Diário de Campo: Território Desconhecido

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Querido diário acabei de chegar da ASCAMPA…

Entrando na Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis da Região Centro-Norte de Palmas/TO – ASCAMPA a visão era de um vasto território repleto de material reciclável, porém que necessita da coleta seletiva, grande parte do material que ali estava, ainda não tinha sido selecionado. O material chega ali por meio de pessoas que não realizam a seleção, dessa forma os catadores que ali trabalham tem que separar manualmente todo este material – que por sinal, já poderia vir separado por quem o produz (mas eu acho que as pessoas ainda não sabem disso).

Fui no horário de almoço, encontrei duas senhoras almoçando, a presidente da associação e outra senhora. Expliquei a elas o projeto que faço parte e me ofereci como trabalhador voluntário por alguns dias, irei quarta-feira e quinta-feira. Elas me contaram as dificuldades da obtenção do material e o grande desperdício, o dinheiro sendo jogado fora, literalmente, no lixo. Elas me explicaram que cada tonelada de lixo que vai para o aterro é cobrada uma taxa de R$ 80,00 reais. Para o aterro de Palmas/TO, só no mês de julho de 2013 foram coletados em média 223 toneladas/dia de lixo, fazendo uma conta rápida, só no mês de julho de 2013 foi jogado no lixo R$17.840,00 por dia. No mês foram pagos R$ 553.040,00 (meio milhão de reais em um mês) em taxas. Para mim e para muita gente isso é muito dinheiro. Tudo isso ainda poderia ser revertido, e esse dinheiro poderia ser utilizado para muita coisa, se houvesse uma simples coleta seletiva. Poxa vida, tanto dinheiro indo embora, vou continuar esperando alguma reação do governo? Bom, eu tenho 19 anos, acho que é um tempo suficiente de espera, então, querido diário, acho que tenho que começar a fazer algo.

A senhora que me atendeu na ASCAMPA, me explicava que posso fazer isso na minha casa, separar a “lata de leite do menino”, as garrafas de refrigerante, os papeis que jogo fora, tantos panfletos que ganho, tudo isso é dinheiro. Dinheiro que, como nós não sabemos utilizar, jogamos no lixo. A ASCAMPA sabe e tem o material necessário para revender esse material reciclado, “recuperando” assim todo esse dinheiro. Isso tudo sem contar nos danos ambientais que são amenizados.

Depois de toda essa conversa, fomos ao ponto do meu trabalho voluntário, irei dois dias, trabalharei na própria seleção do material na ASCAMPA. A senhora me pediu uma ajuda para escrever uma placa, dizendo que ali recicla material RECICLÁVEL, material que não é reciclável, não tem o que fazer. E muita gente deixa coisas inúteis ali, como se fosse um lixão, coisa que não é. Então, na quarta-feira, irei levar tinta e ajudarei a confeccionar essa placa junto com eles.

Querido diário, acho que um mundo novo me espera, só nesta pequena passagem por lá conheci um mundo que não me tinha sido apresentado.

Boa noite querido diário…

Terminei agora meu expediente voluntário na ASCAMPA. Tentarei te explicar o que vivenciei e como estão meus pensamentos. Adianto desde já te digo que não é uma tarefa fácil!
Minha manhã começou as 08:00 na ASCAMPA, ao entrar a visão era um caos, muito material, que até então para mim, era considerado lixo, ou melhor, era confundido com lixo, e pelo visto, não é sou o único que faz essa confusão. Ali, esse material que chamamos de lixo, se torna o sustento de várias famílias. Isso sem nem mesmo mencionar que todo esse resíduo – que antes iria ser prejudicial à natureza – agora vai ser reutilizado, seguindo todo um processo. Em média 30 pessoas trabalham ali, cada um com sua função.

Fui muito bem recebido por todos. Eram cinco senhoras e dois rapazes, ao início tomamos o café da manhã – que empresa dá café da manhã para os funcionários? Essa é uma das poucas que conheço – ali conversamos um pouco, cada um se apresentou para mim, e elas me deram roupa apropriada para vestir, bem como luvas, botas e algumas instruções. Ficou claro também que muita gente vai até a Associação com grandes promessas, e que por fim, não existe muito o retorno, ou melhor, as promessas nem sempre se cumprem. Eu não quero ser simplesmente mais uma promessa.

Passando o momento, começamos o trabalho, minha primeira tarefa era “limpar uma área”, é a expressão utilizada para dizer da coleta seletiva de uma área delimitada. Fomos à área que iriamos “limpar” e começamos a seleção do material. Ali tinha plástico, vidro, metal, papel, e outros materiais misturados e em desordem. Muita gente leva material para reciclagem mas não o separa. Apesar de todo esse material ser separado pelos catadores, seria bem mais prático, menos trabalhoso e mais lucrativo se o material já fosse separado por quem o produz. Enfim, separamos o material, um trabalho pesado, realizado por senhoras de 30 a 50 e tantos anos de idade, e eu.

