O BRILHO DA MORTE: uma crítica à dependência de medicamentos

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No dia 03 de novembro de 2021 ocorreu uma palestra virtual na semana do congresso de psicologia do CEULP ULBRA, o CAOS. 

Nesse encontro virtual, com o tema especial O Brilho da Morte, iniciou-se o debate apresentando um documentário sobre o acidente radioativo conhecido como césio 137. 

O nome do documentário é: O brilho da morte. Nesse início é apresentado a fala de várias vítimas acometidas por este crime ambiental, na qual perderam paladar, visão e sensibilidade em várias regiões do corpo.

Depois, a segunda parte do evento foi com a participação de uma convidada especialista em saúde coletiva, em Mato Grosso. Em seguida, explica-se como a atenção psicossocial poderia intervir para evitar uma tragédia maior. 

Fonte: Freepik

A convidada explica os ramos e instituições responsáveis por efetuar as ações da Rede de Atenção Psicossocial, que são as unidades básicas de saúde, os centros de atenção psicossocial, entre outros. 

Em seguida, a convidada relacionou o documentário com os possíveis ramos responsáveis por efetuar estratégias em relação ao RAPS.

Contudo, uma parte na fala na qual é de grande relevância para a atuação do psicólogo nessas redes é o do papel da medicalização e a dependência dele nos usuários destes serviços. Sabe-se que, o uso e ingestão de medicamentos é de extrema importância para os problemas dos usuários, mas se depender só deles, ignorando os aspectos biopsicossociais não surtirá nenhum efeito a longo prazo, apenas a dependência química. 

Fonte: Freepik

O que a convidada trouxe em pauta também foi o serviço dos psicólogos, que muitas vezes funciona como articuladores da rede, e de desenvolvimento de estratégias, do que qualquer outra demanda ou função. Ela sublinhou também a importância de se promover as saúdes públicas através dessas estratégias. Isso está intimamente ligado ao que ela frisou sobre a promoção de saúde, que não é apenas cuidar com o que já foi acometido, mas prevenir e trabalhar estratégias que evitem esse tipo de crime. 

E políticas públicas, assim como promoção da saúde, envolve diretamente a participação da população, assim como a sua escuta sobre as suas necessidades e demandas. Porém, o que se vê no Brasil hoje, é principalmente um cuidado que tem evidências de doença, não prevenção ou criação de qualidade de vida e estratégias de saúde.

Fonte: Freepik
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Acidente com o Césio-137 é tema do Psicologia em Debate do CAOS 2021

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No ano de 1987, aconteceu o maior acidente radiológico do mundo, o Césio-137, em Goiânia, capital do estado de Goiás. A partir do manuseio indevido de um equipamento abandonado do Instituto Goiano de Radioterapia, foi gerado o acidente que envolveu direta e indiretamente centenas de pessoas, deixando sequelas imensuráveis. 

Foram espalhados vários fragmentos de 137Cs, na forma de pó azul brilhante, após a violação do equipamento, assim, provocando a contaminação de diversos locais e pessoas  De acordo com a Associação das Vítimas do Césio-137, até o ano de 2012, mais de 100 pessoas morreram por conta de câncer e outros problemas e cerca de 1.600 foram afetadas diretamente pelo o elemento radioativo. 

Apesar de mais de três décadas depois, o acidente ainda deixa resquícios de medo. E é sobre isso que o documentário “O brilho da morte: 30 anos do césio-137” aborda. Produzido em 2017, o documentário expõe diversos relatos de pessoas que vivenciaram a tragédia e cenas da época, resgatando memórias e ressaltando os reflexos do ocorrido até os tempos atuais. Durante o documentário há o depoimento de Odesson Ferreira, um radioacidentado, que relata que o seu irmão Devair Ferreira, vítima do elemento radioativo, disse “Eu me apaixonei pelo brilho da morte”, pois estava encantado pelo intenso brilho do elemento, porém só posteriormente descobriu o grande risco que estava sendo exposto.

Na quarta-feira, dia 3 de novembro de 2021, aconteceu o Psicologia em Debate acerca do documentário “O brilho da morte: 30 anos do césio-137” com a participação da Psicóloga e Doutora em Ciências e Tecnologias em Saúde (UnB), Karine Wlasenko Nicolau. A programação foi transmitida às 14h via Youtube pelo canal do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra mediada pelo Prof. Me. Sonielson Luciano de Sousa.

A convidada Karine Wlasenko destacou a importância da promoção da saúde mental nas emergências e que esta não se restringe aos serviços ofertados pela rede de atenção, abrangendo também o fortalecimento das redes de apoio social, espaços de diálogo e o olhar ampliado sobre o que é saúde. 

