita Trunchbull, faz da vida dos alunos um verdadeiro inferno. Com seu intelecto e poderes especiais, Matilda começa a lutar contra a injustiça na escola, ajudando seus amigos e buscando justiça contra a Senhorita Trunchbull.

Através da amizade com sua professora, a Senhorita Honey, Matilda encontra apoio e compreensão. Juntas, elas buscam enfrentar os desafios e traumas do passado de Matilda e da Senhorita Honey, criando um laço forte entre elas.

O filme aborda temas de empoderamento infantil, família disfuncional, amizade e superação. Com um toque de magia e humor, “Matilda” captura a jornada de uma criança excepcional que usa sua inteligência e habilidades especiais para conquistar seu lugar no mundo e fazer a diferença na vida daqueles ao seu redor.

A relação entre Matilda e a diretora Trunchbull é central para a trama do filme “Matilda”. A Senhorita Trunchbull é retratada como uma figura autoritária, tirânica e cruel na escola em que Matilda estuda. Ela é conhecida por impor regras rigorosas e aplicar punições severas aos alunos, muitas vezes de forma injusta e abusiva.

Matilda, por outro lado, é uma criança extremamente inteligente e sensível, que enfrenta desafios tanto em casa, com pais negligentes e desinteressados, quanto na escola, devido à opressão da Senhorita Trunchbull. A relação entre Matilda e a Senhorita Trunchbull é marcada por conflito, já que Matilda é uma das poucas crianças que ousa desafiar a autoridade e injustiça da diretora.

A habilidade telecinética de Matilda adiciona um elemento único à relação, permitindo que ela enfrente a Senhorita Trunchbull de maneiras criativas e, muitas vezes, humorísticas. Matilda usa suas habilidades para realizar pequenos atos de vingança, como mover objetos ou pregar peças na diretora, o que serve para aliviar a tensão e proporcionar momentos engraçados no filme.

A relação entre Matilda e a Senhorita Trunchbull culmina em um confronto emocionante e climático, onde Matilda usa suas habilidades para expor a verdade sobre os abusos e injustiças cometidos pela diretora. Esse confronto não apenas empodera Matilda, mas também ajuda a libertar a escola da opressão da Senhorita Trunchbull.

No geral, a relação entre Matilda e a diretora Trunchbull representa o conflito entre a inocência e a maldade, a inteligência e a ignorância, e o desejo de justiça contra a opressão. Através desse relacionamento, o filme explora temas de coragem, resistência e o poder de usar habilidades únicas para enfrentar adversidades.

                                                                                                                        Fonte: https://l1nk.dev/Is0uc

Por outro lado, a relação entre Matilda e a professora, a Senhorita Honey, é uma das partes mais tocantes e positivas do filme “Matilda”. A Senhorita Honey é a única figura de autoridade na vida de Matilda que demonstra compreensão, bondade e apoio genuíno. Essa relação desempenha um papel crucial no desenvolvimento emocional e no crescimento de Matilda ao longo da história.

Desde o início, a Senhorita Honey reconhece a inteligência excepcional de Matilda e fica impressionada com suas habilidades. Ela percebe que Matilda está subutilizada na escola e a ajuda a avançar academicamente, fornecendo-lhe livros e desafios mais avançados. Além disso, ela demonstra interesse pelo bem-estar emocional de Matilda, percebendo os desafios que ela enfrenta em casa e na escola.

A relação entre Matilda e a Senhorita Honey se baseia em confiança mútua e respeito. A Senhorita Honey não apenas apoia o crescimento intelectual de Matilda, mas também a encoraja a explorar suas habilidades especiais e a enfrentar a injustiça. Ela serve como um modelo de adulto amoroso e responsável, contrastando com as figuras negligentes e abusivas que cercam Matilda.

Conforme a história avança, Matilda e a Senhorita Honey desenvolvem um vínculo forte e emocional. Matilda é atraída pela gentileza e empatia da Senhorita Honey, enquanto a professora vê em Matilda uma oportunidade de ajudar uma criança talentosa a prosperar.

                                                                                                                   Fonte: https://sk.pinterest.com/

Relações ruins com os educadores e membros da administração escolar podem afetar o desempenho de uma criança na vida escolar de diversas maneiras. De acordo com Baker (2006), a natureza da relação entre professor e aluno é um indicador poderoso da adaptação escolar, especialmente quando se trata de crianças que demonstram problemas comportamentais na sala de aula.

Baker (2006) ressalta adicionalmente que a interação entre professor e aluno é fundamental para estimular o envolvimento das crianças no processo de aprendizagem. Além disso, ela serve como alicerce para a formação de crenças adaptativas em relação a si mesmas e ao mundo social, bem como para a aquisição de habilidades autorreguladoras e socioemocionais, que são elementos cruciais no contexto escolar.

Assim, uma criança que enfrenta falta de apoio, tratamento injusto ou desrespeito por parte dos professores, diretores ou coordenadores, isso pode ter consequências negativas em seu bem-estar emocional e mental. Isso pode levar a baixa autoestima, ansiedade, depressão e falta de motivação para participar ativamente nas atividades escolares.

Birch e Ladd (1997) complementam que crianças que desfrutam de uma relação mais estreita com o professor tendem a enxergar o ambiente escolar como uma fonte de apoio, o que contribui para a formação de atitudes positivas em relação à escola. Essas crianças sentem-se à vontade para compartilhar seus sentimentos e inquietações, permitindo-lhes buscar ajuda e orientação de maneira apropriada enquanto se esforçam para se adaptar ao ambiente escolar.

Dessa forma, relações positivas com os educadores e membros da administração têm um impacto significativo no desempenho escolar de uma criança. O apoio e o incentivo vindos dos professores, diretores e coordenadores podem criar um ambiente onde a criança se sente valorizada e encorajada. Isso pode levar a uma maior autoconfiança, motivação para aprender, participação ativa em sala de aula e busca de oportunidades extracurriculares.

Cultivar um relacionamento positivo com os estudantes pode desempenhar um papel preventivo em relação a questões disciplinares dentro da escola. Além disso, essa dinâmica pode contribuir para reduzir o estresse e a exaustão do professor, enquanto promove o crescimento profissional do educador (Fraser; Walberg, 2005; Wubbels, 2005).

As interações com os educadores e membros da administração também podem influenciar a percepção que a criança tem de si mesma. Relações positivas com esses adultos responsáveis pela educação podem ajudar a desenvolver uma imagem positiva de si mesma e de sua identidade, promovendo um ambiente de respeito mútuo e aceitação.

Em resumo, relações ruins com os educadores e membros da administração podem prejudicar o desenvolvimento acadêmico e emocional de uma criança, enquanto relações positivas têm o potencial de fortalecer sua confiança, motivação e envolvimento na vida escolar.

Um psicólogo pode intervir em situações em que uma criança enfrenta relações negativas com educadores e membros da administração escolar. Eles podem oferecer aconselhamento individual para que a criança expresse seus sentimentos, desenvolver habilidades sociais e emocionais para lidar com desafios.

Ademais, os psicólogos escolares desempenham um papel crucial na prevenção e intervenção em questões comportamentais. Eles utilizam abordagens teóricas, como a teoria cognitivo-comportamental, para ajudar os alunos a desenvolver habilidades de autorregulação emocional e social. Como Bandura (1986) destacou, “A autoeficácia é fundamental para a regulação do comportamento. As pessoas que acreditam que podem executar ações específicas tendem a se esforçar mais e a persistir mais diante de desafios”. Os psicólogos escolares trabalham para fortalecer a autoeficácia dos alunos, ajudando-os a lidar com situações de conflito, bullying e outros desafios sociais.

Outra área de atuação importante dos psicólogos escolares é a orientação vocacional. Através de abordagens baseadas na teoria do desenvolvimento de Erikson, eles auxiliam os alunos na exploração de suas identidades vocacionais e no planejamento de suas trajetórias acadêmicas e profissionais. Como Erikson (1959) afirmou, “A identidade profissional é uma parte crucial do desenvolvimento do ego na adolescência”. Os psicólogos escolares orientam os estudantes na tomada de decisões importantes relacionadas à educação e carreira.

