BORG – A humanidade de uma máquina de jogar tênis

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Se você conseguir encare o triunfo e o desastre e trate esses dois impostores da mesma maneira. A sentença é do poeta britânico, do século XIX, Joseph Kipling, cujo título do poema é “Se…”. Está inscrita em uma das passagens mais marcantes e simbólicas do filme Borg Versus McEnroe, um drama psicológico, que trata da relação de dois dos maiores tenistas da história do esporte: o sueco Bjorn Rune Borg e o norte-americano John MacEnroe. A película (2017) do diretor dinamarquês Janus Metz recebe pinceladas ficcionais para dar um tom emocional à narrativa. Apresenta ao espectador toda a produção do desejo, o desejo de ser o melhor, o número um, a necessidade de ser amado, mostrando como o medo do desamparo nos constitui.

Ao contrário de uma vida dionisíaca fantasiada para as celebridades, Borg pagou com o sofrimento da doença psíquica, a privação, a dor sentida no corpo pelo excesso de treinamento, e a severidade superegóica, que não almeja nada menos que vitória, causando profundos sentimentos de angústia diante da possibilidade de derrota.

Borg era um homem complexo, traços obsessivos marcantes, sinais de inibição, fobias, conflitos existenciais, com sintomas para além de uma neurose, que eclodiram após a aposentadoria, como tentativas de suicídio, uso de drogas, relações com prostitutas, casamentos desfeitos e perda de dinheiro. A infância e juventude foram marcadas por incontáveis momentos de agressividade, impulsividade e de melancolia diante dos fracassos durante a formação como atleta. Pode-se pensar em uma estrutura limítrofe, com o uso de mecanismos de defesas primários, que garantiram, de alguma forma, o mais alto grau de rendimento profissional. Para Bergeret:

Todo o problema econômico da organização limítrofe se desenrolaria nas relações entre esses dois sistemas, ao mesmo tempo adaptativos e defensivos, permitindo ao ego uma certa mobilidade e segurança, porém jamais constituindo uma verdadeira solidez; o sujeito permaneceria demasiado massivamente dependente da realidade exterior e das posições dos objetos, bem como da distâncias deste em relação e ele. (BERGERET, 1988, p. 133).

O trabalho foi organizado a partir de cenas que escolhi, por conta da emergência de aspectos marcantes da personalidade do personagem. Por meio da descrição dos diálogos e dos sintomas, produzi tentativas de interpretação do Borg fictício apresentado na película, tentando identificar os desejos e as defesas no jogo dinâmico do seu psiquismo. Poucos detalhes das relações vinculares com os pais são apresentados, permitindo apenas inferi-los a partir de pequenas cenas, no início do filme.

Fonte: encurtador.com.br/oqxV6

Primeiras sacadas: a descrição do conflito

A primeira cena do filme nos introduz no sofrimento de Borg. O tenista aparece em seu apartamento em Mônaco, de frente para mar, pendurado no parapeito da sacada. o corpo em 90 graus. Um rosto constituído de dor e medo. Era véspera da sua quinta participação no torneio de Wimbledon, já vencido por quatro vezes. Em uma segunda cena, ele surge solitário em uma quadra de tênis, devolvendo com golpes precisos centenas de bolas, que lhe eram jogadas por uma máquina. Após o treinamento, perde a chave do carro e corre para o vestiário. Diante desse infortúnio, resta-lhe ir andando para casa. Coloca um boné, em uma tentativa de disfarce para escapar do assédio das jovens francesas.

Borg era um homem bonito, de cabelos compridos, o que contrastava com sua personalidade inibida, avessa a multidões. Entra em um restaurante e tem um encontro com um gerente do estabelecimento, simpático, que não o reconhece. Pede um café, mas não tem dinheiro para pagar, pois deixará a carteira no carro. O gerente não nega o pedido, mas condiciona ao carregamento de algumas caixas até a dispensa. Leva-as até o local e encontra jornais do dia, que estampavam comentários sobre a sua difícil tarefa para superar o norte-americano John McEnroe, em Wimbledon. As manchetes sugerem a sua decadência técnica. Borg tira o boné e aperta o rosto diante das críticas. Retorna ao balcão. O gerente pergunta o seu nome e o que faz:

– Meu nome é Rune. Eu sou eletricista. 

