Caos 2022 promove minicurso com o tema “Desigualdade de Gênero e o Empreendedorismo feminino: Uma discussão Atual”

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Nesta quarta-feira, 23, aconteceu o minicurso com o tema: “Desigualdade de Gênero e o Empreendedorismo Feminino: Uma Discussão Atual” como parte da programação do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia 2022 (CAOS), nas dependências do CEULP/ULBRA.

O evento foi ministrado pela psicóloga Almerinda Maria Skeff Cunha, egressa do Ceulp/Ulbra, psicóloga clínica, Mestre em Comunicação e Sociedade (UFT), Especialista em Gestão de Pessoas (UFT), Psicóloga credenciada ao GGEM – Tribunal de Justiça do Tocantins.

Após se apresentar, Almerinda iniciou o minicurso falando que o tema veio ao encontro de sua pesquisa para a tese de doutorado. Falou também sobre os principais fatos históricos que contribuíram para a entrada da mulher no mundo dos negócios, empreendedorismos feminino, desafios, barreiras e curiosidades sobre mulheres empreendedoras.

Fonte: Arquivo Pessoal

Em se tratando da mulher no mundo dos negócios, ela tende a desempenhar dupla e até tripla jornada de trabalho, este acúmulo se mostra como um elemento de tensão, e que mesmo ela tendo cada vez mais conquistado espaço no mercado de trabalho ainda há desigualdade de gênero.

A ação de empreender visa sobretudo a capacidade que o sujeito tem de transformar uma ideia em realidade, sobretudo de participar da criação de um negócio. A Organização das Nações Unidas (ONU) desde 2014 intitulou o dia 19 de novembro como o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino a fim de evidenciar e valorizar as mulheres que atuam enquanto protagonistas campo empresarial e uma curiosidade relevante é que aqui no Tocantins a Deputada Estadual Valderez Castelo, por meio de um projeto de lei, instituiu o “Dia da Mulher Empreendedora Tocantinense” e foi instituído também no mesmo mês 19 de novembro de 2020 (Site oficial da Assembleia Legislativa do Tocantins 2020).

Fonte: Arquivo Pessoal

Ao final a ministrante Almerinda pontuou “acredito que a temática apresentada aqui, ela se faz atual para que a gente possa no meio acadêmico desenvolver debates e análises críticas acerca do lugar da Mulher no mundo atual”

Referência

https://sapl.al.to.leg.br/media/sapl/public/materialegislativa/2020/1843/dia_da_mulher_empreendedora_tocantinense.pdf

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Caos 2022 promove minicurso com o tema “Desigualdade de Gênero e o Empreendedorismo feminino”

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Nesta terça-feira, 22, acontecerá o minicurso “Desigualdade de Gênero e o Empreendedorismo Feminino: Uma Discussão Atual” como parte da programação do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia 2022 (CAOS 2022). O evento será ministrado pela psicóloga Almerinda Maria Skeff Cunha, egressa do Ceulp/Ulbra, psicóloga clínica, Mestre em Comunicação e Sociedade (UFT), Especialista em Gestão de Pessoas (UFT), Psicóloga credenciada ao GGEM – Tribunal de Justiça do Tocantins.

O empreendedorismo feminino é um tema cada vez mais relevante socialmente. Apesar de ainda enfrentar resistências, a mulher reconfigura sua posição no âmbito familiar e não tem poupado esforços para ter mais autonomia no mercado de trabalho como para tomar decisões em sua vida.

Uma das principais razões para que a mulher venha a ter o próprio negócio é a flexibilidade de horários, pois ela acredita que, sendo dona da própria empresa, poderá compatibilizar trabalho e família (Gomes & Santana, 2004, p. 5). O que ocorre, porém, é que são raras as empreendedoras, em particular as pequenas empreendedoras, que têm a fronteira entre o trabalho e a vida pessoal, ou a vida em família, bem-definida. 

O minicurso ocorrerá às 9 horas da manhã na sala 409A, nas dependências do Ceulp/Ulbra. Para inscrições e maiores informações acesse  o link https://www.ulbra-to.br/caos.

Referência

GOMES, A. F., & Santana, W. G. P. (2004). As habilidades de relacionamento interpessoal de mulheres que trabalham por conta própria: o caso de Vitória da Conquista-BA. In: Anais do Seminário de Administração (Semead), São Paulo, SP, Brasil, 7.

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CAOS 2022 – Desigualdade de gênero e o empreendedorismo feminino: uma discussão atual

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O CAOS/2022, que iniciará em 21/11/2022, abordará diversos temas relevantes para o mundo acadêmico e profissional, dentre eles está a Desigualdade de gênero e o empreendedorismo feminino: uma discussão atual. Em um mundo que ainda encontra sinais fortes da pandemia do Coronavírus, a desigualdade de gênero se tornou mais acentuada na maioria dos empregos convencionais, sendo tópico de diversos debates e propostas políticas para sanar tal situação.

Ainda que a sociedade tenha tido grandes avanços sociais e tecnológicos, persistem em suas entranhas os males da depreciação da capacidade laborativa feminina, impondo-lhe um grau de recompensa inferior aos homens em áreas de atuação comum.

Lidar com a desigualdade sofrida pelas mulheres, tanto no âmbito social quanto profissional, é um passo extremamente importante para alcançar uma sociedade cristalinamente democrática.

Assim como a recompensa produtiva das mulheres é inferior nos empregos convencionais, há nítida dificuldade de valorização feminina no âmbito empreendedor. Em alguns casos, existe um grande apelo sexista, o que busca objetificar o feminino para satisfação de interesses masculinos.

