Adesão do Dispositivo Intrauterino (DIU) na saúde pública

Compartilhe este conteúdo:

Este método apresenta diversas vantagens, tornando-o uma opção atrativa para mulheres em busca de contracepção.

O Dispositivo Intrauterino (DIU) é um método contraceptivo de baixo custo, com pouca manutenção e alta eficácia, com uma taxa de sucesso superior a 99%4 (Centers for Disease Control and Prevention. “Effectiveness of Family Planning Methods,” CDC, 2011.) 

Segundo a doutora Maria Emília, médica ginecologista, o Dispositivo Intrauterino (DIU) é um método contraceptivo eficaz e de longa duração que pode ser utilizado por mulheres que desejam evitar a gravidez sem depender da ingestão diária de pílulas anticoncepcionais. Esse método se tornou popular entre as mulheres devido à sua eficácia, baixa manutenção e praticidade, uma vez que pode ser utilizado por anos sem precisar de substituição. No entanto, é essencial destacar que o DIU não oferece proteção contra doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), sendo recomendado o uso de preservativos em combinação com o DIU para uma proteção abrangente. 

De acordo com o Hospital Israelita Albert Einstein, o Dispositivo Intrauterino(DIU) funciona liberando, de forma contínua, uma pequena quantidade de progesterona. Nos DIUs de cobre, uma pequena camada de cobre é adicionada ao dispositivo, e nos DIU de prata, a prata é misturada com um pouco de cobre, em todos eles tais ações visam impedir a chegada do espermatozóide ao óvulo, ou criar um ambiente hostil no útero, dificultando a implantação do óvulo fertilizado. 

Existem basicamente dois tipos de DIUs, o DIU mais antigo (de cobre) e o DIU hormonal (Mirena). A principal diferença entre eles está no efeito sobre a menstruação. Enquanto o DIU de cobre aumenta o fluxo menstrual (podendo causar ou piorar a cólica menstrual) O DIU hormonal (Mirena) deixa a mulher sem menstruar.(BOSSETTO, 2018) 

Quando comparado com a pílula, o DIU é mais eficaz e não requer aderência diária. No entanto, não oferece a flexibilidade de interromper prontamente o uso para engravidar e não tem os benefícios adicionais que algumas pílulas oferecem, como o controle de acne ou a regulamentação dos ciclos menstruais. Uma pesquisa do Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), os métodos mais referidos espontaneamente pelas mulheres foram a pílula anticoncepcional (87,4%), o preservativo (53,1%), métodos de abstinência periódica (34,8%) e o dispositivo intra-uterino – DIU (34%). Mediante estimulação, referiram-se principalmente à pílula (99,3%), ao preservativo (98,6%), à esterilização feminina (97,6%) e à abstinência periódica (88,5%). (VIANNA, et al., 2005) 

Um estudo realizado e publicado na revista brasileira de medicina de família e comunidade, traz diversas informações necessárias sobre o Dispositivo Intrauterino (DIU). Ademais, revela também as barreiras enfrentadas para a inserção do dispositivo, sendo uma delas a desinformação associada ao método contraceptivo, como por exemplo, relato de mulheres que não se interessavam pelo dispositivo por medo do procedimento ou por não saber como ele funcionava. Logo, é notório como a desinformação a respeito desse procedimento impacta negativamente sua aceitação. 

De acordo com o instituto Vilamil, existem diversos mitos acerca do uso do Dispositivo Intrauterino (DIU), muitas mulheres acreditam que tal método pode causar infertilidade, aumentar o risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis e até mesmo que o dispositivo seja abortivo. Ademais, torna-se necessário políticas públicas, visando promover informações a respeito desse método contraceptivo. 

No Brasil, o processo de regulamentação e acessibilidade ao DIU tem se mostrado em evolução ao longo das últimas décadas. O marco legal na história da acessibilidade ao DIU no Brasil ocorreu em 1996, quando, conforme estabelecido pela legislação de planejamento familiar (Lei nº 9.263/1996), o Dispositivo Intrauterino foi incluído como método contraceptivo subsidiado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Essa medida demonstrou uma consolidação do compromisso estatal com a saúde, visando promover o DIU como uma alternativa contraceptiva disponibilizada pelo SUS (Brasil, 1996). 

Atualmente, existem políticas específicas do SUS que caminham em direção à maior acessibilidade ao DIU. Um exemplo é a orientação para que enfermeiros e enfermeiras pudessem fazer a colocação e a retirada do dispositivo, conforme as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde na Nota Técnica nº 31/2023. Considerando que os enfermeiros têm uma marcante presença nas Unidades Básicas de Saúde, essa orientação reflete um esforço do governo para melhorar a saúde reprodutiva da população (Brasil, 2023). 

No entanto, um estudo realizado por Gonzaga et al. (2017) analisou as barreiras organizacionais ao uso do DIU nos serviços de atenção primária à saúde no Brasil. As barreiras identificadas incluem a falta de fornecimento de DIU em algumas unidades básicas de saúde, a falta de protocolos bem estruturados para a inserção do DIU e padrões não baseados em evidência para o acesso ao contraceptivo. O estudo aponta que a expansão do uso do DIU ainda vai exigir um processo bem elaborado para garantir maior acessibilidade ao método, adaptado à realidade brasileira. 

Referências 

BRASIL. Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996. Regula o § 7º do art. 226 da Constituição Federal, que trata do planejamento familiar, estabelece penalidades e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 12 jan. 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9263.htm Acesso em: 01 maio 2025. 

Brasil. Ministério da Saúde. Nota Técnica nº 31/2023-COSMU/CGACI/DGCI/SAPS/MS. Considerações e recomendações sobre oferta, inserção e retirada do Dispositivo Intrauterino (DIU). Brasília: Ministério da Saúde, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/notas-tecnicas /2023/nota-tecnica-no-31-2023-cosmu-cgaci-dgci-saps-ms/view. Acesso em: 01 maio 2025. 

SciELO Brasil. Barreiras organizacionais para disponibilização e inserção do dispositivo intrauterino nos serviços de atenção básica à saúde. 2023. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/reeusp/a/6sW3wZNcTJ53586zcsrmv5q/>. Acesso em: 02 abr. 2024. 

Gonzaga, V. A. S., Borges, A. L. V., Santos, O. A., Santa Rosa, P. L. F., & Gonçalves, R. F. S. (2017). Barreiras organizacionais para disponibilização e inserção do dispositivo intrauterino nos serviços de atenção básica à saúde.

Revista da Escola de Enfermagem da USP, 51, e03270. DOI: 10.1590/S1980-220X2016046803270. 

EMILIA, Maria. Tudo sobre o DIU. Disponível em: https://dramariaemiliadebarba.com.br/anticoncepcao/tudo-sobre-diu/. Acesso em: 02 maio 2024. 

ZENI, Erica. Vantagens sobre o dispositivo intrauterino. Disponível em: https://vidasaudavel.einstein.br/diu-descubra-as-vantagens-do-dispositivo-intra uterino-como-metodo-anticoncepcional/. Acesso em: 02 maio 2024. 

MACHADO, Gabrielly Monteiro. Desafios na inserção do DIU. Disponível em: file:///C:/Users/Lenovo/Downloads/42898-Article-453434-1-10-20230818.pdf. Acesso em: 02 maio 2024. 

VILAMIL, Instituto. Como funciona o DIU. Disponível em: https://www.institutovillamil.com.br/diu-de-cobre-prata-e-hormonal-saiba-tudo sobre-eles/. Acesso em: 02 maio 2024.