Além disso, atuar como mediador na comunicação entre a criança e os educadores, fornecer orientação aos pais para melhor apoiar a criança, defender medidas apropriadas junto à escola em casos mais graves, ensinar estratégias de resiliência para enfrentar desafios, acompanhar o progresso ao longo do tempo e garantir o apoio contínuo da criança. No geral, um psicólogo ajuda a criança a lidar emocionalmente com as relações ruins e a desenvolver as habilidades necessárias para enfrentar positivamente a vida escolar.

 

 

REFERÊNCIAS

  1. Baker, J. A. (2006). Contribuições das relações professor-criança para a adaptação escolar positiva durante o ensino fundamental. Revista de Psicologia Escolar e Educacional, 44, 211-229.
  2. Birch, S. H., & Ladd, G. W. (1997). A relação professor-criança e a adaptação escolar inicial das crianças. Revista de Psicologia Escolar e Educacional, 35 (1), 61-79.
  3. Fraser, B. J., & Walberg, H. J. (2005). Pesquisa sobre relações professor-aluno e ambientes de aprendizagem: contexto, retrospectiva e perspectiva. Revista Internacional de Pesquisa Educacional, 43, 103-109.
  4. Wubbels, T. (2005). Editorial: Percepções dos estudantes sobre as relações professor-aluno na sala de aula. Revista Internacional de Pesquisa Educacional, 43, 1-5.
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O Último Vagão

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No mês em comemoração ao Dia do Professor, uma ótima opção para refletir sobre o poder transformador da educação.

Lançado em 2023, o filme “O Último Vagão”, do diretor Ernesto Contreras, é uma produção mexicana que emociona com a história da professora Georgina (Adriana Bazarra) que se dedica a transformar a vida de seus alunos, especialmente do aluno Ikal (Kaarlo Isaacs), trazendo uma mensagem poderosa a respeito do poder transformador da Educação, abordando o problema do acesso à educação e a valorização dos professores.  

A professora Georgina é uma idosa e pedagoga  obstinada, que trabalha em uma escola que é um vagão de trem abandonado em um povoado (zona rural) do México, de forma lúdica e aproveitando o cenário em sua volta que por muitas vezes ultrapassava o vagão, se estendendo a natureza envolta ou a situações que aconteciam com seus alunos e família, o ensinamento sempre era aplicado. A relação aluno e mentor se estabelecia não só no contexto escolar mas também no meio social do povoado, pois a figura de autoridade da professora Georgina se construiu além do vagão. Ensinava a ler e escrever com seus pouquíssimos livros antigos, eram esses instrumentos que auxiliavam em suas majestosas aulas. 

Devido a idade a professora estava ficando cega, o que atrapalhava em alguns momentos em sala de aula, mas persistia. Sem salário não tinha finanças o suficiente para se manter, havia perdido os entes queridos mais próximos, mas permanecia fazendo o que mais gostava que era dar aula, cativando a todos,  mudava o destino de quem se permitia estar com ela.

  

                                                                                                           Fonte:adorocinema.com

No filme evidencia a história do pequeno Ikal (Kaarlo Isaac), filho de uma dona de casa com enfermidades respiratórias e de um pai operário dos trilhos de trem do interior do México, ambos analfabetos, ele vive os dias brincando com seus novos amigos num povoado desabastecido. A rotina do garoto é modificada quando conhece a professora Georgina, que convence os pais do menino a permiti-lo a estudar na escola do povoado. 

Ikal, além de conhecer a professora Georgina e fazer amizade com três amigos Valéria, Tuerto e Chico que já moravam no empobrecido povoado do México, Ikal também adota um cachorro vira-lata abandonado batizado como Quetzal. As relações estabelecidas por Ikal conduz a reflexão sobre amizades sinceras, que levam a acreditar nas potencialidades humanas nas ações de educar e de querer aprender. Mesmo cercado de situações contraditórias e inusitadas, dificuldades materiais da escola e dos alunos, e a política de brutal descaso do governo mexicano para com a educação da época retratada.

As aventuras do garoto Ikal, que quer, sim, aprender a ler, mas também se divertir com os amigos, brincar com seu cãozinho Quetzal e conhecer o circo recém chegado ao povoado, mas principalmente ficar mais próximo de sua paixão: a simpática Valeria (Frida Cruz), tudo isso contracenam com as imagens exuberantes locais.  

                                                                                                                         Fonte: Netflix.com

No decorrer do filme, o enredo mostra uma grande surpresa que entrelaça passado e futuro. Esse ato se dá aos poucos construído a cada cena do filme, reafirmando o que foi semeado pela educação naquele vagão abandonado pela professora Georgina. O “progresso” da educação já acontecia naquele vagão há tempos, independente do que o governo da época pretendia com as escolas. 

                                                                                                                                        Fonte: papodecinema.com

Um grande momento: A salamandra. 

Como lição de casa os alunos foram desafiados a trazer algo para aula, poderia ser um objeto, uma criatura viva, enfim, algo que o aluno quisesse compartilhar com os colegas e a professora Georgina. Ikal chegou atrasado na aula pois estava a procura de um ser vivo para levar, até que em uma lago a caminho da escola encontrou uma salamandra. 

O primeiro a apresentar o que havia levado a turma e professora foi Tuerto, levou uma linda borboleta monarca. A professora Georgina admirou a beleza da borboleta e falou sobre sua característica de promover vôos do Canadá até o México, um dos insetos mais fascinantes que tinha na natureza  e ao final compara a borboleta ao aluno Tuerto. Conhecedora do amor do aluno pelos trens, diz que imaginava Tuerto nas ferrovias do país  percorrendo de norte a sul. 

O próximo a ser convidado é Ikal, foi questionado pela professora o que havia com ele, pois apresentava um comportamento quieto e cabisbaixo, o que não era comum. Foi logo chamado a vir ao centro para expor sua tarefa de casa. Em um frasco de vidro, havia uma água turva, lá estava uma salamandra, antes denominada por Ikal como “um bicho nojento”. 

A professora Georgina elogiou o animal como “um ser vivo lindo, maravilhoso, fascinante e extraordinário”, descrevendo suas características, enfatizando o fato dela se adaptar a viver em diversos ambientes e reconstruir-se. Nesse momento a professora Georgina olha nos olhos de Ikal e pede para que ele se lembre de que enquanto ele estiver vivo, Ikal poderá ser o que quiser e poderá viver onde quiser, enquanto ele estiver vivo deverá escolher uma boa vida, deverá escolher bem o que quer para ser feliz. 

Fez uma alusão a vida do aluno Ikal, trazendo à evidência o poder de adaptação e reconstrução que Ikal tinha dentro de si. Apresenta um mundo de possibilidades, o mundo onde a educação alimentava, fortalecia cada sentimento, características e as descobertas, empoderando seus alunos.  Com instrumentos simples a professora Georgina conseguia com profundidade ensinar além dos livros. Uma lição eterna! Afinal isso ficará evidente nas cenas finais. 

Fato Detalhes
Título “O Último Vagão”
Plataforma Netflix
Gênero Drama
Duração 1 hora e 30 minutos
Diretor Ernesto Contreras
Elenco Adriana Barraza, Kaarlo Isaacs, Memo Villegas, Diego Montessoro, Frida Cruz, Ikal Paredes, Teté Espinoza e Jerónimo Medina
Sinopse Conta a história da Sra. Georgina, uma idosa professora em um vagão de trem, que se dedica ao máximo para transformar a vida de seus jovens alunos, principalmente quando um menino chamado Ikal chega à pequena cidade com seus pais. O filme aborda o problema do acesso à educação das crianças de forma sensível.
Avaliação Altamente recomendado para quem busca uma trama emocionante e envolvente sobre a importância da educação e o papel dos educadores na formação das gerações mais jovens.
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Relações humanas contidas no seriado “The Big Bang Theory”

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As relações humanas são o tecido que compõe a complexa tapeçaria da vida social. Elas são a essência da nossa existência, moldando quem somos e como interagimos com o mundo ao nosso redor. Essas interações variam desde os laços familiares mais íntimos até as conexões fugazes que estabelecemos com estranhos em nossa rotina diária. Neste sentido, temos vários tipos de aprendizagens através de nossa cultura e nada mais cultural na atualidade que filmes e séries televisivas. Para esta reflexão, nos centramos no seriado de humor norte americano de grande audiência no Brasil The Big Bang Theory.

