A cirurgia bariátrica e metabólica, também conhecida como cirurgia da obesidade, ou popularmente, redução de estômago, reúne técnicas com respaldo científico, destinadas ao tratamento da obesidade mórbida e ou obesidade grave e das doenças associadas ao excesso de gordura corporal ou agravadas por ela. Inclusive, este tema será debatido durante o Simpósio de Avaliação Psicológica, que ocorre em 25 de maio no CEULP/Ulbra.
O tratamento da obesidade é multidisciplinar, e o psicólogo exerce um importante papel neste processo, e que será o responsável pela realização da avaliação psicológica. Por se tratar de uma cirurgia que implica em um impacto muito grande na anatomia do corpo do paciente e, consequentemente, em seu estado psicológico e emocional, é preciso um acompanhamento psicológico pré e pós-operatório da cirurgia bariátrica para o sucesso da intervenção.
A avaliação psicológica neste contexto é um processo técnico-científico que têm início com uma entrevista semiestruturada minuciosa, onde o profissional fará um levantamento psicossocial do indivíduo, e será indispensável compreender quais são as expectativas em relação à cirurgia, além das alterações no estilo de vida, motivos que o levaram a realizar a cirurgia, entender se o paciente está preparado e principalmente se compreendeu sobre todas as alterações que ocorrerão em sua vida e se poderá colocá-las em prática. Este suporte serve para a compreensão de todos os aspectos envolvidos, decorrentes do pré-cirúrgico e pós-cirúrgicos, para a aquisição de uma melhor qualidade de vida a longo prazo para o indivíduo.
Fonte: encurtador.com.br/blG45
É de extrema importância a aplicação de testes psicológicos para complementar todo o levantamento de informações realizado na entrevista, pois confere uma dimensão objetiva em relação ao estado psicológico do candidato.
Um dos principais objetivos da avaliação psicológica é a de proporcionar a compreensão das mudanças necessárias em relação ao período pós-operatório do paciente bariátrico, aumentando assim as chances de sucesso da cirurgia. A avaliação é imprescindível nesse processo, pois o paciente deve ter total segurança na tomada de decisões em relação ao processo, seja ele de realização imediata ou futura, ou na não realização.
Ao final do processo é feito um documento (laudo) que deve ser entregue ao paciente para que junto com seu médico avalie o melhor momento para a realização da cirurgia ou a opção da não realização.
REFERÊNCIAS
ALBERT EINSTEIN. OBESIDADE. Disponível em: https://www.einstein.br/doencas-sintomas/obesidade. Acesso em: 07/05/2022.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA. A Cirurgia Bariátrica. Disponível em: https://www.sbcbm.org.br/a-cirurgia-bariatrica/. Acesso em: 07/05/2022.
MUNDO PSICOLOGIA. Avaliação Psicológica para Cirurgia Bariátrica. Disponível em: https://www.mundopsicologia.com.br/avaliacao-psicologica-para-cirurgia-bariatrica-contra-obesidade-e-compulsao-alimentar. Acesso em: 07/05/2022.
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3º Simpósio de Avaliação Psicológica conta com oficina de Avaliação psicológica e o SUS
12 de maio de 2022 Beatriz Maranhão dos Santos
Mural
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No dia 25 de maio acontece o 3 simpósio de avaliação psicológica, que terá como seu local de encontro a Universidade Luterana de Palmas.
Como parte do simpósio acontecerá oficinas voltadas para diferentes contextos da avaliação psicológica, sendo um deles a oficina: Avaliação psicológica e o SUS . O evento contará com a presença da psicóloga e egressa do SUS Lisandra Maciel de Sá, especialista em neuropsicologia, pelo instituto de pós-graduação-IPOG ,também residente em saúde da família e comunidade no município de Palmas-TO. A oficina em questão será ministrada na sala 207 do bloco 4 (prédio do CEULP/ULBRA) com previsão de início às 14hs da tarde.
O tema Avaliação psicológica e o SUS, tem entrado em evidência, pela busca de uma psicologia que vá além de uma profissão liberal, trazendo novas discussões da psicologia com outros campos de atuação e de conhecimento . Nesse sentido, de acordo com CFP(2019) a relação entre a Psicologia e a saúde no âmbito da Atenção Básica (AB) é profundamente nova; é uma área em formação, seja por cronologia— a portaria que define a atuação do Núcleo de Saúde da Família (NASF) foi publicada em 20082 — seja por assentar um modo efetivamente diferente de entender o lugar da(o) psicóloga(o) e sua relação com o trabalho.
Fonte: Arquivo Pessoal
A lógica curativo-individualista ainda deixa psicólogas(os) impotentes frente às expectativas de gestores, equipes multiprofissionais e usuários de receberem uma postura clínica de escuta protegida e individual, como atesta Perrella (2015), Leite, Andrade e Bosi (2013), Alexandre e Romagnoli (2017). Os currículos das graduações de Psicologia por muitas vezes não têm contribuído para a superação dessas dificuldades. Na pesquisa feita pelo CREPOP, os respondentes identificaram os vazios curriculares quanto à inserção do profissional da Psicologia nas políticas públicas e em especial na saúde coletiva, o que traz desafios a serem enfrentados no contexto da atenção básica do SUS, (CREPOP, 2019)
Diante a tal contexto para acadêmicos de psicologia e profissionais da área, este evento se faz importante, proporcionando uma imersão de novos conhecimentos práticos, ao saber da avaliação psicológica e o SUS, identificando as possíveis formas de atuação. Ao abranger o olhar para novas oportunidades, a oficina trará a relação que o campo da psicologia estabelece com a saúde coletiva, mostrando as construções do saber ao se pensar em um cuidado integral em saúde. Refletindo as relações teóricas e éticas na atuação da avaliação psicológica, sua ligação com o SUS e sobre as possibilidades de fazer psicologia nesse contexto.
