Danilla Façanha fala sobre os desafios da volta aos estudos após a maturidade

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“Não desista quando ainda estiver na superfície, aprofunde-se com a certeza que a fé lhe dá e com a plenitude que a maturidade traz.” (Danilla Façanha) 

O EnCena entrevista a acadêmica de Psicologia do Ceulp/Ulbra, Danilla Façanha, natural de São Paulo-SP, crescida e criada em Teresina – PI e atualmente residente em Palmas- TO. Danilla é filha, esposa, mãe de 3 filhos e 2 netos. É formada em Serviço Social, Pedagogia, especialista em Educação, em Neuropsicopedagogia clínica/institucional, Análise do comportamento-ABA e agora formanda em Psicologia (2022/2). Trabalha atualmente em uma escola como Coordenadora Pedagógica e cursa psicologia na companhia de sua filha. 

Danilla fala ao (En)Cena sobre sua experiência em retornar aos estudos após a maturidade, conciliar a vida agitada, envolvendo o trabalho, a família e os estudos. E o que a levou a esse novo desafio foi o amor em aprender sobre o ser humano.

(En)Cena – Como foi a sua escolha pela Psicologia?

Danilla Façanha – Eu já era formada em Serviço Social, pós-graduada na área social, atuava nesta profissão,  mas não me sentia totalmente realizada e então decidi que queria outro curso superior  mas tinha que ser Psicologia. Neste tempo, 2017, fiz o vestibular na modalidade portadora de diploma, que neste edital previu 1 vaga para Psicologia. Então fiz e passei nesta única vaga apenas. Naquele momento entendi que a Psicologia era para mim, pois só tinha esta vaga e Deus me deu a oportunidade. Então agora era só eu a estrada da Psicologia. Muito feliz e determinada comecei a minha jornada neste curso rumo à Miracema do Tocantins, pois o campus da Federal para o curso de Psicologia está lá!  

(En)Cena –  Como foi a sua jornada de estudante para conciliar família e trabalho com estudos em outra cidade?

Danilla Façanha – Foi difícil. Eu acordava às 5:00h da manhã, pegava o ônibus que passava às 6:00h da manhã e seguia rumo à Universidade. Chegava lá por volta das 7:45h e a aula começava às 8:00h. O curso era integral e a grade fechada, logo eu ficava o dia todo na cidade de Miracema TO, todos os dias da semana e retornava a noite para Palmas. Fiz essa jornada por 4 períodos e no 5º período me transferi para a Ulbra TO. 

(En)Cena – Como foi a sua experiência de transferência de faculdade?

Danilla Façanha – Para mim foi muito boa, pois estudar na cidade em que a gente mora é o ideal e agora eu pude desfrutar melhor do curso! Na Ulbra vivi novas experiências acadêmicas, uma delas foi os estágios psicoterápicos em clínica. Aprendi de fato em 1 ano de clínica atendendo pacientes e sendo supervisionada pelos meus Professores Psicólogos Orientadores o que de fato é a clínica Psicológica! Simplesmente aumentou e firmou mais ainda a minha paixão pela Psicologia Clínica!

(En)Cena – Muitos filhos ao escolherem uma carreira preferem seguir a formação dos pais, mas como é a experiência de poder cursar Psicologia juntamente com a sua filha?