Empreender, de modo geral, é uma tarefa árdua, contudo, se torna mais intensa para as empreendedoras femininas que buscam levar seu produto sem um apelo sexual produtivo, seja entre seus pares ou pelos próprios clientes. Caso não entre em segmentos totalmente voltados para o público feminino, haverá sempre este percalço na vida das mulheres que buscam manter a própria subsistência.

Fonte: l1nq.com/AbqFt

A conscientização desta diferença e valorização técnica tem sido pauta de diversas searas sociais e políticas, buscar igualdade da forma adequada é o caminho mais certeiro para a aceitação da população e a respectiva compensação remuneratória.

REFERÊNCIAS

BICALHO, Pedro Paulo Gastalho de; KASTRUP, Virginia; e, REISHOFFER, Jefferson Cruz. Psicologia e segurança pública: invenção de outras máquinas de guerra. Psicologia & Sociedade [online]. 2012, v. 24, n. 1 [Acessado 18 Novembro 2022] , pp. 56-65. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-71822012000100007>. Epub 24 Abr 2012. ISSN 1807-0310. https://doi.org/10.1590/S0102-71822012000100007.

BRITO, Divino Pereira de; e, GOULART, Iris B. Avaliação psicológica e prognóstico de comportamento desviante numa corporação militar. Psico-USF [online]. 2005, v. 10, n. 2 [Acessado 18 Novembro 2022], pp. 149-160. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1413-82712005000200006>. Epub 20 Out 2011. ISSN 2175-3563. https://doi.org/10.1590/S1413-82712005000200006.

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Desigualdade de gênero e mercado de trabalho

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Ao se examinar a sociedade atual e seus desdobramentos sobre a questão de gênero  no trabalho, faz-se fundamental revisitar a história e refletir sobre suas reverberações e influências nos dias atuais. A este respeito, no livro “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”, Friedrich Engels explana sobre os processos históricos que influenciaram o lugar da mulher na sociedade a partir do início da civilização. Neste processo, nas tribos, os homens eram responsáveis pela caça, pesca e busca de matérias primas para alimentação, sendo assim encarregados de produzir os materiais necessários para esse fim. Já as mulheres, tinham como função a confecção das roupas, dos afazeres domésticos e preparo da comida. Aqui, tanto os homens quanto as mulheres eram proprietários dos artefatos que produziam e usavam para as atividades que eram incumbidos.

Com o passar do tempo, as tribos foram encontrando novas maneiras de se organizar, como a domesticação de animais, onde se utilizava do leite, da pele e da carne para alimentação, assim como mais tarde as plantações de cereais, que serviam não só para consumo próprio mas para trocas, consolidando a comercialização entre as tribos da época. Logo, os rebanhos e plantações passaram a não ser mais propriedades conjuntas da tribo, mas patrimônio dos chefes de família já que eram eles quem cuidavam dos gados e plantações, a mulher, no entanto, não tinha mais participação na propriedade, apenas no consumo, mesmo ainda sendo responsável pelas tarefas domésticas “o trabalho doméstico da mulher perdia agora sua importância, comparado com o trabalho produtivo do homem; este trabalho passou a ser tudo; aquele, uma insignificante contribuição” (ENGELS, 1984, p. 182).

Para que possamos compreender a presença da segregação de gênero no âmbito do trabalho atual, é preciso analisar tais aspectos sociais e culturais. Embora a estrutura ocupacional com o passar do tempo tenha apontado um avanço no que se refere às taxas de desemprego, renda e formalização das trabalhadoras, a segregação de gênero ainda é presente nos dias atuais, demonstrando sua ligação com a construção social de gênero que atribuía às mulheres apenas a reprodução, consequentemente as destinavam a responsabilidade pelas tarefas domésticas e o cuidado aos filhos, e ao homem era designado o papel de provedor do lar.

Evidenciando as atribuições designadas aos gêneros socialmente, Leite (2017, p. 51) evidencia que

Os papéis tradicionais de gênero foram socialmente construídos. De acordo com eles, os homens deveriam desempenhar o papel de “provedor”, responsável pelo trabalho produtivo, cujo salário deveria ser suficiente para o sustento da família. À mulher foi atribuído o papel de “cuidadora”, que deveria assumir responsabilidades familiares, sem remuneração. Essa ideia foi construída de acordo com a noção de que o exercício das responsabilidades familiares – cuidar de filhos/as e realizar tarefas domésticas – estaria relacionado a aptidões femininas tidas como “naturais”. Seguindo essa lógica, o mercado de trabalho foi estruturado para os homens, percebidos como trabalhadores que não precisavam se preocupar com responsabilidades familiares e, por isso, estavam totalmente disponíveis para o trabalho.

Fonte: encurtador.com.br/rwGWZ

 

MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO

A entrada das mulheres brancas no sistema econômico se deu a partir do mercado matrimonial, onde a moeda que fazia o sistema girar era a da “beleza”. Assim que a estrutura social percebeu a exigência dessas mulheres em ter acesso ao poder, ela se reconfigurou usando esse mesmo artifício – o mito da beleza – para barrar o progressos das mesmas (WOLF, 2020).  Conforme as mulheres tentavam driblar o sistema patriarcal que as impediam de avançar profissionalmente, mais ele encontrava novas maneiras de sabotar todo e qualquer tipo de vislumbre de uma atuação no mercado de trabalho que não mais fosse ligada a aspectos relacionados a beleza.