O simpósio também contará com Palestra de abertura e fechamento, mesas redondas, oficinas de avaliação psicológica e apresentações culturais. No dia 25 de maio de 2022 das 8h às 19h. As inscrições podem ser realizadas através do link.
REFERÊNCIA
Conselho Federal de Psicologia (Brasil). Referências técnicas para atuação de psicólogas(os) na atenção básica à saúde / Conselho Federal de Psicologia, Conselhos Regionais de Psicologia e Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas. 2. ed. Brasília : CFP, 2019. Disponivel em <https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2019/11/CFP_atencaoBasica-2.pdf> acesso em 06 de maio de 2022.
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Dra. Ana Beatriz Dupré é convidada do 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica
No dia 25/05 o 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica irá contar com a psicóloga Ana Beatriz Dupré
O 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica contará com uma mesa redonda como abertura do evento, tendo como convidadas as psicólogas Ana Beatriz Dupré Silva e Keila Barros Moreira, e a psicóloga Ruth Prado Cabral como mediadora. O tema a ser abordado é “Métodos e Técnicas da Avaliação Psicológica”.
Através da estagiária Giovanna Gomes, foi feita uma entrevista para o (En)Cena com a psicóloga Ana Beatriz Dupré, psicóloga que será uma das duas convidadas a participarem da mesa redonda do 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica. Como uma forma de aproximar os inscritos dos convidados, a psicóloga respondeu algumas perguntas do (En)Cena.
Ao ser perguntada sobre a sua área e tempo de atuação, a psicóloga respondeu:
“Sou psicóloga Analista do Comportamento, Acreditada pela ABPMC (012/2018), com Doutorado em Ciências do Comportamento, Mestre em Psicologia, com Formação em Terapia Comportamental e Especialista em Avaliação Psicológica”.
A Psicologia é minha segunda formação; a primeira é Administração de Empresas. Em Psicologia estou formada há 24 anos e tenho atuado em clínica e na docência.”
Ao falar sobre como é a caracterização da avaliação psicológica no país, ela referencia a resolução Nº 9, de 25 de Abril de 2018 publicada pelo Conselho Federal de Psicologia, que diz:
“Art. 1º – Avaliação Psicológica é definida como um processo estruturado de investigação de fenômenos psicológicos, composto de métodos, técnicas e instrumentos, com o objetivo de prover informações à tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou institucional, com base em demandas, condições e finalidades específicas.”
Acervo da entrevistada
Ela pontua também:
“A partir destas Diretrizes e de outros documentos publicados pelo CFP, nota-se que a atuação do profissional segue certos critérios que devem ser resguardados, tanto com relação aos procedimentos, quanto com relação aos cuidados com seu preparo para atuação.”
Ao ser perguntada sobre como é realizada a avaliação psicológica na prática de trabalho atual, novamente a psicóloga Ana Beatriz pontua os quesitos que são inerentes a uma avaliação, pois a mesma já tem a definição apresentada em forma de diretrizes:
A Avaliação é uma investigação que parte de uma demanda (e ao final, deve dizer algo sobre essa demanda, dando encaminhamentos, num dos vários tipos de documentos que o profissional de psicologia pode emitir);
Essa investigação vai partir dos estudos que compõem os materiais da Psicologia, os quais o profissional pode pesquisar a qualquer momento mas, espera-se, que já façam parte dos materiais estudados ao longo do tempo pelo profissional, afinal, a formação é contínua e não pode ser negligenciada;
A partir destes pontos o profissional vai levantar algumas hipóteses sobre o que está acontecendo na situação a partir que será avaliada (que não necessariamente será de uma única pessoa), escolhendo a(s) forma(s) como vai levantar as informações necessárias para poder se manifestar;
Essas escolhas vão levar a escolhas como a de se vai ou não usar testes psicológicos ou outros materiais e essas escolhas serão influenciadas por muitas variáveis;
Daí parte-se para o levantamento dos dados, a análise desses dados e, posteriormente a integração desses resultados, a ponto de se poder falar algo daquela demanda, fazendo encaminhamentos.
“Então, em minha prática, de forma geral, sigo esses passos.
Também foi dessa forma que procurei ensinar os discentes que fizeram disciplina comigo desse tema, sempre enfatizando questões éticas, a necessidade de não perder de vista a pessoa em si e se preocupar muito com a produção do documento e sua entrega, que podem gerar um impacto muito grande na vida da pessoa.”
Sobre existir algum aspecto da avaliação psicológica da qual ela considera mais importante de ser praticado com habilidade e/ou cautela, a psicóloga responde:
“Acho que tudo que tentei passar até agora é de suma importância. Mas pensando do lado do profissional que faz a avaliação, acredito que o mais importante é que entenda que o documento que ele produzir vai ter muito impacto e que, por isso, ele precisa fazer tudo com cuidado, responsabilidade e muito estudo.”