A ASCAMPA, infelizmente não consegue reciclar todos os materiais. Funciona assim: os catadores que andam pela cidade e sócios levam até a ASCAMPA o material, os catadores fixos da ASCAMPA selecionam e separam o material. Outra pessoa prensa todo o material selecionado com uma prensa elétrica. Em seguida, esse resíduo é pesado e vendido a uma pessoa que o revende para as indústrias. A ASCAMPA ainda não pode vender seu material direto para as indústrias, pois elas indústrias só compram em média 100 toneladas, ou mais. A ASCAMPA produz atualmente uma média entre 5 a 15 toneladas de cada material. A pessoa que compra da ASCAMPA compra também de outras associações e cooperativas para revender.

Continuando meu trabalho… Como a ASCAMPA, por falta de maquinário não recicla todos os materiais, e por falta de quantidade mínima de material, separávamos ali os materiais que seriam prensados: papeis, plásticos e metais. Os outros materiais separávamos para vender a pequenos comerciantes. Conversando com as senhoras, me diverti, aprendi a usar o facão para cortar para-choques. Tanta coisa que eu jogo no lixo, e que ali reutilizam, não é que eles usam lixo, mas sim que eu jogo no lixo, coisas que não são descartáveis, coisas que iram afetar a natureza.

Depois de duas horas de trabalho, havíamos “limpado a área” e agora o que fazer? – pensei – a resposta veio antes de terminar o pensamento:

– Próxima área de limpar! (Disse uma senhora)

Não me restava escolhas senão segui-la. Minha tarefa desta vez era menos complexa, porque a outra foi difícil, eu não reconhecia bem cada material. Existe uma quantidade muito grande e diferente de plásticos. A tarefa consistia em colocar todos os papelões da área diante da prensadora para prensar, foi nesta tarefa que passei o restante do dia e da tarde. Muitas idas, vindas, agachadas, apanhadas e levadas. Às 12:00 horas, se escuta: “hora do almoço!”. E assim nos direcionamos para o nosso refeitório, um belo barracão. O cheiro de frango assado não escondia a surpresa. Fiz meu prato, acompanhado de um suco de abacaxi, me sentei à sombra de uma árvore. Naquele círculo de amizades que se formou voltamos à conversa, dessa vez foi mais íntima, muitas histórias da vida pessoal, de superação, de luta, batalha, de alegrias, de tristeza, mais que tudo: de perseverança. Por trás vinha algumas frases a respeito da comida, como: “essa comida nem cachorro come, porque não sobra pra ele comer”. Um momento de descontração para todos, é o almoço, além claro, da reabastecida para o trabalho, pois como bem dizia Dona Terezinha “saco vazio não para em pé”.

Na ASCAMPA muitas pessoas levam e deixam ali material que não é possível mais ser reciclável, deixam lixo. As vezes no portão e no muro, então já se tinha a ideia de fazer um cartaz informativo. Eu tinha levado tinta, pensamos algo para escrever. Por fim a frase escolhida foi “Aqui não é lixão; por favor, somente material reciclável!”, pronto, depois de escolhida a frase, nos faltava o pintor, neste caso, sobrou para mim. E já que existe uma primeira vez pra tudo, pedi ajuda e me pus a escrever e pintar. Depois de feita nossa obra prima, deixamos secar e voltamos ao verdadeiro trabalho, o que alimentava cada um ali. A prensadora não parava de trabalhar, os catadores levando papelão e eu me cansando, até que tive uma ideia. Peguei um carrinho de um catador emprestado e começamos todos a encher o carrinho de papelão para depois levar para a máquina, agora podíamos trabalhar melhor, com o nosso querido amigo sol que resolveu não se esconder.

Findado o trabalho me despedi e voltei a minha casa, tomei um banho, e agora aqui estou, escrevendo. Por meio de muita batalha, hoje a ASCAMPA tem um espaço de dois mil metros quadrados, e uma pequena estrutura. Atualmente, a Associação consegue se manter, mas para crescer é necessário a participação de toda a população. É tão fácil separar o material, sempre usamos papel, e sempre deixamos de usá-lo, tomamos sempre algo enlatado, todo esse material para eles são ouro, podemos começar a enxergar isso e tentar amenizar os estragos que temos cometido com a natureza, com o nosso mundo.

Estou feliz, amanhã voltarei a ASCAMPA para o meu segundo turno, ansioso estou para minhas novas tarefas, e aprendizados. Talvez eu não tenha conseguido expressar minha vivência e meus pensamentos por inteiro, entretanto, querido diário, ACONTECEU!

