O minicurso “A importância de grupos de orientação familiar para usuários de álcool e outras drogas” acontecerá no dia 04 de novembro, será online via Google Meet no horário de 9h às 12h, na sala poderá ter até 100 participantes onde a convidada Maísa Carvalho Moreira irá compartilhar com os telespectadores a sua experiência com as famílias e os usuários de álcool e outras drogas, irá comentar também como funciona a mediação entre sujeito e a família e qual o objetivo e a importância da família no tratamento.
Existem fatores que contribuem para o uso de álcool e outras drogas, os gatilhos acionam comportamentos que levam o usuário a recair e ir em busca da substância de sua preferência. A dependência é uma patologia, não muito bem esclarecida para a sociedade que ainda fortalece o discurso onde o usuário pode sim escolher e manter a escolha de não usar. Ao ser marginalizado pela família e pela sociedade, o sujeito se afasta cada vez mais do tratamento.
O CAPS – AD é uma instituição que acolhe todos os usuários que recorrem ao serviço. Por ser um local onde é de acesso a toda comunidade, além de atender os profissionais desenvolvem meios que informam a comunidade sobre o tema drogas e o que acarreta, fornecem novos meios e ferramentas para que o sujeito resgate sua autonomia. Tanto a comunidade quanto a família são catalisadores para que exista qualidade de vida para o usuário de álcool e outras drogas.
A rede de apoio é fundamental para que sejam percebidos os gatilhos que levam ao consumo maléfico de drogas em geral. A família também está adoecida e a ausência de conhecimento das formas que engatilham o usuário acaba mantendo todos os membros envolvidos adoecidos, vivendo em um sistema onde a melhora se torna ainda mais difícil. A interação desses membros promove qualidade de vida para o usuário.
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Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo: aumento no consumo durante a pandemia reforça importância da data
10 de fevereiro de 2021 CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
Mural
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Em 20 de fevereiro, o país chama a atenção para as consequências geradas pelo uso excessivo dessas substâncias
Ao longo dos últimos meses, pesquisas confirmaram o aumento no consumo de álcool e drogas provocado pelo isolamento social, durante a pandemia de Covid-19. Estudo da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), por exemplo, reportou que 35% dos entrevistados com idades entre 30 e 39 anos relataram ter ampliado o número de ocasiões em que consumiram mais de cinco doses de álcool. Como resultado, a OMS (Organização Mundial da Saúde) chegou a recomendar que os países limitassem a venda de bebidas alcoólicas no período. Nesse sentido, ganha ainda mais importância a data de 20 de fevereiro, considerada o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo.
“Uma campanha deste tipo chama a atenção para uma problemática recorrente, que nos acompanha todos os dias”, avalia Guilherme Campanhã, psicólogo do CAPS AD (Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas) Jardim Ângela, gerenciado pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Prefeitura Municipal de São Paulo.
“Poder dedicar um dia para falar especificamente sobre as drogas possibilita repensar nossa relação com as substâncias psicoativas e promover maior consciência no papel que elas ocupam na vida de todos”, completa.
Em seu atendimento clínico diário, o psicólogo também observou um agravamento no quadro de usuários de álcool e drogas. De acordo com o profissional, esse aumento no consumo ocorre principalmente em uma tentativa de “suportar” as incertezas e transformações trazidas pela pandemia.
“Ocorre que, muitas vezes, o caminho conhecido para lidar com angústias é justamente o uso abusivo destas substâncias. Construir novas formas de elaborar e encarar as dificuldades é o que permite a ressignificação do papel das substâncias na realidade destes usuários”, afirma.
Para auxiliar a população neste momento difícil, São Paulo disponibiliza o atendimento através dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e das Unidades Básicas de Saúde (UBS). A rede municipal conta, atualmente, com 95 CAPS, sendo 31 deles sobre Álcool e Drogas (AD), 32 Infanto-juvenis e 32 Adultos.
No entanto, ainda assim, é preciso ampliar o debate sobre o assunto. “Ainda que, hoje em dia, a questão das drogas seja discutida mais abertamente, temos muito o que avançar. Se por um lado os adolescentes têm mais acesso à informação, por outro as dificuldades econômicas, sociais e a falta de perspectivas empurram os jovens para um consumo cada vez maior das substâncias”, avalia.
Atenção com familiares
No processo de atendimento, acolhimento e tratamento dos dependentes químicos é muito importante que a família esteja envolvida em uma rede de proteção. Muitas vezes cabe aos próprios familiares perceberem os sinais que indicam uma possível dependência, como mudanças bruscas no padrão do humor, dificuldades em manter uma rotina e sustentar as relações.
“Precisamos encarar a dependência química de forma aberta e sem preconceitos. Os familiares podem sempre buscar ajuda e orientações nos equipamentos de saúde, em especial os CAPS, que mantêm plantão de acolhimento ‘porta aberta’, sem necessidade de encaminhamento prévio. É importante ressaltar que, ainda que o paciente apresente resistência em se tratar, os CAPS estão aptos a acolher e atender os familiares”, explica o psicólogo.