Dentro da avaliação psicológica, existe sempre uma divergência entre a utilização ou não de testes. Por conta disso, foi levantada a pergunta entre a relação de vantagem e desvantagem da não utilização de testes, e ela respondeu:
“Não gosto de colocar as coisas nestes termos. Se eu considerar apenas a minha abordagem, a observação da pessoa em várias situações daria conta de responder muito. Mas tudo é importante e são muitas variáveis que interferem nas decisões. Às vezes o profissional gostaria de um teste para avaliar certo aspecto mas não há um disponível para a faixa etária do avaliando, e ele terá que arrumar uma forma para investigar o que está sendo solicitado. Então, o mais importante é o profissional se preocupar em avaliar. Gosto muito da combinação das duas formas, principalmente porque o teste acaba corroborando com o que você observa, dando força para o documento final.”
Existe sempre a expectativa de que a avaliação psicológica deve fornecer respostas ou hipóteses de uma forma diretiva. Em relação a isso, Ana Beatriz responde:
“A ideia é que, ao final do processo, o profissional consiga elementos que descrevam e expliquem o que foi demandado, dando encaminhamentos para ajudar na situação. A avaliação pode ser um momento para uma linha de base, ou um momento inicial antes de intervenção, ou pode ser um momento de acompanhamento de intervenções que estão ocorrendo. Em cada um desses casos, ao final, o profissional produzirá documentos diferentes.”
No final da entrevista, foi feito o seguinte questionamento: Que competências um psicólogo necessita para realizar avaliação psicológica?. Do qual a nossa psicóloga entrevistada respondeu:
“Ser ético, ser bom ouvinte, ser bom observador, ser estudioso, ser criativo, escrever bem, pois produzirá muitos documentos.”
No dia 25 de Maio (25/05) ocorrerá o 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica. O evento, que irá durar o dia todo, contará com uma mesa redonda, oficinas, apresentação cultural e uma palestra de encerramento. O simpósio terá como pauta os diversos aspectos da avaliação psicológica, como oficinas sobre a avaliação psicológica para manuseio de armas de fogo, pré e pós-operatório da cirurgia bariátrica, e incluindo também oficinas que englobam os aspectos das avaliações neuropsicológicas em diferentes contextos.
O evento irá ocorrer presencialmente, no prédio do CEULP/ULBRA. Como realizadores do projeto, serão contadas as instituições: Serviço Escola de Psicologia (SEPSI), Laboratório de Medidas e Avaliação Psicológica (LAMAP), Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/ULBRA), Educação Continuada, e o curso de Psicologia do CEULP/ULBRA. Além dessas instituições, será contado também o apoio do Conselho Regional de Psicologia do Tocantins, e da Psicotestes, loja que trabalha com a venda de materiais e testes psicológicos e neuropsicológicos.
Guarde essa data na sua agenda e venha aproveitar esse dia conosco! Logo serão lançadas mais informações, fique ligado no instagram do (En)cena (@encenasaudemental) e no instagram da Psicologia do CEULP/ULBRA (@psicologiaceulp) para saber mais sobre o cronograma do evento e as oficinas.
Para informações adicionais, entre em contato com o SEPSI pelo número: (63)3223-2016.
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Psicóloga fala sobre o processo de avaliação psicológica no pré-cirúrgico
Geovanna Gomes, 24 anos, egressa do curso de Psicologia do CEULP/ULBRA, atualmente atuante na área da Avaliação Psicológica e Neuropsicológica e pós-graduanda em Neuropsicologia.
Nessa entrevista, Geovanna esclareceu dúvidas sobre o processo de avaliação dos pacientes pré-cirúrgicos, a partir de sua vasta experiência nesta área, uma paixão que começou enquanto ainda estava na graduação.
Fonte: Arquivo Pessoal
(En)Cena – A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) divulgou dados sobre cirurgia no Brasil. Em 2019 foram realizados 68.530 procedimentos, – 7% a mais do que em 2018 quando foram feitas 63.969 cirurgias. Tendo em vista a complexidade que é a decisão de realizar a cirurgia bariátrica a aplicação de testes psicológicos serve para complementar todo o levantamento de informações realizado na entrevista clínica e é de extrema importância, pois confere uma dimensão objetiva em relação ao estado psicológico do candidato. Sendo assim, como você define o processo de avaliação psicológica?
Geovanna – A avaliação psicológica é um processo feito apenas por psicólogos e abrange alguns instrumentos, métodos e técnicas na sua realização. Primeiramente tem a anamnese, sempre inicia uma avaliação psicológica fazendo a anamnese no candidato, geralmente o número de sessões de anamnese varia de acordo com a complexidade de cada caso, então a gente faz um levantamento sobre a vida do paciente sobre os motivos dele, o caminhar do paciente até o momento da decisão de realizar o processo cirúrgico. É geralmente uma entrevista semiestruturada que dá ao paciente uma maior liberdade para poder falar sobre seus sentimentos, motivos, etc. Depois de passar por esse processo de anamnese que já é um trabalho de vínculo com o paciente, ele precisa confiar na gente, ter uma boa ligação entre profissional e paciente, para que se sinta confortável durante todo o restante da avaliação, e minimizar ao máximo os sintomas ansiogênicos. Passamos então para o processo de aplicação de instrumentos, onde tem algumas escolhas não padronizadas (atividades que não tem um estudo científico estatístico e são utilizadas mesmo assim porque nos traz uma análise qualitativa) então quando é feita uma avaliação pensa-se tanto na parte quantitativa quanto na parte qualitativa onde entra a anamnese, observação clínica e essas outras atividades e instrumentos. Isso nos dá uma visão e uma amplitude, melhora a nossa análise dentro da avaliação. Eu costumo dizer que a avaliação tem esse tripé que é o que o paciente me traz, o que a família do paciente traz pois é muito importante ter também esse contato com a família do paciente, o que eu observo do paciente e o que os testes vão me dizer, e a observação em relação ao paciente inclui: postura, o que está sendo observado na aplicação dos testes. como o paciente está respondendo aos testes como ele se comporta na anamnese, como que é esse relacionamento familiar (pai, mãe, irmãos, esposo) porque é importante essa rede de apoio para o paciente pós cirurgia. Após todo esse processo descrito, é pedido um prazo para o paciente para que o documento seja produzido e tenha os resultados estruturados, quando o laudo psicológico é finalizado acontece uma explicação dos resultados para o paciente, onde será verificado se ele está apto ou não, geralmente eu não costumo escrever diretamente essa questão de aptidão pois acredito que tenha um peso muito grande, e o trabalho sempre é realizado em conjunto com médicos e outras profissionais, o que exige um parecer deles também. Por fim, sempre buscamos orientar o paciente que apresentou algum sintoma que discorde do necessário para a realização da cirurgia, sempre orientamos a busca do acompanhamento psiquiátrico e psicoterapêutico. Assim, posso dizer que o mais importante dessa avaliação nem sempre é o processo em si, mas sim o momento da devolutiva onde é realizada toda a orientação, ajudando o paciente que ainda não mostrar coragem suficiente ou alguma dúvida, então sempre focamos muito no processo de orientação e na devolutiva do laudo.