Compartilhe este conteúdo:

A importância do conhecimento sobre sexualidade na Formação de Professores

Compartilhe este conteúdo:

A Formação de professores é um ato contínuo que começa desde o início da sua trajetória profissional, mas falar sobre temas que envolvem sexualidade ainda é um assunto carregado de tabus.   

A formação nas temáticas gênero, corpo e sexualidade é um assunto muito importante, tendo em vista a modernidade a qual estamos passando, ao desenvolvimento humano das novas gerações que tendem a refletir e reestruturar o corpo e a sexualidade como parte indispensável da formação humana e ainda pela simples observação de que todos nós somos seres sexuais.

As sexualidades não podem ser vistas seguindo apenas uma dimensão que é a dimensão biológica, as dimensões que compõem as sexualidades são inúmeras dentre elas: Biológica, Cultural, Social, Política, Religiosa e etc. 

Diante disso o (En)Cena entrevista o Professor Mestre Edmilson Andrade Reis, que é Pesquisador das categorias Corpo, Gênero e Sexualidade na formação de professores. Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Tocantins (UFT-PORTO NACIONAL). Graduado em Enfermagem pela Universidade de Marília (UNIMAR), também é graduado em Pedagogia (UNIP). E atualmente, graduando em Psicologia CEULP-ULBRA, que falará com mais propriedade sobre o assunto. 

(En)Cena – O que é formação de professores e qual a importância da sexualidade durante o processo de formação?

Edmilson Andrade: Formação de Professores é um processo contínuo que deveria acontecer sem restrições , preconceitos, sexismo e etc. Porém, quando observamos a categoria sexualidade na formação de professoras, muitos entraves existem e por esses e muitos outros motivos, as sexualidades são deixadas como responsabilidade das famílias e sabemos que isso quase nunca acontece. Trazendo a importância na formação de professores sobre essa categoria, é importante destacar que todos nós somos seres sexuais e as sexualidades são constituídas por inúmeros fatores que incluem: orientação sexual, gênero, afeto, carinho, respeito e etc. Nesse sentido, no processo de formação a abordagem sobre as sexualidades deve acontecer de forma esclarecedora visando, primeiramente, observação da faixa etária dos alunos, em seguida definir o método educativo que será utilizado, orientar sobre as fases de desenvolvimento humano e, finalmente, esclarecer que as sexualidades são construções individuais a partir de dimensões que incluem: social, cultural, biológica e religiosa.  

(En)Cena – De que forma a educação brasileira trabalha a sexualidade?

Edmilson Andrade: A educação brasileira entende que as sexualidades são evidenciadas meramente a partir da dimensão a biológica, pois, muitos insistem em afirmar que nascer homem ou mulher (macho ou fêmea) é sexualidade, e nós sabemos que isso é apenas uma dimensão que a constitui e ela, por si só, não se torna responsável por construir as sexualidades. Porém, temos em outro paralelo o fato de que abordar temáticas sobre Infecção Transmitida Sexualmente-ITS´s, HIV/AIDS e gravidez na adolescência, entre outros, são abordagens que constituem as sexualidades, porém, mais uma vez estamos nos restringindo apenas à dimensão biológica, o que invalida as demais dimensões.

(En)Cena – Como a Psicologia tem se relacionado com suas outras experiências multiprofissionais?

Edmilson Andrade: A psicologia vem acrescentar saberes e perspectivas, tanto na questão profissional e pessoal, pois, se somos seres bio-psico-sócio-espirituais, a psicologia se encaixa perfeitamente no tocante às emoções, comportamentos, fatores cognitivos, relações familiares, mecanismos de defesas, fases de desenvolvimento humano, incluindo o ato de nascer e morrer, afinal, uma grande parte de nossas vidas passamos refletindo, pensando e questionando a essência do eu, e os corpos. 

(En)Cena – Em quais dimensões a sexualidade pode ser trabalhada em um contexto multidisciplinar?

Edmilson Andrade: As dimensões que constituem as sexualidades por si só, já são vistas como multidisciplinares, porque quando pensamos nas sexualidades elas estão presentes nos corpos humanos. Esses corpos já são trabalhados, moldados e estruturados em contextos multidisciplinares. Um exemplo é quando pensamos na dimensão psicológica que também constitui as sexualidades, afinal, somos indivíduos com desejos, repletos de construções e desconstruções.

(En)Cena – Quais são as implicações de abordar a sexualidade dentro de um processo de formação ou de construção do Ser Humano?

Edmilson Andrade: No tocante ao ser humano, todos nós somos seres que possuímos sexualidades, afinal, ela não se restringe apenas ao ato sexual e sim como categoria que faz parte da essência e construção dos corpos humanos, um simples ato de abraçar, acariciar e ter afeto já é em si, exercer partes que tange às sexualidades.

Trazer as sexualidades para o contexto de formação de professores, ainda é um grande desafio, pois nos deparamos diariamente com ideologias políticas partidárias e educacionais que acreditam veementemente que esclarecimento sobre sexualidades na sala de aula é sinônimo de alteração de gênero. 

Compartilhe este conteúdo:

Educação interculturalidade: limites e possibilidades na contemporaneidade

Compartilhe este conteúdo:

Este artigo analisa a formação do ser humano através da educação formal e informal bem como através da cultura e por que não dizer pela privação cultural que impede esta construção. A partir das reflexões teóricas e metodológicas apresentadas nos textos como referenciais para discussão, a construção da humanidade da autora Maria Helena Pires Martins e a profissão docente e o cuidado com a vida do autor A.J, Severino, dentre outros autores correlatos, analisamos as seguintes questões, o papel da cultura e educação na constituição da humanidade, o que é a educação como cultura e a docência como profissão do cuidado.

O problema que norteia este estudo é: Quais são os limites e possibilidades do ser humano na educação intercultural? O objetivo do trabalho é verificar quais são os limites e possibilidades enfrentados pelos sujeitos no que diz respeito à educação e a interculturalidade. A análise da questão proposta se também se apoia nos argumentos de Benevides (2000) que destaca a importância da formação de uma cultura de respeito à dignidade humana e Candau (2008) que evidencia interculturalidade como educação para o reconhecimento do outro e para o diálogo entre os grupos sociais e culturais. Para Candau (2008) não há educação que não esteja imersa nos processos culturais do contexto em que se situa. Não se pode conceber uma experiência pedagógica desvinculada das questões culturais da sociedade.

É notável o pensamento da autora quando coloca como condição de ensino a pedagogia que envolva a educação intercultural onde seja abordado situações típicas empíricas que de fato sejam vivenciadas pela sociedade e estudantes.

Nesse aspecto fazendo uma analogia do ser humano a um metal precioso, seja o diamante ou mesmo o ferro, sabemos que precisam ser forjados ou moldados, pois nascem na natureza brutos, imperfeitos e inacabados. O diamante é lapidado, polido, lixado e até mesmo escovado nas diversas formas para chegar ao brilho reluzente.  Quanto ao ferro é forjado na água e fogo para se tornar um produto de utilidade, e o ser humano é constituído no decorrer do seu desenvolvimento biológico, genético, físico, intelectual, emocional pelos processos da educação, cultura e a   herança de seus pais, que podem ou não influenciar na construção enquanto indivíduo.