The Big Bang Theory é uma sitcom americana que foi ao ar entre 2007 e 2019. Criada por Chuck Lorre e Bill Prady, a série segue um grupo de amigos detentores de altos títulos acadêmicos, mas desajustados socialmente. A trama começa com os dois amigos, Físicos, Leonard Hofstadter e Sheldon Cooper que vivem em um apartamento em Passadena na Flórida. Eles trabalham em uma Universidade, a Caltech e são apaixonados pela cultura nerd. O grupo de amigos é completado por Howard Wolowitz, um engenheiro aeroespacial e Rajesh Hoothrappali, um astrofísico indiano que não consegue falar com mulheres a menos que tenha consumido álcool.

A vida do grupo começa a mudar quando Penny, uma aspirante a atriz que trabalha como garçonete, se muda para o apartamento vizinho de Sheldon e Leonard. Logo Leonard desenvolve uma paixão por ela, o que cria uma dinâmica cômica entre eles devido às suas personalidades opostas. Sheldon, por sua vez, se desagrada pela nova vizinha que de certa forma veio “mudar” a rotina do prédio, uma vez que ele é avesso a mudanças, mas ao longo da história os dois desenvolvem uma bela relação de amizade. Futuramente, se juntam ao grupo mais duas personagens: Bernadette Rostenkowski que se tornará par romântico de Howard e Amy Farrah Fowler que desenvolverá uma relação com Sheldon.

Antes de tocarmos no foco principal deste texto: as relações contidas na série é necessário conhecer um pouco os principais personagens e entender a complexidade que foi atribuída a cada um deles

Sheldon Cooper é um dos personagens principais da série, é uma figura icônica conhecida por suas peculiaridades, inteligência excepcional e falta de habilidades sociais. Sheldon é um gênio em Física teórica, com um QI extremamente alto. Seu conhecimento é vasto e frequentemente desdenha aqueles que ele considera menos inteligentes. O personagem é muito ligado a rotinas e rituais, ele tem uma programação meticulosamente planejada, desde os horários para refeições até os momentos específicos para realizar certas atividades. Qualquer desvio de sua rotina pode causar desconforto e ansiedade para ele. Outra característica marcante é sua dificuldade em compreender e participar de interações sociais. Ele muitas vezes não entende sarcasmo, ironia e nuances nas conversas. Seu estilo de comunicação é muito direto e muitas vezes inapropriado. Sheldon muitas vezes coloca suas próprias necessidades e desejos acima dos outros, exibindo um grau limitado de empatia em relação aos sentimentos dos outros. Embora não seja explicitamente mencionado na série, muitos fãs e especialistas especularam que Sheldon pode ter características do Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), devido às suas características de personalidade e comportamento.

Leonard Hofstadter é outro personagem principal da série. Ele é um Físico experimental altamente inteligente e o melhor amigo de Sheldon e assim como seu amigo, Leonard é um cientista brilhante, com doutorado em Física experimental, trabalhando como pesquisador em uma a Universidade e lida com experimentos e estudos práticos, em contraste com a abordagem teórica do colega. Diferente de Sheldon, Leonard é mais sociável e tem um comportamento mais empático, ele é conhecido por ser um bom amigo, alguém disposto a ajudar os outros e fazer concessões para manter a harmonia no grupo. Leonard compartilha muitos dos interesses nerds do grupo, como quadrinhos, ficção científica e jogos de vídeo. Ele é um membro ativo dos encontros semanais de quadrinhos e jogos.

Howard é conhecido por suas excentricidades, estilo de vida peculiar e seu trabalho como engenheiro aeroespacial talentoso trabalhando na mesma Universidade que os colegas Leonard e Sheldon, sua especialidade é em sistemas de navegação e é alvo constante de piadas sobre ser Engenheiro e não possuir doutorado. Seu estilo de se vestir de modo considerado chamativo e muitas vezes extravagante combina com sua personalidade extrovertida. Outra característica marcante de Howard é seu flerte constante e suas tentativas de se apresentar como um “homem das senhoras”. Ele frequentemente faz comentários ousados e piadas de teor sexual, o que muitas vezes resulta em situações cômicas, uma vez que, para os atuais padrões de beleza masculina, ele não é considerado um modelo de beleza.

Rajesh Koothrappali, também conhecido como Raj, completa o quarteto de amigos da série. Raj é um astrofísico e trabalha no mesmo departamento da Caltech que seus amigos Leonard, Sheldon e Howard. Ele é conhecido por suas dificuldades em se comunicar com mulheres, especialmente quando está sóbrio, sofrendo de uma forma de mutismo seletivo que o impede de conversar com mulheres, exceto quando está sob a influência de álcool. Isso leva a situações cômicas e momentos constrangedores ao longo da série. Raj é frequentemente retratado como um indivíduo sensível e gentil. Ele valoriza a amizade e se preocupa com os outros, muitas vezes oferecendo apoio emocional a seus amigos em momentos difíceis. Se destacando, também, sua vida religiosa, pois Raj é de origem indiana, e sua cultura e religião são abordadas em vários episódios, isso inclui suas relações com sua família na Índia e como ele navega entre as expectativas culturais e a vida nos Estados Unidos. Assim como os outros personagens, Raj compartilha interesses nerds, como quadrinhos, ficção científica e videogames. Ele também tem um gosto pela moda e pelo luxo, muitas vezes exibindo roupas extravagantes e caras.

Sendo a primeira personagem feminina da série, Penny é uma garçonete aspirante à atriz e se torna vizinha de porta de Leonard e Sheldon. Ela é conhecida por sua personalidade extrovertida, carisma natural e senso de humor. Penny é amigável, acessível e em muitas ocasiões serve como uma figura de equilíbrio entre os personagens mais nerds e introvertidos.  Ela é uma personagem crucial para equilibrar a comédia da série, proporcionando um contraste entre o mundo acadêmico e a vida cotidiana. Sua jornada e interações adicionam camadas de humor e emoção à trama. Penny passa por uma jornada de autodescoberta e amadurecimento ao longo da série enfrentando desafios em sua carreira e vida pessoal, mas também desenvolve uma maior confiança em si mesma e toma decisões significativas em relação ao seu futuro.

Bernadette é introduzida na série como a namorada de Howard, eventualmente se tornando sua esposa. Ela é uma Microbiologista e é conhecida por sua voz aguda e aparência delicada. Bernadette é em muitas ocasiões subestimada devido à sua aparência fofa, mas ela frequentemente revela uma personalidade forte e assertiva. Mesmo sendo conhecida por sua doçura, também tem um lado sarcástico e até mesmo explosivo. Ao longo das temporadas, Bernadette passa por mudanças pessoais e profissionais, avançando em sua carreira, enfrentando desafios no trabalho e conciliando com a vida doméstica e a maternidade.

A última personagem fixa anexada à série, Amy é uma Neurobióloga que se torna amiga próxima do grupo de nerds. Sua profissão a coloca em um campo relacionado ao dos outros personagens e ela frequentemente se envolve em conversas acadêmicas com eles, sendo conhecida por sua personalidade peculiar e às vezes excêntrica. Inicialmente aparece como alguém com dificuldades em entender e expressar emoções, mas ao longo da série, ela se desenvolve emocionalmente e se torna mais conectada com seus sentimentos e com as pessoas ao seu redor. Amy passa por um notável desenvolvimento pessoal, aprendendo a expressar suas emoções e a se tornar mais independente. Ela cresce como cientista, amiga e a pessoa que consegue se manter ao lado de Sheldon mesmo em seus momentos mais difíceis.

                                                                                                                                          Warner Bros Company

 Poster de Divulgação: Warner Bros.

            A série conta ainda, com vários personagens secundários que adicionam momentos dramáticos e humorísticos às histórias individuais. As relações de amizades, amores românticos, conjugalidade, maternidade, trabalho, relações parentais. Tudo isso sendo distribuído entre os próprios dramas pessoais.

            As relações de amizades entre os rapazes que, em alguns momentos percebemos amor, mas também hostilidade e agressividade, piadas que envolvem a relação de trabalho, sexismo, etnia e religião foram bastante exploradas durante a história, de modo geral, sempre, ou quase sempre resolvidas através do desenvolvimento de conversas que acrescentaram seriedade à série.