Com a mobilização dos movimentos feministas, que obtiveram maior força a partir da década de 70, as mulheres brancas começaram a conquistar lentamente acesso à educação, bem como outras áreas de atuação e ao mercado de trabalho. Embora seja considerada uma conquista tardia o movimento propiciou a inserção das mulheres nos espaços sociais que, no futuro, proporcionou a promulgação de leis que deveriam garantir amparo no âmbito do trabalho (VIEIRA, 2017). Apesar dos obstáculos, nota-se que a incorporação e permanência das mulheres  no mercado de trabalho tem se expandido, resultando na ocupação de espaços antes preenchidos, majoritariamente, pela população masculina. No entanto, mesmo com essas conquistas as mulheres ainda não estão em pé de igualdade em relação aos homens, seja no mercado de trabalho ou em qualquer esfera da vida.

No Brasil, durante as décadas de 70 e 80, as atividades domésticas – predominantemente exercidas por mulheres – não eram contabilizadas nos levantamentos censitários e domiciliares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quem se classificava nesta área era colocado no levantamento da População Economicamente Inativa (PEI), ou seja, o tempo dedicado à essas atividades não era considerado como um trabalho não remunerado e sim como uma inatividade. Porém, no decorrer dos estudos, percebeu-se que esses afazeres requerem tempo e energia para não serem classificado como um trabalho (BRUSCHINI, 2007 apud CANABARRO; SALVAGNI, 2015).

Fonte: encurtador.com.br/htFOX

LUGAR DE MULHER, É ONDE ELA QUISER!

O IBGE (2018) em recente pesquisa sobre estatísticas de gênero e indicadores sociais de mulheres no Brasil, apontou que, na faixa etária de 25 a 44 anos de idade, a porcentagem de homens que completaram o ensino superior é de apenas 15,6% enquanto o de mulheres é 21,5%, com indicador de 37,9% superior aos homens. Em contrapartida, o mesmo estudo demonstra que a presença de mulheres nos campos cívico e político assumindo posições de liderança tanto público como privado são baixas.

Ainda sobre a pesquisa do IBGE, observa-se que, em 2017, no Brasil, o percentual de cargos na câmara dos deputados ou no parlamento ocupado por mulheres eram de apenas 10,5% enquanto no mundo as mulheres ocupavam 23,6%. Já nos cargos efetivos ativos da polícia militar e civil brasileira, cargo este tradicionalmente ocupados por homens, a porcentagem é de 13,4%. Há uma ocupação maior das mulheres na polícia civil devido o Art. 10-A da Lei n. 11.340, de 07.08.2006 que dispõe sobre o direito da mulher que se encontra em situação de violência de ser atendida, preferencialmente, por policiais do sexo feminino. Nos cargos gerenciais no ano de 2016 apenas 39,1% eram ocupados por mulheres enquanto 60,9% eram ocupados por homens.

Os estudos acerca do mercado de trabalho apresentam que profissões e ocupações específicas apontam uma destinação de gênero, concernente aos pressupostos culturais, a relação disso se dá pelas atribuições designadas ao homem e a mulher. De maneira que as escolhas aos cursos profissionalizantes, tanto técnico quanto superior, demonstram a ligação com essas definições sociais, tendo em vista que as áreas relacionadas ao lar e de cuidados são reservadas às mulheres e aos homens são áreas relativas à construção, administração, setores agrícolas, industriais, dentre outras (VIEIRA, 2017).

As mulheres que ousam assumir profissões tradicionalmente consideradas masculinas além da tripla jornada de trabalho, também carregam o peso da discriminação, da sexualização e do machismo.  Um exemplo muito contundente é o de mulheres que trabalham como operadoras de empresas de petróleo, que relatam que elas é que devem  se adaptar ao contexto do grupo de trabalho masculino e não o grupo a elas, desenvolvendo maneiras de adaptação como disfarçar não ouvir comentários que as constrangem, como consta da  pesquisa de dissertação de Perrelli (2005).

Fonte: encurtador.com.br/oqsR1

RELAÇÃO FAMÍLIA-TRABALHO NO ATUAL CONTEXTO DAS MULHERES

Todos esses estereótipos e padrões ditados ao gênero feminino e a maior inserção das mulheres no mercado de trabalho geram mais cobranças e pressões dentro do âmbito familiar. Pois as mulheres se veem em um processo de intensificação do trabalho e de naturalização da exacerbada quantidade de responsabilidades atribuídas à elas, visto que sua jornada de trabalho acaba se duplicando ou até mesmo triplicando. Assim como explana Ladeira (2000) quando a mulher assume responsabilidades de cunho extra-familiar a intensificação do trabalho vem como consequência certa, por conta da prescrição social de papéis sexistas no quais, esperam que as mulheres sejam as principais responsáveis pelo cuidado familiar e doméstico.

Em relação ao contexto familiar e doméstico verifica-se na contemporaneidade que as configurações familiares sofreram mudanças, e muitas famílias passaram a ser chefiadas e sustentadas por mulheres. Dentro disso, estas lidam com pressões tanto internas quanto externas em relação ao seu papel na família, que partem da comparação destas com mulheres donas de casa, nas quais, geralmente, têm mais tempo de acompanhar o processo de aprendizagem e escolarização dos filhos. No tocante à isso, estudos mostram que as mulheres nas quais trabalham fora de casa, sentem que estão negligenciando os filhos mais do que as mulheres nas quais permanecem trabalhando em casa (BARHAM; VANALLI, 2012).