Querido diário, o dia iniciou de uma maneira diferente…

Cheguei às 8:00 horas e muitos já estavam trabalhando. Mesmo assim, meu café da manhã estava lá, pronto a espera. Como de costume, me alimentei, pois “saco vazio não para em pé”, e em seguida fui ao trabalho, tínhamos que “limpar” outra área. Agora a tarefa havia se complicado um pouco mais, já que eu deveria fazer a coleta seletiva de diferentes materiais. Só plástico eram mais de quatro materiais diferentes, havia o plástico branco, o plástico “colorido”, o plástico “bacia”, o plástico “pet”, o plástico “seco” e o plástico “chiado”, esses dois últimos eram dispensados no momento da seleção, e outros quatros eram separados em diferentes “bags” (grandes sacolas plásticas).

Além da separação dos plásticos tínhamos também que separar o papelão, que este era de dois tipos diferentes: o papelão normal e a caixa térmica (caixa de leite e suco de fruta). No meio desse material havia também diferentes metais – como alumínio e ferro –  e papeis, entre eles o papel branco e o papel de revista.

Tenho uma dica para você diário, se quiser aprender a seleção de material reciclável, trabalhe com os catadores, em uma hora, já saberá tudo, pois eles não têm vergonha de ensinar. Eles explicam e repetem o que sabem quantas vezes for preciso. Incrível a generosidade a humildade, é algo espetacular.

Aqueles catadores tinham um olhar experiente para cada material, tentando ao máximo não desperdiçar, pois era dinheiro que iria para o lixo. O que não se aceita na seleção se transforma em lixo. Essa realidade foi um pouco dura para mim, pois entre os materiais que eram descartados havia materiais que com os instrumentos e a capacitação adequada ainda poderiam ser reciclados, como exemplo o isopor, altamente poluente, e que é descartado aos montes. Por falta de instrumentos para a reciclagem, e a capacitação dos catadores – deve haver outros motivos, estes dois creio que são os primeiros.

Difícil de aceitar também foi perceber que o incentivo para a continuação da reciclagem não nasce do cuidado com a natureza, e sim da necessidade de dinheiro. Digo isso pois, o material que é não é considerado reciclável, vai para o aterro, e segue o mesmo destino que seguiria antes da reciclagem, e além do isopor, vai materiais como: pilhas, baterias, produtos químicos, entre outros.

Enquanto eu trabalhava e jogava, via o desprezo com este material prejudicial à natureza. Nascia um pouco de revolta, mas, eu não podia culpá-los por aquele ato, pois eles não tem onde guardar este material, não tem os instrumentos nem a capacitação para reciclá-los, e talvez nem fazem ideia do mal que este material faz indo para aterros.

Os catadores, estão ali, porque precisam estar, ou ainda porque é a melhor oportunidade que têm para manterem suas famílias. Cabe ressaltar que o sentimento de proteção à natureza não é inexistente, pois uma vez que começam a reciclar, percebem a quantidade de coisa que tiram do “lixo”, que deixa de ser “lixo”, são toneladas e toneladas diárias, ali na ASCAMPA não são menos de 5 toneladas diárias prensadas. Com este trabalho, nasce um novo olhar à necessidade da reciclagem para o bem da natureza.

Enquanto separávamos o material, que por sua vez estavam todos misturados em pilhas, chegou um caminhão cheio de papelão, plástico e isopor. Para todos foi uma alegria, pra mim por dois motivos: menos papelão no aterro e mais dinheiro para essas famílias e para a continuação do projeto. Este caminhão era a primeira vez que vinha, era o dono de uma empresa de móveis que disse que “descobriu” a ASCAMPA, antes ele queimava todas aquelas caixas, isopor e plástico, pois não tinha o que fazer. Eu nem tentei imaginar a tamanha agressão feita à natureza todos os dias por tantas pessoas, empresas e instituições que ainda não “descobriram” a ASCAMPA, ou qualquer outra associação ou cooperativa.

Eu subi nesse caminhão e comecei a jogar com alegria todo aquele material para fora, me diverti, não tive reclamações, muito menos atitudes crítica a respeito do meu comportamento (coisa que não estou muito acostumado, por causa do meio que vivo). Ao término deste trabalho, voltamos à seleção, foi mais duas horas até que começou a ficar muito quente, estávamos queimando, então resolvemos parar e seguir com outra atividade na sombra.

Fomos à separação do papel, em baixo de tendas. Livros, cadernos, documentos, pastas, tudo era separado pelo seu material, as capas dos livros eram arrancadas, se separavam as folhas comuns das folhas lisas (de revista), e se tinha espiral tinha um destino diferente. Sentados ali em latas, na sombra, eu me animei mais, comecei a fazer um rápido trabalho, em poucos minutos tinha enchido um saco bem grande, então gritei, “terminei”, as senhoras me olharam espantadas pela rapidez, e começaram a rir, pois eu tinha feito tudo errado, como eu não tinha organizado as folhas estavam todas jogas no saco, ocupando assim muito espaço, dando a impressão que estava cheio, resumindo, eu tive que desfazer e recomeçar todo o processo – foi mais demorado, porém coube muito mais material no mesmo saco.