Sheldon e Leonard, por exemplo, são melhores amigos, dividem o mesmo espaço e precisam se adequar um ao outro, sendo o primeiro uma pessoas com poucas habilidades sociais e rigidez em suas rotinas sendo necessário descrever tudo em “acordos escritos” para que nada fuja ao seus padrões de normalidade o que faz com que Leonard tenha que desenvolver cada vez mais sua tolerância. Tolerância essa que aprendeu desde a infância por ter sido criado por uma mãe exigente e nada carinhosa. Durante a história, percebe-se que a carência afeto e afago materno é permanente sendo “resolvido” em uma das últimas cenas do último episódio da série em que o filho finalmente consegue um abraço afetuoso de sua mãe.

            Em se tratando de relações parentais, observa-se que são diversos tipos de construção de maternidade, a mãe de Leonard sendo fria e distante o que se destoa totalmente da mãe de Howard, que mesmo nunca tendo aparecido em pessoa na história, desenvolve uma relação de codependência com o filho sendo justificado pelo fato de ter sido abandonado pelo pai na infância. Mesmo que sua mãe traga elementos de humor para a história é nítido como ela manipula o filho para que sempre fique junto a ela. Já a mãe de Sheldon é uma cristã praticante e também superprotetora que não aceita o fato do filho ser um cientista e não comungar de suas crenças religiosas. A mãe de Amy é a típica “mãe devoradora” que quer dominar a filha. Os pais de Raj não aceitam muito bem o fato de ele ter saído do país e se envolver com mulheres de outra etnia.

            As relações amorosas também são desenvolvidas no decorrer da história com toques de humor e drama mas que nos ensinam sobretudo que estas relações são construídas com base em tolerância e trocas. Algumas situações nos deixam a impressão que um “lado” sai perdendo, mas analisando o contexto geral vemos que existe sim uma relação de trocas. O relacionamento entre Sheldon e Amy é um exemplo disso.

            Sheldon é uma pessoa de padrões rígidos, tem aversão à mudanças, o contato físico é dispensável e relações sexuais são para ele é algo banal e desnecessário. Já Amy, embora tenha sido construída pelo estereótipo da “inteligente e esquisita” é muito mais pessoal, pensa e deseja sexo. Os dois se juntam em relação inicialmente de amizade e trocas científicas e desenvolvem a relação amorosa através do tempo. Amy faz tudo para agradar Sheldon que raramente retribui como ela gostaria, mas retribui como ele mesmo consegue devido às suas limitações. Após anos juntos ele finalmente se rende ao sexo e ao casamento, sem contudo, deixar de ser quem ele é.

            Leonard e Penny formaram o casal menos provável mas de muito carisma. Ele, cientista e sem traquejo social, ela garçonete e extrovertida. Os dois desenvolveram a relação com idas e vindas durante todo o percurso da série provando para o público que duas pessoas tão diferentes conseguem se dar bem em relacionamento amoroso. Ao contrário da união Amy/Sheldon entre Penny e Leonard é ele quem mais tende a ceder no relacionamento, embora tenham um final previsível com a gravidez de Penny que já havia deixado claro ao longo da história não ser um grande sonho.

            Já o relacionamento de Howard e Bernadette foi marcada pelos problemas habituais da conjugalidade. Inicialmente, pela influência da mãe dele, já que mantinham uma relação disfuncional e não queria que o casal vivesse em outra casa. Após, o fato de ela ganhar bem mais que ele e ainda ter que ser a responsável por toda a manutenção das tarefas domésticas, algo que a sobrecarrega. Mesmo assim, ela sempre demonstra admiração pelo marido e sempre estava ao seu lado quando ele sofria com as piadas dos amigos por ser o único que não tinha doutorado.

            Raj foi o único do grupo a não conseguir uma relação duradoura, mostrando que relacionamento amoroso nem sempre fará parte da vida. Ele é um imigrante com uma extrema timidez e tem muitas dificuldades até mesmo para falar com mulheres até chegar a ponto de concordar com um casamento arranjado por seus pais como é costume em sua cultura, algo que não deu certo e Raj terminou a história sozinho.

            Estas histórias nos mostram que relacionamentos são difíceis e necessitam, além de amor, tolerância e o diálogo constantes. Algo que foi mostrado durante o desenvolvimento de todos os relacionamentos contidos no decorrer da história. Em alguns momentos, podemos não concordar com certas atitudes e pensar que um saia ganhando em decorrência do outro, o que não se constitui como uma verdade, já que em todas as ocasiões de conflitos os personagens conseguem dialogar e resolver as questões que geravam estes conflitos.

            Enfim, relações humanas são de extrema dificuldade e esta série nos mostra, com muito humor e sensibilidade que se relacionar com outras pessoas é complexo e que conflitos e desajustes sempre irão ocorrer, e que manter relacionamentos, de qualquer natureza, há uma necessidade de utilizar uma das maiores armas que o ser humanos possui, a comunicação.

Referências:

ANAZ, S. A. L. CERETA, F. M. Ciência e tecnologia no imaginário de The Big Bang Theory: das imagens arquetípicas à atualização de mitos e estereótipos na “Era do Conhecimento”. Revista FAMECOS Porto Alegre, v. 21, n. 2, p. 647-674, maio-ago. 2014. Disponível em:  https://www.redalyc.org/pdf/4955/495551016013.pdf. Acesso em: 08/09/2023.

FRANCO OLIVEIRA, A. C. TONUS, M. Bazinga! Uma Análise Neotribal Da Sitcom The Big Bang Theory. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – São Paulo – SP – 12 a 14 de maio de 2011. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sudeste2011/resumos/R24-0340-1.pdf. Acesso em: 08/09/2023.

SOUSA, V. d. A Construção da Identidade Feminina no Texto Digital Transmédia de The Big Bang Theory. ENTRELETRAS, Araguaína/TO, v. 9, n. 2, jul./set. 2018 (ISSN 2179-3948 – online). Disponível me: https://run.unl.pt/bitstream/10362/65045/1/5915_Texto_do_artigo_28741_1_10_20181028.pdf. Acesso em: 08/09/2023.

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As relações de amizade ao longo da vida

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Quando falamos em estilo pessoais e interpessoais, identificamos uma diversidade de formas de ser e de se relacionar com o outro, do engraçado ao mais reservado, do corajoso ao medroso, tagarela ou quietinho. Todas essas características são levadas e compartilhadas nas relações de amizades que estabelecemos ao longo da vida. Hartup (1996) mostra que o que há de comum entre os diferentes tipos  de amigos é que boas amizades geram laços de confiança e que  as aventuras e decepções, se tornam momentos de extrema importância ao longo da vida.

Amigo se refere à alguém ou um grupo de pessoas que compartilham suas experiências, felicidades, frustrações e que servem como rede de apoio para todos os momentos da vida. Com amigos, além de nos sentirmos bem, sentimos que podemos contar com alguém, que podemos ser nós mesmos e podemos ouvir não só o que queremos como resposta. Para Bowlby (1988) essa rede de apoio está associada ao fortalecimento de competência e gera um sentimento de pertencimento, além de possibilitar adotar estratégias eficazes em  situação de crise ou desamparo. Para Bronfenbrenner (1979) a ausência dessa rede de apoio,  pode aumentar a vulnerabilidade das pessoas frente a uma situação de risco.

Um bom amigo te coloca para frente, te apoiando e incentivando a encarar os medos e buscar os seus desejos. Para  Hartup (1996), a ciência da amizade é compreendida como uma importante fonte de felicidade e bem-estar, que proporciona compartilhar experiências, interesses, sentimentos e emoções. A forma como enxergamos a amizade difere conforme as etapas da vida, e o texto trará algumas características de cada fase do desenvolvimento.

Hartup (1996) trás que ainda nos primeiros anos de vida, o uso da palavra amigo se inicia, e na infância essa relação é pautada por afeto, companheirismo, muita diversão e reciprocidade, e é com esses momentos que o indivíduo passa a estabelecer laços e habilidades sociais, aprende a lidar com conflitos e a desfrutar da troca social. Quando a criança possui amigos, ela consegue desenvolver diversas habilidades, como a capacidade de comunicação, e até mesmo o conflito com outras crianças são experiências que vão contribuir para um crescimento mais sólido para o futuro, favorecendo uma melhor postura ao encarar situações parecidas, fazendo da amizade na infância uma importante ferramenta para saúde emocional.

