Eu, Clarice Lispector, o cachorro e o mendigo

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Eu, Clarice Lispector, o cachorro e o mendigo… um grande encontro de almas…

Eu preciso escrever sobre isso…

De tanto me chamarem de “estranha e louquinha”, contemplava-me diferente por “sentir, ver e ouvir” coisas que nem todo mundo percebia.

Até que um dia, li um conto “Felicidade Clandestina”, de Clarice Lispector e… DESCANSEI… Afinal, alguém no mundo sentia e transcrevia a realidade que eu acredito existir e viver.

Fonte: https://bit.ly/2NMDQzO

Quem me conhece sabe o quanto EU AMO CLARICE LISPECTOR…  Então, imaginem a euforia quando eu soube que havia uma estátua em sua homenagem no Leme-RJ… Eu precisava “visitá-la”.

E aquela tarde estava fria como os corações decepcionados… Mas o céu estava tão azul, o mar tão agitadamente compulsivo que, assim como os corações seduzidos e aventureiros, fui aquecida por tanto amor repentino que esqueci  das decepções da vida. Eu era só POESIA!

Caminhava pelo calçadão no Rio como uma adolescente ansiosa e tímida que vai para o seu primeiro encontro amoroso.

Foi quando, quase sem querer, olhei para a rua…

E uma cena me fez esquecer da beleza daquela tarde de agosto…

Ele estava jogado na sarjeta. Tinha uns 18 anos… sem camisa…negro… um pé calçado, outro descalço… deitado em forma de “C”… nesse frequente e incômodo abcedário da EXCLUSÃO.

Fonte: https://bit.ly/2XGMPHi

Pensei “será que está morto?… Por que ninguém se importa com ele? É um ser humano!”

Intencionei atravessar a rua para vê-lo mais de perto. Ajudar… Porém, as pessoas continuavam caminhando tranquilamente pelo calçadão. O casal fazia poses amorosas. O frentista abastecia calmamente um carro conversível…

Um homem musculoso, que levava um imenso cachorro, somente, desviou do mendigo…

E eu ali… estática…  pensando: “É um ser humano!”

Foi quando meus olhos cruzaram com os olhos do cachorro que era conduzido pelo homem musculoso. Era como se o “animal” compreendesse minha angústia… Então, enquanto esperava com seu dono para atravessar a avenida, o cão olhava com piedade para o mendigo e para mim. A mesma piedade que me causou tanta comoção. Mas de que vale ter piedade sem ação? Nem eu nem o cachorro soubemos responder…

O cão seguiu seu caminho sem deixar de olhar, vez ou outra, para trás.

Expliquei isso para Clarice e para seu cão que ouvia atentamente meu relato como que pedindo absolvição.

E Clarice Lispector? Respondeu-me, depois de um caloroso abraço de despedida de velhas amigas “Há de se desculpar o cachorro, que pertencia ao homem musculoso, porque ele estava PRESO a uma coleira. E você, Elienai, qual coleira lhe acorrentava?”

Fonte: https://bit.ly/2SRYKyq

Sorri para não chorar…

Amo Clarice Lispector porque ela lê, interpreta e descreve os labirintos enigmáticos de nossa existência.

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Ilha dos Cachorros: o nazifascismo através do stop motion

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Concorre com 2 indicações ao OSCAR:

Melhor Animação, Melhor Trilha Sonora

Wes Anderson metaforiza os cães com humanos e a Ilha do Lixo com os campos de concentração dos regimes ditatoriais nazifascistas

Ilha dos Cachorros (2018), dirigido por Wes Anderson, é uma animação stop motion que conta com uma produção que harmoniza o futurismo com recordações de guerra em uma grande e bela homenagem ao Japão. O enredo apresenta uma estória tocante protagonizada por Atari, um garoto japonês de 12 anos de idade, sobrinho órfão do prefeito, que reside em Megasaki, no Japão.