Enquanto separávamos os papeis, conversamos muito, sobre mitos, que para aquelas senhoras eram a mais pura verdade, o boto, sereias, lobisomen, água Maria, Iara, escutei muitas histórias de cada uma com um desses personagens diferentes, agora me pergunto, “será que isso realmente não existe?”, elas estavam muito certas do que viram, “será que a experiência ainda luta contra a teoria?”. Isso é tema para outra sessão, agora, continuando a separação de papel, opa, “hora do almoço”, que bom, minha barriga já estava gritando de ansiedade a este momento. Que alegria, todos juntos, uma família, que é claro, não deixa de ter seus problemas, a prosa seguiu, a comida acabou, e meu horário fechou.

Referências:

PALMAS. WÉDILA JÁCOME. Aterro Sanitário de Palmas Opera com Segurança e dentro das Normas Ambientais. 2013. Disponível em: <http://www.palmas.to.gov.br/blog_noticias/meio-ambiente/aterro-sanitario-de-palmas-opera-com-seguranca-e-dentro-das-normas-ambientais/10266/>. Acesso em: 17 mar. 2014.

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Reciclando Sonhos na ASCAMPA

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“Há quem diga olê, olê, olê, olá,
Catador de norte a sul e de acolá,
Nesta marcha sem parar,
Caminhar é resistir,
E se unir é um reciclar.”

Hino Nacional dos Catadores

Material reciclável e lixo são muitas vezes confundidos; assim, vale destacar que lixo – considerado por muitas pessoas como aquilo que não presta – é constituído por uma parcela de 40% de materiais recicláveis. Dessa forma, nem tudo que vai para o lixo “não presta” de fato. Material reciclável ou reutilizável é um resíduo sólido que constitui interesse de transformação. É nesta transmutação do lixo em mercadoria que entra o personagem central deste vídeo (produzido por alunos do Curso de Comunicação da UFT), o catador (que é também separador, prensador, vendedor, articulador, conscientizador) de materiais recicláveis, um reciclador de sonhos como aborda o vídeo.

Espera-se pelo dia em que consigamos superar a visão distorcida que temos sobre o lixo. Afinal historicamente, o lixo foi tratado pejorativamente como algo a ser expurgado de dentro das casas, comércios e indústrias, pois um “alguém” passará para retirá-lo da frente dos nossos olhos. Quem sabe consigamos superar esta sensação de repulsa com o “lixo” e com as pessoas que vivem dele?

 

 

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Clínica Psicodinâmica da Cooperação com catadores de materiais recicláveis

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A Clínica Psicodinâmica da Cooperação acontece via criação de um espaço de discussão para dar voz ao sofrimento dos trabalhadores, e, assim, potencializar a mobilização subjetiva do coletivo para a construção das regras sobre o fazer e o viver no espaço de trabalho (Mendes & Araujo, 2012). Afinal, “trabalhar não é apenas produzir, é também viver junto” (Dejours, 2012b, p. 85). Esta Clínica tem seu arcabouço teórico-metodológico na Psicodinâmica do Trabalho, desenvolvida por Christophe Dejours, na França na década de 1980, época que chegou ao Brasil, com a publicação da obra a Loucura no Trabalho.

Trata-se de uma pesquisa-ação para trabalhadores que não adoeceram, mas que desejam falar sobre seu sofrimento no trabalho, assim, seu intuito é ser promotora de saúde, agindo preventivamente, pois esta mobilização do coletivo vai agir na organização do trabalho, como poderá ser visto nesta prática com alguns trabalhadores da Associação de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis da Região Centro Norte de Palmas-TO (ASCAMPA).

Sede da ASCAMPA
Foto: Liliam Ghizoni (maio, 2013)

A ASCAMPA contava, na época da realização da Clínica, com 34 associados, 16 participaram das sessões, sendo 9 homens e 7 mulheres, com idade variando entre 39 e 78 anos. Por sessão obteve-se a participação de 4 a 10 catadores. A maioria possui poucos anos de escolaridade, três já concluíram o ensino médio e uma catadora o estava cursando.

As sessões aconteceram de fevereiro a junho de 2012, aos sábados pela manhã, tiveram a duração média de 1h20 e participavam deste coletivo de pesquisa, uma psicóloga, uma estagiária estudante de Psicologia do CEULP/ULBRA e os catadores. Contou-se com a supervisão semanal de uma psicóloga em Palmas e mensal com a orientadora da Tese em Brasília. Cada sessão era iniciada com um memorial, que resgatava os principais conteúdos da sessão anterior.

Apresenta-se a seguir, um resumo de cada sessão para, na sequência, descrever o processo de mobilização dos catadores ao longo das sessões.