Fonte: Arquivo Pessoal

Ao ser questionada sobre o papel contra hegemônico da Psicologia, a convidada relata que existe uma cultura forte da individualização, sendo o seu principal problema a fragilidade. Além disso destaca que a saúde mental jamais fica restrita ao atendimento clínico ambulatorial e que é preciso pensar nas coletividades e fazer promoção de saúde numa perspectiva ampliada, superando a lógica individualizante e medicamentosa

O CAOS ainda terá mais três dias de evento, até o dia 6 de novembro de 2021, e conta com uma programação bem diversificada. Para se inscrever basta entrar no site e acompanhar a programação.

Link da transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=x-zHNyRAKFM

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Evento do CAOS 2021 aborda acidente com Césio 137 em Goiânia

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Dentro da programação do Caos 2021 – Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia (inscrições pelo site https://www.ulbra-to.br/caos), que ocorre entre os dias 3 e 6 de novembro próximo, haverá várias edições do Psicologia em debate, que será transmitido entre 14h e 17h do dia 03 de novembro de 2021, primeiro dia de programação.

Durante o evento serão exibidos vários documentários e curtas metragens sobre o tema do congresso, as exibições ocorrerão de forma simultânea em diferentes salas online via Google Meet, cada uma com capacidade para 100 pessoas e serão conduzidas por profissionais convidados que farão pontuações sobre o filme exibido além de proporcionar uma discussão sobre o tema.

Um desses documentários se chama O brilho da morte: 30 anos do césio 137, que será conduzido pela psicóloga Dra. Karine Wlasenko Nicolau e aborda o acidente com césio 137 que aconteceu em Goiânia em 1987. Além de trazer relatos das vítimas, e de várias pessoas que trabalharam no caso na época, o documentário mostra como eles sofrem até hoje, não só com as sequelas da radiação, mas também com o preconceito e descaso dos órgãos públicos.

Fonte: encurtador.com.br/lqtKX

O acidente com césio 137 aconteceu em setembro de 1987 em Goiânia, capital do estado de Goiás, Brasil. Um aparelho de radioterapia estava abandonado onde funcionava o Instituto Goiano de Radioterapia, e foi violado por pessoas que pensavam conseguir lucro com esse material e por falta de informação, seu conteúdo foi manuseado de forma indevida. O aparelho foi vendido para um ferro velho, e foi o dono desse ferro velho, Devair, quem começou a sentir os primeiros sintomas. Ao abrir a máquina ele encontrou a cápsula que continha césio em forma de pó, e ficou encantado com esse material pois o mesmo tinha uma cor azul forte que brilhava no escuro, daí veio a frase “eu me apaixonei pelo brilho da morte”. Por causa disso, fragmentos desse material foram repassados a parentes e amigos, e só depois de muitos dias e muitos deles se sentirem mal, o material foi levado a vigilância sanitária. O local onde funcionava a vigilância sanitária, hoje funciona o Centro de Assistência aos Radioacidentados.

O material foi levado em um saco de estopa, e todo o trajeto de 2km foi feito pelo transporte público. No mesmo dia foi confirmado que se tratava de material radioativo, mas os policiais mandados para interdição dos locais afetados tinham informações sobre um vazamento de gás apenas, muitos deles passaram mal assim que chegaram ao local. Jornalistas e algumas pessoas curiosas foram ao local sem nenhuma proteção, isso fez com que a contaminação fosse muito grande, e as autoridades tiveram que separar as pessoas contaminadas não só no hospital, mas no estádio olímpico da cidade, onde foram armadas tendas para abrigar a população, algumas pessoas em estado mais grave foram levadas para o estado do Rio de Janeiro. Além dessa providência de atendimento médico e quarentena, era preciso retirar todo o material radioativo e todo o material contaminado pela radiação, foram toneladas de material e para fazer isso empresas foram contratadas para ajudar os bombeiros locais. O problema é que os trabalhadores foram não foram avidados que se tratava de radiação, a informação que receberam foi a mesma dos policiais, que era apenas um vazamento de gás.

A falta de informação era um jeito de manter a imprensa longe, mas isso não durou muito, assim que um jornalista ouviu sobre o césio, jornais do muito todo foram a Goiânia noticiar o acidente. Além das mortes que acorreram na época, muitos dos bombeiros, policiais, mecânicos, médicos e enfermeiros que trabalharam no caso, começaram a apresentar sintomas apenas 10 anos depois, alguns morreram, outros ficaram deficientes físicos e muitos precisam de assistência até os dias atuais. Os custos com medicação ultrapassam um salário mínimo, apesar de que deveriam ser distribuídos gratuitamente, não é o que acontece na realidade. Os medicamentos são de cunho psiquiátrico muitas vezes, muitas pessoas afetadas pela radiação também sofrem com depressão, ansiedade e muitas outros transtornos psicológicos, muitos deles são excluídos até hoje por preconceito da população que os enxerga como transmissores de radiação. As pessoas precisam de atenção médica, psicológica e social, qual é o papel da psicologia nesse caso? Essa discussão será feita no psicologia em debate e será muito rica não só para os alunos, mas para os profissionais de psicologia que já atuam no sistema público.

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