A cidade fictícia é governada por Kobayashi, um prefeito corrupto que aprova uma lei que bane todos os cachorros da cidade e os manda para a Ilha do Lixo, por espalharem uma suposta febre canina que assola cães de raça e vira-latas. Atari não aceita a separação de Spots, seu animal de estimação, rouba um pequeno jato e vai para a Ilha. Lá encontra um grupo de cães que o ajudam na busca de seu fiel amigo.

Fonte: encurtador.com.br/loAF4

Wes Anderson metaforiza os cães com humanos e a Ilha do Lixo com os campos de concentração dos regimes ditatoriais nazifascistas, tema que deve ser retratado para nunca nos esquecermos de que a democracia, governo do povo, pelo povo e para o povo, como dizia o ex-presidente estadunidense Abraham Lincoln, é o caminho para a paz.

O filme representa estas ideologias extremistas através do autoritário governante de Megasaki, que faz uso intenso do marketing para convencer que os cachorros são perigosos, prejudiciais aos humanos e precisam ser excluídos da civilização, como, por exemplo, nos governos de Hitler e Stalin, que possuíam um ministério voltado exclusivamente à propaganda. Estes liderantes totalitários enfeitam as verdades e ocultam as mentiras para se promoverem e penetrarem na cabeça da população. Os governos autoritários possuem táticas repressivas contra opositores e proibição de atividades anti-regime, conforme ocorre na animação: embora a ciência provasse que havia cura para a suposta epidemia e que não havia nenhuma ameaça, o prefeito Kobayashi “plantou’’ essa ideia na cabeça de grande parte da população por intermédio do discurso de ódio, usufruindo da lavagem cerebral em massa para alcançar seu objetivo de exterminar os cães de Megasaki e assim conquistar a mente de inocentes. Logo, a execução do professor Watanabe, cientista que descobriu a cura para a febre canina demonstra a eliminação da oposição presente no autoritarismo.

Fonte: encurtador.com.br/fmQZ4

A personificação dos cães causa cenas humorísticas que não produziriam os mesmos efeitos se fosse feita com humanos, de fato, em um campo de concentração. A expressão dos animais é bastante acentuada, utilizando closes e uma produção impecável que os concede personalidades e subjetividade que permite um aprofundamento na relação de Atari com Chief, um vira-lata que vivia na rua que apresenta, no início, certa resistência ao humano. No decorrer do filme, a convivência entre os dois aumenta, gerando um afeto que é demonstrado em pequenos atos como quando o garoto dá metade do biscoitinho que iria dar para Spots, seu cão, quando o encontrasse.

O convívio com animais é uma ferramenta de aprendizado e aperfeiçoamento das relações emocionais, podendo ter consequências bastante positivas e reforçadoras e podendo até mesmo preencher vazios existenciais, não apenas físicos, mas funcionais, àqueles que vivenciam alguma fragilidade no suporte social em seu cotidiano ou a sua ineficiência em suprir suas demandas afetivas. Eles nos trazem uma realidade tangível no que diz respeito a lealdade e companheirismo incondicional, porém, mesmo assumindo os mais variados papéis, não consegue suprir, por completo a ausência de outro humano.

Fonte: encurtador.com.br/wxN04

Um ponto que se sobressai na trama é a criação de uma figura feminina de atitude: a aluna de intercâmbio Tracy, que, com ajuda dos colegas, lidera a campanha pró-libertação dos cachorros que estão exilados na Ilha do Lixo, mesmo que sem o conhecimento de que o prefeito Kobayashi pretendia exterminá-los. Nesse viés, é notável a preocupação de Wes Anderson em introduzir o feminismo, assunto histórico, porém atual e que vem sendo retratado com cada vez mais frequência nos últimos anos, uma vez que vem garantindo cada vez mais o espaço da mulher na sociedade . Na animação não poderia ser diferente: o delírio de Wes Anderson nunca sai da realidade, abordando temas atuais e de peso que precisam de tal reconhecimento.

Ilha dos Cachorros é um filme adorável, capaz de emocionar com os personagens e criticar politicamente os governos ditatoriais de forma bem humorada e divertida. Pode ser visto como uma metáfora contra a sociedade autoritária que é capaz de eleger uma minoria e fazer de tudo para alcançar seus objetivos através da repressão e violência. É uma experiência única que abre feridas que doem até os dias atuais através do stop motion e da cultura japonesa.