Na 1a Sessão (4 fev 2012), os catadores relataram sua rotina de trabalho explicando que não há um horário fixo para catar, depende de fatores como clima, demanda específica de algum órgão que solicita a coleta, ou, ainda, de disponibilidade de tempo. Alguns possuem emprego fixo (vigilante; faxineira; vendedores de bolos, espetinhos, milho verde) ou precisam conciliar a catação com os cuidados domésticos e familiares. Fizeram as seguintes queixas: falta de local apropriado para armazenamento dos materiais; forma como a fiscalização da vigilância sanitária/zoonoses contra focos de dengue faz a abordagem na Sede e nas casas dos catadores; falta de maquinários para transformar o material coletado e, assim, valorizar o preço do produto; baixo preço dos materiais; e falta de comunicação entre diretoria, associados e demais catadores individuais. Verificou-se que as ações dos catadores são individuais, mesmo fazendo parte de uma associação que deveria funcionar de forma coletiva, como um grupo, onde todos podem participar das decisões sobre o trabalho bem como sobre suas responsabilidades.

Na 2a Sessão (25 fev 2012), o destaque nas falas foi a falta de união entre os catadores, o que acaba por denunciar desorganização dos catadores e da própria Associação para resolver as questões do dia a dia de trabalho. Enquanto clínica-pesquisadora manifestou-se sentimentos de aflição e agonia pelo fato de ouvir boas ideias para a solução dos problemas citados e angústia por não ter ninguém que se prontificasse a colocar em prática tais ideias. Afinal, os que poderiam fazer alguma coisa estavam ali na sessão: os próprios catadores, os protagonistas/personagens desta história. Nesta sessão, a clínica-pesquisadora manifestou o medo de os catadores ocuparem o terreno concedido pela Prefeitura de qualquer jeito, começando as atividades neste novo espaço de maneira desorganizada.

A 3a Sessão (03 mar 2012) teve um memorial diferente: fez-se um pedido de desculpas pela quebra de compromisso na sessão anterior, quando rompeu-se o sigilo ao realizar a sessão de Clínica do Trabalho na presença de pessoas que não eram catadores, mesmo estes sendo convidados pelos próprios catadores. Diante da situação, percebeu-se que os objetivos do trabalho não estavam claros nem para as clínicas-pesquisadoras nem para os catadores. Retomou-se o sentido da Clínica Psicodinâmica da Cooperação com o grupo.

Na 4a Sessão (10 mar 2012), o memorial não foi lido, pois em supervisão, decidiu-se que a sessão seria iniciada solicitando aos catadores que relembrassem o que havia sido falado na última sessão. Elencou-se como pontos de destaque para virem à tona durante a sessão: estresse no trabalho; gosto pelo trabalho, pelos objetos do lixo; e medo de perder o espaço.

A 5a Sessão (24 mar 2012) ficou marcada pela dificuldade dos catadores de relembrarem os conteúdos da sessão anterior, sem o memorial. Um catador trouxe a questão da pouca união entre a classe dos catadores. A clínica-pesquisadora aproveitou a fala para trazer a temática do estresse no trabalho. Eles não atribuíram estresse à prática da catação, pelo contrário, alguns relacionaram essa atividade a um momento de descontração, de extravasamento. Os motivos para não sentirem estresse, citados pelos catadores, foram novamente: a flexibilidade na rotina e nos horários, a facilidade da atividade (não é de difícil execução), e a possibilidade de movimentar-se e estar em contato com outras pessoas. Porém, é neste contato interpessoal que o estresse se manifesta, como relata um catador: “Todo mundo desconta estresse em todo mundo, os catadores descontam no [Administrador da Sede],assim como o [Administrador]também já descontou nos catadores”. Há também outras fontes estressoras: desconfiança na balança que faz toda pesagem dos materiais para o Administrador efetuar os pagamentos e falta de cooperação, de diálogo e organização. Outro aspecto relevante foi a manifestação de insegurança por parte dos catadores, que têm medo de perder o espaço para “as pessoas de fora”, “os grandes”. Eles expressaram também sentimento de vulnerabilidade e impotência, já que esses “grandes” (empresários que atuam com a reciclagem e/ou indústrias de incineração), como eles mesmos dizem, “têm poder, têm dinheiro, têm tudo”.

A 6a Sessão (31 mar 2012) foi iniciada novamente com o relato dos participantes sobre o que havia sido discutido no encontro anterior. Os catadores relembraram o tema “estresse no ambiente de trabalho”, relacionando-o ao acúmulo de problemas pessoais com os profissionais, mas também trouxeram novos elementos: um “antiestresse”, que seria um membro da Associação que, quando de bom-humor, consegue descontrair o ambiente fazendo piadas e brincadeiras com todos à sua volta. E outras fontes estressoras: o acúmulo e não cumprimento das tarefas diárias, a diferença nos ritmos de trabalho, a falta de cooperação e de pensamento coletivo (união). Implícito ficou a falta de comunicação e de diálogo bem como a forma de lidar com as fofocas e a dificuldade para resolverem os conflitos.