Fonte: encurtador.com.br/anxNU

Dentro deste contexto, o ser humano vai se formando via educação, começando com a primeira instituição transmissora a família, depois escola e igreja, que gradativamente vão entrelaçando com a cultura já existente ao redor desde individuo e com a cultura que passa a ser construída por ele de acordo com a recepção interior de todos os fenômenos (a arte, a música, a liberdade e outros). Neste sentido a cultura é transmitida, repassada, construída e geradora de conhecimentos que são reforçados ou não   na educação.  Aqui fazemos referência a Paulo Freire citado no artigo, que nos mostra os tipos fundamentais de educação, a conhecida educação bancária que vigora como soberana no trono da formação humana e a educação libertadora ou libertária, que é forjada via lutas incansáveis das minorias no decorrer da nossa história. Neste emaranhado, educação e cultura se fundem, ambas estão e se fazem presentes do nascer ao morrer do ser humano, molda de acordo com o ambiente, com a educação formal ou não formal, de acordo com a concepção daqueles que formam o indivíduo e de acordo com a cultura apreendida.

Nesta relação de construção do ser humano e da humanidade, cultura e educação desempenham papeis de relevância, pois podem construir indivíduos capazes, autônomos, livres, feliz e realizados como também indivíduos presos aos cárceres que a própria vida impõe. Neste sentido a escola, local mais organizado para transmissão da cultura e da educação, tem um papel fundamental, e deveria ser espaço onde cultura e educação estivessem  a serviço de uma formação mais humana, justa, igualitária, sensível, promotora principalmente da cultura da paz em todos os sentidos, da cultura da felicidade e bem estar, e não espaço de manutenção das classes no poder, das desigualdade, injustiças, fracassos e principalmente infelicidades e inferioridade muitas vezes provocadas  pela descriminação e  privação da educação e cultura.

Mencionando aqui a espécie dos mamíferos, sabemos que o homem é o animal mais dependente do outro homem, do nascer ao morrer, em vários momentos da existência o homem precisa do seu semelhante, e hoje vivemos um momento delicado, difícil, sofrido e porque não dizer momento de aprendizagem. Neste tempo de pandemia, de covid-19 a vida nos revelou que somos todos iguais, neste agora tanto faz quem você é, ou que você tem, todos estamos passiveis de morrer e necessitamos dos mesmos cuidados, embora saibamos que ainda existem algumas diferenças veladas.

Fonte: encurtador.com.br/quGI9

Presenciamos rupturas de comportamentos, mudanças de hábitos, reinvenção das diversas profissões, evolução na ciência na produção de medicamentos e vacinas, mudanças na educação, nas formas de comunicação e no uso das tecnologias. Uma nova cultura digital surgiu que mexeu com as estruturas dos analógicos (como nós), com o mercado e outras estruturas. A escola rompeu barreiras até então “esquecidas” e “desvalorizadas” nas suas propostas pedagógicas. E o professor viu-se obrigado a se reinventar, superar obstáculos, buscar a criatividade e inovação e principalmente deixar de ser o centro do ensino e aprendizagem. Revelou-se também, que nossa educação está precária, que a formação de nossos educadores não corresponde as novas exigências do momento inusitado que vivemos. O período mostrou inúmeras desigualdades na educação, na formação dos professores, nas propostas pedagógicas, nos investimentos privados e públicos para atender a uma demanda urgente de não deixar a educação a beira do caminho, visto que  muitos setores buscaram novas formas de caminhar, mas o que mais chamou a atenção foi o descompromisso por parte dos poderes públicos com educação e cultura de um povo e uma nação.

DESENVOLVIMENTO

É inegável que existe uma fragilidade no olhar da sociedade sobre o diferente e que esse olhar se reflete na maioria das vezes de forma preconceituosa e exclusiva culminando em pensamentos e comportamentos que não condizem com práticas inclusivas em nossa sociedade. Candau (2012) apud Pierucci, no seu instigante livro Ciladas da diferença (1999), assim sintetiza esta tensão:

Somos todos iguais ou somos todos diferentes? Queremos ser iguais ou queremos ser diferentes? Houve um tempo que a resposta se abrigava segura de si no primeiro termo da disjuntiva. Já faz um quarto de século, porém, que a resposta se deslocou. A começar da segunda metade dos anos 70, passamos a nos ver envoltos numa atmosfera cultural e ideológica inteiramente nova, na qual parece generalizar-se, em ritmo acelerado e perturbador, a consciência de que nós, os humanos, somos diferentes de fato (…) , mas somos também diferentes de direito. É o chamado “direito à diferença”, o direito à diferença cultural, o direito de ser, sendo diferente. The right to be diff erent!, como se diz em inglês, o direito à diferença. Não queremos mais a igualdade, parece. Ou a queremos menos, motiva-nos muito mais, em nossa conduta, em nossas expectativas de futuro e projetos de vida compartilhada, o direito de sermos pessoal e coletivamente diferentes uns dos outros. (Pierucci, 1999, p. 7)

De acordo com os autores não é sobre estigmatizar, mas sobre repensar a questão do ser diferente e ser igual. Outrora essa luta era muito apoiada no sentido de que todos éramos iguais, hoje o pilar se centra sobre ser diferente sendo reconhecido por suas especificidades na sociedade.

Fonte: Rádio Castrense – Semana da interculturalidade começa hoje em todo o país.

Educação intercultural é um assunto bastante complexo quando se trata de uma sociedade que até pouco tempo atrás escravizava pessoas como se a abolição da escravatura não existisse, que segregava alunos dentro de classe de aula por causa de suas diferenças. Partindo deste raciocínio podemos refletir nos passos do processo da educação intercultural. É fato que no continente latino-americano está em desenvolvimento a educação intercultural, mas ainda enfrenta vários entraves principalmente no que diz respeito ao entendimento, visão e percepção da sociedade em si. A escola entra com um papel fundamental de falar e ensinar sobre novas maneiras de ver, entender e praticar o ensino transcultural. Esse manejo se dá quando o educador tem sua didática pautada na transdisciplinaridade onde se percebe o próximo como parte de um todo com uma visão que contempla o antes, o durante e o depois. Essa contemplação permite o desenvolvimento amplo sem amarras dentro do plano de ensino escolar. É urgente uma reforma do pensamento em todos e principalmente nos educadores!

Para Edgar Morin (1995) pensar no ser humano é não desprezar jamais sua capacidade cognitiva, seu interior é jamais reduzi-lo.  Morin (2011a) Por meio da epistemologia da complexidade, conclama: “Reformai-vos”! Reorganizai-vos!” Nota-se que o autor versa sobre sensibilidade, sobre intuição, sobre interior. Para ele, “o ser é sempre uma organização ativa, produto de interações.”

Hoje inclusão social requer todas essas características complexas que se refere o autor, requer mudança de pensamentos, mudança de atitude, reorganização, requer enação! Enação do grego que quer dizer “fazer emergir”.

 Varela (1991), escreveu sobre enação e dizia que o mundo mostra-se pela enação de regularidades perceptivas motoras. “Cognição, como enação, sugere o fazer emergir mediante manipulação concreta”.  Varela (1996:18) Para esse autor (1997) “o mundo emerge a partir da relação com o sujeito que o observa.” Exemplificando, é como o ovo e a galinha, que estão mutualmente implicados, ambos estão co-determinados e correlacionados.

Todo esse pensamento de enação do mundo com relação ao sujeito, faz analogia com o processo social inclusivo e com a ontologia complexa, onde segundo a autora Maria Cândida Moraes:

as relações entre sujeito/objeto, ser/realidade, são de natureza complexa, portanto, inseparáveis entre si, pois o sujeito traz consigo a realidade que tenta objetivar. É um sujeito, um ser humano que não fragmenta a realidade que o cerca, que não descontextualiza o conhecimento”. Um sujeito multidimensional, com todas as suas estrutruras  perceptivas e lógicas, como também sociais e culturais à disposição de seu processo de construção de conhecimento, já que a realidade não existe separada do ser humano, de sua lógica, de ua cultura e da sociedade em que vive”                                                  

Nessa perspectiva de Morais, em um processo análogo, Morin trata de inclusão com um olhar complexo quando se refere ao ser humano como uma organização ativa, produto de interações, com sua dinâmica funcional decorrente dessa relação com a organização. Transcorre como produto dessa relação a garantia da autonomia e dependência, a perturbação e a quietude, a sapiência e a demência e tudo aquilo que tece a vida e sua manifestação.