FICHA TÉCNICA:

ILHA DOS CACHORROS

Título original: Isle Of Dogs
Direção: Wes Anderson
Elenco: Bryan Cranston, Liev Schreiber, Edward Norton
Ano: 2018
Países
:
Alemanha, EUA
Gênero: Animação, Aventura

REFERÊNCIAS:

GRIFFIN, James A.; MCCARDLE, ‎ Peggy. Os Animais em Nossa Vida. Família, Comunidade e Ambientes Terapêuticos. São Paulo: Papirus, 2013.

LINCOLN, Abraham. Discursos de Lincoln. São Paulo: Penguin Companhia, 2013.

TIBURI, Márcia. Feminismo em comum: para todas, todas e todos. Rio de Janeiro: Editora Rosa dos Tempos, 2018.

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Irracionais com atitudes racionais

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Não há dúvidas de que ele seja realmente o melhor amigo do homem, ele agrada e gosta de ser agradado, confia desde o início do convívio, se entrega por completo, reconhece o próprio erro por puro instinto e também reconhece as diferentes fases da vida com os humanos. Os cães se mostram verdadeiros companheiros na vida de idosos, adultos, cada vez mais presentes no crescimento e na infância de crianças e até ótimas companhias para pessoas com necessidades especiais.

Para muitos, a vida com um animal de estimação, sejam cães, gatos, pássaros e até porcos é mais divertida. O mais conhecido dos animais de estimação, é o cão, já que além de serem vistos como fieis companheiros ainda podem auxiliar na segurança de uma casa, empresa ou chácara e podem contribuir de forma positiva para a auto estima dos proprietários que na maioria das vezes, são bem retribuídos, quando a criação segue o caminho correto.

O treinador de cães Cesar Millan fala sobre a importância da interação que a pessoa deve ter com o seu cão, entendendo suas necessidades. “Os cães são nosso espelho. Eles captam nossas emoções, mesmo quando nós mesmos não as percebemos! A linguagem dos cães, e de todos os animais é a da energia. Quer percebamos isso ou não, estamos constantemente nos comunicando com nossos cães por meio da nossa energia. Se estamos nervosos, eles ficam nervosos; se estamos tensos, eles ficam tensos; se estamos agitados, eles ficam assim também. É por isso que é tão importante manter uma energia equilibrada perto do seu cachorro”, finaliza Millan.

 

 

Há 3 anos, a jovem zootecnista, Nayana Rodrigues, sofreu um grave acidente de moto onde ficou internada com traumatismo craniano, em estado grave por vários dias, dando continuidade no tratamento em casa. Nayana conta que o principal fator que fez com que ela alcançasse uma recuperação mais positiva foi a importante presença de seu fiel companheiro, Tião, um cachorro da raça labrador que esteve sempre presente durante todo o tratamento e de imediato percebeu que a jovem estava em condições limitadas, após o acidente. “Desde quando entrei na minha casa, ele não pulou e nem saiu feito louco correndo implorando por brincadeiras, mudou imediatamente, ficou mais sensível e se mostrava durante todo o tempo que eu fiquei de cama, extremamente preocupado comigo, me protegia das pessoas, quando eu levantava ele sempre ia ao meu lado com medo de eu cair, ou coisa parecida. O Tião foi sem dúvida, uma peça chave para a minha recuperação”, conta Nayana.

Criar um cão dentro de casa não é uma tarefa tão simples e para ajudar na interação da família, pensando ainda na educação dos mais novos, alguns cuidadosbásicos como dar água, comida, banho e medicamentos, são tarefas que, segundo a psicóloga Marile Cortez, podem ser delegadas às crianças como forma de estimular a responsabilidade. “Além do carinho que as crianças vão aprendendo a desenvolver com os animais, elas também aprendem sobre os cuidados básicos. E é importante que elas vejam isso como responsabilidades. Precisam saber que há hora para comer, tomar água e até mesmo brincar. Certamente um cão tem a capacidade de fazer a diferença no desenvolvimento das crianças”, disse.