Fonte: encurtador.com.br/jvzFK
(En)Cena – Pensando na gama de sentimentos e emoções que o paciente provavelmente estará sentindo em todo o processo de preparação, quais são os aspectos principais e mais importantes a serem avaliados nos testes e nas observações comportamentais?
Geovanna – Hoje em dia nós temos vários testes que nos possibilitam ter um norte sobre aspectos da personalidade, emocionais, comportamentais e cognitivos também de modo geral, e isso é muito bom pensando que essas ações fazem parte da nossa cognição. Eu acho muito importante sempre iniciar com um teste de inteligência e raciocínio para saber se o paciente está lúcido e consciente de uma forma cognitiva sobre a decisão que está tomando. Outra questão a ser avaliada é a questão da percepção, ou seja, se o paciente não tem nenhuma alteração relacionada a percepção visual, observar se ele tem alguma alteração de distorção da realidade, se está consciente do que está passando e se percebe o que está vivendo. Já no quesito de personalidade é possível avaliar tendência depressiva, transtornos ansiosos, mudança de humor, baixa autoestima, baixa motivação, desesperança. Esses aspectos são muito importantes, porque às vezes o paciente está empolgado naquele momento, mas é uma pessoa facilmente afetada por frustrações, isso já se torna um indicativo, então é necessário que o paciente esteja preparado para o pós-cirúrgico. Os sintomas de obsessão e compulsão também devem ser avaliados para entender se há uma compulsão alimentar ou até às vezes pensamentos obsessivos ou algum tipo de delírio.
(En)Cena – Por ser um processo delicado e irreversível precisa ser muito bem avaliado e detalhado, em média, quantas sessões são necessárias para concluir a avaliação?
Geovanna – Hoje o processo avaliativo precisa levar em consideração tudo o que já foi pontuado anteriormente, geralmente são necessárias de duas a três sessões de anamnese para poder entrevistar o paciente, a família e/ou rede de apoio e as pessoas mais próximas. Depois os testes que variam em média de cinco a seis sessões, e também a sessão de entrega do laudo que leva de duas a três sessões. Tudo depende muito do quanto o paciente vai querer falar, às vezes ele pode chorar, ficar emocionado, então o acolhimento também deve ser realizado. Sendo assim, no total temos uma média de oito a doze sessões, e o número varia de paciente para paciente.
Fonte: encurtador.com.br/aovR7
(En)Cena – Sabe-se que é necessária uma equipe interdisciplinar para a preparação do paciente, nesse sentido, qual a importância de um profissional da psicologia envolvido nesse acompanhamento até o momento da cirurgia?
Geovanna – Todo profissional é importante nesse processo, mas eu acredito que o profissional da psicologia tem um peso em cima disso porque o paciente é sempre muito carregado de traumas e problemas emocionais, ansiedade ou depressão e também julgamentos, isso tudo acaba influenciando muito no pós-cirúrgico. Assim o profissional da psicologia vem justamente para isso, trabalhar autoconfiança, segurança, auto imagem, auto cuidado, tudo isso são ferramentas importantes e a gente busca trabalhar justamente isso fazendo com que o paciente tenha estratégias e mecanismos para enfrentar as próprias batalhas, tendo força e resiliência para isso. Não é possível mostrar o exato caminho para o paciente, mas podemos dar as ferramentas para que o paciente escolha, porque no final das contas independente por quais profissionais ele passe a responsabilidade e a decisão final sempre vai ser do paciente e a gente está justamente para orientá-lo nesse processo. O acompanhamento precisa ser feito tanto antes e precisa continuar sendo feito após a cirurgia porque o acompanhamento no processo pré-cirúrgico e a aptidão apontada pelos testes não anula o fato de que algo possa acontecer no processo pós-cirúrgico, muitas vezes ele pode se frustrar ou ter uma quebra de expectativa, então mesmo que todos os profissionais acompanhem esse paciente antes da cirurgia é importante que ele continue fazendo o acompanhamento no pós-cirúrgico, nós iremos ajudá-lo a enfrentar seus traumas e julgamentos sofridos ou a sensação de insuficiência e até mesmo a baixa autoestima, não podemos deixar de trabalhar com o paciente essa criatividade relacionada ao que fazer e como reagir caso algo acontecesse, ou caso aconteça algo que não seja como esperado sempre trazendo a realidade da situação pois será um processo complicado no pós cirúrgico e ele precisa ter em mentes essas diversas situações e até mesmo lidar com o fato de que o emagrecimento não acontece de forma tão rápida mas sempre ressaltando que existem formas de passar por isso de forma saudável e com acompanhamento adequado.