 Koff (2009, p. 61), considera que, “na discussão se os termos saber e conhecimento são sinônimos ou não, podem ou não ser usados indistintamente, o mais importante é considerar a existência de diferentes saberes e conhecimentos e descartar qualquer tentativa de hierarquizá-los”. Neste sentido, a perspectiva intercultural procura estimular o diálogo entre os diferentes saberes e conhecimentos, e trabalha a tensão entre universalismo e relativismo no plano epistemológico, assumindo os conflitos que emergem deste debate.

Fonte: encurtador.com.br/hiltS

Pensando na dimensão da importância do cuidado com a vida humana e o papel da docência pois como vimos nos artigos de estudo e reflexão, a educação é forma imprescindível de cuidado com a vida, daí a necessidade e urgência da formação docente. Ressaltando que esta formação docente é de responsabilidade dos órgãos competentes, instituições de formação, das políticas públicas, e do próprio docente, que não assume de fato o compromisso com a educação do próximo. Sabemos que existem inúmeras situações que impedem o bom desempenho do docente, tais como, falta de reconhecimento, a valorização salarial, o reconhecimento da profissão, as próprias condições e estruturas de trabalho, começando por recursos simples, até o próprio espaço físico. Mas por outro lado, há também, o desinteresse por parte do docente em investir na sua própria formação pessoal, o descompromisso com seus estudos, com seu aprimoramento na área específica, o lidar pedagógico, entre eles, o preparar bem suas aulas, seu planejamento, seus recursos, sua fundamentação teórica e outras.

Cabe aqui dizer que o professor precisa de formação e se formar, não só no aspecto da dimensão do conhecimento por si só, mas em todas as dimensões que hoje sabemos que são inerentes ao cuidado com o outro. Há a necessidade de uma mudança significativa nos cursos de formação docentes, nos programas e currículos. Vivemos um tempo que exige outras áreas que agregam na formação do docente, entre elas, destaco a neurociência que tem contribuído sobremaneira com a educação. Para bem educar o docente precisa entender como o individuo aprende, como ele reage as emoções que na maioria das vezes interferem na aprendizagem. Entender sobre as múltiplas inteligências, que muitas vezes se sobressaem a inteligência cognitiva, e ressalto a importância da inteligência emocional, a ética, os direitos humanos, a diversidade cultural, a arte, a música, a inteligência sinestésica e corporal.

Como mencionado nos textos de referência, o dom(vocação) e o saber comum, que horas foram suficientes para uma determinada época, hoje já não correspondem a contemporaneidade, nem as necessidades sociais, e muito menos ao tipo de seres humanos que necessitamos para o mundo atual. Lidamos hoje nas escolas com uma geração frágil, sensível, de grande capacidade de articulação e domínio do conhecimento, mas ao mesmo tempo, individualista, egocêntrica, e instantânea, muda-se de acordo com  onda do momento. Por isso a necessidade da formação docente ampla, principalmente no que diz respeito a dimensão do cuidado, pois sabemos que em muitas situações o docente(professor) tem muito mais influência sobre o sujeito do que a própria família e/ou outra instituição.

CONCLUSÃO

Neste universo da subjetividade que constrói a humanidade, podemos afirmar que a docência é a profissão mais comprometida com o cuidado da vida humana. Percebemos que mesmo diante de um novo modelo o qual estamos vivendo agora de educar, que estabelece o distanciamento do docente e discente, deixa bem claro que nada substitui a interação humana, o convívio, a proximidade, o contato, os olhares e a sensibilidade e outras competências e habilidades que se fazem necessárias para que o docente fundamentado na ciência e técnica consiga permear e mediar a construção desta humanidade. Neste construir, o docente necessita de pré-requisito alicerçados no estudo sistemático e aprofundamento teórico que o tire do senso comum e espontaneísta para um lugar de pleno domínio das tão necessárias habilidades que se fazem necessárias para garantir com dignidade a formação humana.

A humanidade do ser humano vai se constituindo ou construindo a medida que seu ser, corpo, alma vai absorvendo, moldando seu modo de agir e pensar, influenciado pela educação, cultura, natureza, sociedade e pela mediação por parte do docente que esteja  pautada além da dimensão cientifica, técnica, mas principalmente alicerçada  na sensibilidade,  solidariedade, empatia, o respeito ao próximo, o sentido de pertença, o amor ao trabalho, a presença significativa, responsabilidade, compromisso social, senso crítico, visão política, e para finalizar a doação. Cuidar exige doação, entrega, compromisso com o outro, e estar a serviço da construção do ser humano na sua integralidade e todas as dimensões e principalmente para que seja feliz.

Para que tenhamos uma sociedade mais justa, humana e fraterna, faz-se necessário investir significativamente na formação da sociedade, na formação do docente, nas mudanças das propostas pedagógicas, nos currículos e nos modelos metodológicos atuais  que  atendem as demandas de educação intercultural.

REFERÊNCIAS

BENEVIDES, M. V. Educação em direitos humanos: de que se trata? Palestra de abertura do Seminário de Educação em Direitos Humanos, São Paulo, 18 fev. 2000.

CANDAU, V. M. Multiculturalismo e educação: desafios para a prática pedagógica. In: MOREIRA, A. F.; CANDAU, V. M. Multiculturalismo: Diferenças culturais e práticas pedagógicas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

KOFF, A.M.N.S. Escolas, conhecimentos e culturas: trabalhando com projetos de investigação. Rio de Janeiro: 7 letras, 2009.

MATURANA, Humberto R.; VARELA, Francisco J. A árvore do conhecimento: as bases biológicas do entendimento humano. Campinas: Psy, 1995.30

MORAES, Maria Cândida. Ecologia dos saberes: complexidade, transdisciplinaridade e educação: novos fundamentos para iluminar novas práticas educacionais/ Maria Cândida Morais.- São Paulo: Antakarana/WHH – Willis Harman House, 2008.

MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Lisboa: Instituto Piaget, 1995

Rev118_Completa16x24_01062012_Gr.fica.indd (scielo.br) apud PIERUCCI, A.F. Ciladas da diferença. São Paulo: Editora 34, 1999

Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos — Português (Brasil) (www.gov.br) Acesso em 22-03-2022.

Compartilhe este conteúdo:

A Psicologia Jurídica na mediação de conflitos

Compartilhe este conteúdo:

A Psicologia se relaciona intimamente com o ser humano em seu aspecto mais íntimo: “De acordo com o conceito fornecido pela Associação Americana de Psicologia, a psicologia é a ciência que tem por objeto o estudo das funções mentais e do comportamento” (LORDELO, 2017). Na discussão dos métodos de resolução de conflitos, ela ajuda a compreender a verdadeira intenção das partes com o processo, muitas vezes saindo do aspecto jurídico e abarcando interesses derivados das relações e interações sociais.

