Hector e a Procura da Felicidade: tudo depende da perspectiva

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Lançado em março de 2014, Hector e a procura da felicidade é um filme que, de início, parece meio bobo, mas, em seu término, deixa uma perfeita reflexão acerca da felicidade. Retrata sobre a vida de Hector (Simon Pegg) e, como é de se supor, sua procura pela felicidade. O personagem é um psiquiatra que leva uma vida constante e muito organizada, sem espaço para mudanças e imprevistos. Para manter esse padrão, conta com o apoio de sua namorada Clara (Rosamund Pike) que, por vezes, aparenta ser mais sua mãe do que sua mulher.

Apesar de possuir uma vida por muitos considerada satisfatória, Hector se vê infeliz, principalmente em sua profissão, uma vez que já não consegue ajudar seus pacientes, apenas ouve as mesmas histórias várias e várias vezes, sem intervir de fato. Cansado disso, Hector começa a se questionar sobre o que é felicidade e como a conseguir, resolvendo ir à sua procura ao redor do mundo. Para isso, viaja sozinho até a China, África e Los Angeles, respectivamente. Claro que tal atitude provoca uma mudança radical na dinâmica entre ele e Clara, entretanto, ela o apoia em sua decisão.

Munido de entusiasmo, curiosidade e de um caderninho de anotações que Clara lhe deu, Hector inicia sua busca observando e perguntando para as pessoas se são felizes e o que é a felicidade para elas. Cada novo lugar visitado por Hector apresenta um contexto diferente do anterior. Logo, as anotações feitas por ele variam muito, mostrando que a felicidade não é mensurável, não deriva de algo pré-definido, mas da concepção de cada um sobre o que os faz felizes, “pois a felicidade, num certo sentido, é algo individual, pessoal e intransferível” (Olivieri, 2012).

Buscar entender a felicidade não é algo recente. A ideia deste fenômeno está enleada à origem da Filosofia, fazendo parte das primeiras reflexões sobre ética, elaboradas na Grécia antiga (Olivieri, 2012). Desde Platão e Aristóteles até pensadores e filósofos atuais, são muitos os pressupostos para a felicidade. Mais uma vez, ela não aparece determinada ou com uma fórmula a ser seguida para alcançá-la.

Na verdade, até existe a tentativa de se criar uma fórmula, vista, principalmente, em livros de autoajuda. Leandro Karnal e Clóvis de Barros Filho, em seu livro Felicidade ou Morte (2016), argumentam que é errôneo tentar guiar a humanidade com um “passo a passo para a felicidade”, pois depreende-se disso que todos são iguais, logo, as subjetividades e particularidades são colocadas de lado.

Hector, em sua jornada, se depara com pessoas, contextos e culturas de vários tipos. Em cada experiência, descobre uma nova concepção de felicidade, sempre anotando em seu caderninho. Ele também passa por alguns perigos, entre eles, ser sequestrado, o que lhe garante uma profunda reflexão sobre a própria vida e sobre a própria felicidade, percebendo, ao final, que ele já a possui, precisando apenas valorizá-la, sem se preocupar excessivamente com o que ainda não possui.

Nesse sentido, mais uma vez Karnal e Filho (2016), em seu livro, abordam sobre uma concepção distorcida da felicidade, a qual boa parte das pessoas esperam obter no futuro. Desse modo, chamam de “happy hour” o final de semana, quando finalmente as atividades cessam. Ou seja, ficam ansiosas esperando por esse momento, e durante a semana, vivem de forma medíocre, “empurrando com a barriga”. Relembrando Dalai Lama, “vivem como se nunca fossem morrer, e morrem como se nunca tivessem vivido”.

Portanto, o filme, vinculado às inúmeras reflexões sobre a felicidade, mostra que ela não é palpável, não é mensurável, não é determinada e não é um modo de ser, mas um modo de existir. Corriqueiramente nem sempre percebemos a sua presença e comumente atribuímos aos fardos e problemas maior atenção, concebendo tais situações como fontes de tristeza, sem notar que elas também são necessárias para o crescimento, e que a resolução destas, também podem gerar grande felicidade.

Lista da felicidade, por Hector:

  1. Fazer comparações pode prejudicar sua felicidade.
  2. Muitas pessoas acham que a felicidade é ser mais rico ou mais importante.
  3. Muitas pessoas só imaginam a felicidade no futuro.
  4. Felicidade pode ser a liberdade de amar mais de uma mulher ao mesmo tempo.
  5. Às vezes felicidade é não saber toda a história.
  6. Evitar a infelicidade não é o caminho para a felicidade.
  7. Sua companhia lhe leva sempre: A) Para cima ou B) Para baixo?
  8. Felicidade é seguir sua vocação.
  9. Felicidade é se sentir amado por ser você mesmo.
  10. Ensopado de batata doce!
  11. O medo impede a felicidade.
  12. Felicidade é se sentir inteiramente vivo.
  13. Felicidade é saber como comemorar.
  14. Felicidade é saber ouvir é saber amar.
  15. Nostalgia não é mais como era antigamente.