Danilla Façanha – Nossa, foi muito agradável para mim esta situação. Não foi uma situação planejada, eu já era formada, mas sempre quis fazer Psicologia, então fiz vestibular e passei na Universidade Federal do Tocantins e me matriculei. Ocorre que a Rebeca, minha filha, ao sair o resultado do ENEM daquele ano, ela colocou a nota para Psicologia e também passou. Nesta ocasião, em Fevereiro de 2018, quando saiu o resultado da aprovação da Beca, foi que a nossa “ficha caiu”, que iríamos estudar juntas! É uma situação diferente e nada comum, mas foi muito agradável viver este momento de formação acadêmica com minha filha. No curso eu  procurei ao máximo ser leve com ela para deixá-la solta e livre para cursar a sua primeira graduação. Afinal não queria que o meu processo atrapalhasse o dela. Assim tentei permitir que o meu lado mãe se neutralizasse em muitos momentos para que o meu lado colega de curso aparecesse. Creio que essa atitude lhe permitiu viver o processo com muita leveza e criação da sua própria autonomia. Eu nunca precisei fazer nada por ela e nem ela por mim no sentido de uma fazer pela outra, pelo contrário cada uma fazia o seu, seguia as sua escolhas tanto é que na escolha da abordagem para o estágio clínico, ela escolheu análise do comportamento e eu escolhi Psicologia Analítica, com orientadores e manejo clínico diferente. O lado bom que fazíamos uma pela outra era trocar ideias, discutir sobre assuntos das matérias da psicologia, trabalhos, sobre as apresentações de seminários e casos clínicos, uma troca de conhecimento muito rica uma vez que estávamos se formando no mesmo curso! Ela por sua vez sempre foi muito madura e soube administrar muito bem esta condição, afinal não deve ser fácil fazer seu curso superior com sua mãe na mesma sala (rsrsrs) Foi muito lindo tudo! 

(En)Cena – Como foi a adaptação durante o período da pandemia com as aulas de forma remota na universidade, o trabalho e a família?

Danilla Façanha – Foi muito bom este período. Estudei bastante e o online não me impediu de realizar as propostas acadêmicas. Pelo contrário, me instigou mais ainda pela busca do conhecimento. Nesse período da pandemia, aproveitei e também terminei o meu curso de Pedagogia, que havia começado em 2019, concluí todo com estágio do maternal ao ensino médio em escola regular. Ainda fiz duas especializações simultâneas na área de educação. 

(En)Cena – O que te motivou a fazer psicologia?

Danilla Façanha – A riqueza do conhecimento sobre o ser humano. Toda a complexidade que envolve as relações humanas e o potencial oculto sobre o que nós somos. Amo estudar e aprender sobre o ser  humano, sobre a simbologia que nos rodeia e que a expressamos envolto da persona que criamos e apresentamos na sociedade. Há um fascínio sobre isso que me encanta.

(En)Cena – Cursar Psicologia exige bastante tempo para estudar. Diante disso, quais são os maiores desafios para conciliar os papéis que você exerce e a universidade?

Danilla Façanha – O maior desafio sem dúvida é conciliar o trabalho e o estudo, pois ambos requerem um gasto de energia significativamente grande. O trabalho é essencial, é dignificante e amo trabalhar em escola, porém é o que detém a maior parte do meu tempo, como também é o que me consome mais energia física e psicológica neste momento. Escola é um ambiente vivo, rico em diversidade e manifestação humana, o que justifica todo esse gasto de  energia, pensamento lógico e analítico.  Já a faculdade é a minha fonte de refúgio, pois lá na academia estudo, aprendo e sei que a cada dia fico mais perto de alcançar o sonho de ser psicóloga! Há uma frase que diz assim: “Trabalhe no que você gosta e você não precisará trabalhar um dia sequer”, é sobre isso: prazer!

(En)Cena –  Qual dica você deixa para quem pretende cursar psicologia? 

Danilla Façanha – A principal dica é: Goste de pessoas, de gente, de ser humano! 

Dica 2: Saiba ouvir. Uma escuta qualificada é grande parte do processo terapêutico.

Dica 3: Olhe o ser humano com uma lente expandida com a percepção da complexidade e riqueza de fatos únicos que guarda a vida e a história de cada um.

Dica 4: Tenha em mente que todas as suas convicções e crenças são somente sua e que devem permanecer assim, pois ética é uma palavra que você vai conjugar desde o primeiro período do curso e se quiser ter uma história profissional bem feita, esta ética lhe acompanhará!

Dica 5: Ame a Psicologia, entenda-a como parte de sua vida, de seu processo de individuação e crescimento, assim sendo você irradia luminosidade científica por onde atuar!

(En)Cena –  Qual a área de atuação você pretende focar depois da formação?