Ultimamente, percebe-se uma ampla comunicação entre a Psicologia e a área jurídica, derivada da necessidade de melhor compreender o comportamento humano. A interface da Psicologia com o Direito constitui a Psicologia Jurídica, que até então, vem delimitando seu campo de atuação, contribuindo com a ampliação entre essas duas ciências, permeando pelas seguintes varas da jurisdição: varas da infância e da juventude, vara da família, direito do trabalho, direito penal e direito civil, dentre outras (SILVA, 2012).

O que se pretende com a colaboração entre a Psicologia e o meio jurídico é atingir a justiça de maneira justa, capaz de satisfazer as necessidades do povo, pois o desígnio é resolver o conflito de fato e não só extinguir o processo. Os métodos alternativos de resolução de conflitos, exemplificados posteriormente no presente trabalho pela conciliação e mediação, já são utilizados por todo o país na intenção de amenizar a situação do Judiciário.

Fonte: encurtador.com.br/joEO2

Conforme Müller (2005), a Mediação de Conflitos é uma técnica de resolução na qual os assistidos buscam ou aceitam a intervenção de um terceiro imparcial e qualificado, o mediador. Esse facilitador os auxilia por meio da reabertura do diálogo a encontrar soluções criativas e alternativas para o conflito, na qual ambos ganhem. Portanto, na mediação a decisão não é imposta por um terceiro. E esse é um aspecto significativo e diferencial de seu procedimento: não é o mediador quem trará a solução como ocorre na justiça estatal mas sim as próprias partes.

Assim, a mediação é um método de solução de conflito pelo qual um terceiro neutro facilita o diálogo entre as partes para ajudá-las a chegar a um acordo (HIGHTON & ÁLVAREZ, 1999). Uma de suas peculiaridades, segundo Müller (2005), é a capacidade de expansão das discussões tradicionais que são feitas para chegar a um acordo, ampliando-as para além das questões jurídicas envolvidas, como já foi dito.

Em conflitos familiares (guarda e visitação dos filhos), a mediação familiar se apresenta como um instrumento amplamente favorável para as partes e para o Judiciário, uma vez que as próprias partes chegaram à resolução pacífica de seus conflitos sem a necessidade de embate judicial que demora vários anos para serem resolvidos, contribuindo de forma eficaz para o exercício da guarda compartilhada.

Fonte: encurtador.com.br/enM19

Determinadas situações da vida humana requerem a atuação de profissionais de diferentes áreas do conhecimento, assim como ocorre com a criminalidade, a pobreza e a família. De acordo com Maria Berenice Dias (2011), no que se refere à família, torna-se relevante o envolvimento conjunto de vários profissionais das áreas jurídica, sociológica, psicológica, de serviço social, etc. Desta forma, “o aporte interdisciplinar, ao ampliar a compreensão do sujeito, traz ferramentas valorosas para a compreensão das relações dos indivíduos, sujeitos e operadores do direito, com a lei” (DIAS, 2011, p. 84).

A mediação, utilizando técnicas da Psicologia, tais como o rapport, resumo e enquadre, amplia e torna mais compreensíveis as diversas mensagens e mostra a importância da escuta ativa, da interpretação do que está por detrás do discurso, da linguagem corporal etc. 

Na mediação, a comunicação é ponto fundamental. Dado que as partes estão submetidas a uma autocomposição, sem o diálogo eficaz a solução do conflito não se materializa (BACELLAR, 2016). Pode se dizer que todo o processo é envolto das técnicas comunicacionais, pois as partes sozinhas, a partir de uma conversa bem estruturada, terão mais chances de chegar a um consenso.

Como preleciona Rosemberg (2006), o método da comunicação não violenta deve ser aplicado em todas as áreas do convívio social, acolhendo conflitos pessoais, como uma briga entre amigos, e de repercussão internacional, como a questão da Palestina: “É um processo poderoso para inspirar conexões e ações compassivas. Ela oferece uma estrutura básica e um conjunto de habilidades para abordar os problemas humanos, desde os relacionamentos mais íntimos até conflitos políticos globais.” (ROSEMBERG, 2006, p.357).

Fonte: encurtador.com.br/houN6

A falta de comunicação entre as partes ou uma comunicação não apropriada criam mais conflitos e tornam difícil a realização da mediação. Para isso, “em mediação, a comunicação deve ser direta, autêntica, desprovida de artifícios e de jogos de poder” (ÁVILA, 2002).

A Psicologia auxilia a interpretação dos diálogos travados entre as partes, influindo diretamente no desfecho da situação conflituosa. A conciliação de ideias que envolve cada caso concreto levado à apreciação do Poder Judiciário deve ser compreendida integralmente para chegar à finalidade de pacificação social visada. Diante disso, há perfeita harmonia da Psicologia com o Direito, uma vez que o objeto para o qual se volta o estudo daquela é justamente o comportamento humano, sendo este incisivo no momento de proceder à solução das contendas sociais.

Uma das possibilidades de trabalho de psicólogos em contextos jurídicos é nos processos de Mediação Familiar. Segundo Ávila (2002), a mediação familiar proporciona uma separação menos traumática e mais humana, considerando que as formas tradicionais de finalizar um casamento ou união estável não estão suprindo as reais necessidades dos envolvidos e de seus filhos.

A mediação familiar no contexto de separações judiciais surge, parafraseando Ávila (2002) como, “uma forma inovadora de abordagem jurídica e também como alternativa ao sistema tradicional judiciário para tratar de conflitos”, na qual dois aspectos são fundamentais: a cooperação entre as partes e a disponibilidade de solucionar o conflito para que aconteça um acordo entre os envolvidos.

REFERÊNCIAS

ÁVILA, E. M. (2002). Mediação familiar. Florianópolis: Divisão de Artes Gráficas do Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e arbitragem. 2. ed. São Paulo (SP): Saraiva, 2016.

DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 8. ed. São Paulo: RT, 2011.

HIGHTON, E. I., & ÁLVAREZ, G. S. (1999). A mediação no cenário jurídico: Seus limites &– A tentação de exercer o poder e o poder do mediador segundo sua profissão de origem. Em D. F. Schnitman, & S. Littlejonh (Orgs.), Novos Paradigmas em mediação (pp. 185-206). Porto Alegre: Artmed.

LORDELO, João Paulo. Noções gerais de direito e formação humanística. Salvador (BA): Juspodivim, 2017.

MULLER, F. G. (2005). Competências Profissionais do mediador de conflitos familiares. Dissertação de Mestrado. Programa de pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC.

ROSEMBERG, Marshall Bertram. Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar relacionamento pessoais e profissionais. São Paulo (SP): Ágora, 2006.

SILVA, D. M. P. Psicologia Jurídica no Processo Civil Brasileiro: a interface da psicologia com o direito nas questões de família e infância. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. 

Compartilhe este conteúdo:

O que combina com a liberdade e a vida

Compartilhe este conteúdo:

Todo ser humano deveria ter direito, desde o berçário, à moradia, à alimentação, à saúde, aos estudos, à segurança e ao transporte. Ninguém é livre morando nas ruas, pois mendigar não é liberdade. Para quem não tem nada, emprego é tudo. Emprego e salário justo são os pilares de sustentação de uma vida digna e livre. E o estudo é o alicerce dessa liberdade. Ver alguém escolher entre se sustentar e estudar é desumano. Estudo deveria ser sempre um direito, nunca um sonho.

Mas se o emprego é o pilar de sustentação de uma pessoa, o desemprego é o temporal que derruba esse alicerce. O desemprego rouba a autoestima, destrói famílias e coloca as conquistas de alguém em leilões, onde os ganhos de uns são perdas de outros.