(En)Cena – Você já experienciou, após o acompanhamento pré cirúrgico, algum caso do paciente se arrepender de ter realizado a cirurgia? Se sim, quais foram as motivações para essa decisão?
Geovanna – Eu nunca presenciei um paciente que tenha se arrependido de ter realizado a cirurgia, o que eu já presenciei foi o caso de uma paciente que fez o acompanhamento psicológico antes da cirurgia, teve um processo pós-cirúrgico muito bom e de boa recuperação e estava indo muito bem, porém aconteceu a situação onde ela conseguiu realizar a cirurgia e ter abandonado todos os tratamentos, faltando a psicoterapia e deixando de fazer o acompanhamento com nutricionista e psiquiatra, deixou de usar as medicações por conta própria e isso trouxe um descontrole emocional para ela, voltou a comer de forma compulsiva e então começou a voltar com o quadro de aumento de peso até que ela conseguiu voltar do tratamento então assim houve essa oscilação mas porque a paciente ela negligenciou o tratamento pós-cirúrgico.
Fonte: encurtador.com.br/koCSY
(En)Cena – Ao longo desses anos no processo de avaliação psicológica, já ocorreu de algum paciente fazer todo o processo avaliativo e optar por não realizar a cirurgia pois percebeu que não era aquilo que realmente queria?
Geovanna – Nunca aconteceu nas minhas experiências de o paciente ser apto e depois mudar a opinião para a cirurgia bariátrica passando processo de avaliação psicológica.
(En)Cena – Quais são os critérios avaliativos que deixariam o paciente inapto para a realização da cirurgia?
Geovanna – Todos os critérios avaliativos são importantes, porém quando se trata de inaptidão é importante avaliar quesitos como inteligência abaixo da média, é necessário que haja uma investigação pois ocorre o questionamento sobre o fato de que o paciente pode estar tomando essa decisão com responsabilidade e se sabe tomar as próprias decisões. A questão emocional também é muito importante, flexibilidade cognitiva onde o paciente tem dificuldade a se adaptar a novas situações tendo assim um comportamento muito rígido, e todas as sintomatologias relacionadas a ansiedade, imediatismo, depressão e também compulsão, tudo deve ser bem avaliado e investigado.
(En)Cena – Você acredita que os padrões de beleza e a pressão estética que existe em nossa sociedade são os principais fatores que levam a maioria dos pacientes a buscar pelo procedimento? Caso contrário, quais outros fatores têm uma forte influência nessa decisão?
Geovanna – De uma forma geral é possível dizer que sim, e na maioria das vezes os julgamentos acabam acontecendo por pessoas muito próximas, e sempre é necessário investigar se o paciente tem consciência de que a escolha pelo processo cirúrgico tem relação a pressão estética e padrões de beleza ou não. Existem pacientes que reconhecem e expõe o fato de que a busca pelo processo cirúrgico realmente é em função de padrões estéticos, mas o fator de saúde é muito importante e várias vezes o paciente já está muito debilitado e com diversas limitações, o que acaba influenciado, mas também se voltando para a questão estética.
REFERÊNCIA
SBCBM. SBCBM divulga números e pede participação popular para cobertura da cirurgia metabólica pelos planos de saúde. São Paulo, 2020. Disponível em: https://www.sbcbm.org.br/sbcbm-divulga-numeros-e-pede-participacao-popular-para-cobertura-da-cirurgia-metabolica-pelos-planos-de-saude/. Acesso em: 07 out 2021.
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Avaliação online: Desafios no novo contexto da Pandemia
O Conselho Federal de Psicologia (CFP), na Resolução nº 007/2003 define Avaliação psicológica, como um processo técnico científico de coleta de dados, estudos e interpretação de informações acerca dos fenômenos psicológicos, o qual pode fazer uso de estratégias psicológicas assim como métodos, técnicas e instrumentos.
A avaliação psicológica pode ser compreendida, portanto, como um amplo espaço de desenvolvimento de um saber psicológico que perpassa pela aplicação de instrumentos e técnicas, que possibilitam a expressão das teorias psicológicas de forma sistematizada, onde seus postulados podem ser testados e os fenômenos mais bem explicados. (CFP, 2003).
A avaliação psicológica está voltada para aspectos mais gerais, poderão ser utilizados sempre que necessário os testes psicológicos, já que são inerentes a prática do profissional psicólogo, sendo que somente este poderá utilizá-los, a preocupação se direciona, para comparação do indivíduo com o seu grupo normativo ou de critério (MENDES et al, 2013)
O CFP pela Resolução nº 11/2018 regulamentou a prestação de serviços psicológicos realizados por meios de tecnologias da informação e da comunicação e com isso possibilitou que a avaliação psicológica na modalidade online acontecesse, considerando critérios que devem ser observados para que de fato seja legitimada.