Danilla Façanha – Gosto muito das variadas atuações e abordagens da  psicologia, mas pretendo focar no atendimento com adultos e jovens  na Psicologia Analítica. Já com o público infantil atuarei em Avaliação Neuropsicológica e reabilitação neurocognitiva. As crianças são minha paixão clínica, também (rsrs)

(En)Cena –  Qual mensagem você deixa para os nossos leitores?

Danilla Façanha – Deixo a mensagem do autor de uma das abordagens que sou apaixonada a Psicologia Analítica, Carl Jung: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”. 

 

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O jovem e a indecisão da carreira

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As dúvidas sobre qual carreira seguir envolvem inúmeras preocupações. A primeira delas é, com certeza, a incerteza em relação ao futuro. Costumo dizer que a vida começa ao contrário. Desde muito jovens, temos que escolher por onde queremos seguir sem ter o conhecimento preciso do futuro, como se fosse um grande jogo. Causando, assim, muita insegurança e incerteza na hora da escolha.

Por isso, o melhor caminho para não se perder é pesquisar a área de atuação das possibilidades onde você acha que se encaixa. Hoje, com a acessibilidade e com a democratização da internet temos vários canais com vídeos de pessoas que já vivem na área, onde encontramos a oportunidade de ouvir e obter conhecimento.

Os jovens precisam lidar melhor com a frustração” – Blog Na Prática

Outra importante opção são os testes vocacionais. Eles podem parecer clichês ou incertos, mas tenha certeza de que vai ajudar. Obviamente, eles não vão cravar uma profissão como prioridade, mas vão te oferecer uma facilidade de escolha. Busque ainda saber quais são atividades envolvidas na profissão para ter uma ideia de como será sua experiência e, desse modo, ter a possibilidade de avaliar se é a “sua praia” ou não.

O grande leque de opções que surgiram nos últimos anos e a remodelação das profissões são outros fatores que também impulsionam a dúvida. Por exemplo, antigamente as empresas de comunicação precisavam de uma pessoa com boa redação para o cargo de jornalista. Hoje, os requisitos incluem também entender de fotografia, design e informática. E a dica para essa questão é procurar se realinhar. A flexibilidade é extremamente importante atualmente. Treine bastante e se capacite, pois, com certeza, vai trazer um enorme resultado.

E não se preocupe em “pular de galho em galho”. Isto só é um problema, pois aumenta nosso tempo de percurso. Por outro lado, também aumenta a nossa experiência. Entenda que vale mais a pena “pular de galho em galho” do que ser infeliz em uma profissão. Mas, não se prenda a essa questão, a melhor opção é acertar o caminho que deseja seguir.

O jovem e a indecisão da carreira | Expressão Rondônia

Para aqueles que buscam estabilidade, a carreira militar é uma boa opção. No momento que vivemos, é difícil até ganhar um salário-mínimo. O militarismo, ao contrário do que parece, abre um leque de oportunidades ao ingressar em uma força. Além da estabilidade, garante bons salários e a certeza de encontrar o valor na conta todo mês.

 

A mensagem final e mais importante é seguir os 3 C’s. “Comece”: busque, pesquise, vá atrás das possibilidades e trace um plano. “Continue”: entenda que vai valer a pena, não desista! “Conclua”: finalize suas decisões, mesmo que depois precise realinhar suas expectativas, não deixe de fazer.

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Meu eterno talvez: a dor e os sabores de uma mulher executiva

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Pesquisa aponta que quanto mais bem-sucedido é um homem maior é a chance de que ele encontre uma parceira amorosa. Por outro lado, verificou-se que quanto mais bem-sucedida for uma mulher, mais difícil será para que ela consiga um parceiro amoroso.

Meu eterno talvez’ é mais uma das muitas produções realizadas pela gigante do streaming contemporâneo, Netflix, no ano de 2019. O longa conta com a atuação de grandes nomes do cinema como: Ali Wong, Randall Park e o protagonista da famosa trilogia Matrix, Keanu Reeves.

Sasha (Ali Wong) e Marcus (Randall Park) são grandes amigos de infância desde quando a família de Marcus passou a cuidar de Sasha, devido o fato de seus pais sempre passarem o dia fora de casa trabalhando e não darem o mínimo de atenção para ela. Dessa forma, a relação que Sasha tinha com a mãe e o pai de seu amigo, era uma relação de paternidade, que se intensificava especialmente com a senhora Kim, com quem aprendeu a cozinhar.