O desemprego também pode ser uma oportunidade para se reinventar, mas quando ele assombra milhões de pessoas, deixando-as na miséria, há pouco espaço para reinvenção. Para quem nunca viveu o desespero de ver uma montanha de contas vencidas destruindo uma vida, o desemprego é só uma estatística, mas para quem o conhece, ele é um pesadelo.

Fonte: encurtador.com.br/gxJQ8

A liberdade também não combina com endividamento. Bom salário comprometido com dívidas penhora a carta de alforria de alguém no banco, e instituições financeiras não alforriam por compaixão

Outra coisa que combina com a liberdade é a coragem. Pessoas valentes podem ser muito diferentes entre si, mas têm algumas características em comum: não culpam ninguém por seus fracassos, encaram a realidade e batalham por seus sonhos, podendo adiá-los e reinventá-los, sem jamais abandoná-los. Por outro lado, pessoas que se queixam da vida e acusam outras por seus fracassos tendem a fugir da verdade e a se refugiar na ilusão da mentira. Só é livre quem não teme a verdade e sabe conviver com a realidade.

Um caminho seguro para a verdade é a leitura. Ler é uma bússola que nos aponta o Norte. A leitura pode não nos dar liberdade, mas certamente libertará nossa mente. Não somos livres para mudar certas realidades, apenas somos livres para escolher como lidar com elas.

Fonte: encurtador.com.br/cfvET

Nesta gangorra chamada vida, que ora nos leva para cima, mostrando as belezas lá do alto, e ora nos arremessa para baixo, nos ferindo com as pancadas, surgirão bifurcações. O caminho escolhido diante de uma bifurcação é que vai distanciar vitoriosos de perdedores. Perdedores perdem tempo reclamando e vitoriosos ganham tempo agindo.

Mas se a única garantia que vencedores e perdedores têm nesta vida, tão bela e efêmera como a flor de lótus, é a não garantia do minuto seguinte, devemos lutar ferozmente cada segundo vivo para escrevermos a história que sonhamos, porque a verdadeira comunhão com a liberdade é a vida.

Sem vida, não há luta.

Compartilhe este conteúdo:

Marcelo Müller é eleito novo reitor do Ceulp/Ulbra

Compartilhe este conteúdo:

Marcelo Müller esteve na direção da unidade de Guaíba desde 2014

Recentemente o Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp/Ulbra recebeu em suas dependências o atual reitor da instituição, Marcelo Müller. Eleito gestor da unidade por meio de uma decisão da mantenedora Aelbra, ele integra o quadro de colaboradores da Ulbra desde 1995 e atuou, desde 2014, à frente da gestão na unidade de Guaíba (RS). O reitor Adriano Chiarani atua agora como vice-reitor da Ulbra no Rio Grande do Sul.

encurtador.com.br/adhky

O momento de transição ocorreu durante a Semana Pedagógica de 2020, que iniciou no dia 22 e segue até o dia 31 de janeiro. Na ocasião estiveram presentes o reitor Adriano Chiarani, o atual reitor Marcelo Müller, capelão geral da instituição, Heitor Stahnke, a diretora acadêmica, Parcilene Fernandes, diretor administrativo, Enéias Cardoso, professores, coordenadores e funcionários administrativos.

Durante a abertura da Semana Pedagógica o reitor Adriano Chiarani agradeceu a acolhida,  destacou os muitos resultados de excelência do Ceulp, e que estas vitórias se devem ao grande envolvimento da equipe de colaboradores, docentes e acadêmicos. Emocionado, agradeceu pelos anos de convivência e troca de vivências no Tocantins demonstrando muita segurança e serenidade neste processo de mudanças de gestão nas unidades da mantenedora. Em sequência o atual reitor agradeceu aos presentes reafirmando seu compromisso como gestor da unidade.

“Pretendemos dar continuidade à expansão e presença da unidade pela região, auxiliando e fortalecendo ainda mais o trabalho desenvolvido pelos cursos e gestores, seguindo o caminho dedicado do reitor Adriano Chiarani”, enfatiza o novo reitor para o quadriênio 2020/2023, Marcelo Müller.

Segundo o reitor Müller, o Ceulp/Ulbra é uma instituição consolidada no Tocantins e uma referência na Região Norte pela excelência no ensino e proeminente inserção na comunidade. “Acreditamos no potencial e na qualidade que a Ulbra oportuniza à formação profissional com um ingrediente fundamental: a valorização do ser humano”, ressalta. O novo reitor acredita que a universidade como formadora deve preparar profissionais de excelência, mas, acima de tudo, colaborar na formação de ótimos seres humanos, fomentando o pensamento crítico, a postura ética e os bons princípios e valores, alicerçados na fé cristã.

 

Diferenciais

“A meta é continuar ampliando nossas ações junto à comunidade por acreditarmos que são diferenciais de qualidade”, diz Müller. Ele afirma que os vários projetos desenvolvidos pelo Ceulp/Ulbra permitem uma grande oportunidade de crescimento e experiência para a vida profissional dos estudantes, beneficiando pessoas com serviços de excelência. 

O Centro Universitário de Palmas, segundo o reitor, agrega elementos fundamentais a qualquer estudante que deseja sucesso em sua trajetória profissional. “Iniciamos pela marca Ulbra reconhecida nacionalmente como instituição de qualidade. Destacamos aqui o nosso compromisso com a formação acadêmica, sustentada pelo Ensino, Pesquisa e Extensão, que garantem vivência e experiência para a qualificação”, esclarece. 

encurtador.com.br/dginw

O reitor acrescenta que os mais diversos projetos desenvolvidos pela Instituição permitem vivências profissionais extremamente significativas no decorrer de todo o curso, iniciando já nos primeiros semestres. “O resultado não poderia ser diferente: indicadores muito bons perante o MEC e cursos extremamente recomendados na região e no cenário nacional”, afirma. Müller enfatiza que as pessoas que atuam no Ceulp/Ulbra fazem a diferença pela qualificação dos docentes e atendimento diferenciado de todos os colaboradores. 

 

Em Guaíba

Como principais ações e conquistas na unidade de Guaíba, Müller estabeleceu um trabalho de muita parceria com a comunidade acadêmica, docentes e corpo técnico-administrativo. “Transparência, diálogo e proximidade com colaboradores, professores, acadêmicos e comunidade em geral marcaram nossa atuação e acreditamos muito que estes são alguns dos principais itens para o sucesso em uma jornada”, pondera.

Aliado a isto, prossegue o reitor, o trabalho coletivo é fundamental, onde todos fazem a diferença para as melhores práticas e resoluções. “Certamente não faltaram desafios, mas também não faltou empenho em colaborar e compor soluções encaminhando com tranquilidade as situações que surgiram”, conclui. 

 

Formação/atividades profissionais

Graduado em Teologia pelo Seminário Concórdia de São Leopoldo e em Teologia pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra); especialista em Coordenação Pedagógica: Supervisão e Gestão Educacionais e mestrando em Educação, pela Ulbra. No Rio Grande do Sul, atuou como capelão no Colégio Ulbra São João e na antiga Unidade de Ensino Ulbra, em Canoas; na Escola Especial Ulbra Concórdia, em Porto Alegre; na unidade Ulbra em Carazinho; no Colégio Ulbra Martinho Lutero e na unidade Ulbra, em Guaíba. Paralelamente, também atuou no Sicredi como assessor do Programa A União Faz a Vida e no Programa Escola de Fábrica, com vários projetos escola através da Ulbra em Carazinho.

Atenciosamente,

Compartilhe este conteúdo:

O menino que descobriu o vento: uma história real

Compartilhe este conteúdo:

William é um exemplo de jovem que utilizou o conhecimento para possibilitar a melhoria da sua comunidade.