Fonte: Sasint no Pixabay

Amigos brincando na infância

Salisch (2001) aponta que estabelecer relações de amizade na infância representa um papel importante para o desenvolvimento social, cognitivo e emocional. A amizade desempenha um papel fundamental ao impor desafios ao desenvolvimento emocional da criança, pois envolve experiências emocionais onde a criança aprende a administrar a raiva, o ciúmes, inveja, amor, confiança, as expectativas e o senso de competição. Rizzo e Corsaro (1995) completam que o apoio social, para as crianças, pode contribuir para a redução de estresse no enfrentamento de preocupações compartilhadas.

Rawlins (1992) disserta que na  adolescência a amizade é uma dimensão da vida muito importante, junto à confiança e intimidade nas relações.  É na transição da adolescência para a vida adulta que o jovem em sua relação de amizade atinge um ápice funcional desenvolvimental, ajudando o indivíduo em sua adaptação a novas tarefas da vida, como os desafios na universidade e na  carreira profissional . Esse momento, principalmente da adolescência para a vida do adulto jovem, é um fase em que o indivíduo  costuma estabelecer diversas conexões duradouras, e também momentos de  desafios como as mudanças do corpo, das responsabilidades, das relações amorosas e decepções.

Para Rawlins (1992), ao entrar na vida universitária, geralmente na transição da adolescência para a vida adulta, o indivíduo necessita se reorganizar emocionalmente e construir essa rede de apoio social, e reorganizar a relação familiar o novo sistema criado na universidade e as amizades já preexistentes. Esse período geralmente é marcado por desafios e dúvidas sociais e intelectuais e uma grande expectativa quanto à vida após a universidade.

Rodriguez, Mira, Myers, Morris e Cardoza (2003) realizaram um estudo com 338 pessoas jovens adultas, com o propósito de avaliar o bem-estar na redução de estresse na relação com os familiares e com os amigos. A pesquisa apontou que ambos os apoios contribuem para o sentimento de bem-estar nas pessoas.

Fonte: Broesis no Pixabay

Adultos em momento de diversão

Carbery e Buhrmester (1998) traz que, no decorrer da  vida a quantidade de amigos diminui com a adultez e o envolvimento em romance estável, casamento, surgimento de filhos e dedicação ao trabalho. Com o avançar da idade, as responsabilidades continuam a aumentar e o encontro entre amigos costumam ser cada vez mais pontuais, e muitas vezes associado a um evento. Tendo em vista o quão importante é ter um ciclo de amizade, e o quanto isso pode trazer  qualidade de vida para as pessoas.

Rodrigues (2010) Com a saída dos filhos de casa, e a chegada da velhice, cultivar amizades mostra ser também grande relevância, pois a partir disso o idoso pode compartilhar suas experiências, trocar confidências, relembrar momentos que passaram no decorrer de suas vidas, aconselhar e até mesmo se abrir para novos romances, evitando também a solidão e o sentimento de desamparo, aproveitando para desfrutar de mais momentos de lazer e de interação social. O autor completa que  desenvolvimento e a manutenção de uma boa rede social de apoio com a inserção de novos amigos é uma das formas de amenizar o impacto das perdas e limitações naturais da velhice.

Referências

BOWLBY, J. (1988). Cuidados maternos e saúde mental. São Paulo: Martins Fontes.1988.p.64

BRONFENBRENNER, U. A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados (Tradução VERONESE, M. A. V.) Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

CARBERY, J., & BUHRMESTER, D. (1998). Friendship and need fulfillment during three phases of young adulthood. Journal of Social and Personal Relationships, 15(3), 393-409.

HARTUP  (1989). Behavioral manifestations of children’s friendships. In T. Berndt & G. Ladd (Eds.), Peer relationships in child development (pp. 46-70). New York: Wiley.

RODRIGUEZ, N., Mira, C., Myers, H., Morris, J., & Cardoza, D. (2003). Family or friends: who plays a greater supportive role for Latino college students? Cultural Diversity and Ethnic Minority Psychology, 9(3), 236-250.

SALISCH, M. von (2001). Desenvolvimento emocional infantil: desafios em sua relação com pais, colegas e amigos. Jornal Internacional de Comportamental Desenvolvimento, 25 (4), 310-319.

RIZZO, T.A. & Corsaro, W.A. (1995). Processos de apoio social na primeira infância amizade: Um estudo comparativo das congruências ecológicas no apoio encenado. americano Journal of Community Psychology, 23 (3), 389-417.

ROWLINS (1992). Friendship matters. New York: Aldine de Gruyter.

RODRIGUES, AG. (2010). Habilidades comunicativas e a rede social de apoio de idosos institucionalizados. [Tese]. São Paulo: Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, 2010.

 

 

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Uma Crônica sobre os relacionamentos virtuais

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Relacionamentos que se iniciam no virtual  são menos legítimos? Reflexões acerca da virtualização do namoro. 

Matheus Aquino- @mathewsaquino2@gmail.com 

Foi em um dia bastante comum que um jovem estava conversando com seus amigos, já era noite e então um deles se levanta e pede ajuda para encontrar alguém legal no Tinder. Um dos amigos se oferece para ajudar e os dois começam a busca. 

Foram vários minutos de alguns cliques, arrastavam o dedo e decidiam se davam match ou não. Durante a escolha surgiam risadas, críticas e sugestões para decidir se tal pessoa era legal e se valia a pena conhecer. 

Depois de algum tempo eles pararam e um deles que estava apenas observando, perguntou o que tem de tão divertido em procurar pessoas por atacado. O outro riu e disse que achava normal, e que nem sempre as pessoas que procurava no Tinder era pra ter um encontro, algumas vezes era apenas para sair e quem sabe, iniciar uma amizade. Foi então que este amigo, mesmo achando estranho, tentou entender como as pessoas estão cada vez mais adeptas às tecnologias e aproveitando a facilidade de aproximação para então desenvolver novos laços, mesmo que correndo riscos. 

No mundo moderno, os relacionamentos virtuais emergiram como uma realidade complexa e multifacetada. Por meio das telas brilhantes dos dispositivos eletrônicos, uma nova forma de conexão humana foi estabelecida, transcendendo fronteiras geográficas e culturais. No entanto, junto com essa nova era de interação digital, surgem desafios e riscos que devem ser enfrentados e compreendidos.

Os relacionamentos virtuais têm o poder de unir pessoas que, de outra forma, talvez nunca se encontrassem. Com apenas alguns cliques, é possível estabelecer amizades, parcerias profissionais e até relacionamentos românticos. A velocidade e facilidade com que essas conexões são feitas são, sem dúvida, vantagens marcantes do mundo virtual.

Neste sentido, as redes sociais têm desempenhado um papel significativo na forma como as pessoas se conectam e se relacionam nos dias de hoje. Pesquisas sobre relacionamentos afetivos que se iniciam em redes sociais exploram como esses encontros online afetam o desenvolvimento e a qualidade dos relacionamentos amorosos.

Fonte: Pexels

De acordo com uma pesquisa desenvolvida pelo Pew Research Center (SMITH, 2016), descobriu-se que 59% dos entrevistados acreditam que aplicativos e sites de namoro são uma boa maneira de conhecer novas pessoas. Além disso, a pesquisa também indicou que os relacionamentos que começam online são tão bons quanto aqueles que se iniciam pessoalmente. 

Através das redes sociais, fóruns e aplicativos de mensagens, os relacionamentos virtuais se desenvolvem em um ambiente onde as barreiras físicas não são um obstáculo. Eles proporcionam uma plataforma para expressão livre de ideias e sentimentos, permitindo que as pessoas compartilhem suas experiências e opiniões de maneira aberta e inclusiva.