A convivência dos dois amigos perdurou as fases da primeira infância até a adolescência, sendo neste último período o momento do falecimento da senhora Kim, estreitando ainda mais os laços entre Marcus e Sasha. Como fruto dessa intensificação, os dois acabaram se envolvendo amorosamente e perderam a virgindade. No entanto, após esse acontecimento eles não souberam lidar com seus sentimentos e acabaram se separando.

Sasha se mudou para L.A e 15 anos depois se tornou uma chefe de cozinha muito talentosa, famosa e bem-sucedida. Sua carreira lhe concedia prêmios frequentes das mais conceituadas empresas do ramo da culinária, e a excelência da sua comida possibilitou que ela abrisse restaurantes em vários lugares dos Estados Unidos.

Fonte: encurtador.com.br/jtE35

Já Marcus continuou morando com o pai em São Francisco e juntos trabalhavam com instalação de ar-condicionado. A vida de Marcus há 15 anos atrás era semelhante a de 15 anos depois, na qual ele tocava na mesma banda e vivia no mesmo quarto de adolescente.

O reencontro de Sasha e Marcus acontece 15 anos depois quando ela vai abrir um restaurante em São Francisco, e então eles acabam se envolvendo por perceberem que o sentimento de amor sobreviveu ao tempo. Contudo, as dificuldades de se adaptarem um ao outro vão surgindo com a convivência.

A primeira dificuldade, que por sinal o filme retrata muito bem e de forma assertiva, é o fato de Marcus se sentir amedrontado com o sucesso de Sasha e se recusar em um primeiro momento a acompanhá-la por todo os Estados Unidos lhe dando suporte em sua carreira profissional. Prova disso é uma fala de Sasha onde ela diz: “Por que não? Por que você não pode me acompanhar me dando suporte na minha carreira? Se fosse ao contrário ninguém falaria nada!”.

A fala retratada anteriormente remete ao processo de inversão de papéis que muitas vezes não é bem recebida pela sociedade machista, que tem como norma a figura da mulher como aquela que precisa abdicar de sua vida para acompanhar o homem na sua carreira profissional. É muito comum que mulheres executivas não ascendam em suas carreiras como poderiam, pelo fato de não aceitarem o processo de constantes viagens, colocando em primeiro lugar o bem estar do marido e dos filhos (NETO; TANURI; ANDRADE, 2010).

Fonte: encurtador.com.br/nEQ67

No entanto, o longa coloca em xeque essa prática machista, na medida em que Sasha não abdica de sua carreira profissional para atender aos anseios de Marcus. Pelo contrário, ela afirma para ele que não deixará de construir sua carreira estando ele ou não ao seu lado e deixa bem claro que o sentimento de amor existe e que a escolha será dele.

Essa dinâmica de trabalho que não é mais baseada em estar fixado em um único lugar mas sim trabalhar fora da região geográfica em que vive, é conhecida como expatriação (GLANZ; WILLIAMS; HOEKSEMA, 2001 apud NETO; TANURI; ANDRADE, 2010). Nesse sentido, a literatura aponta que o homem que acompanha a esposa expatriada se sente perdido, entediado e inferiorizado, experimentando uma sensação de diminuição da sua influência social.

Outro ponto a ser observado diz respeito à diferença existente para que um homem executivo e uma mulher executiva consiga encontrar um parceiro amoroso. Hewlett (2002) apud NETO, TANURI, ANDRADE (2010) constatou em um pesquisa realizada nos Estados Unidos que, quanto mais bem-sucedido é um homem maior é a chance de que ele encontre uma parceira amorosa. Por outro lado, verificou-se que quanto mais bem-sucedida for uma mulher, mais difícil será para que ela consiga um parceiro amoroso.