REFERÊNCIAS:

OLIVIERI, A. C. Filosofia e felicidade: O que é ser feliz segundo os grandes filósofos do passado e do presente. Uol Educação, 2012. Disponível em: https://goo.gl/lFfYNb. Acesso em 12 abr. 17.

FILHO, C. B.; KARNAL, L. Felicidade ou Morte. 2016. 96 p.
Editora: Papirus 7 Mares.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

HECTOR E A PROCURA DA FELICIDADE

Diretor: Peter Chelsom
Elenco:  Simon Pegg, Rosamund Pike, Toni Collette
País: Canadá
Ano: 2016
Classificação: 12

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Precisamos falar sobre beleza: categorias e padrões midiáticos

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No texto “As categorias da beleza” do livro “Iniciação à Estética” de Ariano Suassuna (2009), são abordadas as concepções de Beleza, suas classificações e implicações ao longo da história, bem como a influencia de Aristóteles na construção dessas novas configurações. Nesse ensaio, procuramos fazer uma comparação entre algumas dessas características com as concepções atuais de beleza, especialmente a beleza estética corporal, que tem sido fonte dos mais diversos tipos de infortúnios.

Assim, Suassuna (2009, p. 105) aponta que “a estética moderna procura fazer do Belo apenas um dos tipos possíveis de algo mais amplo, que os Pós-Kantianos chamaram de Estético e que, aqui, chamamos de beleza”. Dessa forma, torna-se possível dizer que o Belo está entre os vários tipos de Beleza existentes. O autor acrescenta ainda, que a Beleza não deve ser compreendida apenas pela ótica do Belo que desperta sentimentos agradáveis e serenos, mas que outras sensações podem ser despertadas por meio dos diversos tipos de Beleza. Dessa maneira, fez-se necessário uma fragmentação do campo estético, possibilitando uma visão mais ampla da Beleza.

O autor traz como problema o impasse de analisar as categorias da Beleza por uma ótica objetiva, ou em termos subjetivos. Ou seja, a interpretação dos diversos tipos de beleza pode ser compreendida a partir da ótica de cada sujeito, de modo que cada indivíduo perceberá estes aspectos de acordo com suas próprias noções e singularidades. No entanto, independente da forma escolhida, as linhas gerais da solução desse dilema foram sugeridas por Aristóteles. Conforme Suassuna (2009) Aristóteles em sua definição de Beleza, associa inicialmente, elementos de harmonia e desarmonia, com a grandeza e a proporção, no intuito de alcançar as categorias de Beleza expressas através das artes literárias e teatrais.

Aristóteles (s/d, apud Suassuna, 2009) define oito categorias da Beleza, sendo que, destas oito, quatro estão ligadas à harmonia: o Gracioso, o Belo, o Sublime e o Trágico. As demais estão associadas à desarmonia, originados a partir do que na natureza é feio: o Risível, a Beleza do Feio, a Beleza do Horrível e o Cômico.  A mídia atual dá maior ênfase a beleza exterior que é essencialmente “harmônica”. Entretanto, do outro lado da televisão, existe mais desarmonia do que harmonia. E é necessário reconhecer o belo na desarmonia. Em revistas, jornais, propagandas só existe o corpo “perfeito”, que é frequentemente e (não tão) ironicamente, magro, branco, europeu. Em casa, nas ruas, o que existe são corpos singulares, que sofrem por não serem “perfeitos”.

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Fonte: http://ohanamakeup.tumblr.com/post/109516269334/rosto-perfeito-m%C3%A1scara-de-marquardt

Com relação ao Gracioso, este refere-se a forma na qual a Beleza se realiza por meio de pequenos detalhes. Embora, apresentem aspectos de beleza, estes não podem pertencer ao Belo, uma vez que este exige majestade e imponência (ARISTÓTELES, s/d, apud SUASSUNA, 2009). Em contrapartida, no campo da desarmonia encontra-se o Risível, Beleza criada a partir do que existe de desarmonioso no mundo e no homem, no entanto, essa feiura, torpeza e o grotesco são em proporções ainda suaves, ou seja, são apenas alguns defeitos (SUASSUNA, 2009).