No entanto, é importante reconhecer que os relacionamentos virtuais também apresentam desafios e limitações significativas. Embora as palavras digitadas possam transmitir emoções e ideias, a comunicação online carece da riqueza da comunicação não verbal. A ausência de expressões faciais, gestos e tom de voz muitas vezes pode levar a mal-entendidos e interpretações equivocadas (VASCONCELOS, 2014)

Outro aspecto crucial dos relacionamentos virtuais é a questão da autenticidade. Nas plataformas digitais, é possível criar personas e identidades falsas, o que leva a uma falta de confiança e transparência. Atrás de uma tela, é mais fácil ocultar a verdadeira identidade, levando a relacionamentos baseados em falsidades e desonestidade.

Além disso, a exposição a comportamentos tóxicos e abusivos é um risco real nos relacionamentos virtuais. O anonimato proporcionado pela internet pode incentivar pessoas a agir de forma agressiva ou prejudicial, sem enfrentar as consequências de suas ações. É fundamental estar ciente desses riscos e estabelecer limites saudáveis para proteger a integridade emocional e psicológica (MORAES; BRANDÃO, 2018)

É importante enfatizar que os relacionamentos virtuais não devem substituir os relacionamentos offline. Eles podem complementar e enriquecer nossas vidas, mas a interação cara a cara continua sendo uma necessidade humana básica. O toque, o contato visual e a conexão física são elementos essenciais para o desenvolvimento saudável das relações (VASCONCELOS, 2014). 

As redes sociais oferecem diversas formas de conhecer pessoas, como grupos temáticos, comunidades online, aplicativos de namoro e até mesmo interações casuais em comentários ou mensagens diretas. Essa variedade permite que as pessoas encontrem indivíduos com interesses e valores semelhantes. Neste sentido, é um potencial mecanismo de pertencimento social e ampliação das redes afetivas. Conclui-se que conhecer pessoas no mundo virtual e estabelecer relacionamentos a partir deste contexto não se caracteriza como uma forma melhor ou pior, segura ou perigosa; é, simplesmente, mais uma forma de se conectar com outras pessoas.

REFERÊNCIAS 

MORAES, J. G.; BRANDÃO, W. L. Relacionamentos Virtuais: uma Análise Acerca dos Padrões Comportamentais dos “Catfish”. Revista de Ensino, Educação e Ciências Humanas, 19(3), 300-308, 2018. 

SMITH, Aaron. 15% of American Adults Have Used Online Dating Sites or Mobile Dating Apps. Peer Research Center, 2015. Disponível em:<https://www.pewresearch.org/internet/2016/02/11/15-percent-of-american-adults-have-used-online-dating-sites-or-mobile-dating-apps/>. 

VASCONCELLOS, A.  A solidão nas redes sociais de relacionamentos. Revista Saber Acadêmico, 16, 100-108, 2014. Disponível em:<http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20180403111539.pdf>. Acesso 10 jun 2023.

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Quem tem um amigo tem tudo?

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fonte:http://encurtador.com.br/iCRWX

   Como definir a amizade? Para alguns é a força, para outros o afeto, um lugar seguro, o compartilhar das relações, a união que faz a força. Ou ainda pode significar poder contar com alguém, compartilhar momentos, sair e se divertir ou simplesmente a sua definição do dicionário Oxford Languages: relação de estima entre duas ou mais pessoas. Durante a história vemos o conceito de amizade se modificando conforme sua função social.

Relações de amizade ao longo da história e seus benefícios.

     Na Grécia antiga somente homens podiam ter amigos, sendo que a amizade estava presente em um sentido sexual, conhecido como pederastia, onde homens mais velhos passavam seus conhecimentos, incluindo práticas sexuais a homens mais jovens. Já na roma antiga  a palavra que designava o termo  era  ”amicitia” correspondente a ‘’ troca de serviços puramente prática e compensatória”, que não chegava a exprimir as relações de amizade enquanto afeição e compromisso (KONSTAN,2005). Ou seja, era uma troca de habilidades, em que cada um oferecia o que tinha de melhor do que o outro. 

     Na idade média a amizade era marcada pela lealdade, no sentido de lutar pelo amigo e defendê-lo, podendo até mesmo morrer por ele. “O homem mata, entrega-se inteiramente à luta, vê o amigo lutar. Luta ao seu lado. Esquece-se de onde está. Esquece a própria morte (…)” (ELIAS, 1994, p. 194). A chegada do iluminismo no século XVII influenciou a amizade  de tal forma que passou a ser associada com à virtude e civilidade. A luta pela  individualidade e a verdade, permitem a possibilidade de encontrar um ‘’lugar para si’’, nessa época não só homens faziam amigos mas também mulheres, que não se preocupavam mais apenas com a maternidade ( MARTINS, 2007). 

      No período romântico enfatizava-se a necessidade de haver afinidade entre os envolvidos.Goethe (1992) diz que: essas afinidade representavam uma ‘’vontade’’ ou ‘’preferência’’ que fazem com que indivíduos entre em contato entre si, ou abandonem tais contatos para fazerem novos, sendo este  o papel social da amizade no Romantismo: desenvolver relações com um amigo.  Na sociedade moderna, marcada pela revolução industrial, as pessoas passavam mais tempo fora de casa, estreitando laços com pessoas que vivem no mesmo ambiente de trabalho. Ferdinand Tönnies (1955), destacam que era na família, na vizinhança e nos relacionamentos de amizades que se constituíam as relações de tipo comunitária, com um forte envolvimento emocional e maior proximidade entre os envolvidos. 

 


fonte:http://encurtador.com.br/evxW7

             Ao vermos o papel social da amizade em diversas sociedades, conseguimos ter uma dimensão de que alguns elementos principais da amizade como: afeto, afinidade, e tempo de duração, marcam até hoje as nossas relações, percebendo então que o papel social da amizade, se dá pela  troca de afeto e do autoconhecimento com o outro. Robert Merton sugere que uma sociedade pode possuir uma diversidade de consequências funcionais ou não funcionais, fazendo com que a amizade não tenha apenas uma função mais várias, marcada pela troca de diversos sentidos. Além de ser fundamental para o bem estar mental, ter amigos faz bem pro coração e pro corpo. Algumas de outras funções e vantagem de ter amigos são

Amigos tem um papel importante para o desenvolvimento psíquico- social

          Natália Tavares Pavani Araújo, psicóloga do Hospital Alemão Oswaldo Cruz,identificou que ‘‘Na infância os amigos ajudam na socialização do indivíduo, na adolescência eles são importantes para ajudar o indivíduo a construir sua identidade e formar uma imagem de si. ‘’Já para os idosos, eles são fundamentais para combater a solidão, o que pode influenciar até mesmo na saúde dele.”.  Fazer Amizades e mante-las tem um impacto significativo nas nossas  vidas, através das amizades  aprendemoos novas culturas, novas formas de pensar, de enxergar e solucionar problemas além de desenvolver empatia.

As amizades permitem que possamos externalizar sentimentos 

         A amizade traz um sentimento de pertencimento que gera segurança e conforto.  “É um tipo de relacionamento que nos ajuda a ser mais humanos em nossas vidas”, afirma Cristina Borsali, psicóloga da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo . Um estudo de Harvard feito sobre a influência dos amigos, por parte dos neurônios espelhos, apontou que, a felicidade também se espalha entre os amigos. Se um amigo está feliz, a sua felicidade aumenta em 15,3%. Se o amigo de um amigo está feliz, a sua felicidade cresce 9,8%. Se o amigo do amigo do amigo está feliz, seu bem-estar aumenta 5,6%. (Superinteressante 2018)

fonte:http://encurtador.com.br/xCLO3

Amigos ajudam a  ter uma vida saudável e mais longa

           Um estudo realizado em 1937, provou que o que faz as pessoas serem saudáveis, não tem relação com dinheiro nem alimentação, mas segundo o Psiquiatra coordenador do estudo há 30 anos George Valliant ‘’a única coisa que realmente importa é a aptidão social, as suas relações com outras pessoas’ ou seja poder ter com quem dividir tristezas e comemorar alegrias, os bons amigos. 

          Uma revisão de 148 estudos feita nos Estados Unidos por especialistas da Brigham Young University e da University of North Carolina apontou que pessoas com amizades sólidas tinham 50% mais chances de sobrevivência. Os autores também concluíram que os efeitos da falta de amigos são comparáveis aos problemas provocados pela obesidade, pelo abuso de álcool e pelo consumo de 15 cigarros por dia. Um estudo da American Cancer Society concluiu, após analisar dados de mais de 500 mil adultos, que o isolamento social aumentava os riscos de morte prematura por qualquer causa.