Marcus deixa Sasha ir embora e decide não acompanhá-la, no entanto, a inquietação do seus sentimentos em relação a ela, faz com que ele repense algumas práticas de vida que há muito tempo havia deixado de se preocupar. A verdade é que Marcus teria se acostumado com a zona de conforto que era morar com o pai e nunca tinha investido em um futuro que fosse mais arriscado e potencialmente lhe inserisse em novas experiências.

O desfecho da trama foge a regra e adere a nova onda que as mídias têm adotado, onde as mulheres estão sendo colocadas como protagonistas e ocupado espaços e papéis que antes eram destinados apenas aos personagens masculinos. Ao final, Marcus procura Sasha e decide estar ao seu lado amorosamente e ainda acompanhá-la na sua carreira profissional.

A reflexão que o filme traz possibilita ao telespectador repensar mais essa prática machista que perdura no meio corporativo, onde a mulher ainda enfrenta grandes dificuldades em ocupar cargos de alto escalão, por sofrer pressões sociais, empresariais, maritais entre outras. O desejo que fica é de que casos como o de Sasha e Marcus não sejam apenas exceções, mas passem a ser comuns, assim como o oposto é!

FICHA TÉCNICA DO FILME:

MEU ETERNO TALVEZ

Título original: Always Be My Maybe
Direção:  Nahnatchka Khan
Elenco: Ali Wong, Randall Park, Keanu Reeves
País:  EUA
Ano: 2019
Gênero: Comédia, Romance

REFERÊNCIAS:

CARVALHO NETO, Antonio Moreira de; TANURE, Betania; ANDRADE, Juliana. EXECUTIVAS: CARREIRA, MATERNIDADE, AMORES E PRECONCEITOS. Raeeletronica, Minas Gerais, v. 9, n. 1, p.1-23, jun. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/raeel/v9n1/v9n1a4>. Acesso em: 06 jun. 2019.

HEWLETT, Sylvia Ann. Executive Women and the Myth of Having It All. Harvard Business Review, Estados Unidos, v. 1, n. 1, p.1-8, abr. 2002. Disponível em: <https://hbr.org/2002/04/executive-women-and-the-myth-of-having-it-all>. Acesso em: 06 jun. 2019.

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Processo de avaliação psicológica na orientação profissional

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A 1ª Semana Acadêmica de Psicologia do CEULP/ULBRA foi composta de diversas atividades que agradaram todos aqueles que tiveram a oportunidade de participar. Durante o evento foram propiciadas diversas experiências e informações que são de suma importância para a formação do psicólogo como profissional emergente. No decorrer da semana foram efetivadas variadas ações tais como seminários, palestras, oficinas e mesas redondas. Desta forma no dia 23 de agosto de 2016, às 9h, nas dependências da instituição, foi realizada uma mesa redonda que tinha como tema principal a orientação profissional. A mesa era composta por psicólogas convidadas: Larissa Machado, Karla Klein e tendo como mediadora Silvana Galante.

A introdução do tema foi realizada com falas da psicóloga Karla Klein, sobre como muitas pessoas que não recebem a devida orientação profissional acabam se sentido insatisfeitas; depois foi relatado as principais causas da evasão universitária, com destaque para a falta de orientação profissional, desconhecimento da metodologia do curso, reprovações sucessivas, problemas financeiros, falta de perspectiva de trabalho, ausência de laços afetivos na universidade, busca de herança profissional, falta de referência familiar, casamento não planejado, e nascimento de filhos.

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Fonte: http://uvceara.com.br/associacoes-poderao-receber-estrutura-para-receberem-mais-alunos-residentes-nos-distritos/sala-de-aula-vazia/

Ao longo do diálogo foi mencionado os fatores decisivos na escolha da profissão, entre eles estão a família – que tem um fator de contribuição de 33,3% na hora da escolha -, a característica profissional – com 30,5 % -, a remuneração – com 26,5% – e a vocação, com 17,5%. Ou seja, esses dados mostram que a escolha da profissão não é um ato isolado. Foi exposto também assuntos como: a centralidade da identidade pela via do trabalho, questão muito presente na sociedade atual, sendo este o fator de adoecimento no trabalho.