Em seguida, têm-se elementos nos quais a grandeza é fundamental, o Belo e a Beleza criada a partir do feio. Nessas categorias, é notório que há um aumento da proporção de suas características: a grandeza, a imponência e a majestade fazem parte dessas esferas, ainda que não de formas demasiadas, para não adentrar ao terceiro campo (SUASSUNA, 2009). Este terceiro campo, faz menção à Beleza do Horrível e ao Sublime, que de acordo com Suassuna (2009, p.112) Aristóteles atribuía a eles o “domínio do grandioso, das proporções desmesuradas”, diferenciando-se apenas pelo fato do Sublime estar associado à harmonia, enquanto a Beleza do Horrível à desordem, remetendo ao feio e repugnante em proporções demasiadas.

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Fonte: http://www.lendo.org/a-tragedia-grega/

Em último campo encontram-se o Trágico e o Cômico, nessas classificações os sentimentos são originados por ações, seja no teatro ou na dança, e não por pensamentos, como nos demais campos da beleza citados anteriormente. Então, a partir de uma ação em desarmonia com o que é socialmente esperado, surge o cômico, com terror, piedade e grandiosidade. Em contrapartida, quando esses aspectos estão em harmonia temos o trágico (SUASSUNA, 2009).

 “A tragédia é, pois, imitação de ações de caráter elevado, completa em si mesma, de certa extensão, linguagem ornamentada e com as várias espécies de ornamentos distribuídos pelas diversas partes do drama(espetáculo), imitação que se efetua, não por narrativa mas mediante atores (personagens), e que, suscitando o terror e a piedade, tem por efeito a purificação desses sentimentos” (Aristóteles apud Suassuna, 2009 p.124-125)

Segundo Aristóteles (s/d apud Suassuna, 2009 p.128), o personagem é um misto de boas e más qualidades. Seu caráter trágico é enunciado mais pelas suas decisões do que pelas suas palavras. Essas decisões são comumente influenciadas pela grandeza de suas paixões. Assim, o trágico decorre de uma ação humana elevada, narrada em linguagem poética, com predominância da imagem e da metáfora, na qual um personagem excepcional toma uma decisão, fazendo uma escolha entre dois fins, preferindo um e evitando outro.

No capítulo 11 do livro Iniciação à Estética de Ariano Suassuna o autor fala sobre a Visão Psicológica das Categorias da Beleza, nome do capitulo, citando primeiramente Charles Lalo sobre As Três Faculdades e a Harmonia, seu ponto de vista psicológico, onde ele nos fornece indicações sobre a definição objetiva de cada uma dessas categorias partindo do princípio Aristotélico: harmonia, ou ordem. Em combinações, o autor fala sobre 9 categorias no total, sendo subdivididas em 3 campos de harmonia de três faculdades atribuídas ao espirito humano, a inteligência, a atividade e a sensibilidade.

Para o autor, o primeiro campo, o da Harmonia Possuída, é dividido em Belo, Grandioso e Gracioso. Sendo, para ele, Belo a forma especial de beleza sensível à inteligência, uma beleza serena e clássica, onde não há muito esforço, mas sim o gosto ao clássico, por exemplo os templos gregos que são equilibrados, harmoniosos e serenos. O Grandioso, segundo o Lalo, é uma forma de harmonia obtida através de uma luta contra um material duro e resistente que está acima das forças humanas, como um templo egípcio que para ele tem uma impressão de que aquelas obras são algo maior que as medidas humanas atingidas pelos humanos. Já o Gracioso seria a forma sentimental e afetiva da harmonia, que transparece também proteção e sensibilidade diante de seres ou objetos frágeis, como por exemplo, uma casa simples no campo.

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Fonte: http://pwalwer.blogspot.com.br/2012/05/templo-de-poseidon-imperador-dos-mares.html

Quando o autor passa para o Campo da Harmonia Procurada, ele fala sobre as três categorias principais, que são o Sublime, o Trágico e o Dramático. O Sublime, para Lalo, sendo a categoria mais puramente intelectual consiste no conflito de ideias que também possuem um caráter religioso, já que esses conflitos também se dão a partir de ideias superiores e que não estão ao alcance humano. Sublime então seria o tipo de Beleza de meditação onde ocorre um sentimento de solene terror por causa desses conflitos.

Quando o autor fala sobre o Trágico, diz ser a harmonia procurada através de uma ação, ou seja, estando mais ligadas à atividade o Trágico seria uma luta contra a fatalidade, o combate de um ser humano contra necessidades irresistíveis de fora, como o Édipo que é um dos melhores exemplos para isso. Lalo já define o Dramático de maneira mais vaga, dizendo ele que é o tipo de Beleza que procura comover sensibilidade onde não é apresentada o “trágico, fatalidade”, sendo assim uma “morte acidental, mas tocante” para o autor.