O gerente ri. Se você é eletricista, eu sou o príncipe Albert. Você gosta de ser eletricista?

 – Sim, é uma profissão normal, responde Borg, sorrindo discretamente.

Nessa primeira cena, somos levados ao conflito de Borg. Percebe-se a angústia do atleta em ser o que é. A cena da sacada, da tentativa de suicídio, revela uma busca pela aniquilação do sofrimento. A segunda cena, durante o diálogo com o gerente do restaurante, há uma saída defensiva de negação da realidade. O ego diante de um superego severo, primitivo, que exige a alta performance, não admite a frustração da derrota e encontra nessa defesa uma saída possível para diminuir a angústia. Maldavsky, Roitman e Stanley (2008, p.31-68)) citam Freud, em O Homem dos Lobos, para explicar a ação patógena das correntes psíquicas, em um caso complexo de neurose infantil:

Ao final, subsistiam nele, lado a lado, duas correntes opostas, uma das quais abominava a castração, enquanto a outra está pronta a aceitá-la e consolar-se com a feminilidade como substituto. A terceira corrente, mais antiga e profunda, que simplesmente havia repudiado a castração, a qual não estava em juízo acerca de sua realidade objetiva, seguia sendo, sem dúvida, passível de ativação.

Fonte: encurtador.com.br/dioJU

O jovem Rune, de Sodertaljie: Potência e agressividade

A narrativa toda ocorre em Flash backs. O diretor nos conduz à adolescência de Borg, do então jovem Rune. Ele surge batendo a bola em uma porta de garagem de seu condomínio. O seu pai grava o momento e lhe pergunta:

– Está jogando a Davis ou Wimbledon, Rune? 

– Wimbledon, responde. 

Já venceu?, pergunta-lhe o pai. 

Sim, diz Borg, sem aparentar – maior emoção.

Assim manifesta-se a projeção também de um Eu Ideal, que aparece na conversa de Borg com o pai, no desejo deste que o filma prazerosamente e, em certa medida, lhe oferece-lhe todo o amor, caso consiga chegar ao estrelato. Bergeret, aqui, é preciso:

Os pais dos sujeitos limítrofes encorajam as fixações em relação estreitamente anaclítica. O plano aparente é tranquilizador. “Se permaneceres em minha órbita, nada de ruim te acontecerá”, mas o plano latente e bastante inquietante: “Não me deixes, senão correrás grande perigos”. Os pais deste tipo, em geral, mostram-se insaciáveis no plano narcísico. (BERGERET, 1988, p. 138) 

A história do jovem com cerca de 15 anos é de ataques raivosos, agressões verbais contra os juízes, durante as partidas. A cada erro seu, ou mesmo uma marcação do juiz que o frustra, gritos são ouvidos e raquetes são quebradas. Manifestação de pulsões orais primitivas, destrutivas. Kusnetzoff (1982, p.30 ), a partir de Abraham, descreve dois períodos libidinais distintos na fase oral. O primeiro caracterizado pela satisfação e o segundo pela agressão, em uma relação ambivalente com os objetos, diante da frustração, o que também caracteriza as patologias limítrofes e narcísicas.

Por este comportamento, o jovem Rune é suspenso do clube que representava. Ouve a reprimenda do pai, que lhe retira a raquete e o chama de cabeça fraca. Um pai severo, frustrado, diante das impossibilidades do filho. A mãe aparece poucas vezes, mas sempre ao lado dele tanto na cena da punição no clube como diante do pai. Infere-se que a relação do garoto com a mãe é muito mais próxima, fazendo pensar sobre a possibilidade de uma relação diádica potente com a mãe e passiva diante do pai, uma relação de objeto anaclítica. Bergeret explica que o “termo grego ‘anaklitos’ trata-se de achar-se virado para trás, deitado sobre o dorso, de forma essencialmente passiva”. (BERGERET, 1988). Nas duas cenas, Rune comportou-se passivamente, sem nunca exprimir nenhum ato de rebeldia, de protesto. Apenas buscou, em seu quarto, o refúgio e chorou, controladamente, em completo e absoluto silêncio.