          A relação entre amizade e bem estar se dá porque a mesma contribui  para a liberação de ocitocina e dopamina, neurotransmissores associados ao relaxamento e bem estar. Loretta Breuning explica que “quando o seu cérebro emite um desses agentes químicos (endorfina, serotonina, dopamina e ocitocina), você se sente bem”.Os tais hormônios da felicidade além de transmitirem sensações, podem controlar funções no corpo como a frequência cardíaca, o sono e o apetite.

fonte:http://encurtador.com.br/hsF48

Amizades aumentam nossa produtividade

       A solidão é um dos fatores que mais prejudica o desempenho de um profissional.  Por isso, trabalhar com amigos pode aumentar a produtividade e a confiança dentro da equipe.  De acordo com a revista superinteressante (2018) quem tem um amigo no trabalho se sente 7 vezes mais envolvido com o que faz, 50% mais satisfeito e até duas vezes mais contente com o pagamento que recebe. Pessoas que possuem 3 ou mais amigos no trabalho, têm 96% mais chance de estar satisfeitas com a vida. Como já dizia Epicuro: ‘De todos os bens que a sabedoria proporciona para produzir felicidade por toda a vida, o maior, sem comparação, é a conquista da amizade”

fonte:http://encurtador.com.br/euKM9

Amigos valem mais que dinheiro.

fonte:http://encurtador.com.br/kloDR

        Segundo a revista superinteressante (2018) o economista Andrew Oswald (universidade de Warwick) criou uma fórmula que calcula quanto dinheiro seria preciso ter para compensar a falta de amigos, ele descobriu que as pessoas se consideram mais felizes quando ganham aumento de salário ou fazem um novo amigo. Logo ele resolveu cruzar as duas informações e chegou à seguinte conclusão: ganhar um amigo equivale a receber R$134 mil a mais de salário anual.  O que muitas empresas, principalmente no brasil, não são capazes de proporcionar,fica a dica: não largue seu emprego, mas  valorize seus amigos.

           Você pode até não concordar com as afirmações dos estudos científicos sobre a amizade, mas é fato como laços sociais significativos podem nos fortalecer, em uma sociedade em que a falta de tempo é algo comum, a rotina e exigente e desgastante e a qualidade de vida as vezes não é tão boa um amigo pode ser apoio necessário em um determinando momento,a força que se precisa para uma  melhora. ‘’ As palavras de amizade e conforto podem ser curtas e sucintas, mas o seu eco é infindável.’’ (Madre Teresa)

Dedico esse post aos meus amigos que me fazem tão bem <3

 

REFERÊNCIAS:

A ciência explica o poder de ter amigos Amizades melhoram saúde, humor e o ambiente de trabalho.Gazeta online, 2016. Disponivel em: <https://www.gazetaonline.com.br/bem_estar_e_saude/2016/08/a-ciencia-explica-o-poder-de-ter-amigos-1013967686.html> Acesso em 07 de abr de 2022.

BEERORCOFFE, Redação.Trabalhar com amigos: aumento de produtividade e de felicidade, 2022. Disponível em :<https://blog.beerorcoffee.com/2022/02/22/trabalhar-com-amigos/>. Acesso em: 07 de abr de 2022.

COSTA, Camilla. GARATONNI, Bruno.O poder das amizades na vida de uma pessoa . Super interessante, 2018. Disponível em: <https://super.abril.com.br/comportamento/o-poder-das-amizades-na-vida-de-uma-pessoa/>. Acesso em 07 de abr de 2022.

SANCHES, Daniela.A importância de se ter amigos e como mantê-los sempre perto de nós. UOL, 2019. Disponível em: <https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2019/11/01/a-importancia-de-se-ter-amigos-e-como-mante-los-sempre-perto.htm> . Acesso em 07 de abr de 2022.

SILVA, Barbara. Estudo sociológico da amizade duradoura e de sua função social na sociedade contemporânea.Vozes do vale. UNICAMP, São paulo. Nº. 06, p. (1-29), 10, 2014. Disponível em: <http://site.ufvjm.edu.br/revistamultidisciplinar/files/2014/10/Estudo-sociol%C3%B3gico-da-amizade-duradoura-e-de-sua-fun%C3%A7%C3%A3o-social-na-sociedade-contempor%C3%A2nea.pdf> Acesso em: 07 de abr de 2022.

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Luca: lições entre a razão e a amizade

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Luca é um filme produzido pela Pixar em parceria com a Disney, lançado em 18 de junho de 2021, disponível na plataforma de streaming Disney. Nesse filme acompanhamos a história de dois seres marinhos, Luca e Alberto, que resolvem se aventurar além do fundo do mar. Ao encontrarem uma riviera italiana (cidade costeira) passam a viver diversas aventuras, juntamente com sua nova amiga humana Guilia e seu pai Massimo. O filme além de encantar pelas cores, a ótima animação e uma imersão turística, também nos faz pensar o quanto as diferenças de personalidades podem ser potencializadoras, se unidas da melhor forma possível. Vemos isso através dos personagens principais, enquanto Luca é inteligente e cauteloso, Alberto é um espírito livre, que não mede as consequências de suas ações, à junção improvável desses dois amigos, nos leva a entender o poder das relações e como podemos aprender com isso.

A transformação começa de dentro para fora

Fonte: encurtador.com.br/jzGN0

Ao sair da água Luca assume uma forma humana e ao ser molhado suas escamas começam a aparecer se voltando novamente para sua forma marinha. Muito além de uma transformação física, podemos enxergar aqui um simbolismo sobre a transformação da mente. Quando Luca é apenas um monstro marinho ele se limita a vida com seus pais na fazenda, tendo pouco contato com pessoas da sua idade, se vê preso a uma rotina. Ao conhecer Alberto, passa a virar humano mais vezes, quebrando aos poucos as barreiras de seu inconsciente, começando então a vivenciar novas experiências.  O que nos leva a uma segunda lição:

É bom para o cérebro experimentar coisas novas

Fonte: encurtador.com.br/xAGM2

Luca sob a influência de Alberto resolve romper os limites impostos pelo país, indo até a cidade dos humanos, chegando lá se depara com um trânsito caótico, faz uma nova amizade e passa a experimentar diversas coisas como; macarrão, sorvete, melancia e andar de bicicleta. Passa a vivenciar uma cultura totalmente diferente da sua, e chega até mesmo a fazer comparações de como moedas são coisas inúteis e como os humanos nadam de um jeito constrangedor.  Mas é através dessas experiências que Luca vai se desvinculando dos seus medos e receios, e enxergando o mundo por uma nova perspectiva, vivenciando coisas que só existiam no mundo das ideias e das suas perguntas sem respostas.

“A cognição se constitui pelas experiências sociais, e a importância do ambiente nesse enfoque é fundamental”. À medida que aprende, a criança – e seu cérebro – se desenvolve’’ Vygotsky

O poder da amizade

Segundo a revista Perspectives on Psychological Science, manter uma rede de amizades proporciona a redução do estresse, aumenta as defesas do corpo e prolonga a vida, podendo proporcionar hábitos melhores, afugentando depressões e ajudando com doenças.  Lucas e Alberto, são como a metade de dois quebras cabeças que se encaixam, completando um ao outro com que tem em si, Lucas possui uma educação rigorosa dos pais, enquanto Alberto lida com a falta de paternidade. Luca possui uma inteligência culta, enquanto Alberto uma inteligência prática ao se considerar especialista no mundo dos humanos. Enquanto um é a emoção o outro é a razão, assim fazem da amizade uma força mantenedora para caminharem para frente, enfrentando os medos e vivenciado as dificuldades. Quando os dois encontram Giulia, se tornam ainda mais fortes, a mesma traz os ingredientes que faltavam, a delicadeza e a estratégia.

Fonte: encurtador.com.br/fkHOT

A partir daqui contém Spoilers.

Silêncio, Bruno!