Apesar de ser um assunto que vem sendo bastante explorado nesse período de pandemia pela COVID-19, o uso das tecnologias da informação e da comunicação já era algo que se registrava internacionalmente, desde o final da década de 1990, ainda por meio de contato via telefone. Em razão do atual contexto, os estudos se ampliaram para as questões referentes ao atendimento psicológico de maneira remota e mesmo sendo considerado um desafio, pois nem todos teriam acesso a esse serviço, e principalmente às questões referentes a avaliação psicológica, como a falta de treinamento dos profissionais e ainda, os instrumentos/testes adequados para o formato remoto, tem gerado discussões e adaptações necessárias, para que sua operacionalização aconteça. (MARASCA et al, 2020)
Os estudos são ainda muito escassos, mas um processo de construção tem ocorrido, ainda que de forma lenta e gradual, através da mobilização dos profissionais que trabalham na área e também da intensidade das demandas que tem urgência no atendimento, diante de um contexto de pandemia de muitas incertezas. É necessário antes de qualquer procedimento inicial da avaliação online conhecer e verificar a pertinência da demanda para a modalidade remota, item muito importante, pois a avaliação relacionada a crianças, por exemplo ainda não possui instrumentos aprovados e divulgados para sua efetivação, portanto, inadequada para esse formato. Sendo assim, características da pessoa a ser atendida, como idade, condições físicas e cognitivas, fatores culturais e outros dados como familiaridade com o uso de tecnologia, disponibilidade de acesso a aparelhos eletrônicos e qualidade da conexão à internet, devem ser cuidadosamente verificados pelo profissional, para que ocorra a prática da avaliação online. MARASCA et al, 2020)
Quanto a demanda ainda é importante ressaltar que a presença de certos diagnósticos de transtornos mentais, o tipo de sintoma apresentado pelo paciente, como é o caso dos sintomas psicóticos, uso de substâncias e no contexto judicial, a avaliação compulsória, são situações que podem oferecer riscos para a avaliação online, no que se refere ao comprometimento dos resultados obtidos, pelas implicações dessas demandas, sendo necessário que o profissional avalie os custos e benefícios para que esse processo aconteça. MARASCA et al, 2020)
O psicólogo também deve se preocupar com o setting, importante orientar sobre os aspectos que devem obrigatoriamente serem seguidos, com ambiente confortável, com privacidade, sem distrações e seguro de que não será interrompido, algo imprescindível para a garantia da qualidade da aplicação dos testes e sigilo das informações. No momento, no SATEPSI consta uma lista de 08 testes favoráveis para aplicação de maneira remota, qua avaliam no geral, a atenção, impulsividade, personalidade, inteligência, interesses e motivações. MARASCA et al, 2020)
As principais questões negativas levantadas em relação a aplicação dos testes de forma remota, diz respeito ao baixo controle do psicólogo acerca do ambiente de testagem e as possíveis interrupções devido à qualidade da conexão à internet. Mas positivamente, se registra que a tecnologia pode auxiliar na precisão de algumas medidas, como o tempo de reação ou o rastreio do movimento ocular, pode aumentar a interação com a pessoa avaliada, apresentar maior riqueza de estímulos, fornecer maior segurança e rapidez para o armazenamento dos protocolos respondidos, assim como facilitar a pontuação e interpretação dos resultados, algo sem dúvida relevante a se considerar no atual contexto, em que se busca soluções viáveis para esse tipo de atendimento. MARASCA et al, 2020)
Nesse sentido, a situação atual da pandemia pela COVID 19, sem dúvida trouxe para o cenário das discussões, aspectos importantes que problematizam a atuação do psicólogo na sua prática de atendimento, com ênfase nas peculiaridades da avaliação psicológica, considerando a longa trajetória de enfrentamento dessa categoria para um fazer, observando a característica da cientificidade, como algo relevante a ser considerado, sendo a modalidade online, ainda repleta de limitações para a efetivação da avaliação psicológica, sob os preceitos da ética como norteadora desses processos de trabalho.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução nº 011/2018. Regulamenta a prestação de serviços psicológicos realizados por meios de tecnologias da informação e da comunicação e revoga a Resolução CFP N.º 11/2012.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução nº 007/2003. Institui o Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo, decorrentes de avaliação psicológica e revoga a Resolução CFP º 17/2002.
MARASCA, Aline Riboli et al. Avaliação psicológica online: considerações a partir da pandemia do novo coronavírus (COVID-19) para a prática e o ensino no contexto a distância. Estud. psicol. (Campinas), Campinas, v. 37, e200085, 2020. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103166X2020000100509&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 06 abr. 2021
Pesquisa do Instituto TIM mostra impacto da pandemia na saúde mental de professores brasileiros
9 de fevereiro de 2021 MassMedia Comunicação
Mural
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Levantamento ouviu docentes de todo o país e revelou dificuldades na adaptação ao ensino remoto, mas sentimento de otimismo em relação à carreira ainda é destaque
Rio de Janeiro, 9 de fevereiro de 2021 – A pandemia acarretou uma revisão geral de modelos e conceitos de trabalho. Na educação não foi diferente. Professores e alunos precisaram se reinventar para dar conta das tão comentadas aulas online. Uma pesquisa promovida pelo Instituto TIM, por meio do projeto “O Círculo da Matemática no Brasil”, buscou identificar como anda a saúde mental dos docentes e quais foram os impactos da Covid-19 no bem-estar desses profissionais. Quase 70% dos professores ouvidos relataram dificuldades em se adaptar às aulas remotas, porém a pandemia trouxe à tona um sentimento de mais eficiência e otimismo em relação à carreira.
