Movimento e bem-estar: uma história de sucesso na Educação Física

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O (En)Cena entrevistou Adria Bruna Silveira Mota, registrada no Conselho Regional de Educação Física (CREF), para conhecermos mais sobre a sua experiência como Personal Trainer. A entrevista foi feita por Maria Fernanda Mota Sousa e Myrella Silva, ambas estudantes de Educação Física no Ceulp/Ulbra do segundo e primeiro período respectivamente. 

Adria relatou detalhes de sua trajetória profissional, desde as motivações para a escolha da carreira de Personal Trainer, até as dificuldades e aprendizados nesse percurso. Ela destacou a importância do preparo físico e mental que a profissão exige, afirmando que trabalhar diretamente com o público é um trabalho árduo e diário que exige dedicação e empatia. Adria disse que um dos principais desafios, além de se manter sempre atualizada, é entender a individualidade de cada aluno e adaptar o treino para que todos alcancem seus objetivos de forma segura e eficiente. 

Perguntamos também como ela lida com a evolução dos alunos e com a motivação deles. Adria explicou que tenta construir uma relação de confiança, para que os alunos se sintam confortáveis e motivados a continuar. Ela conta que, para ela, cada vitória dos alunos é uma conquista coletiva, que a motiva a dar o seu melhor a cada dia.  

Ao final da conversa, Adria deixou uma mensagem sobre a importância de se buscar um profissional qualificado para o acompanhamento físico. Para ela, o trabalho do Personal Trainer vai além de prescrever os treinos, e sim orientar para uma vida mais saudável e equilibrada. Ela ressalta que cada aluno é único, e é a ajuda de um acompanhamento especializado que faz a diferença para atingir o que se deseja.

Foi uma entrevista inspiradora, onde pudemos perceber melhor a paixão de Adria pela profissão e o comprometimento dela com a saúde e o bem-estar dos alunos.

(En)Cena – O que te fez escolher o curso de Educação Física e atuar na área, e quais as qualidades mais importantes que um professor deve ter para atuar na área?

Adria Bruna Silveira Mota – A Educação Física sempre fez parte da minha vida, desde a infância. Sempre convivi com atividades físicas, praticava esportes, dança, e isso acabou me trazendo para essa área, apesar de inicialmente eu ter pensado em seguir Direito. Felizmente, tive tempo para mudar de ideia e seguir o que realmente me traz satisfação. O que me fez escolher essa profissão foi o desejo de ajudar o próximo, de cuidar da saúde das pessoas e de ser uma promotora de bem-estar. Essa oportunidade de ser uma provedora de saúde para alguém foi o que realmente me motivou. Além disso, para atuar na Educação Física, acredito que as qualidades essenciais de um bom profissional incluem estar sempre atualizado, ter empatia e atenção ao lidar com a saúde e o bem-estar das pessoas, o que exige muita responsabilidade.

(En)Cena – Como você adapta os treinos para cada pessoa, levando em conta as diferentes necessidades e limitações?

Adria Bruna Silveira Mota – Hoje em dia, trabalhamos muito com a periodização, que é uma técnica onde dividimos o treino em fases para atender melhor o desenvolvimento e o objetivo de cada aluno. Quando recebo um novo aluno, eu faço uma avaliação inicial e converso com ele para entender exatamente o que ele deseja alcançar. A partir do que ele me relata, eu crio uma periodização personalizada do treino. Se o aluno nunca fez atividade física, começamos de forma bem adaptativa e vamos progredindo aos poucos, respeitando o ritmo e as limitações do corpo dele. Essa progressão gradual é essencial para evitar lesões e ajudar o aluno a se adaptar à nova rotina.

(En)Cena – Quais são os maiores desafios que você enfrenta ao trabalhar com alunos de idades e níveis de condicionamento diferentes?
Adria Bruna Silveira Mota – Nós, profissionais de Educação Física, precisamos estar preparados para lidar com pessoas de diferentes perfis e com variadas experiências com exercícios. Algumas pessoas chegam com uma boa bagagem, já praticam há anos e têm um nível avançado de condicionamento físico. Outras estão pisando em uma academia pela primeira vez e precisam de orientação desde o básico. Então, é fundamental saber lidar com cada pessoa e adaptar as técnicas e exercícios para cada caso. Precisamos dominar os movimentos e a execução correta de cada exercício, não só para ensinar, mas também para demonstrar. Muitos alunos até brincam dizendo “ah, você está me passando esse exercício, mas você sabe fazer ele?”. E sim, precisamos saber e estar aptos para mostrar o exercício da maneira correta! É uma prática que precisa ser constante. Mesmo que não seja um exercício que fazemos todos os dias, temos que estar prontos para corrigir, orientar e demonstrar com segurança.

(En)Cena – O que você costuma fazer para ajudar seus alunos a se manterem motivados e a continuarem treinando regularmente?
Adria Bruna Silveira Mota – Eu considero que sou uma pessoa muito motivada nesse quesito. Mantenho contato com meus alunos, mando mensagens, cobro presença, e se algum aluno falta, eu pergunto o que aconteceu. Esse acompanhamento faz muita diferença, pois as pessoas se sentem cuidadas, não é apenas uma cobrança. Muitas vezes, o que falta para que o aluno se sinta motivado é justamente saber que tem alguém ali que está prestando atenção e que se preocupa com ele. Isso traz um grande impacto na continuidade do treino.

(En)Cena – Na sua opinião, qual é a relação entre atividade física e saúde mental? Você vê um impacto significativo?
Adria Bruna Silveira Mota – Com certeza. Hoje em dia, vemos muitos alunos que chegam com transtornos diversos, e a prática de atividade física é amplamente reconhecida como um fator positivo para a saúde mental. O exercício físico libera hormônios que são importantes no tratamento de questões mentais e emocionais. Conheço muitas pessoas que encontraram no exercício físico um dos principais pilares para recuperar e manter a saúde mental. É uma relação muito importante e que ajuda a fortalecer tanto o corpo quanto a mente.

(En)Cena – Quando você planeja uma aula ou treino, o que considera essencial para que seja eficaz e interessante?
Adria Bruna Silveira Mota – Um dos aspectos essenciais é considerar a opinião do aluno. Muitos alunos chegam com atividades ou preferências que eles já gostam de fazer e que trazem prazer, como esportes ou tipos de movimento que praticam fora da academia. Tento incorporar esses elementos nos treinos para criar uma conexão entre o que eles já gostam e as atividades que faremos na academia. Isso torna o treino mais interessante e motivador para eles. Além disso, levo em consideração o conforto do aluno, porque é fundamental que ele se sinta bem ao fazer o exercício.

(En)Cena – Como você aborda o treinamento de alguém que tem uma lesão ou alguma condição especial, como problemas nas articulações ou nas costas?
Adria Bruna Silveira Mota – Como profissionais, precisamos ter conhecimento das diferentes patologias para saber o que o aluno pode ou não pode fazer. Por exemplo, pessoas com condromalácia no joelho precisam de uma abordagem cuidadosa. Evitamos certos exercícios que podem prejudicar ainda mais a condição e focamos em movimentos que sejam seguros e adaptados para o nível de cada aluno. A execução correta é muito importante para evitar que o problema se agrave.

(En)Cena – Você acredita que a alimentação tem um papel muito importante no desempenho físico? Como orienta seus alunos sobre isso?
Adria Bruna Silveira Mota – Sim, com certeza. Eu sempre digo aos alunos que 80% dos resultados vêm da alimentação e 20% do treino. Para quem busca emagrecimento, por exemplo, uma alimentação equilibrada e um déficit calórico são fundamentais para atingir o objetivo. Se o aluno não seguir uma dieta saudável, será muito difícil alcançar os resultados desejados, então sempre oriento a importância de cuidar da alimentação.

 

(En)Cena – Tem algum exercício ou hábito simples que você recomendaria para melhorar a postura e evitar dores no corpo durante o dia?
Adria Bruna Silveira Mota – Eu acredito que a postura deveria ser trabalhada desde cedo, na escola. A forma como uma criança se senta influencia o desenvolvimento postural dela ao longo da vida. Quando a postura incorreta se torna um hábito, fica mais difícil corrigir depois. Um dos grandes problemas hoje é o uso excessivo de celular, pois as pessoas acabam assumindo uma postura cifótica sem se darem conta, o que causa desvios posturais.

(En)Cena – Como você vê a educação física evoluindo nos próximos anos, especialmente com as mudanças nas tecnologias e nas tendências de treino?
Adria Bruna Silveira Mota – Hoje em dia, vemos um aumento nos treinos personalizados online, e acredito que essa tendência só tende a crescer. Durante a pandemia, muitos começaram a buscar formas alternativas de praticar atividades físicas, e os treinos online foram uma ótima solução. Embora a presença de um profissional na academia continue importante, o atendimento online permite alcançar mais pessoas e otimizar o tempo, o que é um benefício para os alunos e para nós, profissionais.