Fonte: encurtador.com.br/bkoSY

Por sorte, Rune é visto pelo treinador da seleção da Suécia, Lennart Bergellin, extenista, que fracassou por três vezes, em quartas de final de Wimbledon, nos anos 40. Encantado pelo potencial do garoto, convida-o para participar da seleção.

– O que você quer do tênis, Rune?, pergunta o velho treinador. 

Ser o melhor! , responde Rune. 

O melhor da Suécia? 

O melhor do mundo!, diz Rune.

É a reatualização do diálogo que teve com o pai primevo. O desejo de ambos está em articulação. Rune parte para Estocolmo, onde passa por um treinamento rigoroso, revelando todos os seus rituais obsessivos e agressivos a cada erro, a cada frustração, provocada pelo experiente treinador. Em uma das oportunidades, Rune o ataca visceralmente. O treinador corre atrás do garoto e bate nele. Rune sai do ginásio e se perde em uma floresta, despedaçando a raquete em uma árvore. Na mesma noite, ocorre, na minha percepção, o diálogo que produz uma cisão completa do jovem Rune e funda Bjorn Borg, o Ice Man ou Ice Borg:

Vou deixar você jogar a Copa Davis. Mas se você gritar, quebrar a raquete, xingar o juiz, você voltará para a casa. A partir de agora, toda a tua agressividade será colocada em cada bola. Você será uma panela de pressão. Tudo ficará aí dentro. Nada deve sair pra fora. A tua força estará no tênis. Uma bola por vez – ordena o treinador Bergellin. (Borg Versus MacEnroe, 2017)

Percebe-se uma transferência massiva paterna para o treinador, durante todo o processo de treinamento. Dessa vez com manifestações de agressividade ao longo do período. Parece que essa ameaça o atingiu fortemente, por conta, penso, pela possibilidade de lhe abrir uma ferida narcísica insustentável, com riscos de deixar de jogar e voltar à casa do pai temido, que tenta castrá-lo, além de ficar ameaçado de perder o amor dos dois objetos, tanto do pai primevo quanto do pai atualizado, na figura do treinador.

As organizações limítrofes resistem mal às frustrações atuais, que despertam antigas frustrações infantis significativas; estes sujeitos, comumente percebidos como esfolados vivos, facilmente utilizam traços de caráter paranóicos na tentativa de assustar a quem poderia frustrá-los. Seu narcisismo está mal estabelecido e permanece frágil. Existe uma evidente e excessiva necessidade de compreensão, respeito, afeição e apoio. (BERGERET, 1989, p.132).

Fonte: encurtador.com.br/hjvNX

No caso de Borg, esse acontecimento traumático, produziu em seu ego um rearranjo de suas defesas, inaugurando vários sintomas obsessivos, que colaboraram na construção de um dos maiores ídolos da história da Suécia. Bergeret, a partir de Freud, explica esse fenômeno:

O Ego se deforma para não ter justamente, que desdobrar-se. Ele funcionará distinguindo dois setores do mundo exterior: Um setor adaptativo, onde o ego sempre atua livremente no plano relacional, e um setor anaclítico, onde limita-se as relações organizadas segundo a dialética dependência-domínio. (BERGERET, 1989, 140).

O último game: os lances obsessivos

O torneio de Wimbledon, de 1980, foi difícil para o tenista. Imerso em uma angústia fóbica, as partidas se tornaram um desafio para o jogador. A narrativa descreve todos os sintomas obsessivos de Borg. Nas competições viajava com duas pessoas, o treinador e sua noiva, uma ex-tenista romena, que conheceu durante o torneio de Roland Garros, em Paris. O primeiro encontro de ambos teve a companhia de Lennart, que serviu como um ego auxiliar. A preparação para as partidas era cheia de rituais. Alugava o mesmo carro, todo ano, revestido do mesmo estofamento. O treinador, nas vésperas dos jogos, junto com Borg, encordoava, com máxima tensão, cada uma das 50 raquetes, todas alinhadas milimetricamente. O trabalho durava mais de três horas. A temperatura do quarto de hotel -era mantida em 18 graus, pois Borg “precisava controlar o batimento cardíaco”. A mochila para os jogos era cuidadosamente organizada pela noiva, que colocava sempre as mesmas duas toalhas que usava nas partidas. Nunca pisava na linha de fundo da quadra de tênis, porque daria azar, demonstrando um poder mágico do pensamento.