Atualmente as mulheres têm mais condições de passarem maior parte do dia trabalhando, com isso, os filhos são inseridos nas creches/escolas desde muito novos, e/ou são cuidados por babás ou um membro da família disponível (ARAUJO; POLSIN, 2017). Em relação à isso, as mulheres que trabalham fora do lar também se culpabilizam mais pelas crises no casamento, pelo fato de não estarem tanto tempo se dedicando aos cuidados dos filhos e aos afazeres domésticos, do que as mulheres que trabalham em casa. Também ocorre de críticas externas quanto às mulheres que terceirizam o cuidado com os filhos, nas quais são acusadas de serem as responsáveis quanto a danificação da qualidade de convivência familiar (BAHRAM; VANALLI, 2012).

Sendo assim, apesar da maior abertura da participação da mulher no mercado de trabalho, ainda é visível que a desigualdade de gênero influencia na dupla ou tripla jornada laborativa e na culpabilização e pressão quanto às responsabilidades familiares impostas ao gênero feminino.

Fonte: encurtador.com.br/PRUY9

CONCLUSÃO

A segregação de gênero na esfera do trabalho ainda é presente na atualidade, sendo possível identificar sua relação com a construção social de gênero. Embora com os movimentos feministas que propiciaram um avanço no que se refere à inserção e permanência das mulheres no trabalho, estas ainda não estão em nível de igualdade em relação aos homens.

As escolhas relativas aos cursos profissionalizantes reforçam a ligação com os pressupostos culturais, tendo em vista que há cursos que são reservados às mulheres e aos homens, trazendo uma destinação sexista. As questões sociais apesar de estarem em constante modificações ainda impactam negativamente nesse aspecto da vida da mulher.

As mulheres que assumem profissões consideradas masculinas tem como consequência a tripla jornada, discriminação, sexualização e machismo. O que intensifica a jornada não só no ambiente de trabalho remunerado como também o ambiente intra-familiar, estando estas mais propensas a chegar a exaustão psicológica e física.

O trabalho afeta diretamente as relações familiares, uma vez que os indivíduos não podem ser compreendidos independentemente de suas relações, portanto, afetam e são afetados dentro de todos os contextos nos quais estão inseridos. O fato das mulheres estarem inseridas em um processo de intensificação do trabalho e de naturalização da grande quantidade de responsabilidades que lhes são atribuídas, prolongam sua jornada de trabalho, o que acaba a reduzir o tempo de convivência familiar. Nisso, o risco para a conjugalidade e parentalidade podem ser considerados uma vez que, quanto maior o conflito em uma vida conjugal, menor a satisfação e os membros irão vivenciar menor proximidade afetiva.

Por fim, foi possível analisar que as mulheres estudam mais, trabalham mais e mesmo assim ainda não atingiram um patamar de igualdade entre os gêneros, além de sofrerem mais com pressões psicológicas dentro do contexto familiar. O movimento feminista luta diariamente para a desconstrução de papéis limitantes atribuídos às mulheres e na busca de direitos iguais em todo e qualquer contexto entre os gêneros.

REFERÊNCIAS

ARAUJO, Tatiane; POLSIN, Fernanda. Relação entre a interação familiar e a qualidade de vida no trabalho como provedora da satisfação para o colaborador. Brasília, v. 7, n. 2, ed. 1, p. 17-30, Jan./dez. 2017. DOI https://doi.org/10.5102/un.gti.v7i1.3550. Disponível em: https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/gti/article/view/3550. Acesso em: 12 set. 2020.

BARHAM, Dra. Elizabeth Joan; VANALLI, Ana Carolina Gravena. Trabalho e família: perspectivas teóricas e desafios atuais. Rev. Psicol., Organ. Trab.,  Florianópolis ,  v. 12, n. 1, p. 47-59, abr.  2012 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-66572012000100005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em  19  set.  2020.

ENGELS, Friedrich. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado: trabalho relacionado com as investigações de l. h. morgan. 9. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984. 215 p.

(IBGE) INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA: Estatísticas de gênero : indicadores sociais  das mulheres no Brasil. Rio de Janeiro ,2018. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2101551.> Acesso em 18 set. 2020.

LADEIRA, Kátia de Freitas. Dupla jornada da mulher e qualidade de vida: a influência do nível socioeconômico nas estratégias de conciliação entre o tempo laboral e o tempo familiar, 20 de Setembro de 2000. Disponível em: https://www.locus.ufv.br/handle/123456789/10745. Acesso em: 19 set. 2020.

LEITE, Marcia. Gênero e Trabalho no Brasil: Os Desafios da Desigualdade. N° 8. ed. [S. l.]: REVISTA CIÊNCIAS DO TRABALHO, Agosto de 2017. 45 – 60 p. Disponível em: https://rct.dieese.org.br/index.php/rct/article/view/144/pdf. Acesso em: 14 set. 2020.

PERRELLI, Marly Terezinha. MULHERES DO PETRÓLEO: sentidos atribuídos por homens e mulheres a tarefas tradicionalmente consideradas masculinas. 2005. 128 f. Dissertação (Mestrado) –   Programa de Pós Graduação em Psicologia, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005.

SALVAGNI, Julice; CANABARRO, Janaina. MULHERES LÍDERES: as desigualdades de gênero, carreira e família nas organizações de trabalho. Revista de Gestão e Secretariado, São Paulo, v. 6, n. 2, p. 88-110, abr./ago. 2015.