(En)Cena –  O que você acha dos treinos funcionais? Eles realmente fazem diferença ou são mais uma tendência?
Adria Bruna Silveira Mota – Os treinos funcionais fazem todo sentido. Nosso corpo é funcional, então praticar exercícios que trabalham nossas funções naturais é muito importante. Diferente das máquinas de academia, que limitam o movimento, o treino funcional desenvolve o corpo da maneira como ele é, o que pode ajudar a corrigir desvios posturais e melhorar o desempenho geral.

(En)Cena – Qual a sua opinião sobre práticas como yoga ou pilates em conjunto com os treinos tradicionais? Você vê benefícios nessa combinação?
Adria Bruna Silveira Mota – Acredito que a combinação é excelente. A periodização do treino permite que essas práticas sejam integradas de forma eficaz, e isso traz benefícios enormes para os alunos. Yoga e pilates ajudam a melhorar a flexibilidade e o equilíbrio, o que complementa muito bem o treino tradicional de força e resistência.

(En)Cena – Como você ajuda seus alunos a traçarem metas realistas de treino, sem que eles se frustrem ao longo do processo?
Adria Bruna Silveira Mota – O mais importante é respeitar o corpo e entender que o progresso é gradual. Muitas vezes, os alunos chegam com muita vontade de fazer tudo de uma vez, o que aumenta as chances de se machucarem. É preciso ter paciência e saber que o corpo precisa de tempo para se adaptar às novas atividades e cargas. Respeitar o próprio corpo é a chave para evitar frustrações.

(En)Cena – É realmente necessário o aquecimento antes do treino? Se sim, qual a importância dele, e quais benefícios ele pode trazer?
Adria Bruna Silveira Mota – Sim, o aquecimento é fundamental. Eu sempre aqueço meus alunos com exercícios específicos que eles vão desenvolver durante o treino. O aquecimento funcional, que prepara o corpo para o que está por vir, é muito mais eficaz do que simplesmente andar na esteira. Tanto o aquecimento quanto a mobilidade são essenciais para preparar o corpo e evitar lesões.

(En)Cena – Por que a prática regular de exercício físico melhora a prevenção de doenças?
Adria Bruna Silveira Mota – A prática regular de exercícios físicos ajuda muito na prevenção de doenças. Por exemplo, para hipertensão, a prática diária de exercícios melhora a respiração e a saúde cardiológica, o que contribui para a redução da pressão arterial. Além disso, ela auxilia na diminuição dos níveis de glicose no sangue, sendo um recurso eficaz para quem busca prevenção ou controle do diabetes. A hipertensão e o diabetes são doenças comuns, e os exercícios físicos são uma forma acessível e natural de melhorar essas condições e, assim, promover mais saúde.

(En)Cena – Quais são os diferentes tipos de exercício físico (aeróbico, funcional, anaeróbico) e seus benefícios para a saúde e o condicionamento físico?
Adria Bruna Silveira Mota – Os exercícios aeróbicos são focados principalmente no sistema cardiovascular e melhoram a resistência e o condicionamento físico, ajudando a reduzir a sensação de cansaço no dia a dia. Já os exercícios anaeróbicos, como a musculação, fortalecem as funções musculares e são essenciais para o emagrecimento, pois o aumento de massa muscular acelera o metabolismo. Ambos os tipos de exercício são importantes para a saúde; o trabalho aeróbico melhora o desempenho cardiovascular, enquanto o anaeróbico potencializa a queima de gordura e fortalece os músculos. É uma combinação de ambos que traz melhores resultados para quem deseja emagrecer e alcançar um bom condicionamento físico. 

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Do bem-estar ao alto desempenho: a Educação Física segundo Matheus Morbeck

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O impacto da Educação Física na saúde e qualidade de vida vai muito além das academias. Envolve estratégias científicas, métodos inovadores e uma abordagem holística para alcançar o bem-estar físico e mental. Para discutir esses tópicos, entrevistamos Matheus Morbeck, professor, pesquisador e coordenador do curso de Educação Física do Centro Universitário Luterano de Palmas, além de Personal Trainer e empresário. Matheus é mestre em Ciências da Saúde, com vasta experiência em temas como nível de atividade física e qualidade de vida.

Nesta entrevista, Matheus compartilha práticas que vão desde o treinamento de velocidade até métodos para melhorar habilidades motoras e saúde em diferentes públicos, incluindo idosos. Ele também aborda as contribuições da Educação Física para o envelhecimento ativo e o papel transformador que ela exerce na sociedade.

Vamos explorar com ele desde as melhores estratégias para queimar calorias e ganhar saúde até a importância de exercícios físicos fundamentais, técnicas de alongamento e como a Educação Física pode promover uma vida mais saudável e equilibrada. Confira a seguir!

(En)Cena – Quais são as práticas mais eficazes para desenvolver a velocidade de um atleta?
Matheus Morbeck – O desenvolvimento da velocidade do atleta pode ser alcançado por meio de diferentes práticas. Treinos de sprints curtos e intervalados, que consistem em corridas rápidas realizadas na máxima intensidade, são uma excelente estratégia. A pliometria também é eficaz, com exercícios como saltos e deslocamentos explosivos que ajudam a aumentar a potência muscular. Além disso, o treinamento resistido, utilizando pesos leves ou elásticos, contribui para a aceleração. Por fim, é essencial melhorar a técnica de corrida, ajustando a postura e a frequência dos passos. Treinos de coordenação e agilidade, como o uso de escadas e cones, também promovem uma maior velocidade de resposta.

(En)Cena – Falando de saúde de forma geral, quais exercícios você recomendaria?
Matheus Morbeck – Para melhorar a saúde de forma ampla, é ideal incorporar exercícios aeróbicos, como caminhada, corrida, natação e ciclismo, que fortalecem o sistema cardiovascular. Atividades voltadas à força, como levantamento de peso e calistenia, são importantes para a musculatura. Já práticas que aumentam a flexibilidade, como yoga e pilates, ajudam a prevenir lesões e melhorar a mobilidade. Não podemos esquecer dos exercícios que estimulam o equilíbrio, como o Tai Chi ou o uso de bolas de estabilidade, que também têm um papel fundamental na manutenção da saúde.

(En)Cena – E para quem deseja queimar calorias de forma eficiente, quais seriam as suas recomendações?
Matheus Morbeck – Treinos de alta intensidade, conhecidos como HIIT, são extremamente eficazes para queimar calorias. Eles alternam entre exercícios intensos e períodos curtos de descanso, maximizando o gasto energético. Atividades aeróbicas tradicionais, como correr, nadar e dançar, também são ótimas opções. A musculação, por sua vez, eleva o metabolismo basal, o que permite que o corpo continue queimando calorias mesmo em repouso. Até mesmo atividades cotidianas, como caminhar e subir escadas, podem complementar esse processo.

(En)Cena – Melhorar as habilidades motoras é importante para muitas pessoas. Que exercícios você considera eficazes nesse aspecto?
Matheus Morbeck – Existem várias opções para aprimorar as habilidades motoras. Para a coordenação motora, pular corda, driblar bolas e participar de circuitos são muito eficazes. O equilíbrio pode ser trabalhado com posturas de yoga e caminhadas em superfícies instáveis. Já atividades que demandam rapidez, como jogos dinâmicos, são ótimas para melhorar a velocidade de reação. Por fim, o controle motor fino pode ser aprimorado com tarefas que envolvam precisão, como arremessos em alvos pequenos. 

(En)Cena – Alongamento é um tema recorrente. Quais tipos você recomendaria para uma pessoa comum?
Matheus Morbeck – O tipo de alongamento depende do momento. Antes das atividades físicas, recomendo os alongamentos dinâmicos, como rotações de braços e elevações de joelhos. Após o exercício, os alongamentos estáticos, como os que envolvem as pernas, braços e costas, são mais adequados, e devem durar entre 20 a 30 segundos por posição. Alongamentos funcionais, como o movimento de Cat-Cow, a postura da criança e o alongamento do flexor do quadril, também oferecem grandes benefícios.

(En)Cena – Quais exercícios você considera fundamentais para a saúde?
Matheus Morbeck – Alguns tipos de exercícios são indispensáveis para manter uma saúde equilibrada. Os aeróbicos são fundamentais para o coração e o sistema respiratório. Exercícios de força são essenciais para preservar a massa muscular, enquanto práticas que estimulam a flexibilidade ajudam na prevenção de lesões. Além disso, atividades que trabalham o equilíbrio e a coordenação desempenham um papel crucial, especialmente para idosos ou atletas.