Por último, temos o campo da Harmonia Perdida, onde os três campos principais são o Espirituoso, o Cômico e o Humorístico. Lalo diz que o Espirituoso é o domínio das obras de arte nas quais predomina o riso despertado por uma sugestão de ideias, espirito é sinônimo de inteligência e de capacidade de despertar riso. Já o Cômico seria mais voltado para o lado da ação, onde, para o autor, o caráter e o tais ações cômicas se mostram através de uma desarmonia enquanto não se sabem que exista essa desarmonia, por exemplo, se um personagem é cômico por ser avarento é engraçado, mas se suspeitamos que ele é avarento porque quer, sua avareza cômica se torna uma fatalidade, que dá lugar ao Trágico.

Por fim, o Humorístico de acordo com Lalo é “uma falsa unidade aparente, na qual nós descobrimos uma incoerência escondida”, para ele o Humorístico é “realista e fantástico, feroz e terno, moral, amoral e, por vezes, imoral, metafísico e brincalhão, anárquico e social, apóstolo do bom-senso e demônio da extravagância”, isso seria conseguir ver o lado bom tanto de coisas boas quanto de coisas ruins, de acordo com Cassio Nunes, em seu livro Breves Estudos de Literatura Brasileira de 1969.

Tanto o Trágico quanto o Dramático se caracterizam pelo infortúnio, pelo esmagamento, pelo aniquilamento do personagem. Como Henriette (2014) fala em seu artigo “O padrão de beleza imposto pela mídia”, as pessoas não enxergam mais sua beleza interior, mas sentem um vazio enorme, tentando ser o que não são, tentando atingir um padrão inalcançável. Essa beleza trágica, imposta pela sociedade, acaba esmagando nossas singularidades, aniquilando nosso protagonismo e nos colocando em uma posição de infortúnio, em uma constante luta entre sermos aceitos sendo “belos”, e corremos o risco de termos parte de nossa subjetividade perdida, ou preservarmos a nossa individualidade e sermos marginalizados como “feios”.

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Fonte: http://www.almanaqueliterario.com/o-desenvolvimento-intelectual

A exemplo do que acontece com o trágico, o Dramático se fundamenta em ações. Aliás, a ação é elemento fundamental de qualquer das categorias da Beleza ligadas ao comportamento humano. Por exemplo, para alcançar o status de belo em nossa sociedade, é preciso agir em função disso, mesmo que essa ação tenha um desenrolar trágico e um final catastrófico. O conflito dramático e também o trágico, se encontram na vida cotidiana. São situações que todos vivemos e testemunhamos. Situações que nos causam certo medo e até repulsa, mas que ao mesmo tempo nos fascinam e por vezes nos impelem a agir da mesma forma. Como exemplo, todos objetivamente sabemos que é irreal o patamar de beleza que nos é imposto, mas em maior ou menor grau, acabamos submetidos por, e trabalhando em prol dele.

Para Suassuna (2009), em matéria de estética, é sempre conveniente refletir sobre o concreto. Se houvesse uma maior observação dos limites da concretude em termos de beleza, possivelmente a nossa vivência de estética seria menos dramática. Na sociedade moderna o que se observa são os padrões de beleza impostos pela mídia, que trazem um discurso que para ser bem “sucedido” e até mesmo aceito dentro de uma esfera social é preciso seguir o padrão de estética que a sociedade impõe.

Relativamente existem serias consequências dentro desse parâmetro social, quando no sujeito surge o sentimento de inferioridade perante o modelo visto na mídia como perfeito, levando o mesmo a não aceitação do seu corpo e “contribuindo” para uma series de “malefícios” como no caso da anorexia nervosa e bulimia. A mídia a todo tempo tem pregado poder, honra, beleza, sucesso e vários outros. Sempre com intuito de promover uma cultura de que aquilo que é externo e mais importante do que a parte interna, psíquica e emocional.

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Fonte: http://nikelenwitter.sul21.com.br/2014/08/sobre-a-imposicao-de-padroes-de-beleza/

A maiores vítimas são as mulheres que buscam pela perfeição do corpo, influenciadas especificamente pelas top moldels, que passam uma alta imagem de que tudo se encontra aprimorado, com alto esmero, que não contém nenhuma imperfeição. Uns dos maiores incentivadores a propagar o padrão de beleza aceitável pela mídia são os meio comunicativos que passa a visão de que tudo pode ser alcançado e com isso a busca pelo “corpo sarado” é bastante almejada para satisfazer a necessidade que a mídia tem colocado na sociedade.

A reflexão aqui é, portanto, a respeito das diversas formas da beleza e de como elas influenciam a forma como vemos determinadas coisas, pessoas, lugares, e o mundo. A um nível que beira a ignorância (e por vezes, esse limite é atravessado) nós rotulamos e tratamos as pessoas com base na nossa concepção sobre a beleza. É necessário mais do que isso. É necessário aprender sobre as diversas formas de beleza, e mais, aprender que a beleza vai além de formas físicas, transcende. É complexa e vulnerável. Precisamos falar sobre o que chamamos de beleza.