“Já estávamos desenvolvendo esse estudo sobre a saúde mental dos professores quando fomos, literalmente, atropelados pela Covid-19. Decidimos, então, avaliar os resultados que havíamos coletado e fazer uma nova rodada de questionários meses depois, para entender os efeitos da crise sanitária no bem-estar dos docentes brasileiros. O ensino remoto trouxe, sim, dificuldades, mas a principal conclusão do estudo é que os professores do país, em geral, já estavam psicologicamente esgotados muito antes da pandemia. O novo modelo de trabalho, inclusive, reduziu o nível de estresse e cansaço em alguns casos. É um alerta importante para a sociedade, os profissionais da educação precisam ser olhados com atenção, inclusive, com avaliações psicológicas periódicas”, explica o economista Flavio Comim, professor da IQS School of Management (Barcelona) e da Universidade de Cambridge, responsável pela pesquisa e um dos idealizadores do projeto “O Círculo da Matemática no Brasil”.
Fonte: Instituto TIM
Apesar das condições para o trabalho remoto serem adversas – com 66,4% dos entrevistados relatando dificuldades de adaptação, 58% contando que não conseguem ministrar as aulas em casa sem barulho ou interrupções e 78% apresentando problemas de insônia ou excesso de sono – ficou constatado que o ambiente em sala de aula é muito mais prejudicial à saúde mental dos professores. Conflitos nas turmas e violência nas localidades onde as escolas estão inseridas foram apontados como os principais fatores negativos do trabalho presencial. Na pesquisa, 64% dos docentes responderam que já presenciaram agressão física ou verbal contra professores ou funcionários, feitas por alunos. Outros 72% relataram já ter presenciado brigas entre estudantes.
Por isso, mesmo com as dificuldades de adaptação ao novo formato de aulas digitais, uma das conclusões do levantamento é que a pandemia trouxe um respiro ao bem-estar mental de quem leciona. O índice foi verificado pela escala WEMWBS (Warwick-Edinburgh Mental Well-Being Scale). De acordo com o estudo, a pandemia também reduziu o índice de Burnout entre os professores. A síndrome se manifesta quando há um esgotamento físico e emocional em relação ao trabalho.
Como consequência, houve aumento do sentimento de autoeficácia dos professores durante a pandemia e o otimismo em relação à carreira. Cerca de 45% dos entrevistados viam possibilidades de desenvolvimento e de promoções, indicador que aumentou 15 pontos percentuais nos questionários feitos mais recentemente. Mais de 80% dos docentes acreditam que suas qualificações continuarão válidas no futuro.
A avaliação, por outro lado, destacou ainda mais as desigualdades da sociedade brasileira: professores pardos e negros foram mais impactados pela pandemia. Entre as pessoas negras, 76% mencionaram dificuldades de adaptação às aulas online, 64% não conseguiram trabalhar bem de casa e 83% tiveram problemas de sono durante a pandemia. O contexto familiar também retrata as diferenças: 79% dos professores negros contaram que suas famílias perderam parte da renda durante a crise sanitária, contra 61% dos profissionais brancos.
Fonte: Instituto TIM
A pesquisa e o Círculo da Matemática
A pesquisa ouviu professores do ensino fundamental em diferentes Estados do Brasil, da rede pública e privada, entre janeiro e novembro de 2020. A amostra foi calculada com um nível de confiança de 95%. Quase 80% trabalham em bairros economicamente mais vulneráveis, dando uma média de 30 horas de aulas por semana, para cerca de 28 alunos por turma. Um quarto dos entrevistados trabalha em duas ou mais escolas e 24% exercem outra atividade para complementar sua renda.
O estudo é um dos desdobramentos do projeto “O Círculo da Matemática do Brasil”, realizado pelo Instituto TIM por sete anos com o objetivo estimular o gosto por essa disciplina. O programa utiliza a abordagem The Math Circle – criada pelos professores Bob e Ellen Kaplan, da Universidade de Harvard – que, dentre outros conceitos, utiliza os erros como ingredientes-chaves na reflexão e fundamentação do pensamento matemático.
A iniciativa beneficiou 27 mil alunos de escolas públicas do ensino fundamental em 33 cidades brasileiras, envolvendo mais de 4 mil educadores. Os detalhes da metodologia, além de materiais didáticos e videoaulas, estão disponíveis no site do Instituto TIM para que mais professores possam aplicar a abordagem com suas turmas. Em 2016, a UNESCO reconheceu a importância do Círculo para o estímulo à educação científica por meio da formação de qualidade de professores em matemática e, em breve, publicará um livro com história dos educadores do projeto e mais informações sobre o programa.
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CAOS 2020: Encerramento tematiza possibilidades de avaliação de pessoas trans
Evento também discutiu métodos de avaliação psicológica envolvendo o uso de testes.
No dia 6 de novembro de 2020 às 19 horas, ocorreu a palestra de encerramento do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia (CAOS 2020), organizado e promovido pelo Centro Universitário Luterano de Palmas. A palestra de encerramento, mediada pela professora Muriel Correa Neves Rodrigues (CRP23/377) recebeu a psicóloga, Bruna Sofia Morsch de Souza (CRP 12/16721) que trouxe o tema da primeira palestra “A clínica, a pessoa trans e os laudos psicológicos”.
A psicóloga Bruna debateu criticamente o método de avaliação de pessoas que estão no processo de realizar a cirurgia de transição à luz da psicanálise de Freud e Lacan. A palestrante explicitou que na comunidade acadêmica, que utilizam a psicanálise como base científica, a pessoa trans é vista automaticamente como psicótica e por isso o laudo para a autorização da cirurgia não é concedido e desse modo, há uma barreira na escuta da pessoa trans.