(En)Cena – E para os idosos, como a Educação Física pode transformar suas vidas?
Matheus Morbeck – A Educação Física tem um impacto transformador na vida dos idosos. Exercícios voltados para a força muscular ajudam a manter a independência funcional, enquanto atividades que estimulam a coordenação motora e o equilíbrio reduzem o risco de quedas. Além disso, a prática regular de exercícios físicos auxilia no controle de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, e melhora o bem-estar emocional ao reduzir o isolamento e fortalecer a autoestima.

(En)Cena – Por fim, qual é o principal objetivo de um profissional de Educação Física bacharelado?
Matheus Morbeck – O principal objetivo desse profissional é promover a saúde e o bem-estar. Ele desenvolve e implementa programas de exercícios físicos que melhoram a qualidade de vida, além de preparar atletas para competições. Esse profissional também educa e conscientiza sobre hábitos saudáveis e prevenção de doenças, contribuindo para a inclusão social ao envolver diferentes públicos em práticas esportivas.

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Raphael Azevedo Dias: perspectivas sobre o impacto do treinamento físico na Saúde Mental e Bem-Estar

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Com uma sólida trajetória acadêmica e esportiva, o profissional é Graduado em Educação Física , com especialização em Fisiologia do Exercício Físico e Educação Física Escolar , além de ser Mestrando em Políticas Públicas e Sociais na Educação . No campo esportivo, destaca-se como Treinador de Tênis de Mesa Nível 2 pela Federação Internacional de Tênis de Mesa (ITTF) e Nível 3 (Iniciação, Formação e Alto Rendimento) pela Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) . Atua também como Formador Técnico Nacional e Mentor Júnior pela UNITM/CBTM. Sua atuação profissional é diversificada, abrangendo desde o setor público, como funcionário da Secretaria Municipal de Educação , até o empreendedorismo esportivo, sendo técnico head coach e proprietário da Chokito Tênis de Mesa . Além disso, exerce o papel de Professor Técnico da equipe de Tênis de Mesa do Instituto Reviver e do Centro de Referência Paralímpico do Tocantins e é Professor Universitário no curso de Educação Física do CEULP/ULBRA .

(En)Cena – O que te motivou a entrar no esporte e seguir uma carreira em educação física?

Raphael Azevedo Dias – A paixão pelo tênis de mesa e as competições me motivou a entrar no esporte e com isso foi natural o meu interesse em seguir uma carreira em educação física. Vi ali uma oportunidade de continuar no esporte sendo treinador da modalidade e pode continuar contribuindo com o esporte passando toda minha vivência e experiência como atleta na formação de novos atletas.

(En)Cena – Ao longo de sua carreira como atleta, de que forma você viu o esporte contribuindo para o seu próprio autoconhecimento? Há algo que aprendeu sobre si mesmo ao enfrentar desafios físicos e mentais?

Raphael Azevedo Dias – Em uma carreira de atleta seja da iniciação até o alto rendimento (principalmente), sem dúvidas tem muita contribuição positivas: aprender a ganhar e perder, saber dar o seu melhor sempre independente do resultado, ter resiliência em treinar duro todos os dias (isso não é fácil e é muito doloroso e sacrificante), ter sempre um objetivo para buscar e abrir mão de muitas coisas em prol desse objetivo, saber lidar com a pressão e com as adversidades. 

Pra mim o que mais aprendi sobre mim mesmo ao longo desses muitos anos de carreira foi que a cabeça tem que está 100% bem, que meu psicológico pode me levar a ultrapassar todos meus limites, medos e pressão. E que sempre jogando me divertindo consigo chegar longe.

(En)Cena – O esporte competitivo exige muito, tanto fisicamente quanto mentalmente. Quais foram as principais estratégias para lidar?

Raphael Azevedo Dias – Isso é uma coisa que você vai construindo ao longo da carreira. Vai aprendendo a lidar com a mente, vai conhecendo seus medos e incertezas, é isso só se conquista participando de competições (aproveitando todo o processo de experiências) ou seja quanto mais competições jogar mais vai melhorar essa parte mental. 

(En)Cena – Quais técnicas você desenvolveu para enfrentar com a pressão e a ansiedade em competições? 

Raphael Azevedo Dias – Eu sempre procurei entender o que acontecia e procurava achar uma estratégia para melhorar na próxima competição. Antes dos jogos me concentrava num canto e mentalizava o que preciso fazer. Durante os jogos Conversar comigo mesmo sempre motivando e tentando me deixar confiante e firme. Tendo uma postura visual positiva mesmo quando estou perdendo (para que o adversário não veja que eu estou nervoso ou desmotivado) E no pós jogos tento refletir o que foi de positivo e de negativo no jogo.

(En)Cena – Como você acredita que essas estratégias influenciaram e ainda influenciam  sua resiliência fora do esporte?

Raphael Azevedo Dias – Me tornaram uma pessoa mais forte e mais resiliente em tudo que faço. Todas minhas conquistas de vida fora do esporte(ambiente de jogo) eu sem dúvida sei que foi o esporte que me proporcionou, que me preparou para elas. Desde o ambiente escolar, concurso público e ambiente de trabalho.

(En)Cena – Diante de sua carreira como atleta e profissional de educação física, quais foram os momentos ou experiências que mais moldaram sua visão sobre o papel do esporte na vida das pessoas? 

Raphael Azevedo Dias – Nossa, aí são muitos momentos até difícil escolher um só, o esporte é mágico, é incrivelmente transformador e proporciona momentos que ficam como um aprendizado de vida.

Como atleta destacou a final de equipes de um torneio internacional, onde o último jogo da equipe ficou na minha mão em decidir e era contra o time da casa (torcida em peso), só uma mesa em jogo e o adversário já tinha ganhado do nosso número 1 da equipe. Entrei nervoso pois era uma decisão importante e muita pressão da torcida adversária, só estava acontecendo esse jogo. Eu estava perdendo e consegui virar o jogo com muita garra e torcida dos meus companheiros foram estímulos para a vitória. Fomos campeões e o jogador adversário e sua equipe foram me dar os parabéns pelo jogo. Isso me marcou como um momento de superação e resiliência. 

Como profissional de educação física destaco um que foi um aluno e sua mãe chegarem em mim e falarem assim: professor obrigado por tudo que tem feito em minha vida e consequentemente da minha família, se não fosse o senhor eu não estaria treinando, competindo e muito menos estudando para ser alguém na vida como o senhor. Hoje eu já estaria perdido na vida e nas ruas aí igual vários amigos meus. Isso sem dúvida é melhor do que qualquer título em competição.

(En)Cena – Houve algum episódio específico que despertou seu interesse pela interseção entre saúde mental e atividade física?

Raphael Azevedo Dias – Na minha época não se falava tanto em saúde mental igual se fala hoje. Esse assunto despertou interesse nas últimas capacitações nacionais que fiz e hoje venho estudando e trabalhando bastante com meus atletas, com alguns deles até indicando um trabalho por fora com um especialista (psicólogo ou Coach mental) para melhorar nosso trabalho.

(En)Cena – Muitas vezes o público vê o sucesso e as conquistas dos atletas, mas não enxerga os desafios emocionais e psicológicos por trás disso. Pode compartilhar algum momento marcante em que sua saúde mental foi desafiada, e como você encontrou formas de superá-lo?

Raphael Azevedo Dias – Teve alguns momentos que pensei em desistir do esporte, abandonar a carreira de atleta. Pois não estava conseguindo mais treinar com prazer, os resultados não vinham mais como o esperado e as responsabilidades de fazer uma faculdade e trabalhar estavam cada vez maiores. Dei uma pausa de 6 meses para poder entender e saber se era isso que eu queria, fui conversar com pessoas ao meu redor (família e amigos) e procurei um psicólogo para me ajudar nesse processo. E vi que o esporte era parte da minha vida e não conseguia me afastar e comecei a enxergar ele com outros olhos, com os olhos de atleta menos exigente e com o olhar futuro de treinador (onde decidi fazer educação física).

(En)Cena – Em sua experiência, quais aspectos específicos do treinamento físico são mais eficazes para o bem-estar mental dos praticantes? Você acredita que há elementos do treinamento que são subestimados na promoção da saúde emocional?

Raphael Azevedo Dias – Os aspectos cognitivos. Com certeza já elementos que são subestimados ou muitas vezes menosprezados ou com pouca importância.Os aspectos cognitivos sem dúvidas aliados com os elementos específicos da modalidade irão promover uma saúde mental e um bem estar no atleta.

(En)Cena – O esporte pode exercer grande influência sobre a percepção corporal e a autoestima dos praticantes. Como você observou esses critérios e padrões ao longo de sua carreira, e o que considera saudável ou nocivo no impacto que o esporte exerce sobre a imagem corporal dos atletas?