“A melhor forma de ajudar uma pessoa nesta situação é não julgá-la, colocando-se ‘ao lado dela’. Ocorre que muitas famílias ainda enxergam a dependência química como um desvio de caráter e não como uma doença e isso, certamente, dificulta o processo de aceitação e o próprio tratamento em si”, completa.
Principalmente em relação ao álcool, os familiares podem avaliar se o consumo deixou de ser eventual para se tornar um hábito, a partir da frequência e da quantidade ingerida. “De forma geral, quando o uso de determinada substância começa a se sobressair em detrimento da rotina de vida da pessoa, além do surgimento de conflitos e prejuízos nas mais diversas áreas da vida, é preciso acender o sinal de alerta e buscar ajuda profissional”, conclui Guilherme Campanhã.
O psicólogo e redutor de danos (no contexto de uso de drogas) Bruno Logan Azevedo esteve no final de 2016 com os acadêmicos de Psicologia do Ceulp/Ulbra para compartilhar parte de um trabalho que vem ganhando grande projeção pelo Brasil. Bruno mantém um canal no youtube chamado “RD com Logan”, que dispõe de mais de 4 mil inscritos e uma dezena de vídeos cujo objetivo é discutir o uso de drogas, através da ótica da Redução de Danos.
Na descrição do canal, Logan explica que o espaço é para falar sobre diversas substâncias, seu uso, cultura, sobre os efeitos esperados, adversos, dosagens e o acúmulo das estratégias que a Redução de Danos possui sobre cada substância, dentre outras coisas. “A ideia é trazer informações de forma clara, simples e sem tabu, para os usuários e profissionais que atuam de forma direta e indireta com esta temática e pessoas que tenham interesse de ter mais informações sobre o assunto”, comenta o psicólogo.
Abaixo, confira uma rápida entrevista concedida por Bruno Logan ao portal (En)Cena.
(En)Cena – Como se deu o seu envolvimento com a Redução de Danos?
Bruno Logan – Minha relação com a RD se deu através da minha militância sobre uma mudança da lei de drogas no Brasil, para além de achar que nossa atual lei de drogas é ruim, me surgiu uma questão: “como os usuários de drogas são tratados?”. E aí que a RD me aparece, trazendo algumas respostas e muitas perguntas.
(En)Cena – O que te levou a fazer o canal no Youtube sobre Redução de Danos?
Bruno Logan – Criei um aplicativo de celular para usuários de drogas e por conta da falta de dinheiro para manter este aplicativo no ar, pensei em alguma outra plataforma que pudesse transferir as informações do App sem ter que pagar nada. Eu acompanhava muito um canal chamado “Mundo Molusco”, e aí veio a ideia de fazer o canal do YouTube.
(En)Cena – Qual o público almejado com o canal RD com Logan?
Bruno Logan – Prioritariamente os usuários de drogas. Mas, não tenho dúvidas, com o canal muitos profissionais que atuam de forma direta e indireta com as questões das drogas, assistem e me trazem bastantes feedbacks interessantes.
(En)Cena – Qual a importância de levar a Redução de Danos para o contexto da internet?
Bruno Logan – Na verdade, eu tenho dúvidas se faço Redução de Danos na internet, pois, para se fazer Redução de Danos é preciso estar junto com o usuário e criar vínculos, para que as estratégias façam sentido para o usuário, e é impossível fazer isso pela internet. Por outro lado, percebo o quanto este canal pode servir como uma ponte, na qual este acúmulo de informações obtidas com os usuários, pode ser transmitido por este canal, podendo fazer sentido ou não, para outros usuários, e isso é bem interessante.
(En)Cena – Como a RD se articula com a luta pela descriminalização e legalização das drogas? E como isso contribui para a qualidade de vida e autonomia do usuário?
Bruno Logan – No meu 7º vídeo falo sobre isso. A ideia de existir um controle do Estado sobre todas as drogas, faz com que os danos associados com o uso de drogas, por si só, contribua para a melhoria da qualidade de vida do usuário. Pois, ao consumir a substancia, o mesmo saberá exatamente o que esta consumindo, outra questão é que o usuário rompe com o comercio ilegal de drogas e com a violência que esta associada a este comércio.
(En)Cena – Você acredita que os avanços do conservadorismo na política brasileira colocam a Redução de Danos em risco?
Bruno Logan – Eu não acredito que exista um avanço no conservadorismo na política brasileira A meu ver, ela é a mesma desde a época da Ditadura Militar. A Redução de Danos vem sobrevivendo a isto há anos, não por conta de políticas públicas, mas por conta de pessoas que acreditam neste modelo e fazem esta discussão politicamente e em suas atuações. Temos muito que discutir e cobrar estas políticas públicas, porque a RD está prevista por lei, não é um favor.