REFERÊNCIAS:

SUASSUNA, Ariano. As categorias da beleza. In: SUASSUNA, Ariano. Iniciação à Estética. 10. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009. Cap. 10, 11, 12 e 13. p. 103-141.

 

SILVA, Henriette Valéria. O padrão de beleza imposto pela mídia. ed.794. 2014. Disponível em: <observatoriodaimprensa.com.br/…/_ed794_o_padrao_de_beleza_imposto_pela_midia>

 

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Afinal, o que é beleza?

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A partir de Platão surge um esboço de conceito de subjetividade. Onde ele nos apresenta o conceito de alma tripartite (Razão, Emoções e Desejos). A filosofia vai racionalizar o discurso. É uma tentativa de racionalizar as narrativas para que as pessoas superem as crenças míticas. Para Platão a razão é que nos diferencia dos animais. A razão vem acima das emoções e desejos. De acordo com Platão, se não nutrirmos a razão as pessoas ficam reféns de outros aspectos do seu corpo. Com isso, estudar a Beleza através da contribuição de Platão dentro da sua visão idealista do mundo e do homem, é diz que a beleza de um ser material no mundo real vai depender de quão próximo chega a Beleza Absoluta do mundo ideal (matriz). Nesse mundo matriz a Verdade, a Beleza e o Bem são essências superiores. Para o filosofo espanhol José Ortega y Gasset, esse era o mundo em forma visto por Platão.

Platão entendia o universo dividido em dois mundos. O mundo que enxergamos, ou seja, o mundo real é o mundo que ele define como uma copia de um mundo ideal. Sendo que, o mundo real, ou seja, o mundo sensível que temos diante de nossos olhos é denominado por ele como um campo da ruína, das imperfeições, da feiura, da decadência. Para o filosofo espanhol José Ortega y Gasset, esse era o mundo em ruína visto por Platão. O nosso mundo real só recebe existência e significação por causa da pré-existência de um mundo Autêntico, o mundo das ideias puras e verdadeiras.

Para Platão a alma tem como seu habitat natural o mundo das Essências, e sendo o mundo real uma cópia fiel do mundo das essências; a alma fica presa no nosso plano real como se estivesse sempre em busca de encontrar a Beleza Absoluta de onde ela veio. Em busca de algo perfeito que ela conheceu, mas não pudesse voltar. Nos textos sobre a Reminiscência de Platão, ele relata que a alma morre e nasce várias vezes, a alma é imortal; por isso é detentora de um vasto saber e conhecimento de tudo existente. Não existe nada que ela não conheça. A alma por ter vindo do mundo ideal, um mundo perfeito, faz com que a ela seja uma sábia detentora do conhecimento, ou seja, ela sabe tudo.

Diante disso, a alma é vista como algo sublime por Platão, pois ela já veio do mundo das Essências, da Verdade Absoluta. Quando a alma vem para o mundo material e se encontra com o corpo material é como se ela, por ter conhecimento absoluto, entrasse em decadência e vivesse sempre com saudades em busca da perfeição do mundo ideal do qual ela veio.  Segundo a Teoria da Reminiscência de Platão, a alma por ter contemplado a Verdade, a Beleza e o Bem Absoluto, ela sempre vai recordar-se do mundo das essências como se ela estivesse em busca de algo daquilo que ela já experimentou antes de unir-se a matéria, ou seja, de unir-se ao corpo.

O corpo por ser definido por Platão como algo decadente e grosseiro; quando se prende a ele faz como que se esqueça da vasta sabedoria da alma; não possibilitando acompanhar essa amplitude de conhecimento absoluto. Com isso, algumas pessoas do mundo Real que valorizam a alma, são consideradas pessoas mais aptas que outras a se lembrarem das Verdades e Belezas contempladas anteriormente. Essas pessoas vão recordar, mas nunca vão ser detentoras da Beleza e da Verdade Absoluta, pois essas só existem no plano das Essências; onde é inatingível pela matéria que é mera cópia. Por isso para Platão, não adianta ficar perdendo muito tempo com a matéria, já que ela é uma cópia prefeita do Ideal.

O filósofo grego Sócrates relata, de acordo com as anotações de Platão, em o livro “Fredo”, um mito da “parelha alada”, que narra de uma forma muito interessante a respeito do ser e da morte. Ele representa o pensamento e ideias sob uma forma figurada de como alcançar o mundo superior para aqueles que conseguiram purificar o seu corpo espiritual. Para Platão o caminho da alma que se quer elevar é o amor. Na concepção de Platão os seres humanos eram andróginos, ou seja, num mesmo corpo têm-se características masculinas e femininas.