Na 7a Sessão (14 abr 2012), os catadores falaram bastante das dificuldades que têm encontrado na Associação, principalmente sobre as regras de funcionamento e de convivência. Falaram sobre a necessidade de reuniões entre os catadores para decidirem os horários e regras da entrega/pesagem do material, pois alguns estão se sentindo discriminados e desanimados, uma vez que sempre que chegam à Sede, o Administrador está ocupado e tem dificuldade para atendê-los. Reconheceram a sobrecarga de trabalho do Administrador e a necessidade de falarem sobre os problemas da associação no coletivo. Pontuou-se que os catadores têm dificuldades para falar diretamente para o Administrador o que os incomoda, pois gostam dele, o respeitam, mas sabem que ele comete erros assim como todos os seres humanos. Falar é importante para que o próprio Administrador reflita e possa modificar algumas de suas atitudes, assim como cada catador também possa refletir e mudar sua forma de agir com os colegas associados.

A gestão financeira da ASCAMPA foi muito citada nesta sessão, pois tem gerado desconfiança que, por sua vez, tem afastado alguns catadores. Assim, sugeriu-se que os catadores que têm participado efetivamente da Associação (uma média de 10 catadores) organizem esta questão, pois, assim, poderão atrair outros catadores e dar credibilidade à ASCAMPA e à futura Cooperativa que pretendem criar. Ainda nesta sessão, um catador deu a definição de associação/cooperativa:“O pessoal tem que por na cabeça que a Associação, é todo mundo presente, mas está todo mundo ausente. Então como é que você pode cobrar uma coisa a uma pessoa, se você não está lá presente? Todos têm que estar junto. Chama-se associação, o nome está bem claro, associado, ó, é grudado é a mesma coisa um dia que quiser cooperativa, é cooperando um com outro, estar cooperativa, o nome diz tudo”.

Na 8a Sessão (28 abr 2012), além de exporem suas queixas sobre as problemáticas vivenciadas com a gestão da ASCAMPA, os catadores começaram a articular o que precisava ser feito. Assim, surgiram algumas ideias: reunião com café da manhã pelo Dia do Trabalhador na Sede da Associação, o que é muito importante e significativo, pois, até então, todas as atividades eram feitas na Sede de uma entidade parceira; e dar continuidade a estas reuniões, agendando um dia fixo para conversarem sobre as questões/problemas da Associação. Definiram como pauta: falar sobre os problemas de gestão da ASCAMPA e ver como irão fazer isto junto com o Administrador, uma vez que ele não estava presente na sessão; dividir as funções dentro da Associação de acordo com o “jeito” de cada um.

Na 9a Sessão (05 de mai 2012), o marco foi o enfrentamento com o Administrador da Sede, uma vez que ele havia faltado nas duas sessões anteriores. As clínicas-pesquisadoras tomaram conhecimento de um coletivo gestor que havia sido criado pelos catadores para atuar na Sede, conjuntamente com o Administrador. Assim, refizeram normas de convivência e de trabalho.

Na 10a Sessão (26 mai 2012), mais uma vez, foi pontuado o atraso para o início das sessões, desta vez, com elementos interpretativos sobre os motivos deste atraso. Porém, em forma de questionamento: “Chegar no horário é respeitar os colegas, independente da atividade ou não?O que acham disto?É difícil chegar no horário? É complicado ouvir o memorial/texto lido no início da sessão e falar dele?”.

Retomou-se a temática da construção das tarefas do coletivo gestor dentro da Sede. Pontuou-se a forma como a convivência tem avançado entre os catadores, eles começaram a falar mais sobre o que pensam em relação ao trabalho e sobre o comportamento dos colegas, deixando o medo de lado, pois, percebia-se que a amizade e o trabalho estavam muito misturados. Porém, faltam ajustes referentes às diferenças de ritmos e tempos de trabalho bem como toda a organização financeira da ASCAMPA.

Na 11a Sessão (02 jun 2012), os catadores falaram de seus sentimentos em relação às mudanças já implantadas na Sede pelo coletivo gestor. Embora cansados, devido à quantidade de trabalho, os catadores afirmaram que a principal mudança observada foi na organização para a pesagem e o respeito com o catador que chega à Sede. Assim como evidenciaram a coragem para falar o que veem de errado, sem medo de perder a amizade ou criar confusão.

Pontuou-se a coragem e o entusiasmo dando lugar ao medo de falar e de agir. Mas também se demarcou a necessidade deconversarem sobre o que vão fazer, como a tarefa vai ser feita, como irão tratar das desavenças/brigas e confusões. As clínicas-pesquisadoras falaram sobre a importância de reconhecerem tanto o trabalho do colega quanto do coletivo gestor.