Um ponto importante dessa amizade, é como Alberto incentiva Luca a superar seus medos, em uma cena do filme, vemos os dois juntos tentando montar uma vespa, logo depois de juntarem as peça decidem descer uma colina, Luca fica muito inseguro e com medo do resultado. Logo então Alberto grita pra ele ‘’silêncio bruno!’’ Quando Luca questiona quem é Bruno, Alberto diz que é aquela voz na cabeça que fica dizendo que as coisas não vão dar certo. ‘’Bruno’’ seria então a própria revelação do medo inconsciente a qual carregamos.  Embora não seja uma tarefa fácil, calar nossos medos requer um passo de ação e coragem, e muito além disso um autoconhecimento sobre nossos limites. Luca estava limitado a pensar que não chegaria tão longe, Alberto enxerga nele um potencial e o incentiva. Às vezes tudo que precisamos é de um incentivo, não só de terceiros mas de nós mesmos, e entender que no meio do caminho podemos cair porém sem deixar de tentar.

Aceitar as diferenças

O Filme nos mostra como a falta de conhecimento pode ocasionar coisas terríveis, a população da riviera é totalmente contra monstros marinhos, eles acreditam que são criaturas terríveis que causam destruição e que provocam medo, os moradores até mesmo chegam a caçar esses monstros e a terem isso como um troféu. Luca e Alberto têm que se esconder ao máximo para que ninguém descubra sua verdadeira face, pois correm risco de vida. Mas com o passar do filme, ambos vão vencendo os obstáculos e conquistando as pessoas, mostrando sua verdadeira identidade, indo além da aparência, fazendo com que as pessoas passem a compreender melhor que o verdadeiro monstro é a ignorância.

Ir em busca dos seus objetivos é como voar

Luca e Alberto, decidem participar de uma maratona local para concorrer a uma vespa, já que na cabeça de Luca quem tem uma vespa pode voar, ambos juntamente com Giulia se esforçam muito em busca desse objetivo, treinam sem parar, buscar manter o foco e vencer seus obstáculos. Obstáculos esses que se dão até mesmo entre os dois e suas diferenças. A vespa representa um simbolismo de liberdade, não só fisicamente, mas libertação da mente, dos propósitos e das amarras, nesse momento de clímax Luca expõem mais suas ideias tentando se desvincular apenas daquilo que aprendeu com Alberto, buscando experiências que passa a experimentar sozinho, descobrindo coisas por si só.  O que de início abala a amizade dos dois. Logo depois dos dois conseguirem fazer essa separação e se entenderem conseguem mostrar para a cidade sua real identidade.

Fonte: encurtador.com.br/xAGM2

O conhecimento abre portas

Fonte: encurtador.com.br/jwJ48

Luca sempre se mostra muito curioso, se vislumbrando a cada descoberta, ao se deparar com os livros de ciência de Giulia decide que precisa ir além, emergindo ainda mais no conhecimento sobre o mundo humano, e numa simbologia de que devemos sempre caminhar pra frente, Luca parte em um trem rumo a novos acontecimentos e novas descobertas.

“O conhecimento emerge apenas através da invenção e da reinvenção, através da inquietante, impaciente, contínua e esperançosa investigação que os seres humanos buscam no mundo, com o mundo e uns com os outros. O conhecimento é um processo que transforma tanto aquilo que se conhece, como também transforma o conhecedor’’ Paulo   freire

Assim como Luca devemos manter por perto boas amizades, fortalecer nossa identidade, sempre indo em busca do conhecimento, seja ele o conhecimento sobre si próprio ou sobre as diversas coisas do mundo. Devemos manter a curiosidade, vencer os obstáculos através da motivação e a coragem. SILÊNCIO BRUNO!

 

Ficha técnica

Data de lançamento: 18 de junho de 2021 Disney +

Duração: 1h 36min

Gênero: Animação, Família

Disponível em: Disney+

Direção: Enrico Casarosa

Roteiro Jesse Andrews, Mike Jones

Elenco: Jacob Tremblay, Jack Dylan Grazer, Emma Berman

Referências

BOTELHO, Bruno. Luca filme 2021. AdoroCinema, 2021. Disponível em:https://www.adorocinema.com/filmes/filme-285584/ > acesso em 20 de fevereiro de 2022

COELHO, Andressa.5 lições de vida para aprender com Luca

turmundonerd, 2021  Disponível em: <https://turnmundonerd.com.br/licoes-para-aprender-com-luca/>. Acesso em 20 de fevereiro de 2022.

Luca  Direção: Enrico Casarosa Produção: Pixar . Disney+ 18 de junho de 2021 duração 1h35 Disponível em: <https://www.disneyplus.com/home>. Acesso em: 24 de junho de 2021.

LUCAS.  Monstros marinhos e terrestres: conheça os personagens de luca. ocamundongo 2021. Disponível em < https://www.ocamundongo.com.br/luca-personagens/> Acesso em 20 de fevereiro de 2022

SALLA, Fernanda. Neurociência: como ela ajuda na aprendizagem. novaescola 2012. Disponivel em <https://novaescola.org.br/conteudo/217/neurociencia-aprendizagem> aacesso em 20 de fevereiro de 2022.

VACCARI, Beatriz. crítica luca/uma Ode as amizades de infância. canaltech, 2021. Disponível em https://www.google.com/amp/s/canaltech.com.br/amp/entretenimento/luca-disney-plus-critica-187158/> acesso em 20 de fevereiro de 2022.

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Ligação emotiva com os animais de estimação

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Os vínculos entre humanos e animais são influentes. E a convergência benéfica entre os pets e a saúde mental é inevitável. A ampla parte dos donos de animais imaginam que seu pet como um integrante familiar. Em momentos como a quarentena, que fomos submetidos a ficar em casa, os nossos pets podem a maioria das vezes ser a única companhia de indivíduos que moram sozinhos, inclusive também, uma companhia agradável e cheia de carinho para idosos, crianças, famílias e adultos.

E isso é verídico, não importa a idade que nós temos. Crianças, adolescentes, adultos e idosos descobrem a felicidade no elo com seus animais de estimação. Logo, animais de estimação e saúde mental fazem o par perfeito.

As vantagens para a saúde mental de dispor de um cão ou gato, coelhos, ou outro animal de estimação, foram provadas em muitos estudos científicos. Os animais auxiliam na depressão, ansiedade e estresse. Além do mais, eles propiciam a companhia e facilitam o combate contra a solidão, enquanto nos trazem alegria e amor incondicional.

Já compreendemos que brincar com animais diminui os hormônios relacionados ao estresse. E esses privilégios podem ocorrer depois de cinco minutos de convivência com um animal de estimação, o que quer dizer que que eles são muito eficazes para quem sofre de ansiedade.

Fonte: encurtador.com.br/dkpBJ

Se divertir com um cachorro ou gato pode elevar nossos níveis de serotonina e dopamina. Estes são hormônios que tranquilizam e descansam o sistema nervoso. Quando damos um sorriso e uma risada do comportamento encantador de nossos pets, isso auxilia na liberação desses “hormônios da felicidade”.

Os indivíduos se sentem mais úteis quando têm um animal de estimação para cuidar. O comportamento de cuidar traz benefícios à saúde mental. Cuidar de outra vida nos dá um senso de propósito e significado.

Isso sucede mesmo quando os pets não compartilham muito sentimento com seus donos. Fazer as coisas para o bem de quem amamos reduz a depressão e a solidão. Alimentar, dar banho, levar para passear, esses quesitos podem fazer com que os seres humanos, principalmente os mais solitários, se sintam motivados, pois sabem que o animal necessita delas para sobreviver.

Referências

Heiden, J. & Santos, W. (2009). Benefícios psicológicos da convivência com animais de estimação para idosos [Versão Eletrônica]. Revista Àgora, 16(2), 487-496

Tatibana, L. S. & Costa-Val, A. P. (2009). Relação homem-animal de companhia e o papel do médico veterinário [Versão Eletrônica]. V&Z em Minas: Revista Veterinária e Zootecnia em Minas, 103(1), 12-18.

Costa, E. C. (2006). Animais de estimação: uma abordagem psico-sociológica da concepção dos idosos. Dissertação de mestrado, Curso de Mestrado Acadêmico em Saúde Pública, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual do Ceará. Ceará, Brasil.

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