Raphael Azevedo Dias – Eu observei quando fui avançando meu nível técnico e enfrentando jogadores cada vez mais fortes e de seleção, via que precisava me cuidar mais para conseguir resultados. Vi que a preparação física e corporal era importante para que a técnica fizesse a diferença. Então comecei a cuidar do meu corpo e saúde fazendo atividade física e aeróbica fora do treino de mesa, Comecei a me alimentar melhor para manter o corpo em dia e ter força pra treinar. Comecei a me preparar melhor para não ter lesões, com isso comecei a fazer academia para fortalecer. Essas medidas são saudáveis e nocivas que o esporte exerce sobre nós.

(En)Cena – Quais práticas de autocuidado você recomenda para atletas que desejam manter um equilíbrio entre a pressão dos treinos e competições e seu bem-estar mental? Alguma delas foi mostrada especialmente útil para você?

Raphael Azevedo Dias – Ter uma boa relação com o treinador, para poder ter abertura para falar como está se sentindo no treino, no jogo ou até mesmo com algum problema fora ambiente de jogo que esteja te atrapalhando mentalmente a se dedicar ao esporte, isso é primordial nessa relação de confiança entre atleta e treinador. Segundo você entender que o treino é a parte mais árdua e que o jogo é a parte de divertir, fazer o que você treinou. Mas sempre comparando você com você mesmo, a cobrança tem que ser pela sua melhor versão sempre, pela sua melhor entrega em jogo sempre. Que os resultados são consequências dessas ações e que uma hora eles vêm. Não desistir. Seja seu melhor sempre

 

(En)Cena – Com base em tudo o que viveu e aprendeu, que conselhos daria para atletas que estão no início de suas carreiras, especialmente sobre como preservar sua saúde mental ao longo do caminho? Como acredita que os profissionais de educação física podem contribuir para essa conscientização?

Raphael Azevedo Dias – Conselho: viva todo o processo que o esporte lhe oferece, sem pressa, sem pular etapas, aproveite as derrotas sempre elas nos ensinam e nos fortalece, vibrar e comemorar cada vitória pois batalhou pra isso. E siga sempre sendo sua melhor versão o seu melhor a cada dia. A cobrança sempre deve ser essa. Eu acredito que os profissionais de educação física podem contribuir para esse processo, não cobrando do atleta seja campeão, não cobrando que ele aprenda sem você entender o porque ele não aprendeu ou sua dificuldade, não comparando seu desenvolvimento com os demais, pois cada um tem seu processo maturacional e cada um responde aos treinos de uma forma. E principalmente sendo próximo do seu atleta, conhecendo ele e construindo uma relação de confiança, de valores e princípios com ele.

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Educação Socioemocional e Bem-Estar: Uma dupla imbatível

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As habilidades socioemocionais são verdadeiras ferramentas para a vida

Por Débora Gerbase, Professora e Tradutora –  missgerbase@gmail.com

A Educação Socioemocional e o bem-estar são dois temas muito abordados ultimamente nas escolas. Embora possam parecer serem diferentes, eles estão extremamente ligados e trabalham mutuamente para converter a jornada educacional em algo verdadeiramente enriquecedor.

Além do conteúdo acadêmico, necessário para a aprendizagem dos alunos, existe um segredo sutil escondido entre as linhas do currículo escolar: as habilidades socioemocionais. Estas habilidades são aquelas que não ganham destaque nas provas ou nos livros, mas que são as verdadeiras ferramentas para a vida. Elas cooperam para que os alunos tenham mais sucesso, estabeleçam melhores conexões e usufruam do bem-estar naquilo que desejarem realizar.

Linda Lantieri e Daniel Goleman (2008) explicam que essas habilidades são o “elo perdido na educação”. Em seu livro “Building Emotional Intelligence”, eles destacam que a educação vai além do intelecto. Elas se referem à capacidade dos alunos em conseguirem compreender e controlar as emoções, trabalhar em equipe, construir relações sólidas, resolver conflitos e saber comunicar-se de forma clara, assertiva e eficaz, cruciais para uma vida plena, em uma sociedade em constante transformação.

O que é a Educação Socioemocional?

                                                                                Fonte: Pixabay.com

A educação socioemocional fortalece os alunos para enfrentar a vida acadêmica e profissional

 

O Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning (CASEL) descreve a aprendizagem socioemocional como:

 “o processo pelo qual todos os jovens e adultos adquirem e aplicam conhecimentos, habilidades e atitudes para desenvolver identidades saudáveis, gerenciar emoções e atingir metas pessoais e coletivas, sentir e demonstrar empatia pelos outros, estabelecer e manter relacionamentos positivos e tomar decisões responsáveis e cuidadosas” (CASEL, 2019).

Em outras palavras, ela é como a estrutura invisível que dá sustentação às pontes que construímos com os outros e nós mesmos. Ela propõe-se a ensinar ao aluno a lidar com a raiva, a tristeza, a empatia e a resiliência, fortalecendo-o para enfrentar os desafios que se apresentam em sua vida acadêmica e pessoal.

As “Habilidades do século XXI” foram agrupadas na Education For Life and Work (2012) em três domínios:

  • Habilidades Cognitivas: Capacidades mentais como pensamento crítico e criativo para resolver problemas e compreender conceitos complexos.
  • Habilidades Intrapessoais: Competências internas como autoconhecimento, autorregulação e resiliência para lidar com emoções e desafios pessoais.
  • Habilidades Sociais: Capacidades interpessoais para interagir eficazmente, expressar empatia, colaborar e construir relacionamentos saudáveis e produtivos

                                                                                 Fonte: Pixabay.com

As principais habilidades do século XXI são as cognitivas, sociais e intrapessoais

 

O que é bem-estar?

O bem-estar, nesse contexto, pode ser definido como um estado de harmonia e satisfação que abrange diversas dimensões da vida, incluindo: o emocional, o social, o físico e o psicológico. De acordo com o modelo PERMA, desenvolvido pelo psicólogo Martin Seligman (2012), o bem-estar é composto por cinco elementos essenciais: Emoções Positivas, Envolvimento, Relações Significativas, Sentido e Realização.

Como a Educação Socioemocional e o bem-estar se conectam?

Desta forma, a Educação Socioemocional e o bem-estar se conectam e se entrelaçam de maneira inseparável, como fios de uma mesma trama, em uma trilha de um terrenos desconhecido, explorada por um viajante. Para esta jornada, o viajante precisa estar equipado com as ferramentas essenciais para navegar pelas complexidades do mundo acadêmico e das relações intra e interpessoais. Esse encontro começa quando se percebe que a educação não é apenas um acúmulo de fatos, dos estudos, mas uma jornada de autodescoberta.

                                                                                 Fonte: Pixabay.com

A educação não é apenas um acúmulo de fatos, dos estudos, mas uma jornada de autodescoberta.

 

Por exemplo, no seu percurso de aprendizado, esse viajante carrega uma bússola interna, representando a autorregulação. Assim como um navegador habilidoso ajusta sua bússola para se orientar, a autorregulação capacita-o a ajustar sua mentalidade, mantendo-se no rumo certo mesmo diante dos desafios acadêmicos, emocionais, desafios interpessoais e autodescoberta.

À medida que o aventureiro avança, encontra outros viajantes que compartilham a mesma estrada, cada um trazendo consigo uma bagagem única de experiências. Aqui, a empatia atua como um guia silencioso, permitindo com que ele se coloque lugar dos outros ao enfrentarem desafios na sua jornada. A empatia, então, emerge como um elemento vital do bem-estar, nutrindo relacionamentos saudáveis e cultivando um ambiente de apoio mútuo.

Mas a jornada não é sempre fácil. Segundo Haim Ginott (1972): “As crianças são como navios; as águas tranquilas não as formam. São as tempestades.” E é aqui que entra a resiliência, outro pilar do bem-estar, como a mochila resistente do viajante. Ela abriga as ferramentas necessárias para enfrentar terrenos acidentados e tempestades emocionais com determinação e continue avançando, não apenas na estrada acadêmica, mas também na estrada da vida.

Quando o indivíduo domina as habilidades socioemocionais, é como se ele estivesse criando uma armadura de equilíbrio emocional. As pressões da educação e da vida não o derrubam facilmente, porque ele aprendeu a equilibrar o intelecto com o coração. Entretanto, dominar essas habilidades não acontece da noite para o dia. É preciso consistência e perseverança no ensino e na sua prática.

 

                                                                         Fonte: Pixabay.com

Quando o indivíduo domina as habilidades socioemocionais, é como se ele estivesse criando uma armadura de equilíbrio emocional

Sendo assim, a Educação Socioemocional reflete-se no bem-estar, uma vez que o aluno se torna um viajante habilidoso, percorrendo sua trajetória da aprendizagem e pelas complexidades das emoções humanas. Tal como um explorador que acumula histórias valiosas em cada parada, o estudante coleciona habilidades que não apenas enriquecem sua jornada acadêmica, mas também tecem uma rede de bem-estar duradouro e que envolve sua mente, coração e espírito, para si mesmo e para o outro.