Ao separar as duas metades são como se cada alma ficasse em busca da outra cara metade dela, ou, em busca de encontrar sua parelha. Com isso, o caminho místico para elevarmos nossos espíritos ao plano superior se aproxima mais para aqueles que compreenderem que a Beleza da alma é algo superior à beleza corporal. Aqueles que se prenderem mais ao plano físico estão sujeitos a perecer (a ruínas) assim como o corpo, se estabelecendo como seres inferiores presos no plano material.

Dentro do que é possível aqui na terra, àqueles detentores do saber que mais se aproximam da luminosidade do mundo das essências, adquiridas através das recordações da alma; são os que conseguirão ter uma contemplação mais elevada da Beleza. A sabedoria estaria em saber desfrutar a Beleza e não meramente conhece-la, isso despertaria amores intensos.

A respeito da deleitação da Beleza exposta por Platão, o filosofo Francês Jacques Maritain afirma: “a beleza é essencialmente deleitável: por isso, por sua própria essência e enquanto beleza move o desejo e produz o amor, enquanto que a verdade, como tal, faz somente iluminar.”. Vale ressaltar que para Platão, a contemplação da Beleza era uma recordação (de acordo com a teoria da reminiscência), que informaria todo o pensamento Platônico, não só quanto à contemplação da Beleza, da Verdade e do Bem, como a respeito dos métodos e processos criadores da Arte.

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Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Dor%C3%ADforo

Teoria Aristotélica da Beleza

Aristóteles é um discípulo de Platão, e ele vem colocar sua visão não para subestimar Platão, pois sabe da sua importância para contribuição da Beleza; porém ele vai se opor inteiramente ao idealismo Platônico. Aristóteles vai usar da lógica, da matemática, da estatística para derruba a teoria de Platão. Para Aristóteles é impossível que exista uma matriz no mundo das ideias.  Pela lógica, se nós somos cópias imperfeitas de algo, essa matriz já tem que ser a cópia de outra coisa; ficando assim impossível existir uma cópia perfeita, sem ser cópia de outra coisa perfeita.

Conforme citado a seguir por Ariano Suassuna, em seu livro Iniciação À Estética, a respeito do conceito de beleza para Aristóteles; podemos dizer que para esse grande pensador ao contrário de Platão, não é que exista uma cópia perfeita, simplesmente existem determinadas características que denominam uma espécie. Ou seja, um conjunto de características comuns que se enquadra em determinado objeto ou espécie. A verdade é vista a partir das evidências do mundo. A Beleza vem apenas de certa harmonia ou ordenação, existente entre as partes desse objeto entre si e em relação ao todo. Quanto àquela forma especial de Beleza que mais interessava aos gregos, o Belo, exigia ele, ainda, outras características, entre as quais as mais importantes eram certa grandeza, o imponência, e, ao mesmo tempo, proporção e medida nessa grandeza.

Suassuna, ressalta que para Aristóteles as características essenciais da Beleza seriam a ordem ou a harmonia, e a grandeza; assim como também a medida e a proporção de acordo com influência do conceito grego de Beleza. Outro fato importante a observar é o de que, por ele ser considerado patrono de todo pensamento realista e objetivista ocidental (rompeu com o idealismo Platônico e trouxe um ponto de vista realista sem recorrer a outras coisas para explicar o próprio objeto); não faz com que ele se descuide do sujeito como agente contemplador da Arte e da Beleza. Ele leva em consideração os aspectos psicológicos do sujeito para uma contemplação plena de espirito da Beleza.

      Diante de tantos aspectos vistos por Aristóteles contributivos para o campo da Estética e da Beleza, podemos dizer que as três características principais da Beleza são: harmonia, grandeza e proporção. O que nos leva a ancorar na célebre fórmula dos aristotélicos: “A Beleza consiste em unidade na variedade”.

Teoria Plotínica da Beleza

A teoria de Plotino possui semelhança com a visão de Platão. Faz-se uma crítica ao conceito de Beleza de Aristóteles, onde esse acredita que a beleza é harmonia das partes de um todo. Para Plotino, a beleza não pode ser a harmonia das partes do objeto estético, pois com esse pensamento, as coisas mais simples da vida deixam de ser consideradas belas. Segundo Plotino, a apreciação dos sons musicais, por exemplo, ocorre não somente no conjunto da obra, mais em cada composição dela. O exemplo disso é o som de sinfonia ou sonata, o todo nos agrada, como também o som isolado de cada instrumento é belo.