Tanto o treinador como a noiva submetiam-se e participavam de cada um dos rituais. Quando jogava mal, a culpa era de um dos dois porque não realizaram uma das tarefas planejadas. Em um dos jogos, não teve bom desempenho. Culpou o treinador por não ter tensionado as raquetes de maneira adequada. Houve uma discussão entre ambos e, em uma explosão de raiva, Borg demitiu o treinador, lançando mão de defesa projetiva, características dos sujeitos em estados limítrofes. Assim que chegou ao hotel, colocou a noiva para fora do quarto. Disse para a ex-tenista, que ela iria abandoná-lo como o treinador.

Durante as partidas não demonstrava emoção. Nem quando lhe faltava precisão, nem quando encontrava um espaço inimaginável para vencer o adversário. Era absolutamente cordato com os rivais, revelando o asseio moral e ético superegóico. Não tinha quase nenhum amigo no circuito. Borg estava sempre em isolamento, incomodado, com as entrevistas coletivas, que deveria dar por exigência do torneio. Aqui temos outra defesa de evitação, características dos estados fóbicos, fugindo do encontro com as representações perigosas. Uma cena do filme, indica o estado de sua sexualidade, quando entra em um famoso clube de Nova Iorque, no início de sua carreira. Neste lugar havia striptease, casais homossexuais, nudez total, orgias. O jovem Borg mostra grande satisfação e olha, voyeristicamente, ao seu redor, dando conta de uma atuação perversa. Interessante que esse mesmo olhar é a sua grande ferramenta como jogador de tênis.

Para encerrar, nas cenas finais, há uma saída para a saúde, penso, uma defesa sublimatória. No corredor para a final contra MacEnroe, reencontra o ex-treinador, que diz que enfrentarão “essa última partida” juntos. Borg sofre, mostra medo. O treinador tenta usar das velhas táticas desafiadoras. Borg pede silêncio e diz: “Pare, eu sei porque estou aqui. Tudo o que fiz me trouxe até aqui”. Assim, aceita ser quem ele se tornou, em um processo de elaboração. Vai para quadra. E, em uma partida de mais de quatro horas, vence o seu grande rival. Emociona-se e chora. Um grande filme, sobre uma máquina demasiadamente humana de jogar tênis.

Fonte: encurtador.com.br/pBEGR

A DIMENSÃO DO ICE MAN: 

Brevíssimo currículo Bjorn Rune Borg nasceu na pequena cidade sueca Sodertaljie, em seis de junho de 1956. Começou jogar tênis aos 9 anos, quando ganhou a primeira raquete do pai. Aos 11 anos venceu o torneio de sua cidade e, aos 15, participou da Copa Davis, evento mundial que reunia e reúne as seleções da elite do tênis mundial. Ele foi envolvido em uma jogada política da federação de tênis da Suécia, que deseja mostrar o poderio do país na formação de atletas no esporte. Nessa competição, ao vencer um top 20 do tênis, surgiu o mais novo fenômeno do tênis mundial. Borg é detentor na carreira de números que o coloca como um dos maiores de todo os tempos. Conquistou em sua carreira 11 torneios de Grand Slam, sendo cinco títulos consecutivos nas quadras de grama de Wimbledon (1976 a 1980) e outros seis nas quadras de saibro, em Paris, no torneio de Roland Garros. Na carreira teve 62 títulos conquistados. Dos quatro maiores torneios que fazem parte do circuito mundial, incluindo Wimbledon e Roland Garros, nunca venceu o Aberto dos Estados Unidos, o US OPEN, perdendo duas finais, e o aberto da Austrália. Abandonou o tênis aos 26 anos de idade, em 1983. 