Segundo a Organização Mundial da Saúde OMS, até 2020, a Depressão será a maior causa de afastamento do trabalho no mundo. Ainda sobre isso, foram apresentadas informações de suma importância, como o fato de o Brasil ser um país onde a Depressão é, hoje, a segunda causa de afastamento do trabalho, só perdendo para LER (Lesão por Esforço Repetitivo), também denominado Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).

Em seguida ocorreu uma fala sobre o papel do psicólogo neste processo de orientação profissional que tem a função de identificar a maturidade do paciente, conhecer o papel da família no processo de escolha do paciente (pressionadora, ausente, facilitadora). Além disso, o profissional tem que facilitar o processo de autoconhecimento e escolha do cliente utilizando seus métodos e teorias. Também tem que identificar a necessidade de atendimento em outros campos, atuar na orientação profissional, reconhecimento de carreira e preparação para aposentadoria.

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Fonte: http://www.webstudy.pt/formacao_curso_275_2_1.php

A psicóloga Larissa Machado expôs os processos práticos utilizados na orientação profissional levando questionamentos como “onde fazer esse procedimento?”. Os mesmos são realizados em consultórios, contextos escolares, espaços onde se trabalha em grupo (ex: clínica escola – SEPSI), por meio de projetos (ex: faculdades, empresas, ONGS).

Outro aspecto abordado durante a mesa redonda foi o desenvolvimento pessoal e profissional englobando o papel da família, ansiedade versus vestibular, net working (conhecer outros profissionais que atuam em áreas profissionais do interesse do adolescente). Ainda foi falado dos procedimentos usados na orientação profissional, tais como: entrevistas, técnica e dinâmica de grupo, Avaliação do Interesse Profissional (AIP), Escala de aconselhamento profissional (EAP), Escala de maturidade para a escolha profissional (EMEP), Teste das dinâmicas profissionais (TPP), Profissiogame, QUATI- Questionário e avaliação tipológica, e etc. Desta forma é visível que a mesa redonda foi de extrema importância na Semana Acadêmica, pois foi possível aumentar o conhecimento sobre o tema abordado.

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“Orientação Profissional: a Abordagem Sócio-Histórica”: autoreconhecimento e informação

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O texto traz uma reflexão acerca dos principais tópicos apresentados no livro: Orientação Profissional: A abordagem Sócio-Histórica de Silvio Bock, frisando especificamente a importância do autoconhecimento e da informação profissional na hora de o jovem escolher uma profissão.

Hoje, mais do que nunca, em nossa sociedade, os jovens vivem o grande desafio da corrida acelerada na busca da auto-afirmação profissional com seu engajamento no mercado de trabalho. E, considerando que a escolha profissional ocupará dois terços da vida do jovem, uma decisão maquinal e, muitas vezes, de cunho emotivo, sem analisar a futura profissão de forma minuciosa, ponderando também questões subjetivas, aumenta a probabilidade de frustração quanto à carreira e a realização pessoal.

A escolha de uma profissão é resultado de toda a bagagem histórica e cultural do indivíduo. Desde a fase escolar a criança já faz menção do que almeja ser quando crescer, essa escolha está pautada em suas relações familiares e sociais, exercendo influência direta em seu futuro, e na forma como constitui sua individualidade.

O mercado de trabalho influencia a escolha de uma profissão ao impor vagas que, nem sempre, vem de encontro com a aquilo que o individuo se identifica realmente. As leis de oferta e demanda de profissões acabam influenciando decisões de cunho emocional, visando apenas status social e retorno financeiro. A sociedade, as mídias televisivas e a família contribuem nessa decisão precipitada, obrigando o jovem a optar por profissões para as quais não tem nenhuma aptidão, gerando desgaste, stress e perca de um tempo, que muitas vezes, poderia ser mais bem empregado na busca pela profissão almejada.

O jovem sempre cria uma imagem idealizada de cada profissão. Sílvio Bock (2002) chama essa imagem idealizada de “Cara”.