 Segundo Suassuna, Plotino classificou Artes em dois sentidos estéticos por excelência, sendo esse a visão e audição. Para ele a pintura só pode ser apreciada pelo contato visual, ou seja, uma pessoa que sofre de cegueira, não pode conceber a beleza de um quadro. Como também, alguém que sofra de surdez, jamais poderá sentir a beleza da música. Porém essa classificação, não fale para um poema ou romance, que está ligado ao comportamento e atos humanos. Suassuna afirma que Plotino, era atendo essa questão.

Ariano traz a concepção de beleza de outros pensadores, para dialogar com a teoria de Plotino. Um destes filósofos é o Kant, do qual fala sobre juízo de gosto, e sensação de prazer e desprazer. Do qual Plotino faz relação entre Beleza e o Bem, o Feio e o Mal. Dando maior importância a Beleza e o Bem, mas sem deixar de lado a importância de estudar o Feio e o Mal. O pensamento primitivo e escolástico; Santo Agostinho e Santo Tomaz tiveram grande remanência das ideias de estéticos de Plotino. A partir de toda essa contextualização pensante, surge à teoria do conceito de Beleza, para Plotino, “a beleza não é a harmonia, é uma luz que dança sobre a harmonia”, contraposição à teoria Aristotélica.

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Fonte: http://noticias.universia.com.br/tempo-livre/noticia/2012/11/07/980321/conheca-negra-tarsila-do-amaral.html

Teoria Kantiana da Beleza

De acordo com Kant os juízos de conhecimento emitem conceitos que possuem validez geral, por se basearem em propriedades do objeto. Com isso pode analisar que dentro dos juízos estéticos não conceitos; decorrem simplesmente de reação pessoal do contemplador diante do objeto. Os juízos estéticos e o juízo sobre o agradável é devido à primeira distinção de gosto que tem um princípio determinado puramente subjetivo, e o juízo de conhecimento fornece conceitos de validade geral. Assim sabendo que é preciso distinguir ainda, dentro do pensamento Kantiano o juízo estético e o juízo sobre o agradável, onde, por exemplo, “o agradável é aquilo que agrada aos sentidos, na sensação”.

Devido ao conteúdo da iniciação estética nota se que dentro deste parâmetro, existe algum paradoxo Kantiano sobre a beleza, onde pode notar que o juízo estético é assim ambíguo, comparado com os outros dois. O segundo paradoxo kantiano da beleza vem mostrar a característica da beleza, isto é “universal sem conceito”, onde por tanto se viu um paradoxo que é quando o sujeito emite um juízo estético e não está exprimindo um conceito decorrente das propriedades do objeto, mas apenas uma sensação de prazer que ele experimentou diante do objeto. A segunda característica, aparentemente ambígua e paradoxal, da beleza da satisfação determinada pelo juízo de gosto; “é uma necessidade subjetiva que nos aparece como objetiva”. Tendo todos os homens, necessariamente essas faculdades, cujo jogo, não ligados a conceitos, mas livres, produz a sensação de prazer ou desprazer.

Para bem entender o terceiro paradoxo sobre a beleza, temos que voltar a refletir sobre a diferença entre o juízo estético e sobre o agradável. Pois é preciso entender que quando uma pessoa se alimenta, tem um interesse físico a satisfazer de modo que o prazer causado por esta sensação é um prazer interessado. Nota- se que o sentimento da beleza não procura satisfazer nenhuma inclinação, pelo menos diretamente; é um sentimento puramente contemplativo; não é turvado por nenhum desejo, é um prazer sem interesse.

Kant acha que, quando olhamos para uma locomotiva, não podemos nunca ver ela desinteressadamente, porque temos sempre em vista o fim útil ao qual ela se destina. Conforme os conceitos do qual Kant relata pode então observar de forma que a beleza livre não supõe, portanto, nenhum conceito do que seja o objeto; a Beleza ardente, não só supõe tal conceito, mas supõe ainda a perfeição do objeto em relação a esse conceito. A concepção Kantiana do prazer desinteressado, assim como a satisfação determinada pela Beleza. Resumidamente, Kant considera que belo é o que simplesmente não tem conceito, que é impossível conceitua-lo, na verdade, ao tentarmos conceituar, toda a beleza pode ser perdida. Longe de ser lógico ou racional, o belo é algo subjetivo, sua atração exercida se deve ao sujeito contemplador.

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Fonte: http://deniseludwig.blogspot.com.br/2014/08/pinturas-e-esculturas-das-tres-gracas.html

Teoria Hegeliana da Beleza

A teoria Hegeliana possui uma semelhança com o fundamento platônico e fazendo uma crítica a visão kantiana. De acordo com Hegel o maior pensador idealista alemão do século XIX, onde deu importância de aprofundar e sistematizar com mais rigor o pensamento de Schelling. Hegel define a Beleza como a manifestação sensível da Ideia, assim a unidade da ideia e da aparência individual é a essência da beleza e de sua produção de arte. O autor distinguiu a Ideia e o Ideal, sendo assim a idéia é considerada enquanto em si mesma, é a verdade, e o Ideal que é a Beleza, a verdade exteriorizada no sensível e no concreto, a ideia é a própria realidade, a essência profunda da realidade.