Fonte: Arquivo Pessoal
A palestrante também expôs que é necessário avaliar o que sustenta a transexualidade para desenvolver o laudo para o procedimento cirúrgico. Além disso, também é de grande importância o trabalho juntamente com a/o profissional de psicologia antes e a após a cirurgia, e se não ocorrer, pode ocorrer as ideações e tendências de desvalorização da vida. Pois haverá o luto do corpo que se vai e a atenção ao corpo que se revela.
A segunda palestra foi apresentada pelo psicólogo egresso do CEULP/ULBRA Ruam Pedro Pimentel (CRP 23/1394) com o tema “Quando a avaliação envolve testagem: como escolher?”. O palestrante desenvolveu sua fala de modo técnico, explicando o objetivo da avaliação psicológica, a metodologia envolvida no processo avaliativo, qual os testes que podem ser utilizados, de acordo com as demandas que surgirem.
Fonte: Arquivo Pessoal
O psicólogo Ruam também mostrou alguns exemplos que envolvem escalas, inventários, autorrelatos, heterorrelatos, observação de comportamentos, entre outros, que podem ser utilizados durante o processo. Além disso, deu ênfase em como o planejamento é importante e necessário no decorrer das avaliações psicológicas assim como as devolutivas e o rapport. Ruam diz que “A relação entre o sujeito e o avaliador não se constrói de um dia para o outro”, mostrando o quando a vínculo irá interferir no andamento.
O CAOS 2020 trouxe como tema Psicologia e Profissão: a avaliação psicológica em destaque. O evento teve início no dia 3 de novembro e se encerra no dia 7 do mesmo mês com a Assembleia geral dos estudantes de Psicologia do Tocantins (9h de sábado, 7). O congresso contou com palestras, rodas de conversa, minicursos e sessões técnicas.
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CAOS 2020: Avaliação psicológica com crianças foi tema de minicurso
5 de novembro de 2020 Gilstéfany Oliveira
Notícias
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Na noite quarta-feira, dia quatro de novembro, teve início o minicurso ministrado remotamente pela Psicóloga Esp. Isabela Monticelli Fonseca Ribeiro com o título “A Avaliação Psicológica com Crianças”, parte da programação do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – CAOS 2020.
A Psicóloga Isabela Monticelli conduziu o minicurso com diversas provocações no intuito de gerar reflexão e discussão entre os participantes, iniciando com a fala de que a criança não é um mini adulto e por esta razão, deve-se compreender quem atendemos para realizar uma melhor Avaliação Psicológica. Seguem abaixo algumas questões provocadas no minicurso e suas respectivas respostas de acordo com a ministrante.
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Qual o conhecimento mais importante para avaliar uma criança? O conhecimento mais importante ao avaliar uma criança é sobre o desenvolvimento infantil, que engloba tanta a questão física, quanto neurológica, cognitiva, de linguagem, social, sociocognitivo/moral, emocional, de identidade e outros.
Qual a diferença entre a Avaliação Psicológica e a Neuropsicológica? Ressalta-se, primeiramente, que os dois tipos de procedimentos são técnico-científicos. Por um lado, a Avaliação Psicológica avaliará os aspectos de memória, atenção, função executiva, por exemplo, pautado em como isso é vivenciado pela criança. Já na Avaliação Neuropsicológica, verifica-se como estão operando todas as funções neurológicas e cognitivas.
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O que deve-se pensar primeiramente ao fazer a Avaliação Psicológica e a Avaliação Neuropsicológica e por onde começar? Deve-se pensar primeiramente no objetivo da avaliação e em quem está solicitando. A avaliação muda de acordo com o que se propõe a avaliar e é necessário observar se quem solicita é a escola, os pais ou se a demanda vem de outro profissional. Para começar a Avaliação Psicológica, inicia-se com a anamnese.
Quais informações coletar na Anamnese? Várias informações são coletas na anamnese e podemos citar algumas: se o filho foi desejado, se nasceu prematuro, se foi submetido a algum tipo de cirurgia, se mamou e por quanto tempo, se engatilhou e quanto tempo, se os pais vivem juntos ou separados, como é a relação da criança na escola, na família e com os amigos, além de várias outras informações.
É importante esclarecer para a criança sobre o motivo dela estar sendo avaliada? Sim. Realizando a comunicação de uma forma que a criança possa compreender, comunica-se o motivo pelo qual está realizando os procedimentos, as brincadeiras, as tarefas.
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A Avaliação Psicológica é realizada apenas com teste? Não. Existem outros meios além da testagem que envolvem a Avaliação Psicológica.
O que investigar além do problema/queixa? Procura-se investigar também as potencialidades da criança. Vindo para uma Avaliação Psicológica pode ocorrer o que a Psicóloga Isabela Monticelli chama de “diagnóstico caseiro”, isto é, o que falam sobre a criança de forma pejorativa. Nesse sentido, a avaliação tem de investigar também as potencialidades daquele indivíduo, pois a queixa e os problemas tragos ao consultório não significam um resumo da criança.
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Com essas e outras questões, promoveu-se um espaço de interação e aprendizado entre os participantes. Essa edição do CAOS, inteiramente de forma remota, tem como tema “Psicologia e Profissão: a avaliação psicológica em destaque”. A programação conta com palestras, mesas redondas, minicursos e sessões técnicas. Mais informações podem ser obtidas no site do evento.