REFERÊNCIAS

Bergeret, J (1988). Personalidade normal e patológica. Porto Alegre: Artes Médicas.

Maldavsky, Roitman e Stanley (2008). Correntes psíquicas e defesas: pesquisa sistemática de conceitos psicanalíticos e da prádica clínica com o algoritmo David Liberman (ADL). Sociedade Brasileira de Psicanálise. p. 31-68. Recuperado em http://sbpdepa.org.br/site/wpcontent/uploads/2017/03/Correntes-ps%C3%ADquicas-e-defesas-pesquisasistem%C3%A1tica-de-conceitos-psicanaliticos-e-da-pr%C3%A1tica-cl%C3%ADnica-com-oalgoritimo-David-Liberman.pdf.

Kernberg, O, F, Selzer, A.M, Koenigsberg, W, Carr, C.A & Appelbau, A.H (1991). Psicoterapia Psicodinâmica de Pacientes Borderline. Porto Alegre: Artes Médicas.

Kusntezoff, J.C (1982). Introdução à Psicopatologia Psicanalítica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 

FICHA TÉCNICA DO FILME:

BORG VS MCENROE

Diretor: Janus Metz Pederse
Elenco: Shia LaBeouf, Sverrir Gudnason, Stellan Skarsgård
Gênero: Biografia, Drama
País:Dinamarca, Suécia, Finlândia
Ano: 2017

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Estreia em outubro filme brasiliense sobre Personalidade Borderline

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Um dos transtornos de personalidade mais recorrentes na atualidade, o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), é tema do filme “Eu Sinto Muito”, que estreia dia 10 de outubro nas principais salas de cinema do Brasil.

No filme “Eu Sinto Muito” acompanhamos a trajetória do cineasta Júlio (Rocco Pitanga) na produção de um documentário sobre o Transtorno de Personalidade Borderline. A partir deste guia, conhecemos a história dos cinco entrevistados, Isabelle (Juliana Schalch), Paula (Camila Alencar), Guilherme (Victor Abrão), Marta (Carol Monte Rosa) e Cláudio (Wellington Abreu).

Dirigido por Cristiano Vieira, os personagens centrais estão ligados de diferentes formas: ou foram diagnosticados ou se relacionam de forma íntima com algum paciente. No longa, é possível acompanhar seus relacionamentos, a forma como lidam com o tratamento e as crises e como o Borderline se manifesta em situações cotidianas, por exemplo, na espera do parceiro fazer um almoço, em uma festa com amigos ou ao ser contrariado.

Também conhecido por Transtorno de Personalidade Limítrofe a doença atinge cerca de 6% da população e é responsável por 20% das internações psiquiátricas e são até 10% dos pacientes atendidos em ambulatórios. Os principais sintomas, segundo Sérgio Ricardo Hototian, psiquiatra no Hospital Sírio-Libanês[1], são a impulsividade, a mudança de humor brusca, autoflagelação e carência. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) estima que no Brasil esse transtorno atinja entre 1 e 3% da população, podendo chegar a 6 milhões de pessoas.

Fonte: Divulgação

“Entendemos que falar sobre o transtorno de forma honesta poderá salvar não só relacionamentos, mas vidas, pois sabemos que muitas vezes o transtorno leva a situações trágicas. Vemos o filme como uma oportunidade singela tornar provocar o debate público sobre o transtorno e conscientizar sobre o tratamento àqueles que precisam”.

Cristiano Vieira, julho/2019

Produzido pela Studio 10 Filmes, “Eu Sinto Muito” tem distribuição da Elo Company. Parte do Projeta às 7, parceria da distribuidora com a Cinemark para abrir uma nova janela no circuito comercial, o longa estará, a partir de 10 de outubro,  em 20 salas de 19 cidades do país, com sessões de segunda a sexta-feira às 19h e preços de R$12 (inteira).