Nas encruzilhadas da educação, onde mentes jovens florescem, uma conexão profunda ganha vida. É uma jornada não apenas de conhecimento, mas de autodescoberta e equilíbrio emocional. Nesse enredo, a Educação Socioemocional e o bem-estar encontram-se como parceiros inseparáveis, tecendo a trama de vidas mais plenas e resilientes.

Biografia:

Débora Gerbase é uma professora e tradutora que atua nas áreas de inglês, português e português para estrangeiros. Atualmente, reside em São Paulo, onde concluiu sua formação em Letras – Tradução e Pedagogia e, posteriormente, obteve pós-graduações em Psicopedagogia e Formação de Docentes para o Ensino Superior.

Além de seu trabalho como educadora, Débora é autora dos livros “Sem pé nem cabeça – Expressões idiomáticas em português” e “Manual de Sobrevivência para o Professor Esgotado”, e coordenadora e coautora do livro “A realidade diversa na sala de aula: como lidar com a inclusão e a educação Socioemocional nas escolas” e coautora do livro “Alfabetização Bilíngue: benefícios e mitos na formação de crianças bilíngues”. Tem paixão pelo ensino e aprendizagem, bem como por seu compromisso com o sucesso de seus alunos.

Referências Bibliográficas:

CASEL. CASEL guide: Effective social and emotional learning programs—preschool and elementary school edition. Chicago, IL: Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning, 2019.

Education for Life and Work: Developing Transferable Knowledge and Skills in the 21st Century. National Research Council, 2012.

Fredrickson, B. L. The role of positive emotions in positive psychology: The broaden-and-build theory of positive emotions. American psychologist, 56(3), 218-226, 2001.

Goleman, D. Inteligência Emocional: A Teoria Revolucionária que Redefine o que é Ser Inteligente. Objetiva, 2012.

Ginott, H. Between Parent and Child: New Solutions to Old Problems. Macmillan, 1972.

Greater Good Science Center. Student Well-Being: Practices for cultivating the social, emotional, and ethical well-being of students. Disponível em: https://ggie.berkeley.edu/student-well-being/. Acesso em 26 ago.2023.

Lantieri, L., & Goleman, D. Building Emotional Intelligence: Techniques to Cultivate Inner Strength in Children. Sounds True, 2008.

Seligman, M. E. P. Florescer: Uma Nova Compreensão sobre Felicidade e Bem-Estar. Editora Objetiva, 2012.

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“O amor não tira férias” – de que forma as relações amorosas impactam no bem-estar dos indivíduos?

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As relações amorosas saudáveis são fonte de proteção à saúde mental e promovem maior satisfação entre parceiros. 

O filme “O amor não tira férias” está inserido na categoria de comédia romântica e traz a história de duas mulheres que possuem uma vida completamente diferente. Enquanto Amanda Woods é uma empresária bem-sucedida, produtora de trailers, Iris Simpkins é uma jornalista que escreve colunas sobre casamentos na revista em que trabalha. O ponto em comum entre as duas se dá a partir do momento em que é exposto nas cenas como ambas apresentam relações embaraçosas com pessoas do sexo oposto, demonstrando processos de decepções dentro de suas relações amorosas.

Enquanto Amanda Woods descobre que seu parceiro estava sendo infiel e reage sob o efeito da raiva, Iris Simpkins fica sabendo em uma reunião realizada no ambiente de trabalho que o homem com o qual se relacionava irá casar-se com outra mulher. Após isso, ela experiencia misto de sentimentos como a tristeza, raiva e até mesmo episódios depressivos. De acordo com os autores trazidos por Nascimento et al. (2021), os relacionamentos amorosos podem ocasionar várias adversidades para os sujeitos que estão inseridos naquela relação, além dos fatores que surgem durante o relacionamento. O fim de um relacionamento é uma situação que todos sabem que um dia poderão vivenciar e que está associado com a experiência de sentimentos dolorosos, níveis altos de sofrimento e estresse.

Cada sujeito experimentará o momento do término de maneira diferente. De acordo com Francoeur (2020),  trazido por Nascimento et al. (2021), cada indivíduo entrará em um processo de sofrimento diferente: uns poderão experienciar sofrimentos mais intensos e com maior frequência, o que pode acabar gerando um quadro depressivo, baixa estima e outros fatores que poderão impactar na saúde mental do sujeito que está vivenciando. Isso pode ser percebido no filme na diferença em como as personagens lidam com suas decepções amorosas, enquanto Iris se mostra bastante emotiva e até mesmo com pensamento e atitude breve de ligar as chamas do fogão para morrer inalando o gás, Amanda deixa transparecer apenas o sentimento de raiva, contexto em que a personagem não apresenta choro. Neste sentido, conseguimos identificar uma reação mais inibida em Irís.

De acordo com Bruno et al. (2022) que referencia os estudos de Borges (2015), o indivíduo quando está experienciando o amor, sendo esse correspondido e saudável, experimenta sensações que podem ser comparadas com o momento de ingestão de substâncias como a anfetamina, trazendo ao sujeito, sensações de prazer. Por outro lado, quando ocorre o processo de desilusão e rompimento dessa relação, há a ausência das sensações prazerosas que antes eram geradas, levando o indivíduo vivenciar um humor deprimido juntamente com o sentimento de perda, instigando o surgimento de sentimento de culpa, angústia, solidão e momento de carência. 

O sujeito que esteja vivendo essa situação dolorosa, de acordo com Bruno et al. (2022), com o passar dos dias, a pessoa pode se engajar na criação de estratégias para enfrentar esse momento. Essas estratégias visam diminuir o “peso” que o término proporcionou ao sujeito, sendo uma tentativa de tornar mais suportável como escreveu o autor. No filme, o meio de estratégia utilizado pelas personagens Amanda e Iris é por meio de um intercâmbio de casas, onde ambas demonstram ter necessidade de afastarem-se de suas rotinas e lugares que residem durante o período difícil em que estão vivendo, servindo como uma espécie de mecanismo de fuga.

Após a troca de residência, Iris se depara com uma realidade totalmente oposta da que vive, uma casa grande e luxuosa, enquanto Amanda apresenta um choque de realidade, sendo que estava acostumada com sua casa grande e cheia de espaços. Ao estar na casa de Amanda, Iris apresenta formação de novos vínculos, sendo estes constituídos com o vizinho idoso e com Miles que é compositor de cinema. Já Amanda experimenta momentos a sós, até o momento em que ela conhece Graham (irmão de Iris). Iris inicia uma relação de amizade com o vizinho e com Miles e Amanda uma relação casual com Graham. 

Com o decorrer da trama, é notável o momento de afloração de sentimentos partilhados entre os personagens principais, o envolvimento maior entre Amanda e o irmão de Iris começa a tornar-se mais forte, momento em que ela tem contato e vivência com as filhas de Graham, desenvolvendo afeto também pelas crianças. 

Já Iris estabelece de início uma relação de amizade com Miles, que vai tornando-se mais forte e íntima, dando espaço para o surgimento da paixão. De acordo com Almeida (2013), às pessoas, quando estão vivenciando um estado de paixão, apresentam uma maior quantidade da substância feniletilamina, assim como o aumento na produção do neurotransmissor dopamina em que auxiliará em proporcionar sensação de alegria, felicidade, bem-estar, aumento da sensação de prazer e impacta também na redução do apetite. 

Muitos estudos afirmam que casais que permanecem juntos (por exemplo, em casamentos) estão aparentemente protegidos contra eventos adversos da vida, ou ainda, situações como doença, pobreza, ou a perda de familiares. (…) Neste sentido, os parceiros que se amam acabam atuando como uma equipe em sinergia para o bem em comum. Dessa forma, segundo alguns autores, relacionamentos de longo prazo atuam como um recurso social e psicológico que ajudaria as pessoas a resistirem melhor possíveis perdas e adversidades (ALMEIDA, 2013, p.s/p)

Schlosser (2014) utiliza dos trabalhos realizados por Murray e Seligman, referente a relacionamentos amorosos, para expor que atitudes entre parceiros como a de dar importância às forças e virtudes do outro, auxilia no “sucesso” daquela relação amorosa. Quando os casais cultivam o hábito de observar e dar relevância mais as características que são geradoras do bem-estar e consequentemente geram sensação de satisfação, maior será a probabilidade de terem facilidade no ato de perdoarem-se durante os conflitos que surgirão, abranger o olhar sob o parceiro e identificar mais forças e virtudes no sujeito e desencadeará uma relação mais saudável.