VIEIRA, Isabela. Uma Análise da Segregação de Gênero para os anos 2000. 13° Mundos de Mulheres & Fazendo Gênero 11: Transformações, Conexões, Deslocamentos, Florianópolis, s/p, 2017. Disponível em: http://www.en.wwc2017.eventos.dype.com.br/resources/anais/1502978463_ARQUIVO_FazendoGeneroIsabelaTaitsonVieira.pdf. Acesso em: 12 set. 2020.

WOLF, Naomi. O mito da beleza: como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres; tradução Waldéa Barcellos. – 11ª ed. – Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2020.

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Facetas da liberdade em “Adoráveis mulheres”

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Concorre com 6 indicações ao OSCAR:

Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Figurino.

O filme Adoráveis mulheres apresenta de forma sutil o preconceito de gênero no século XIX, e que, infelizmente, continua sendo um tema atual.

Adoráveis mulheres (2019), filme dirigido por Greta Gerwig (anteriormente indicada ao Oscar com Lady Bird – A Hora de Voar), foi baseado no romance de Louisa May Alcott chamado As mulherzinhas, sendo uma autobiografia escrita em 1868. Nesses 150 anos, a história foi traduzida para 55 línguas, virou peça de teatro, ópera, musical, e possui algumas adaptações cinematográficas.

Visto que já teve vários formatos, Greta não deixa a história cair na mesmice, a adaptação mais atual conta com transições entre passado e presente, utilizando diferentes paletas de cores, o passado é composto por cores vibrantes, deixando um sentimento saudosista em quem assiste, enquanto o presente é composto por tons mais frios, carregado de tensão e melancolia, tal alteração de tempo deixa o filme dinâmico e intrigante.

Fonte: encurtador.com.br/xzA14

Enquanto o pai da família March serve na Guerra civil americana no século XIX, suas quatro filhas, sob cuidados da mãe, vivenciam a ausência paterna, dificuldade financeira, preconceito de gênero, embates pessoais como não se sentir pertencente a sociedade e discussões familiares, ao longo da transição da adolescência para a fase adulta. Sendo um leve clichê com sensação de fim de tarde, mas que levanta dilemas sociais atemporais, expõe a interdependência positiva e negativa do sistema familiar, e retrata mulheres que estão longe de serem perfeitas, o que foge do padrão feminino da época em que a história foi escrita.

Jo March (Saoirse Ronan), a que recebe mais foco entre as quatros irmãs (Louisa se representa nela), aspira ser escritora, inicialmente produzindo textos de “sangue e trovão” com protagonistas femininas, contudo, os jornais se recusavam a publicar histórias nas quais as mulheres não se casavam, como disse o chefe da editora: “Moral não vende. Se a personagem principal é moça, ela deve se casar ao final, ou morrer”. Após idas e vindas no decorrer do filme, Jo decide escrever suas histórias e de suas irmãs em um livro, que futuramente se tornou “Adoráveis mulheres”.

Fonte encurtador.com.br/bmT25

“Mulheres têm mentes e almas, além de corações. Temos ambições e talentos, além de só beleza. Cansei de ouvir que uma mulher só serve para o amor. ”  – Jo March

Jovem independente e de personalidade marcante, Jo March rompe primeiramente o papel secundário reservado as mulheres ao ser protagonista, ao buscar espaço no mundo editorial predominantemente masculino. Em seguida, ela vive uma crença autolimitante em que para alcançar autonomia é necessário abrir mão do amor romântico, pois sua ideia de liberdade se distancia do habitual feminino pautado na educação de mulheres para condutas “adequadas” para o mundo social da época, como servir somente ao lar.

Tal pensamento é oriundo da associação das conquistas femininas ao homem, considerado o ser possuidor de todos os feitos, assim, criando uma relação dicotômica entre realização profissional e emocional, pois enquanto ela estiver ligada ao amor, seu valor se refere unicamente a isso. Tal joguinho é um clássico da ficção: enquanto a mocinha tem que escolher entre seu sonho e a paixão, os personagens masculinos são heróis e amantes ao mesmo tempo.

Exemplificado em sua irmã mais velha, Meg March (Emma Watson), que desiste de ser atriz, profissão taxada como vulgar, para se unir em matrimônio por amor. Atitude incialmente reprovada por Jo, mas que logo Meg justifica: “Se meus sonhos são diferentes dos seus, não significa que são ruins”. Ou seja, cada uma das irmãs possui perspectiva própria do conceito de liberdade e felicidade.

Fonte: encurtador.com.br/sENV5

A terceira irmã, Beth (Eliza Scalen), era considerada a melhor das irmãs March, por ser gentil, amável, sendo também a mais introvertida. Seu contentamento se encontrava em tocar piano, a liberdade mais peculiar. Beth tem um destino óbvio após adoecer, em vista disso, mesmo com menos tempo de tela, ela exerce o papel propulsor da personagem principal, demonstrando como o todo é maior que a soma das partes.

Fica a cargo da caçula, Amy March (Florence Pug) salvar a condição financeira da família se casando com um homem rico. Com isso, Amy coloca em segundo plano sua aspiração a pintura, e mesmo sabendo que o casamento é um tratado econômico para as mulheres, pois seu dinheiro e filhos pertenceriam ao seu esposo, ela se dispõe a aceitá-lo. Ao meu ver, Amy é uma das personagens mais cativantes de todo o filme devido sua postura imprevisível com adição de um quê de vilã, a rixa na adolescência com Jo depois se torna um triângulo amoroso na vida adulta, sendo resolvido ao colocar a irmandade em primeiro lugar.