 “A cara é resultado do contato direto ou não, como já afirmado, que ela teve com a área do profissional. Esta cara não é verdadeira nem falsa, não é nem mais próxima nem mais distante da realidade, não é correta ou incorreta, é simplesmente uma cara que deve ser trabalhada. As pessoas se identificam ou não com essas caras. É interessante perceber que essas caras são constituídas na interiorização e singularizarão do vivido, por isso são diferentes para cada pessoa. (BOCK, Orientação Profissional: A abordagem Sócio-Histórica, 2002, p. 81).

A escolha profissional sempre remete a condição social do individuo, e serve como subsidio para reforçar no jovem sua identidade e posição social.

Para Sílvio Bock (2002), A Orientação Profissional, nesse contexto de escolha profissional, pretende proporcionar ao sujeito, meios de se autoconhecer, pois, segundo ele, só desta forma o jovem terá ferramentas necessárias para buscar uma profissão numa área com a qual se identifica, seja ela: humanas, exatas ou biológicas. Vale ressaltar que, por mais lógica e racional que seja a escolha profissional, não se pode afirmar que ela seja totalmente correta ou errada. No meio do percurso o indivíduo pode mudar de idéia, e descobrir uma nova profissão com a qual se identifica, surge nesse momento uma nova indagação: Mudar ou não de profissão?

A Orientação Profissional apenas diminui a probabilidade de uma frustração, proporcionando ao individuo meios para escolher de forma coesa a profissão com a qual mais se identifica, e sem ignorar informações relevantes a respeito dela, tais como retorno: financeiro, ofertas de vaga no mercado de trabalho, realização pessoal, etc. A esse respeito, Sílvio Bock (2002), afirma que: “A melhor escolha profissional é aquela que consegue dar conta do maior número de determinações para, a partir delas, construir esboços de projeto de vida profissional e pessoal”.

O autoconhecimento e a informação profissional, portanto, usados como método de prática da Orientação Vocacional, têm como objetivo auxiliar o sujeito quanto à escolha de uma profissão. Pois o mais importante não é apenas escolher uma profissão lucrativa, ou em uma área que se tenha afinidade. O casamento das duas alternativas é que proporcionará ao individuo melhor oportunidade de sucesso. Para Silvio Bock (2002), a escolha profissional é sempre um ato de coragem.

Nota: Trabalho realizado e apresentado à Professora Nara Wanda Zamora Hernandez, da disciplina Psicologia Sócio-Histórica, do curso de Psicologia do CEULP/ULBRA.

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Philippe_Pinel_à_la_Salpêtrière

Desacorrente-os

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Meu nome é Philippe Pinel, nasci no dia 20 de abril de 1745, em Saint André, França. Sou médico e filósofo. Consideram-me o “Pai da Psiquiatria”, devido a alguns trabalhos que resolvi fazer nos hospitais de Bicêtre e La Salpêtrière, em Paris. Hoje, vou contar para vocês a minha história e a de como surgiu à psiquiatria.

Aos meus 28 anos, eu me diplomei na Faculdade de Medicina de Toulouse e passei mais quatro anos me aperfeiçoando nos conhecimentos de Medicina nos hospitais. Para sobreviver, dava cursos e realizava trabalhos acadêmicos.

Em 1778, cheguei a Paris e o que me sustentou, à época, foram as aulas e as traduções de trabalhos científicos. Foi nesse período que comecei a me interessar pela doença mental, visitando doentes e escrevendo minhas observações em artigos.

Aos quarenta anos de idade, voltei minha atenção à psiquiatria, por causa de um amigo que vinha padecendo de uma psicose maníaca aguda. Quando comecei a me aprofundar nessa nova área percebi que havia muitas coisas erradas. Um exemplo: como pode uma pessoa passar 30 anos acorrentada em seu quarto e, o pior, por pessoas que deveriam protegê-la? Difícil encontrar lógica terapêutica nisso. Mas só comecei a tratar de doentes mentais mesmo em 1786.