Hegel considera a si mesma, é a verdade, considerada enquanto representada e exteriorizada no concreto, isto é sob seu aspecto estético, é a Beleza, ou Ideal, sendo assim Hegel segue os passos de Schelling a respeito da liberdade e a necessidade. Pode-se chamar, em resumo, liberdade àquilo que a subjetividade contém e pode captar em si mesma de mais elevado. A liberdade é a modalidade suprema do espírito. Ora enquanto a liberdade permanece puramente subjetiva e não se exterioriza, o sujeito se choca com o que não é livre, com o que é puramente objetivo, isto é, com a necessidade natural.

Para Hegel o estado do natural do homem é a contradição e o dilaceramento, não só perante a natureza, mas dentro de si mesmo, entre a parte mais alta e mais nobre de seu espirito e suas paixões, assim a suprema aspiração humana é superar tal contradição, o que só é possível pela comunhão com o absoluto e com a ideia. De acordo com a visão hegeliana do mundo, a Arte, a Religião e a Filosofia são as etapas fundamentais neste caminho do homem a procura do absoluto.

Afirma Hegel que tudo que é real é cognoscível, onde o mundo é dilacerado entre dois extremos: de um lado, as coisas, do outro, a ideia absoluta. Cabe ao homem o destino de ponte entre as coisas e o espírito, ele é uma espécie de campo de batalha entre a natureza e Deus, É ele um ser dividido, dilacerado, por ser um representante do espírito e da liberdade, colocado diante da necessidade da natureza, cega, brutal, indiferente e até hostil a ele. Sendo assim o homem tenta superar a contradição fundamental de seu destino sendo dividido por ser livre, criado para o espírito e a liberdade, vê-se arremessado diante da necessidade da natureza.

Teoria Agostiniana da Beleza

Santo Agostinho supunha que a beleza consistia na harmonia entre as partes, isso não estava relacionado às medidas e proporções do objeto artístico, mas na variedade expressa por ele, isso sim era o que tornava algo belo. Contrariando a concepção dos gregos, que relacionavam o Belo com a Beleza, “a única forma legítima de beleza”, Santo Agostinho diz que a variedade não abrange somente as partes belas, há também os contrários. Belo e Feio fazem parte da variedade, este último é um fator que causa a valorização do primeiro, assim sendo, esse contraste é essencial. A teoria agostiniana supõe que Feio e Mal são intrínsecos, assim como são Belo e Bem, trata-se de uma visão maniqueísta.

Teoria Tomista da Beleza

São Tomás de Aquino não acreditava que algo deveria ter determinadas medidas e proporções para ser considerado belo, como dizia Aristóteles, e também rejeitava os ideais platônicos, ou seja, não há regras que definam algo como belo ou feio. A teoria tomista supõe que para algo ser considerado belo basta um objeto causar deleite ao sujeito que o observa. Se alguém se agrada em ver algo ou ouvir, então esse “algo” é belo, e deve ser aprendido. Portanto, para Tomás de Aquino, o subjetivo do sujeito é que pode considerar algo bonito ou feio, basta que se harmonize com o objeto contemplado ou sinta repulsa.

Afinal, o que é beleza?

Essa pergunta parece longe de ter uma resposta consensual. Como vimos, diversos filósofos se empenharam em responde-la a seu modo. O professor de Estética pela Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc) Celso Braidas esclarece: “Não há uma única definição de beleza que seja consenso entre os filósofos, muito menos entre os artistas. Sobretudo, não há uma única definição que se aplicaria a todas as coisas e acontecimentos que denominamos belos”. Mas o professor acredita que há algumas marcas perceptíveis que tornam algo especialmente atrativo aos sentidos. Se algo é belo, deve haver nele aspectos especiais. De modo geral, essa questão é subjetiva, o que explica tantas distintas respostas a ela.

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Fonte: http://www.infoescola.com/pintura/mona-lisa/

REFERÊNCIAS

SUASSUNA, Ariano. Iniciação à Estética. 1. Ed. São Paulo: José Olympio, 1975. 398 p.

 

Estética, Teoria Aristotélica da Beleza. Disponível em: <http: //www.coisasdeestetas.blogspot.com.br>. Acesso em 04 de setembro de 2016.

 

ZH, A Filosofia da Beleza. Disponível em: <www.zh.clicrbs.com.br>. Acesso em 04 de setembro de 2016.

 

Rua Direita, Conceito de beleza. Disponível em: <www.ruadireita.com>. Acesso em 05 de setembro de 2016.

 

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