Fonte: encurtador.com.br/bil58

            “Quando as mulheres são aceitas no clube dos gênios, de qualquer forma? ”Theodore ‘Laurie‘ Laurence

Os meios midiáticos são uma forma acessível de propagar reflexões sobre a ética e a moral. O filme Adoráveis mulheres apresenta de forma sutil o preconceito de gênero no século XIX, e que, infelizmente, continua sendo um tema atual, mostrando os diferentes impactos em uma única família. A escritora, Louisa May Alcott, após anos escrevendo essa história relata: “Foi agradável fazê-lo. Estou cansada de fornecer papinha moral aos jovens”, e, ironicamente, o fim das “mulherzinhas” foi o clichê que criticou durante toda a obra.

FICHA TÉCNICA:

Fonte: encurtador.com.br/yGHR0

Título original: Little Woman
Direção: Greta Gerwig
Elenco: Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh, Eliza Scanlen, Meryl Streep, Timothée Chalamet
Ano: 2019
País: EUA
Gênero: Romance/Drama

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A Saúde Mental pela perspectiva da questão de Gênero

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Mulheres chegam ao mais diversos serviços de saúde em busca de atendimento, e em todos os serviços encontram algumas problemáticas que dificultam o serviço, e até mesmo no que tange os serviços de saúde mental

O gênero é visto como subproduto da opressão gerada pelo patriarcado, onde o homem é tido como superior a mulher, ocasionando assim diversas formas de violência e a justificativa para tais (LAURETIS, 1994). Diante desse pressuposto, nos deparamos com os casos alarmantes de violência doméstica, onde mulheres são agredidas e violentadas por homens que usam da força física para silenciar essas mulheres.

As mulheres vítimas de violências têm direito a receber atendimento nas unidades de saúde de forma integral, porém é perceptível que o serviço não funciona do modo como deveria, pois além da má articulação da rede, há também o problema de profissionais não preparados para lidar e atender esse tipo de demanda (SOARES e LOPES, 2018).

Mulheres chegam ao mais diversos serviços de saúde em busca de atendimento, e em todos os serviços encontram algumas problemáticas que dificultam o serviço, e até mesmo no que tange os serviços de saúde mental, onde mulheres são responsáveis pelo maior número de procura do que homens (ZANELLO e BUKOWITZ, 2011). Mulheres em situação de violência precisam de suporte para enfrentar as dificuldades de cunho social, cultural, econômico e também político quem impossibilitam que elas busquem ajuda (SOARES e LOPES, 2018).

Fonte: encurtador.com.br/elnI1

O gênero é produto das tecnologias sociais de acordo com Lauretis (1994), pois o mesmo se sobrepõe em todas as plataformas digitais e também no dia-a-dia, onde o homem é visto como superior a mulher e passível de maior credibilidade. Diante desse exposto, é possível que tenhamos uma visão mais ampla do que mulheres em situação de violência enfrentam quando decidem expor e denunciar o seu sofrimento e o causador do mesmo que em suma são homens (SOARES e LOPES, 2018).

Quando de forma naturalizada a mulher é tida como descreditada e desacreditada diante de um homem, é comum que elas apresentem maior resistência para denunciar violências e procurarem ajuda nos serviços de saúde, que irão investigar as causas do quadro da mesma e acionarão os órgãos responsáveis quando for o caso. Porém buscar ajuda nos serviços de saúde não é tão simples ou fácil, visto que em muitos casos essas mulheres encontram-se presas de forma emocional, física ou financeira a esses homens e muitas vezes elas podem ser punidas ou penalizadas por eles, ou até mesmo seus filhos ou familiares podem ser punidos (SOARES e LOPES, 2018).

A violência gera sofrimento psíquico que se fortalece e aumenta diante do silenciamento, e essas mulheres começam a adoecer psiquicamente (ZANELLO & BUKOWITZ, 2011). Desse modo, temos que perceber a violência contra a mulher de uma forma ampla e complexa, que possui diversas causas e que as consequências perpassam a esfera física, dessa forma, é necessário que haja um atendimento intersetorial (SOARES & LOPES, 2018).

O despreparo dos profissionais para lidar com situações de violência e a invisibilidade social que essas mulheres sofrem podem dificultar e causar ainda mais danos nesses quadros, pois muitas mulheres sequer recorrem ao atendimento de saúde para enfrentar a situação de violência (SOARES & LOPES, 2018).

Fonte: encurtador.com.br/fhlw3

REFERÊNCIAS

SOARES, Joannie dos Santos Fachinelli; LOPES, Marta Julia Marques. Experiências de mulheres em situação de violência em busca de atenção no setor saúde e na rede intersetorial. Interface (Botucatu),  Botucatu ,  v. 22, n. 66, p. 789-800,  Sept.  2018 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832018000300789&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 01 de Dezembro de  2019.  Epub May 21, 2018.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622016.0835.

DE LAURETIS, Teresa; “A tecnologia de gênero”. In: HOLANDA, Heloisa Buarque de (Org.). Tendências e impasses: o feminismo como crítica cultural. Rio de Janeiro, Rocco, 1994. p. 206-242.

ZANELLO, Valeska; FIUZA, Gabriela; COSTA, Humberto Soares. Saúde mental e gênero: facetas gendradas do sofrimento psíquico. Fractal, Rev. Psicol.,  Rio de Janeiro ,  v. 27, n. 3, p. 238-246,  Dec.  2015 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-02922015000300238&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 01 de Dezembro  de 2019.  http://dx.doi.org/10.1590/1984-0292/1483.