A 12a Sessão (09 jun 2012) foi a última e, assim, marcada pela emoção. Foi a primeira sessão que aconteceu na sede da ASCAMPA, por decisão dos catadores já na sessão anterior. Havia cadeiras para todos sentarem, mesa arrumada para o café e tudo muito limpo e organizado, num espaço novo, criado para ser uma espécie de escritório, recepção, área de convivência.

Houve o reconhecimento da equipe de trabalho, sobretudo das mudanças implantadas (o atendimento, a pesagem, a quantidade de material e a limpeza). Reconhecem os conflitos (atritos), mas estão confiantes no trabalho da equipe. No início da Clínica, eram três pessoas atuando na Sede, agora são sete. Há ainda discordâncias sobre o futuro, sobretudo nos aspectos relacionados a forma de pagamento aos catadores que atuam na Sede.

Relataram a necessidade de melhorarem os controles financeiros da Associação, torná-los mais transparentes; porém, há resistências quanto a quem irá ocupar esta função.

 

Descrição da mobilização subjetiva dos catadores

Pontuam-se as Sessões 7a a 9a como as “disparadoras dos grandes incômodos com a administração da Sede. Nestas sessões, houve enfrentamentos, começavam a vencer o medo de falar, porém havia muita desconfiança. Começaram a se reunir após a sessão da Clínica para discutir as questões que estavam surgindo na Clínica referente ao dia a dia na Sede” (Memorial da 12a Sessão, 09 jun 2012).

A 7a e a 8ª Sessões não contaram com a presença do Administrador da Sede, o que acabou por provocar muitas falas importantes, sobretudo para que os catadores pudessem perceber que poderiam se organizar num coletivo, para além do Administrador. E assim, conseguem, começam, a fazer reuniões após as sessões de Clínica e também na Sede da Associação, culminando com a criação de um coletivo gestor que passa a entender e organizar os processos de trabalho dentro da ASCAMPA.

É na 9ª Sessão que acontece o enfrentamento com o Administrador da Sede: “Esta 9a Sessão foi bem difícil… difícil ver a passividade dos catadores diante da aparência de rude e triste do[Administrador]. Todos sofrem com isto… [O Administrador]por achar que está sendo apunhalado pelas costas e os demais por não terem a coragem de falar… mas eu ainda tenho a esperança que eles consigam agir, no dia a dia e ir consertando estas questões” (Diário de Campo da 9a Sessão, 05 mai 2012).

Percebe-se que a mobilização está acontecendo através da decisão tomada pelos catadores de vencerem os medos e reafirmarem o que haviam dito nas duas sessões anteriores. As estratégias de defesa do Administrador, de vitimização e de justificação de todas as críticas recebidas, não afetam todos os catadores, alguns seguem decididos na reorganização coletiva da Associação, incluindo-o, apesar das dificuldades.

Assim, este momento configura-se pela passagem do grupo dasdiscussões para as deliberações,um movimento essencial para a mobilização subjetiva acontecer no coletivo e a organização do trabalho ser repensada.

A 10a e 11a Sessões: “Foram as sessões de deliberações. Formaram um coletivo de trabalho e começaram a colocar a ‘mão na massa’ na Sede da Associação. Antes eram 4 pessoas para atuar na Sede (1 administrador, 1 prensador e 2 jovens auxiliares), agora chegaram mais 4 integrantes catadores, formando um coletivo de 7 pessoas (houve desistência de um jovem). Criaram regras de convivência, regras para a realização das tarefas, dos horários e distribuição de atividades conforme o perfil” (Relatório Final, 06 jul 2012).

Se nas sessões anteriores o enfrentamento tinha sido verbal, os conteúdos trazidos nestas duas sessões se caracterizam pelo conflito na gestão da ASCAMPA. O velho e o novo jeito de administrar. Um consolidado e que os catadores não aceitam mais e outro ainda confuso, em construção.

A inovação não perpassa somente as questões administrativas e de processos de trabalho, mas também da necessidade de lidar com mulheres ocupando o mesmo espaço, anteriormente eminentemente masculino. Configura-se um “mal estar/incômodo com a presença das “mulheres” na Sede… ou seja, começaram a falar sobre a forma como a nova gestão está acontecendo… e com isto foram também refletindo” (Diário de Campo, 10a Sessão, 26 mai 2012).

Percebe-se que a comunicação entre os catadores ainda é truculenta, em vários momentos agressivas. Acaba-se por perceber que discutir regras, onde não havia nenhuma, está se tornando uma tarefa bem difícil para o coletivo do trabalho, sobretudo por ser a primeira experiência de tê-las e de habituar-se a regras de trabalho e convivência. Como houve pouca discussão sobre tais regras, os próprios catadores começam a negar tais normas e, assim, tentam atingir a catadora que escreveu o cartaz, afirmando que ela é mandona e que eles não irão aceitar este tipo de atitude.