Diante dos autores utilizados por Schlosser (2014), evidencia que o sentir-se satisfeito com o relacionamento e com a qualidade do vinculo que é estabelecido nele, se dá por meio da subjetividade dos sujeitos que estão vivenciando essa relação, sendo que se faz necessário a presença de alguns pontos como a forma de comunicação que o casal utiliza, os atos que geram e fortificam a intimidade, o comprometimento, o sentir amor e até mesmo o sexo. 

Essa satisfação se fortifica a partir do momento em que o envolvimento e comprometimento vão se tornando mais visíveis, o que gerará no sujeito a confiança, fidelidade, carinho, melhora na comunicação, interdependência entre outros fatores. No filme “O amor não tira férias”, é possível de notar esses pontos a partir do momento em que Amanda aceita seu sentimento, percebe no outro o desejo de levar a relação adiante, gerando um fortalecimento no vínculo entre ela e Graham, consequentemente ao passo que ambos “acertam” a relação, vai criando confiança, há a presença de uma comunicação clara e aberta e é possível perceber a satisfação mútua. Assim como é percebido entre Iris e Miles.

“A satisfação com o relacionamento é um preditor fundamental na avaliação do bem-estar psicológico do indivíduo, considerando que indivíduos satisfeitos em seus relacionamentos amorosos tendem a vivenciar de maneira positiva os demais contextos da vida” (Wachelke et al., 2004 apud Schlosser, 2014). Outro ponto expressado por Schlosser (2014), é de que a satisfação conjugal não impactará no bem-estar físico e mental apenas do casal que está naquela relação, em caso de casais com filhos, esses benefícios chegará a eles também. No filme, Graham possui duas filhas menores com quem Amanda construiu um vínculo de cuidado, carinho, respeito e de diálogo entre os personagens. 

Conforme os autores trabalhados por Carvalho (2019), quando os sujeitos estão inseridos em uma relação afetiva que gera segurança,  satisfação, confiança,  percepção de compromisso, durabilidade e maneiras assertivas de interagir, os conflitos que podem gerar mal estar e até separação podem reduzir. Paralelamente, o casal pode experienciar sentimento de felicidade e confiança no relacionamento, com predisposição em desenvolver relacionamentos longos, satisfatórios e com comprometimento no decorrer da relação. 

Fonte: Foto de Redação Quem. l1nk.dev/lDrdg

Seguindo ainda com o trabalho de Carvalho (2019), em relações que evidenciam qualidade dentro desse relacionamento, impactará diretamente no bem-estar dos parceiros, apresentando-se como meio de satisfação com a vida, aumento no sentimento de felicidade e sensação de segurança. Por sua vez, resultará em melhora na saúde física e também psicológica, tendo como possível efeito a longevidade e qualidade de vida. 

Fonte: encr.pw/5t6xJ

No filme é notório como o desenvolver e manutenção das relações afetivas das personagens geram bem-estar nelas, fica evidente a satisfação com a vida, sentimento de pertença, satisfação e segurança com o parceiro e na relação, surgindo até mesmo o desenvolvimento de relações sociais (amizade) entre os personagens principais.

De acordo com Carvalho (2019), o sentimento e sensação de satisfação de bem-estar é algo que se dá no campo subjetivo, onde cada sujeito irá analisar por meio de uma autoavaliação, podendo até usar as experiências passadas com as atuais como forma de parâmetro, sobre sua vida e as relações em que está inserido ou já viveu. Essa autoavaliação (que pode ser realizada pelo telespectador) é visível no filme, a partir do momento em que há exposição dos personagens e como estão no presente, onde no início Amanda e Iris demonstravam relações desgastantes e geradas de mal-estar, mas que quando comparado, estão vivenciando relações que são vistas como saudáveis, acolhedoras é percebido a mudança de paradigma das quais estavam inseridas. 

Trazendo a relação que a personagem Iris apresentava no início do filme, uma relação onde apenas um lado fazia o “investimento” no relacionamento e sofria com a falta de reciprocidade e comprometimento pelo outro parceiro, evidencia o que Carvalho (2019) traz em seu estudo. Neste sentido, quando casais vivenciam um relacionamento que não proporciona segurança, é possível que ocorra “níveis elevados de vulnerabilidade cognitiva, presença de sintomas psicopatológicos e problemas relacionais” (Granja & Mota, 2018 apud. Carvalho, 2019), assim como “níveis elevados de sofrimento psicológico e/ou emocional, hostilidade afetiva, presença de sintomas depressivos e níveis baixos de bem-estar psicológico” (e.g., Collins, 1996; Simpson, Rholes & Philips, 1996; Pietromonaco & Feldman-Barrett, 1997; Wei et al., 2004 apud. Carvalho, 2019). 

Foto de Natália Lippo.
encr.pw/5dw5I

Já como finalização do filme, é exposto os personagens partilhando a noite de Natal. É evidenciado as mudanças ocorridas nas relações, em que se expõe o fortalecimento dos vínculos e os efeitos que uma relação saudável trouxe para os personagens, sentimento de pertencimento, acolhimento, respeito, amizade e o bem-estar tanto físico quanto psicológico. Sendo assim, se faz importante ressaltar o cultivo, manutenção e cuidado nas relações amorosas. 

Referências

BRUNO, J. N.; SANTOS, D. da S. dos.; SANTOS, A. M. dos.; SOUZA, J. C. P. de. Strategies for coping with grief after the end of a love relationship. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 14, p. e264111436144, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i14.36144. Disponível em: <https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/36144.>Acesso em: 14 mar. 2023.

CARVALHO, Bárbara da Silva. Olhar sistémico sobre casais interculturais: vinculação amorosa, qualidade relacional percebida e satisfação com a vida. 2019. Tese de Doutorado. Universidade de Lisboa (Portugal). Disponível em: <http://hdl.handle.net/10451/41579> Acesso em: 19 mar. 2023.

DE ALMEIDA, Thiago. Relacionamentos amorosos: o antes, o durante… e o depois vol. 3: Capítulo 4 Os processos de apaixonamento e de enamoramento: curso, evolução e benefícios físicos e psicológicos para o ser humano. Disponível em: <https://www.thiagodealmeida.com.br/site/wp-content/uploads/livro/relacionamentos_antes_durante_depois_v1/cap4.pdf> Acesso em: 14 mar. 2023

NASCIMENTO, R.B., Araujo Filho, E.S., Cerqueira, G.L., Carneiro, D.G., & 

Carmo, E.S.S. 2021. Após o fim de um relacionamento amoroso: uma revisão narrativa. Pubsaúde, 7, a233. Disponivel em: <https://dx.doi.org/10.31533/pubsaude7.a233> Acesso em: 14 mar. 2023

SCHLOSSER, Adriano. Interface entre saúde mental e relacionamento amoroso: um olhar a partir da psicologia positiva. Pensando fam.,  Porto Alegre ,  v. 18, n. 2, p. 17-33, dez. 2014. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-494X2014000200003&lng=pt&nrm=iso> Acesso em:  17 mar.  2023.

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O ser humano e a busca incansável pela felicidade

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Heloysa Dantas Martins – lolo@rede.ulbra.br

Algo que sabemos ser comum a todos, ou pelo menos a maioria das pessoas, é a busca pela felicidade, desde o início da vida aquilo que fazemos é buscando esse caminho: ser feliz, e muitas vezes as coisas impostas a nós pelos nossos pais e/ou por pessoas que nos amam também tem como objetivo, em sua maioria a nossa felicidade, dentro disso é impossível negar o fato de que o ser humano está sempre na busca incansável pela felicidade, busca essa que tem durado toda uma vida e se transformando à medida que o mundo muda também.

Ferraz, Tavares e Zilberman (2007) vão nos trazer um pouco da história dessa busca, destacando cinco momentos fundamentais na construção desses ideais, o primeiro momento define a felicidade como algo dado pelos deuses, ou seja, não estava ao alcance e dependência humana, após a filosofia socrática isso mudou, e a felicidade passou a ser definida como uma responsabilidade do indivíduo, no Iluminismo a crença estabelecida era de que todos mereciam ser felizes e com a chegada da Revolução Francesa foi estabelecido como objetivo social a felicidade dos cidadãos.

Independente do período histórico sabemos que a felicidade sempre foi almejada. Atualmente entende-se a felicidade como a predominância dos estados emocionais positivos, relacionados a sentimentos de bem estar e prazer, sendo que “os julgamentos de bem-estar são baseados principalmente na frequência (na quantidade) de afeto prazeroso e menos na intensidade do mesmo.” (GIACOMONI, 2014), pois as emoções intensas vivenciadas são raras e geralmente necessita-se de um alto custo, por isso o bem estar quando vivenciado a longo prazo mesmo que com pouca intensidade se torna mais significativo que picos emocionais sem continuidade.

Fonte PixBay

Sabemos que as emoções positivas são de maneira geral um padrão a ser seguido, mas também precisamos levar em conta no processo de busca da felicidade a subjetividade humana, para isso podemos tomar como exemplo a pirâmide de Maslow. Na pirâmide de Maslow temos cinco compartimentos sendo eles em uma ordem de baixo para cima, fisiologia, segurança, amor/relacionamento, estima e realização pessoal.