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Machismo: uma Construção Social

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Marina Castañeda Gutman, autora do livro “O machismo invisível” cujo vem a ser resenhado, nasceu no México em 1956, possui diversas formações, incluindo História; Psicologia; Música e Letras pela Universidade de Harvard nos Estados Unidos, com especialização em homossexualidade.

O livro resenhado foi desenvolvido no México, traduzido ao Português e Italiano; possui 295 páginas e 11 capítulos subdivididos em várias temáticas. Tem como finalidade expor acerca do machismo oculto que, por vezes, passa despercebido por todos, engajado nas várias esferas sociais. Buscar explanar sobre as teorias psicológicas que abordam acerca, e às diversas maneiras de manifestações deste fenômeno humano. Além disso, os mais variados âmbitos que expõem, tanto quanto o contexto histórico concernente.

Dessa forma, a autora propõe esclarecer que o machismo não é o um fenômeno reproduzido somente pelos homens, mas também pelas mulheres, portanto, social. O machismo durante todo o percurso da obra é abordado enquanto uma relação de poder, dominação, construção e subordinação de um indivíduo perante aos seus semelhantes, seja nas mais variadas relações interpessoais homem-mulher, mulher-mulher  e homem-homem.

A autora durante todo o percurso do livro tenta problematizar o modo como ainda na contemporaneidade os sujeitos tendem a buscar justificativas cabíveis para comportamentos machistas, tendo ainda como embasamento estudos tal como excêntricos. Contudo, sabe-se que não é por esse ângulo que os fatos fluem, o machismo é algo instituído na sociedade e impregnado aos indivíduos desde o nascimento, primeiro dentro da própria casa, segundo na escola. Portanto, torna-se-ia uma cultura repassada durante gerações, nesse caso, construída pelos mesmos. Por isso, é notório perceber que as pessoas se apossam do machismo utilizando-se de demasiados instrumentos, que, por vezes tornam-se sutis e/ou quase imperceptíveis. Um desses utensílios têm sido beneficiar-se de uma via que muito serve para a criação de vínculos entre sujeito-mundo, sujeito-meio, a linguagem. Por muito ou quase sempre, o homem de maneira não-genérica alude a tentativa de diminuir a mulher a uma fase do ciclo vital regressa a fase atual de sua vivência, a infância, é constante a busca para infantilizar-la. Frequentemente, com sucesso.

Os/as machistas, a todo custo estão a procura de aplausos, atenções e reconhecimentos, mesmo nas mais banais conversações, e às vezes, de modo não-verbal, para enrijecer ainda mais o que está instituído. A sociedade desde muito cedo estipula a masculinidade/paternidade como sinônimo de proteção, o que na realidade não o é, já que em muitos casos há uma paternidade ausente e quase sempre distante. Muito se sabe que a paternidade tem atualmente recebido diferentes significações, não mais privilegiada como nas décadas passadas, já que no momento atual há casos e casos que evidenciam o abandono paterno. Por outro viés, cresce cada vez mais a postura da mulher enquanto aquela que exerce o papel de mãe protetora, nutriz, que contribui com o sustento da casa.

Nesse ângulo, é nítido que tais postulações anteriormente explanadas tem início na vida doméstica, como visto no decorrer do livro, esse contexto emerge fortes contribuições no que diz respeito a consolidação do machismo. Nesse sentido, pode-se evidenciar e concluir que, é em casa que inúmeras e pertinentes perspectivas que visam a dominação feminina por intermédio da virilidade são aprendidas. Mas como se pode romper com tais institucionalizações, já que não há como interferir em todos os lares?

Fonte: http://bit.ly/2mXWFXL

Além disso, essa é uma forma peculiar de propagá-lo e de certa maneira fixá-lo cada vez mais. É dentro de casa que se tem as diversas maneiras de ensinar o machismo, seja oriundo dos pais, mães, babás, avós. Outrossim, colocam o homem em uma escala mais elevada que as mulheres, o que só faz reforçar seu narcisismo e desejo de dominação. Atualmente, as maneiras pelos quais o machismo se apresenta é diferente de outros tempos, a violência mesmo ainda existindo em massa, está sendo substituída por uma forma mais sutil, o poder.

Dessa forma, é perceptível como demasiadamente vários fatos são vistos de maneiras diferentes entre os sexos, até mesmo ligado a aparência, sexualidade dinheiro, posicionamentos corporais, e até questões ligadas aos aspectos emocionais. As mulheres diferentemente dos homens, talvez pela falta do self support acreditam que requerem regozijar um Outro,  não elas mesmas para sentirem-se plenas. Frequentemente seguem um padrão induzido pelo gosto masculino, enquanto eles, seguem o seu próprio desejo. Até mesmo a sexualidade é vista por outro ângulo em conformidade com o gênero, a mulher não pode sentir prazer, gozar e expor suas fantasias sexuais, a vista que é vista como perversa, ou como impura, pecadora. O homem pode expor e ainda de maneira desinibida e por muito, dissimulada seus mais variados desejos sexuais.

Nesse mesmo ângulo, por um lado o homem pode expressar as mais variadas emoções, hostilidades e grosserias, já a mulher se o fizer, é condenada. Ela pode sentir, mas precisa reprimir. Porque disseram, “isso é coisa de homem”. E por qual razão os sentimentos precisam ser divididos em quem pode ou não senti-los, já que são questões totalmente ligadas a natureza humana, e portanto, universais?