SINOPSE

Isabelle, Guilherme e Marta enfrentam emoções intensas que sabotam suas vidas e seus relacionamentos amorosos, enredo encontrado por Júlio para seu documentário sobre o Transtorno de Personalidade Limítrofe (Borderline).

Fonte: Divulgação

Borderline

A expressão Borderline, em inglês, pode ser traduzida por aquilo que está na fronteira, no limite. O TPB é  tratado no âmbito da Saúde Mental e deve ser acompanhando, prioritariamente, pelos campos da psicologia e da psiquiatria.

As pessoas diagnosticadas com esse tipo de transtorno alternam atitudes de forma impulsiva, podendo ter surtos de ódio e de felicidade e, em casos extremos, o sofrimento pode levar ao suicídio.

A pessoa border  tem um padrão de instabilidade nas relações pessoais, na autoimagem e nos afetos, com impulsividade acentuada que surge na primeira fase da vida adulta. O médico psiquiatra, diretor secretário da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Dr. Claudio Meneghello Martins, explica que pessoas diagnosticadas com essa síndrome têm “Muita dificuldade de estabelecer vínculos afetivos reais e temor contínuo de ser abandonada. Passa testando o seu meio para comprovar se é amada, mas como sua conduta é inadequada, acaba afastando as pessoas de seu convívio”.  

Fonte: Divulgação

Utilidade Pública

O diagnóstico difícil e a carência de uma política pública direcionada, comprometem o conhecimento sobre o tema e alimentam tabus em torno do problema. Ao tratar do tema, o filme “Eu Sinto Muito” entra para a lista de longas-metragens com viés de Utilidade Pública por tratar um tema da saúde mental.

A Síndrome de Borderline compõe o grupo de Transtornos Mentais, que hoje afetam 12% dos brasileiros.  Essa síndrome também leva ao sofrimento quem está ao lado da pessoa com a síndrome, gerando tensões familiares, com amigos e nas relações amorosas. “O tema borderline fez parte de minha vida quando passei por um relacionamento conturbado com uma ex-companheira. No fim do nosso relacionamento ela revelou ser diagnosticada com o transtorno, mas que não aceitava, não se tratava”, relata o diretor da filme.

A Personalidade Limítrofe (Borderline) carece de políticas públicas específicas, e gratuitas, que deem respostas ao avanço do transtorno com tratamentos adequados. Atualmente o Instituto de Psiquiatria (IPq), que compõem o Complexo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP, realiza atendimento a pessoas com TPB. “As políticas de saúde Mental do Ministério da Saúde encontram-se num processo de mudanças de modelos assistenciais significativas, que visam uma melhoria”, informa o psiquiatra da ABP.

Fonte: Divulgação

SOBRE O DIRETOR

Cristiano Vieira é diretor estreante de longa-metragem de ficção com o “Eu Sinto Muito”. Realizou o longa-metragem documentário “Um Domingo de 53 Horas” em 2016 que participou de festivais prestigiados como o 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e o 8º Festival Internacional de Cinema Político de Buenos Aires – FICiP. Em 2005 realizou o curta-metragem “BUCHE: Mais uma História” e em 2018 realizou o curta-metragem de animação infantil ” O Extraordinário Cisco do Bispo”. Fundou a Studio 10 Filmes e há 5 anos desenvolve conteúdo como documentários, filmes de ficção, séries dramáticas e animações infantis para TV e VoD.

FICHA TÉCNICA

Direção: Cristiano Vieira

Produção Executiva: Bruno Caldas e Cristiano Vieira

Produção: Studio 10 Filmes

Roteiro: Cristiano Vieira, Antônio Balbino e Tui Segall

Elenco: Juliana Schalch, Rocco Pitanga, Victor Abrão, Carol Monte Rosa, Wellington Abreu, Camila Alencar e Eduardo Cravo

Direção de fotografia: Marconni Andrade

Direção de arte: Didi Colado

Som direto: Apollo Menezes

Montagem: Cristiano Vieira, Esdras Menezes e Fred Fernandes

Trilha sonora: Ed Staudinger

Trilha sonora original: “Método para a Loucura” – Banda Humbold

Desenho de som: Estúdio Muzak

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