Podemos identificar as duas primeiras bases da pirâmide como os pontos comuns a todos, sendo eles a fisiologia e a segurança, pois não é possível alcançarmos qualquer nível de felicidade sem que essas áreas estejam alinhadas, como por exemplo, ter possibilidade de se alimentar, ter uma boa saúde, ter segurança do corpo, segurança de recursos financeiros para a sobrevivência diária, sem essas duas bases a busca pela felicidade não pode ser continuada, pois é impossível pensar em questões de realizações pessoais, relacionais, profissionais sem que haja o mínimo para sobrevivência.

Tendo essas bases estruturadas partiremos então para as áreas que tendem a ser mais subjetivas a cada indivíduo, a primeira delas é a o amor/relacionamentos, dentro dessa área encontramos a família, amizades, intimidade sexual, e coisas relacionadas, e é a partir daqui que devemos analisar aquilo que faz sentido para cada pessoa, por exemplo, para alguém que busca a felicidade buscar uma aproximação com a família pode fazer muito sentido, mas para outra pessoa o afastamento familiar pode ser melhor, da mesma maneira a construção de relacionamentos amorosos, amizades deve ser construído dentro da subjetividade de cada um.

Quando falamos de estima também devemos pensar na subjetividade, pois uma conquista que para uma pessoa pode ser algo grande pra outra pessoa pode não ser tão significativo assim, vemos hoje como exemplo no mundo profissional em que existem pessoas que sonham com o diploma e outras que buscam uma carreira no mundo do empreendedorismo e temos no topo da pirâmide a realização pessoal que é o ponto mais subjetivo que temos na teoria de Maslow.

Vemos através da pirâmide de Maslow como a busca pela felicidade é fragmentada, gradual e ao mesmo tempo interligada, além disso, não podemos esquecer que a felicidade é apesar dos pontos em comuns a todos, é muito subjetiva, pois aquilo que pode representar felicidade para mim pode não ser para outra pessoa, a verdade é que podem existir vários artigos, estudos e ciências falando sobre felicidade e as diversas questões emocionais que nos compõem como seres humanos, mas jamais esgotaremos os assuntos pois estamos sempre em mudança e adaptação de novas realidades, e viver é isso, estar sempre mudando.

Dito isso, finalizo dizendo que se você é uma pessoa que está nessa busca incansável pela felicidade, tente refletir nas palavras que Sócrates nos deixou: “O segredo da felicidade não se encontra na busca por mais – mas sim no desenvolvimento da capacidade para desfrutar de menos.” e busque contentamento nas coisas presentes e constantes, aquelas coisas da rotina que na maioria das vezes passam despercebidas aos nossos próprios olhos, em vez de nas coisas futuras e intensas porque o futuro pode não acontecer da maneira que tanto se planeja e as coisas intensas tendem a não durar tanto assim.

Fonte PixBay

Referências


FERRAZ1, Renata Barboza; TAVARES, Hermano; ZILBERMAN, Monica L. “Felicidade: Uma revisão”, 2007.

GIACOMONI, Claudia Hofheinz. “A felicidade é campo de estudo da psicologia?”. ComCiência, Campinas, no.161, Setembro, 2014. Disponível em: <http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-76542014000700009&lng=pt&nrm=iso>.

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O que é o Mental Fitness?

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A vida é uma conjunção de escolhas e consequências de ações, isso é meio que universal em todos os aspectos. Palavras não podem ser retiradas, tudo de bom e tudo de ruim que já aconteceu teve algum ponto de ignição, muitas vezes por interferência humana.

Um exemplo prático é a obesidade, a desregulação alimentar acrescida do sedentarismo impulsionará um indivíduo a adquirir camadas e camadas de gordura extra no seu corpo de modo que no futuro sofrerá fisicamente (mentalmente também) com a forma que lidou com essa situação.

Fonte: Imagem by vectorjuice no Freepik

Trazendo para o campo psicológico, temos os transtornos e doenças psíquicas que tiveram início através de um construto de fatores, resultantes de questões biológicas ou até mesmo reações externas. Assim como a obesidade, a depressão precisa de tratamento, o acompanhamento profissional e as atividades psicoterápicas proporcionaram para o indivíduo uma melhoria no seu quadro depressivo.

Mas o que isso tem a ver com o título do texto? Bem, inicialmente é preciso observar que a palavra fitness, adotada no Brasil para atribuir a um condicionamento físico saudável, traz uma condição de prevenção na prática e cuidado com a saúde física.

Esclarecendo o ponto, uma pessoa que pratica atividade física busca, quase que universalmente, um equilíbrio nas suas condições físicas, de modo a evitar prejuízos com saúde e impulsionando seu bem-estar e longevidade.

Porém o compromisso saudável não é fácil, posto que em alguns casos não é possível perceber uma mudança imediata nos aspectos físicos e sanitários da pessoa, de igual modo, uma pessoa que possui a mente prejudicada por transtornos não diagnosticados muitas vezes não se dá conta do prejuízo que esse lhe causa a longo prazo.

Agora, conectando-se com o texto, essa nova onda comportamental, com origem recente, busca conectar os cuidados prévios da saúde física e mental, por isso o nome Mental Fitness.

Uma curiosidade interessante a ser destacada são as recentes divulgações cientificas sobre os “cérebros” localizados no Intestino e Coração humano, já farei uma conexão com essas informações.

A saúde mental, por um tempo, foi compreendida somente como o zelo nas relações, não sendo observado precipuamente o corpo como um fator para o bem-estar da mente (mas este muitas vezes foi utilizado para associar algum aspecto doente, por exemplo, ansiedade e obesidade ou depressão e anorexia).

Nos mais recentes estudos, foi descoberto que a má alimentação, ou a ingestão de alimentos não saudáveis são prejudiciais para o cérebro, podendo alterar o comportamento cognitivo de alguém. O maior exemplo que pode ser apresentado é o do chocolate que se consumido de forma irregular e demasiada pode se tornar um produto vicioso com efeitos similares – porém diminutos – ao ópio.

Fonte: Imagem by Freepik

Além da dependência ao chocolate outra reação possível é a obesidade e problemas de saúde relacionados ao açúcar, como diabetes. 

É sempre importante lembrar que tudo que ingerimos sempre será a junção de compostos químicos que podem (ou não) alterar nossas capacidades cognitivas de forma momentânea ou duradoura.

Com isto, manter bons hábitos alimentares, em conjunto com a prática de atividades físicas, bem como com o exercício da resiliência individual podem guiar o ser humano a uma vida mais plena de modo a evitar prejuízos à saúde física e mental a curto e longo prazo.

Fonte: Imagem por rawpixel.com no Freepik

Falando sobre hábitos alimentares e resiliência. Recentemente foram disponibilizados estudos que afirmam que o Intestino, órgão responsável por fazer a digestão dos alimentos possui cerca de 500.000.000 (quinhentos milhões) de neurônios, uma quantidade inferior somente ao próprio cérebro que possui bilhões de conexões neurais. Mas por que isso é relevante? Bem, como dito acima, os alimentos influenciam diretamente no comportamento humano e quando bem tratado (bem alimentado) poderá impulsionar o indivíduo a apreciar a vida de forma plena.

Assim como o intestino, o coração foi outro órgão que se descobriu uma quantidade significativa de neurônios, aproximadamente 40.000 (quarenta mil) neurônios estão presentes e participam constantemente do funcionamento do coração. Essas informações servem para compreender que a prática de resiliência com as relações sociais e pessoais podem sim colaborar para o bem-estar psicológico, mantendo sua mente fitness.

Lembrando que é impossível controlar todas as situações que ocorrem, como dizia a frase “como culpar o vento pela desordem feita, se fui eu que deixei a janela aberta”, não somos capazes de premeditar todas as situações negativas que acontecerão conosco, mas podemos nos preparar física e mentalmente para suportá-las de forma a minimizar os prejuízos sofridos.

Por isso surgiu essa ideia de Mental Fitness que busca alcançar o ápice do bem-estar humano.

 

REFERÊNCIAS

VARELLA, Mariana. Neurônio. Portal Drauzio Varella. Disponível em <https://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/neuronio/>, acessado em 16 set 2022.

GODI, Dianna. Os efeitos que o consumo de chocolate pode causar nas pessoas. Minuto Psicologia. Disponível em <http://www.minutopsicologia.com.br/postagens/2021/07/07/os-efeitos-que-o-consumo-de-chocolate-pode-causar-nas-pessoas/> acessado em 15 set 2022.

DESCONHECIDO. Por que o intestino é considerado nosso ‘2º cérebro’ e outros 5 fatos surpreendentes sobre o órgão. BBC NEWS Brasil. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/geral-45664504> acessado em 16 set 2022.