Seguindo essa lógica, a autora também assim como nos exemplos acima exteriorizados, expõe o capital financeiro como sendo algo versado como uma das especialidades masculinas, longe de ser entendível pelas mulheres. Os primeiros são vistos como os que entendem e de tudo sabem. As segundas, vistas como sem conhecimentos, incultas, ou inábil para desenvolver habilidades sociais semelhantes às masculinas.

Uma outra vertente ainda não explicitadas, é referente o quão a mulher recebe imposições até mesmo com questões ligadas a profissão, há uma divisão de profissões que devem ser seguidas por homens e uma outra gama, por mulheres. Não somente isso, os altos postos também são assim vistos, cargos de chefia e liderado dentro das cooperativas são sempre limitados aos homens, mesmo havendo uma possível diminuição do quadro, ainda existe.

Fonte: http://bit.ly/2nS47UQ

São questões como estas, embora abordadas aqui de maneira sintética que emergem durante todo o livro de Marina Castaneda, e ela o faz de um modo crítica e coerente, detém de grande facilidade para articular seus pensamentos e ideias, o que deixa o livro em demasia interessante para quem o ler. O referido porta de uma linguagem acessível ao público leigo, pois trata de questões tão cotidianas e de fácil entendimento ao leitor, por isso, não carece de uma leitura prévia para que seja lido. O mesmo oferece uma grande contribuição para uma visão mais pontuada acerca do machismo, no sentido de, entendê-lo enquanto sendo uma questão muito mais cultural do que se possa pensar, não limitando-o enquanto algo disseminado pelo homem, mas sim como algo repassado por todos, por isso, um fenômeno social. É destinado para a população que procura aprofundar na temática e poder identificá-lo em suas diversas ocorrências.

A obra faz surgir diversos questionamentos, tais como os que foram evidenciados no decorrer da resenha. O machismo e sua desconstrução dependem muito mais do coletivo do que se possa pressupor, mas que precisa ainda ser  mais discutido. Deixar de ser invisível e normal aos olhos de muitos, já que a percepção é subjetiva. Ainda assim, traz uma perspectiva enriquecedora pelo fato de expor as diferentes formas de dominação e relações de poderes perante os indivíduos, que são constituídas por eles próprios. Nesse sentido, traz uma grande explanação para consolidar o entendimento das relações instituídas e cristalizadas na sociedade,  que são difíceis de modificações, ou quase impossíveis.

E são por meio dessas institucionalizações sociais, que originam as mais variadas manifestações de desigualdades sociais, estigmas, preconceitos, a vista que é constantemente imposto aos sujeitos o que ele deve ou ser e/ou fazer com sua própria existência. É complicado lidar com o projetivismo contemporâneo, quando os indivíduos querem dominar e destruir o que está presente neles mesmos, ou isso é mais uma manifestação narcísica?

Tudo que é visto como diferente, é dado como anormal, e portanto, passam a serem vistos como algo que precisa de controle. Mas, por quê? Como evidenciado no decorrer do livro pela autora, tudo que existe, hoje, existe porque tiveram espaço para tal, são reflexos de relações, foram constituídas pelas pessoas que habitam a sociedade e são por elas que a ruptura desse paradigma precisa ser desmembrado, a mudança necessita ocorrer primeiro em cada um, através de uma análise pessoal de si mesmo.

Portanto, o livro é bastante recomendável para profissionais e estudantes de diversas áreas, impreterivelmente das ciências sociais, para todos que visem pesquisar e estudar sobre gênero e machismo e as suas nuanças. Os pontos mais marcantes que podem de alguma maneira receber um olhar diferencialmente do leitor diz respeito a  constituição propriamente dita do machismo como um fenômeno histórico, portanto, social.

 

FICHA TÉCNICA

Nome do livro: O machismo invisível
Editora: A Girafa
Autor: Marina Casteñeda
Idioma: Português
Ano: 2006
Páginas: 304

 

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CAOS 2019: sessão técnica aborda estudo de caso do sofrimento de uma agente penitenciária

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Acadêmica apresenta tema de estudo do seu TCC dentro das sessões técnicas do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia.

Ocorreu na tarde de quinta-feira (23) na sala 219 do CEULP/ULBRA, a sessão técnica “O sofrimento e a nova morfologia do trabalho: estudo de caso com uma agente penitenciária.” A atividade foi conduzida pela acadêmica do curso de Psicologia da instituição, Geovanna Gomes de Morais, trabalho que contou com a orientação da Profa Me. Thaís Moura Monteiro.

Na introdução da pesquisa, Geovanna identificou a enorme precarização do serviço, a intensificação do trabalho e a aceleração desse processo quando o assunto é sujeito + trabalho. Com isso, percebeu-se também uma falta de estrutura do ambiente de trabalho e a escassez da organização do clima dentro do local de trabalho.

Fonte: Arquivo Pessoal

Através dessas condições insalubres ocorre uma degradação entre sujeito e trabalho, formando um processo adoecedor. A agente penitenciária estudada relatou que a jornada de trabalho que deveria ser de 40 horas semanais, torna-se de 48 horas semanais, e sem acréscimo de salário por hora extra.

Ao final, Geovanna trouxe os principais impactos psíquicos que essas condições causam na vida das mulheres, dentre eles: assédio moral, desigualdade de gênero, acúmulo de sono, precarização de estruturas básicas e acúmulo de afazeres. Tendo isso em vista, mostra-se a necessidade de uma regularização desse serviço e principalmente do local de trabalho para o fim do sofrimento dessas agentes.

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