Neste momento, os catadores têm dificuldades para perceber que eles podem criar as regras, experimentá-las, e fazer novas regras, como desejarem. Mas esta liberdade para administrar os inibe e acabam por repetir comportamentos do então Administrador, assim como ainda deixam com ele o controle dos pagamentos para os catadores, embora não concordem com a forma como ele faz.

Assumir os riscos e as responsabilidades ainda é uma tarefa difícil para o coletivo gestor, lembrando que este coletivo é formado por catadores que valorizavam justamente a liberdade da catação nas ruas, a construção dos seus horários e o fato de não terem patrão. Acredita-se que os catadores do coletivo gestor terão um tempo para esta adaptação que, talvez, não coincida com o final da Clínica.

A última sessão, a 12a: “Foi a primeira sessão na sede da ASCAMPA. Foi criado um espaço para tal. Uma espécie de escritório com sala de convivência. Fez-se uma avaliação positiva (e emocionada) das mudanças implantadas pelo grupo gestor bem como reconhecimento pelo trabalho de toda a equipe, com as seguintes melhorias percebidas pelos demais catadores: o atendimento ao catador, a pesagem (respeito ao catador), a quantidade de material (aumentou significativamente), a limpeza e organização da Sede, a qualidade dos almoços. Ainda estão discutindo: organização da contabilidade, formas de pagamento a equipe gestora, rodízios nas atividades da Sede, representação da ASCAMPA em reuniões externas, aumento da equipe de catadores na Sede, negociações de preço junto aos atravessadores (compradores)” (Relatório Final, 06 jul 2012).

Espaço da 12a Sessão de Clínica em 09/06/2012
Foto: Liliam Ghizoni

A Clínica termina, mas a mobilização do coletivo de catadores continua, novas demandas surgem e não se sabe que rumos a organização do trabalho da ASCAMPA vai tomar. Este é o vir a ser da Clínica, no seu durante e no seu após.

A clínica-pesquisadora, por sua vez, tem “satisfação em ver a teoria e o método dando certo… pois se propôs ao grupo a criação de um espaço de escuta do sofrimento, para transformar a organização do trabalho. E as mudanças são perceptíveis… embora fique a sensação de que a Clínica termina, mas o trabalho não… pois há muitas novas discussões e deliberações a serem feitas… e o ciclo continua…” (Memorial da 12a Sessão, 09 jun 2012).

Observou-se a mudança na forma de se verem e de verem o coletivo da Associação. No início, reclamavam que eram poucos, fracos, individualistas, ao final: “É muito interessante […] de se organizar porque a gente achava assim difícil, mas tudo tem solução basta ter o consenso que depende de cada um de nós, a união faz a força, a gente sozinho não consegue […], nós temos que aprender a confiar um no outro [..]  trabalho nós melhora a cada dia mais, então estamos de parabéns a gente esta de parabéns mesmo quando fala somos poucos, mais uns poucos que acreditem” (Transcrição da Reunião de Discussão do Relatório Final, 06 jul 2012). A confiança como base para a cooperação é percebida pelos catadores e, assim, reconhecida na Reunião de Discussão de toda a Clínica, o que foi muito importante para a continuidade da mobilização do coletivo.

Atualmente, um ano e seis meses após a criação do Coletivo Gestor, a ASCAMPA colhe alguns frutos desta mobilização. Articulam a constituição de uma Cooperativa; contam com o trabalho de uma estagiária do Curso de Administração da UFT, via Projeto do NESol, no apoio administrativo-financeiro, desde outubro de 2013 e são proponentes do Projeto CATAFORTE – Negócios Sustentáveis em Redes Solidárias, do qual participam oito Associações e Cooperativas do Estado, contam com recursos do Ministério do Trabalho e Emprego e Fundação Banco do Brasil para o próximo ano, para tal contam com a Parceria do Instituto de Direitos Humanos e Meio Ambiente de Palmas-TO.

 

Referências:

Dejours, C. (2012b). Trabalho vivo: trabalho e emancipação (Tomo 2, F. Soudant trad.). Brasília: paralelo 15. 222 p.

Mendes, A. M & Araújo, L. K. R. (2012). Clínica Psicodinâmica do Trabalho: o sujeito em ação. Curitiba, Juruá. 154 p.

Nota:

Este texto é baseado no capítulo 8 da tese da primeira autora, orientada pela segunda autora, extraído de: Ghizoni, L. D. (2013). Clínica Psicodinâmica da Cooperação na Associação de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis da Região Centro Norte de Palmas – TO (ASCAMPA).Tese de Doutorado. Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações. Brasília, DF.

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