No final do século XVIII, no ano de 1789, estive entusiasmado com e engajado na Revolução Francesa, momento histórico propício às transformações econômicas, sociais, políticas e marcante para a história da psiquiatria e da loucura. Até essa época, os Hospitais Gerais eram comandados pela autoridade real e pelo clero, que internavam pobres, doentes, pedintes, miseráveis, criminosos, entre vários outros excluídos.  E os loucos, coitados, no meio dessa multidão, desassistidos de cuidados. Eram excluídos por ignorância e por causa dessa também são tidos como vítimas de um castigo divino, endemoniados etc. Era difícil pensar em uma recuperação em um ambiente tão inóspito como aquele. Acredito que a loucura é uma doença, um desarranjo da mente, que ela deve ser tratada e não uma condição de ser do indivíduo.

Foi a partir desse momento, que comecei a pensar nos hospitais como locais para o tratamento dos doentes mentais, no sentido de humanizá-los e adequá-los ao novo espírito moderno. Apropriado pelo médico, e não mais pela autoridade real, o hospital se transformou em uma instituição medicalizada. E é esse processo de medicalização da loucura que faz com que surja, na medicina, sua primeira especialidade: a psiquiatria.

Enfim, no ano de 1792, casei-me com Jeanne Vincent, que me concedeu três filhos. No ano seguinte, fui nomeado médico-chefe, por influência dos meus amigos (Cabanis e Thouret), do Asilo de Bicêtre. Lá era um local destinado a doentes mentais do sexo masculino, onde os loucos eram acorrentados, em celas baixas e úmidas.

No ano de 1795, assumi mais um cargo de médico-chefe, agora do Hospício de Salpêtrière, um asilo destinado a doentes mentais do sexo feminino, onde também as loucas eram mantidas acorrentadas, às vezes por 30 a 40 anos.

Em relação ao adoecimento mental, defendi, durante minha vida, que ela não acontecia pela perda absoluta da razão e sim por uma alienação dela, motivada por algum distúrbio no âmbito das paixões. Acreditei ainda que o doente mental poderia representar um sério perigo à sociedade por perda da capacidade de discernimento entre o erro e a realidade.

Então, para tratar uma alienação mental precisei isolar o meu paciente do mundo exterior. Concluí que se eu hospitalizasse esse doente, estaria utilizando um instrumento que facilitaria a cura. Passo importante a se tomar perante o alienado, afastando-o das interferências que pudessem prejudicar a reeducação das mentes desagregadas e de suas paixões incontroláveis, as quais lhe tiraram a razão, afastando os delírios, as ilusões e fazendo com que esse doente retornasse à realidade. Tais medidas continham o princípio do que chamei de tratamento moral.

Ainda faziam parte do meu estudo as relações dos alienados com seus familiares e mesmo com os profissionais do hospício. E para isso, precisei me preocupar com o treinamento adequado do meu pessoal auxiliar e com a eficiência da administração do hospital. Aboli todos os tratamentos como sangria, purgações, em favor de uma terapia, em que eu pudesse ter mais contato e ser amigável com o doente.
Com isso, passei a conhecer o alienado, estudando e observando seus comportamentos. Comecei a descrever, a comparar, e analisar o alienado para formulação do trabalho terapêutico. O hospital começou a me servir de laboratório de estudos sobre as diversas formas de alienação mental.

Em 1801, escrevi o primeiro livro da psiquiatria, após introduzir várias inovações na prática dos hospitais de alienados. Publiquei o Tratado médico-filosófico sobre a alienação mental ou a mania e, nele, concentrei-me sobre a psicose maníaca, a qual considero a doença mental mais típica e a mais frequente no alienado. Oito anos depois, na segunda edição desta obra, acrescentei as experiências adquiridas em Bicêtre e em La Salpêtrière.

Eu, Philippe Pinel, propus libertar os loucos das correntes, pois – enquanto acorrentados – eles eram maltratados e algemados anos seguidos. Minha proposta foi tida como muito revolucionária para os padrões da época, mas teve um grande peso, visto que outros hospitais voltados ao tratamento do alienado foram criados a partir do modelo proposto por mim.

Dessa forma, restaurei a razão por meio de tratamentos morais, de modo a curar os alienados, tornando-os novamente senhores de suas vidas.

Nota: o texto é resultado de uma atividade da disciplina de Psiquiatria do curso de Medicina do ITPAC – Porto.

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