 “O menino que descobriu o vento” é um filme original Netflix, baseado na história real do jovem africano William Kamkwamba. A história retrata a garra de um menino que, através da educação, aprende um método para livrar sua comunidade da fome e da morte.

William (Maxwell Simba) é o filho do meio de Trywell e Agnes, e possui dois irmãos, um bebê e a irmã mais velha. A família mora no país Malawi, numa comunidade pequena, onde o pai é agricultor.

Fonte: https://bit.ly/2Wew1WJ

Para Trywell e Agnes a educação de William é algo muito importante, e sendo assim grande parte da renda que eles obtém através da venda das plantações, é destinada para o pagamento da escola do filho. – Atenção, alerta de spoiler.

Contudo, um período de grande seca atingiu a região de Malawi, fazendo com que as plantações não vingassem, o que acabou por instaurar um período de muita fome e escassez. Esse evento faz com que a família Kamkwamba poupasse todo o dinheiro que pôde, inclusive deixaram de pagar a escola de William, para conseguir sobreviver.

Dessa forma, William é proibido pelo diretor da escola de frequentar as aulas, até quando pudesse pagar novamente. Esse foi um momento extremamente triste para o jovem africano, que via na sua oportunidade de aprendizagem a busca por um futuro melhor para sua casa. Mas William não se deixou abater.

Em um passeio pelo pátio da escola ele observou a bicicleta de um dos professores, e percebeu que ao girar a roda, um aparelho era acionado e este gerava a luz da lanterna da frente. Intrigado, ele perguntou ao professor como funcionava, e o professor explicou sobre o aparelho que se chamava Dínamo, responsável por transformar energia de movimento em energia elétrica.

William então teve uma grande ideia! Ele iria construir algo que pudesse gerar energia para ativar uma bomba d’água que ele havia encontrado no lixão, e com ela, eles poderiam plantar mesmo no período de seca.

O fato de não poder acessar a escola não dificultou a tarefa do jovem, que encontrou um meio de seu professor lhe ajudar a ter acesso à biblioteca. Lá ele encontra um livro de física chamado “Usando a energia”, através do qual num processo de autodidatismo ele aprende sobre moinhos e energia eólica.

Fonte: https://bit.ly/2FmKzOb

Ao saber como construir a ferramenta, William convida seus amigos e constroem um protótipo para teste. O protótipo funciona e ele, animado, vai em busca do pai para mostrar a ele. Porém, para conseguir construir o projeto final ele precisaria da bicicleta do pai, e este ao saber disso, rejeita totalmente a ideia e lhe trata com muita ignorância.

Esse clima de ignorância e instabilidade é totalmente compreensível a partir do momento em que se observam as condições sociais pelas quais todos eles estavam passando. Sem comida suficiente, ainda foram saqueados e, portanto, tinham acesso a apenas uma refeição por dia. De acordo com (GOMES;PEREIRA, 2004, pág 360. apud VICENTE, 1994)

“Em condições sociais de escassez, de privação e de falta de perspectivas, as possibilidades de amar, de construir e de respeitar o outro ficam bastante ameaçadas. Na medida em que a vida à qual está submetido não o trata enquanto homem, suas respostas tendem à rudeza da sua mera defesa da sobrevivência.”

Ao ser desacreditado pelo pai, William adormece a sua ideia e passa ajudar o pai na lavoura. Esse cenário traz a sensação de que nada poderá ser feito e que o destino será a morte. Além disso, o cachorro companheiro de William morre de fome, e ele é obrigado a enterrá-lo sem ao menos poder se lamentar para sua família, devido ao tamanho sofrimento que eles já passavam.

Fonte: https://bit.ly/2JpNABF

Diante de um beco sem saída, Trywell considera a possibilidade de aderir ao plano do filho, e vai até ele na intenção de construírem o moinho. Então, William assume o papel de “esperança da comunidade”, comunidade esta que adere ao projeto e se prontifica a ser mão de obra na construção.

O moinho então é construído com a ajuda de todos e o direcionamento de William. Ao ser finalizado é ligada a bomba d’água e faz o sistema de irrigação funcionar, possibilitando assim a plantação e a colheita, livrando a comunidade da fome e da morte.

Os problemas ambientais em Malawi

Malawi encontra-se numa região da África Subsaariana que não tem acesso à eletricidade, fazendo com que as pessoas dependam de lenha para cozinhar e se aquecer. No entanto, de acordo com depoimento real de William ao Huffpost US (2009), nos últimos anos as florestas foram reduzidas a 80%, já que o desmatamento para venda de madeira e para uso nas empresas de tabaco aumentou.

Esse desmatamento obriga a população a caminhar por horas atrás de lenha. Além de colaborar para o aumento da seca, por reduzir a quantidade de chuvas. Foi nesse cenário que o moinho de William foi construído, chamando a atenção de autoridades que o apoiaram a voltar para a escola, colaborando no seu desenvolvimento escolar, ajudando-o a instalar painéis solares e furar um poço de água potável na sua comunidade.

Fonte: https://bit.ly/2Tfz4fb

Além disso, William criou a fundação  The Moving Windmills Project, uma organização que visa o reflorestamento do distrito e do desenvolvimento de projetos de irrigação para às aldeias do Malawi.

William é um exemplo de jovem que utilizou o conhecimento para possibilitar a melhoria da sua comunidade. Ações como essas nos enchem os olhos, por tornar o conhecimento em atitudes prática, levando melhorias para os menos informados.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

Fonte: https://bit.ly/2W8g9Vv

Título Original: The Boy Who Harnessed The Wind
Direção: 
Chiwetel Ejiofor
Elenco: Maxwell Simba; Chiwetel Ejiofor; Joseph Marcell; Aïssa Maïga. 
Ano: 2019

Drama

REFERÊNCIAS:

GOMES, Mônica Araújo; PEREIRA, Maria Lúcia Duarte. Família em situação de vulnerabilidade social: uma questão de políticas públicas. Ciência e Saúde Coletiva, Ceará, v. 2, n. 10, p.357-373, 25 ago. 2004. Disponível em: <https://www.scielosp.org/pdf/csc/2005.v10n2/357-363>. Acesso em: 18 mar. 2019.

ROSA, Ana Beatriz. O Menino que Descobriu o Vento: Conheça a história real que inspirou o filme. Disponível em: <https://www.huffpostbrasil.com/entry/netflix-o-menino-que-descobriu-o-vento_br_5c882330e4b038892f485674>. Acesso em: 18 mar. 2019.

Compartilhe este conteúdo:

Ascensão feminina e a escada do conhecimento: Simone de Beauvouir

Compartilhe este conteúdo:

Simone de Beauvouir, importante filósofa, escritora, professora, ativista, é uma grande pensadora do século XX, por ter posicionamentos extremamente futuristas e avançados para a mentalidade de sua época vigente (arrisco-me em dizer que os temas considerados por ela, são ainda hoje pesados para boa parte das pessoas). Nascida em Paris em 09 de janeiro de 1908, teve uma família rica, que apesar de vigorosa e tradicional, teve a sorte de ter espaço e possibilidade de estar em uma academia, que se opunha ao comum: era possível dialogar intelectualmente, sem que o sexo fosse um pressuposto.