 

 

Existem vários casos de animais que ajudam em afogamentos, soterramentos, farejam drogas e muitas outras atividades que contribuem para o dia-a-dia pessoal e profissional das pessoas. Ter um animal é ter um novo integrante na família ou um novo colega no trabalho, por isso a importância de saber respeitar para ser respeitado. Sim, eles são irracionais, porém, cada vez mais mostram por meio de atitudes racionais, que podem e devem, fazer parte de um ambiente onde serão tratados com carinho e muito respeito, para que o mesmo seja feito da melhor forma.

 

Fonte: Revista Cães Amigos e G1.globo.com

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Pets: um relacionamento de carinho e confiança

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“Considero meu animal de estimação um integrante da minha família”. É o que afirma a assessora de comunicação, Even Ferreira. Ela faz parte dos brasileiros apaixonados por cães e gatos e que mantém em casa, um exemplar ou mais de estimação.

Even e Toy  – Foto: arquivo pessoal

Além de acolhidos por uma família, os pets são bichos que constroem um relacionamento com os humanos presentes em suas vidas. Essa união é favorável para ambos os lados, pois fortalece os laços de amizades, companheirismo, além de retirar sentimentos como depressão ou tristeza. Quem já ouviu algumas das seguintes frases? “Ele me compreende quando estou triste, quando estou zangada…. quando estou triste ele fica sempre deitado perto de mim, me olhando com um olhar triste também”, declaram os criadores de bichinhos de estimação.

Recentemente na página eletrônica da Revista Superinteressante foi publicada uma pesquisa de pesquisadores britânicos, que estudaram os efeitos de adotar um cachorro. Foram dois mil participantes que disseram que o animal pode salvar relacionamentos como namoro e até casamentos. No filme baseado no best-sellerMarley e Eu“, temos um bom exemplo de relacionamento construído e reforçado pela presença de um pet na vida de um casal de jornalista americanos. Adotar um filhote de labrador mudou literalmente a vida deles e de pessoas próximas.

A equipe do Portal (En)Cena encontrou uma história interessante sobre relacionamento da estudante de Engenharia Ambiental Ruthe Cardoso e seu pet, o cachorro Chip:

“Minha família viveu muitos anos sem um animal de estimação, só que depois que adotamos percebemos o quanto ele [o Chip] nos faz feliz e que realmente nos completa, tivemos uma experiência recentemente com ele em que um determinado dia ele acabou fugindo e procuramos por ele em toda a quadra e nas quadras vizinhas e nada dele aparecer! Passamos duas semanas procurando por ele e cada vez que voltávamos pra casa sem ele chegar doía o coração, porque ficou aquele vazio imenso que nenhum outro animal poderia substituir, passado alguns dias após chegar da igreja encontrei ele latindo em frente a nossa casa todo sujo fedido, mas foi uma alegria tão grande que todos que estavam dormindo acordaram pra ajudar dar banho e fazer alguma comida pra ele.”

Ruthe e Chip – Foto: arquivo pessoal

Entre as famílias que adotam animais, é mais comum a procura por filhotes para criar e cuidar. Mas há quem prefira animais já adultos. “Sou super a favor! Meu cachorro é prova viva disso”, afirma Ruthe Cardoso. Ela acrescenta, “quando adotamos o Chip, ele já era grandinho, o antigo dono havia quebrado sua patinha traseira na porta da casa, depois disso resolveu doar e minha família acabou aceitando a doação, mesmo ele já não sendo filhote ele foi amado desde o primeiro dia, e não foi difícil a sua aproximação com meus irmãos, ele sempre foi muito amoroso”, finaliza.

Portanto, ter um pet é algo além de adotar é construir um relacionamento de confiança e fidelidade com o animal, pois eles são não brinquedos que podem ser jogados fora, ou esquecidos.

Fonte: flickr.com/pauldavidy

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