DESCONHECIDO. O coração também tem neurônios. Disponível em <https://amenteemaravilhosa.com.br/coracao-tambem-tem-neuronios/>, acesso em 14 set 2022.

DESCONHECIDO. Fitness mental: saiba o que é e conheça alguns exercícios. Disponível em < https://melhorcomsaude.com.br/fitness-mental/>, acesso em 16 set 2022.

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Ligação emotiva com os animais de estimação

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Os vínculos entre humanos e animais são influentes. E a convergência benéfica entre os pets e a saúde mental é inevitável. A ampla parte dos donos de animais imaginam que seu pet como um integrante familiar. Em momentos como a quarentena, que fomos submetidos a ficar em casa, os nossos pets podem a maioria das vezes ser a única companhia de indivíduos que moram sozinhos, inclusive também, uma companhia agradável e cheia de carinho para idosos, crianças, famílias e adultos.

E isso é verídico, não importa a idade que nós temos. Crianças, adolescentes, adultos e idosos descobrem a felicidade no elo com seus animais de estimação. Logo, animais de estimação e saúde mental fazem o par perfeito.

As vantagens para a saúde mental de dispor de um cão ou gato, coelhos, ou outro animal de estimação, foram provadas em muitos estudos científicos. Os animais auxiliam na depressão, ansiedade e estresse. Além do mais, eles propiciam a companhia e facilitam o combate contra a solidão, enquanto nos trazem alegria e amor incondicional.

Já compreendemos que brincar com animais diminui os hormônios relacionados ao estresse. E esses privilégios podem ocorrer depois de cinco minutos de convivência com um animal de estimação, o que quer dizer que que eles são muito eficazes para quem sofre de ansiedade.

Fonte: encurtador.com.br/dkpBJ

Se divertir com um cachorro ou gato pode elevar nossos níveis de serotonina e dopamina. Estes são hormônios que tranquilizam e descansam o sistema nervoso. Quando damos um sorriso e uma risada do comportamento encantador de nossos pets, isso auxilia na liberação desses “hormônios da felicidade”.

Os indivíduos se sentem mais úteis quando têm um animal de estimação para cuidar. O comportamento de cuidar traz benefícios à saúde mental. Cuidar de outra vida nos dá um senso de propósito e significado.

Isso sucede mesmo quando os pets não compartilham muito sentimento com seus donos. Fazer as coisas para o bem de quem amamos reduz a depressão e a solidão. Alimentar, dar banho, levar para passear, esses quesitos podem fazer com que os seres humanos, principalmente os mais solitários, se sintam motivados, pois sabem que o animal necessita delas para sobreviver.

Referências

Heiden, J. & Santos, W. (2009). Benefícios psicológicos da convivência com animais de estimação para idosos [Versão Eletrônica]. Revista Àgora, 16(2), 487-496

Tatibana, L. S. & Costa-Val, A. P. (2009). Relação homem-animal de companhia e o papel do médico veterinário [Versão Eletrônica]. V&Z em Minas: Revista Veterinária e Zootecnia em Minas, 103(1), 12-18.

Costa, E. C. (2006). Animais de estimação: uma abordagem psico-sociológica da concepção dos idosos. Dissertação de mestrado, Curso de Mestrado Acadêmico em Saúde Pública, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual do Ceará. Ceará, Brasil.

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Coloque em exercício a prática do elogio

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Uma ação pequena e simples, assim é o poder do elogio, capaz de transformar o dia da pessoa que o recebe. Ou seja, uma atitude nobre em reconhecer as qualidades positivas do outro, em palavras. O elogia tem a capacidade de promover diversos benefícios, como a autoconfiança, alegria, alívio do estresse do cotidiano, além de um belo sorriso, em qualquer ambiente.

Nesse sentindo, Zanttoni (2011) explica que o elogio é essencial para a formação da autoestima da criança, bem como para a formação de sua identidade enquanto ser social. Para ele, o elogio configura-se como um evento que privilegia a formação da autoestima, já que “caracteriza uma relação de apreciação de outros indivíduos acerca do comportamento da criança”.  Ou seja, esta passa a ver valor em si mesma, adquire autoconfiança e segurança.

Ainda segundo Zanttoni (2011), “o elogio possui um papel especial no desenvolvimento da autoestima, principalmente se vindo de sujeitos os quais a criança respeita e possui admiração com o ressalte dos pais, irmãos mais velhos e professores.” Isto é, a criança precisa ouvir palavras de autoafirmação das pessoas mais próximas do seu convívio, por isso é importante que os pais e professores entendam e coloquem em prática o elogio, como instrumento fundamental na formação de um futuro adulto confiante, decido e com uma autoestima saudável.

Fonte: Freepik

Nessa mesma perspectiva, Silva e Aranha (2005), que durante uma pesquisa feita, em sala de aula, com alunos com deficiência, mostrou que eles se tornaram mais proativos, após receberem mais elogios, durante o período das aulas. A intenção da pesquisa foi construir dentro de sala de aula uma relação mais inclusiva com os alunos portadores de deficiência, a partir do elogio. “Ações desse tipo ajudam no próprio processo de construção de uma identidade positiva por parte de todos os alunos, aumentando sua autoestima, melhorando as suas condições cognitivas”. (Silva e Aranha, 2005).

Sobre o elogio Delin e Baumeister (1994) apontam que o mesmo, busca realizar uma avaliação positiva de determinado alvo, bem como é capaz de desencadear emoções positivas, como alegria e orgulho. Enquanto Henderlong & Lepper (2002), já são mais cuidadosos, para eles elogio, por mais que seja uma ação positiva em relação a pessoa ou ao seu desempenho em alguma atividade, é preciso ter cuidado com a intepretação, de quem recebeu a mensagem. “O elogio pode afetar a opinião do outro sobre si próprio, tornando-se uma ferramenta preciosa se utilizada corretamente”.

Sobre o assunto Souza (2016) aborda sobre a importância do elogio, no ambiente de trabalho, para gerar um sentimento de pertencimento ao grupo inserido, bem como valorização profissional, além da produtividade em equipe.  O autor supracitado observa que é necessário valorizar cada sucesso obtido do funcionário, e enfatiza que cada mérito e conquista precisa ser elogiados. “Para que o mesmo produza com mais satisfação, prazer, e se sinta valorizado por fazer parte dessa equipe de trabalho”, relata (Souza, 2016).

Fonte: Freepik

Outro público que precisa ser muito elogiado é a terceira idade, que muitas das vezes é deixada em asilos pelos seus familiares, no final da vida. Etapa que merece estar rodeada de pessoas. Nesse aspecto, Carneiro e Facolne (2013) esclarecem sobre os efeitos benéficos do elogio dirigido a idosos, em especial, quando é em público. Para elas, o bom uso das palavras gera um bem-estar significativo para esse público, que é mais vulnerável devido o avanço da idade.

As palavras têm o poder de transformar o ambiente, ou até mesmo mudar a perspectiva de uma situação complicada, após um indivíduo receber um elogio. Por isso, é importante saber proferir as palavras. O elogio pode ser uma ferramenta auxiliar no processo criativo de uma criança, seja na produção de um desenho ou no desempenho da escola, bem como um fator motivacional de um vendedor que precisa bater meta de vendas. Ou seja, elogie, sempre que possível.

REFERÊNCIAS

Carneiro,  R  e Falcone Eliane. O desenvolvimento das habilidades sociais em idosos e sua relação na satisfação com a vida. (2013). Disponível em < https://www.scielo.br/j/epsic/a/js4wxRt4tLKnTmhF5TQnn8q/?format=pdf&lang=pt>  Acesso: 09 de nov, de 2021.

Delin, C. R., & Baumeister, R. F. (1994). Praise: More than just social reinforcement. Journal for the Theory of Social Behaviour.

SILVA,S, C e ARANHA, M, S. Interação entre professora e alunos em salas de aula com proposta pedagógica de educação inclusiva(2005). Disponível em <https://www.scielo.br/j/rbee/a/QxyYHKJt9Yp4nSsjXj8fjth/?lang=pt&format=pdf>  Acesso: 09 de nov, de 2021.

Souza, Hellen. A importância de valorizar os colaboradores no ambiente organizacional(2016). Disponível em < https://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_M_041.pdf> Acesso: 09 de nov, de 2021.

Henderlong, J. & Lepper, M. (2002). The effects of praise on children’s intrinsic motivation:A review and synthesis. Psychological Bulletin,

ZATTONI, Romano Scroccaro. A autoestima em crianças da terceira infância e sua relação com o elogio no contexto educacional. (2011) Disponível em <https://educere.bruc.com.br/CD2011/pdf/5262_3496.pdf>.  Acesso: 09 de nov, de 2021.

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