Diante dessa possibilidade de crescimento, pôde enxergar a sociedade por diversos prismas, resultando em seus livros, pelos quais escrevia com letras grafais para que seus leitores gravassem suas linhas, que apontavam o caminho torto de uma sociedade machista e patriarcal que nela se inscrevia. Colocou-se como voz e tornou-se visível, não só na literatura, mas para toda uma sociedade, e claro, a todos os incomodados com sua visão de mundo; sendo em sua maioria homens, que recusavam-se em sair de suas redomas de pensamento, e suas posições privilegiadas para olhar para baixo, e assim, enxergar ‘o lugar das mulheres’.

Suas obras de cunho social são até hoje de grande respaldo positivo por ter grande embasamento teórico em temas que abrangem liberdade e igualdade de gênero, sendo assim, ela continua sendo um marco para o crescimento do feminismo. Mas nem sempre foi assim, suas escritas pareciam amargas para a sociedade que naturalizava adoçavam a condição feminina. Trouxe então à tona o desconforto de suas críticas, que mostravam a partir de livros como “O segundo sexo” a posição secundária da mulher diante da humanidade.

Em uma entrevista dada na televisão “Questionnaire” um programa de Jean-Louis Servan- Shchreiber, ela diz que causou grande escândalo intelectual. Relata que a reação a sua obra na França foi de grande fúria, homens completamente “azedados”; até mesmo aqueles que imaginava serem liberais, de esquerda e igualitários. O motivo, segunda ela, é o fato de que o livro questionava a supremacia masculina. Tais diziam que sua obra os ridicularizavam. Em geral, mulheres receberam bem, não de imediato, mas aos poucos o sentido do livro foi aprofundado, e por conseguinte, aceito e acolhido, recebendo de suas leitoras confidências sobre reflexões diante de suas próprias realidades.

Para compreender o pensamento de Beauvouir, é importante saber que sua linha de pensamento também se baseia no existencialismo de Satre, com quem estabeleceu uma relação afetiva até sua morte. De forma simplista, podemos dizer que esse viés ideológico não acredita na existência de uma essência inicial, e sim de uma construção. Defendendo o fato de que as coisas estão em constante movimento, nunca são, sempre estão. O homem criando-se, a partir do que ele tem como repertório, inventa-se, e depois disso, cria sua essência. Produzir-se como ser, é de fato uma ideia angustiante, pois dá a responsabilidade das escolhas, dos valores, objetivos (…) logo, a liberdade é uma angústia.

Dentro desse gancho, vem parte do posicionamento da obra “O segundo sexo”, divido em dois volumes, o primeiro chamado: fatos e mitos. Que procura desmistificar a essência feminina trazida para a situação de subordinação em que se encontram. Já no segundo, denominado: Experiência vivida; relata as experiências das mulheres, mostrando a construção/condição juntamente as motivações arreigadas para que fossem construídas de tal maneira. Além disso, traz questionamentos importantíssimos como “O que é feminilidade? O que é ser mulher?”, dentre outros pontos, mas claro, não menos importantes.

Voltando ao programa de TV mencionado, o entrevistador pede para que ela explique uma de suas frases famosas e impactantes: “Ninguém nasce mulher, torna-se”. Ela responde com excelência, da seguinte forma:

“É que ser mulher não é um dado natural, mas um resultado de uma história. Não há um destino biológico ou psicológico que defina a mulher como tal. Foi a história quem a fez… primeiro a história da civilização… que resultou em seu status atual. E depois, por cada mulher em particular, foi a história de sua vida, em especial de sua infância quem a determinou como mulher, e que criou nela algo que não é um dado, uma essência, mas que cria nela o chamado “eterno feminino”, feminilidade. E quanto mais se aprofundam estudos de psicologia infantil, mais ficamos sensíveis, mais vemos com obviedade que o bebê feminino é fabricado para se tornar mulher”.

Uma de suas importantes citações, que ela julga ser de importância, é o livro da escritora italiana, Elena Belotti, “Do lado das Meninas”, que diz demonstrar o fato de que, bem antes da criança ser consciente os pais a inscrevem em seus corpos, de tal modo que mais tarde pode parecer destino sua resultante, quando na verdade, foi um molde desde de seu princípio.

É possível ver a importância, que essa grande mulher, Beauvouir nos trouxe. Aprimorando nossos horizontes ao que compreendemos como “natural”, e buscando assim um embasamento lógico, que nos faz questionar “por qual motivo somos assim? Porque agimos como agimos? ”. Entender a base de nossos ímpetos é um assunto que engloba indispensavelmente a psicologia, possibilitando um entendimento profundo da maneira como nos inserimos como ser humano, em especial, como mulher. De fato, é tentador não procurar descobrir-se a partir de suas obras, e por fim, perceber a qual forma fomos encaminhadas assim que nos entendemos como do sexo feminino, e todas as coisas que veem juntas ao rótulo de ser.

Simone morreu dia 14 de abril de 1986, entretanto suas obras são a base para a luta por igualdade, e liberdade. Suas ideias são um legado imortal e atemporal para as inúmeras injustiças que ainda acometem nossa sociedade para com todas as mulheres. Suas obras marcam até hoje a luta e resistência feminina.

 

Referências:

Entrevista com Simone(1975): https://www.youtube.com/watch?v=J-F2bwGtsMM&t=6s

Explicação sobre suas obras: https://www.youtube.com/watch?v=zhaq6AqeS_o&t=940s

Compartilhe este conteúdo:

Acadêmicos tem capacitação a partir do Trilhas Psi 2018

Compartilhe este conteúdo:

Todas as disciplinas do curso de Psicologia do ceulp/ulbra serão envolvidas na ação

Em virtude da multiplicidade de conteúdos abordados no curso de Psicologia e da necessidade de retomá-los constantemente para o aprimoramento da prática profissional, o colegiado do curso – sob a coordenação das professoras Dra. Irenides Teixeira e Me. Cristina Filipakis – resolveu oportunizar aos acadêmicos contextos para (re)pensarem os temas vivenciados nas disciplinas ao longo da graduação. Surge então o Trilhas Psi 2018, evento que ocorre de 05 a 10 de novembro e que pretende incentivar a autonomia dos acadêmicos, revisar conteúdos, bem como auxiliar na tomada de decisão com relação à carreira profissional. Tudo isso a partir de um grande movimento que o curso irá fazer tendo em vista a capacitação dos psicólogos em formação.

Programação referente ao dia 05 de novembro

Trata-se de projeto que visa proporcionar aprendizagem em relação aos conteúdos da graduação em Psicologia a partir de metodologias alternativas. Os professores de cada disciplina organizarão aulas que contextualizem os conteúdos abordados ao longo do semestre, utilizando-se de recursos metodológicos variados. Será oferecido aos acadêmicos a oportunidade de escolher quais trilhas de aprendizagem irão seguir, de modo que eles tanto poderão permanecer nas disciplinas nas quais estão matriculados quanto poderão se direcionar às demais. A carga horária total é de 12 a 30 horas, a depender de quantas oficinas o acadêmico participar.

De acordo com a coordenadora Profa. Dra. Irenides Teixeira, ‘além de oportunizar aos acadêmicos uma imersão nos conteúdos abordados no curso de Psicologia, o Trilhas Psi pretende se consolidar com um evento fixo para o segundo semestre letivo, bem como propiciar aos acadêmicos de início de curso uma visão dos conteúdos ofertados, e aos acadêmicos de final de curso auxiliar na tomada de decisão em relação à carreira profissional’.

Para participar, os acadêmicos devem se inscrever nas intervenções cadastradas – em torno de 40 -, de acordo com os dias e horários em que estão cadastrados. Eventuais dúvidas podem ser dirimidas diretamente com os professores, ou na coordenação do curso – prédio 2 do Ceulp/Ulbra.

Compartilhe este conteúdo: