Dialética e TFC ajudam mulheres gestantes no mercado de trabalho
24 de setembro de 2022 bruna texeira rabelo
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Na contemporaneidade, a discriminação contra profissionais gestantes é um tema recorrente, pois muitas são desrespeitadas a partir do momento em que engravidam. Cabe lembrar que, apesar da lei impedir que profissionais gestantes com Registro na Carteira de Trabalho sejam demitidas sem justa causa, a realidade perdura, fazendo com que muitas mulheres sejam humilhadas diariamente e submetidas a níveis de estresse muito altos, além de serem vítimas de assédio moral.
Assim, esse cenário na vida da mulher nos papéis de mãe e trabalhadora pode gerar desequilíbrio emocional, decorrente do quadro de que a maternidade é vista como uma variável agravante, fazendo com que os gestores cometam comportamentos violentos, tais como: retirar a autonomia da trabalhadora gestante ou contestar, a todo momento, suas decisões; vigilância excessiva seguida de manipulação de informações; isolar fisicamente o trabalhador e presumir que a carga horária da mulher deve ser reduzida apenas por conta da gestação.
O que é Dinâmica de grupo?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dinâmica de Grupo (2006, p. 1), “dynamis é uma palavra de origem grega que significa força, energia, ação”. E, Segundo Tatiana Wernikoff, (Instituto de Psicologia Organizacional) “Qualquer situação em que você reúne pessoas para uma atividade conjunta, com um objetivo específico, caracteriza uma dinâmica”.
Em um artigo publicado em 1944 por Kurt Lewin, Dinâmica de Grupo é o “estudo das forças que agem no seio dos grupos, suas origens, consequências e condições modificadoras do comportamento do grupo”.
A Dinâmica de Grupo consiste em permitir que os indivíduos participantes desenvolvam suas habilidades e se tornem mais competentes por meio do que já sabem, atingindo quatro dimensões muito importantes: social, interpessoal, pessoal e profissional.
Os exercícios de dinâmicas de grupo são frequentemente utilizados para melhorar o relacionamento entre os diferentes elementos de um mesmo grupo, promovendo a autenticidade nas pessoas, além de permitir que os indivíduos lidem com opiniões e atitudes divergentes, promovendo o crescimento pessoal.
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O que é Dialética?
A Dialética é um método de diálogo que se concentra na contradição e oposição de opiniões, um jogo de ideias que se contradizem porque são diferentes umas das outras, podendo gerar novas ideias. A Dialética pode ser o debate ou a arte da persuasão, estando intimamente relacionada à retórica.
Jung define a Dialética como simplesmente uma discussão entre duas ou mais pessoas, que logo resulta em duas definições igualmente concisas, um método de construir novas sínteses.
O que é Terapia Focada na Compaixão?
A Terapia Focada na Compaixão (TFC) tem como objetivo ajudar as pessoas a acessar e estimular suas motivações, emoções e competências de autocompaixão. É uma terapia que integra conceitos do budismo, da psicologia evolucionista e das neurociências.
De acordo com Paul Gilbert (2009), a terapia centrada na compaixão decorre da percepção de que os pacientes se tratam com muita severidade, cheios de críticas, hostilidade, raiva e desprezo. Nesse sentido, um dos principais objetivos é que os pacientes desenvolvam uma atitude mais compassiva em relação a si mesmas, desenvolvendo assim a autocompaixão, onde o paciente permite se aceitar, diminuindo as cobranças e a autocrítica.
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Cabe lembrar, ainda, a diferença entre autocrítica severa e autocorreção compassiva, visto que a autocrítica se refere a uma forma de autojulgamento e auto avaliação negativos, que podem ser direcionados a diversos aspectos do self, como a aparência física, as emoções, os comportamentos, os pensamentos, a personalidade e os atributos intelectuais. Ao contrário da autocrítica, considera-se que a autocompaixão é uma resposta alternativa mais adaptativa à falha percebida. Na autocrítica severa os indivíduos funcionam como seus próprios inimigos, se auto agredindo e punindo de forma constante diante de falhas, remoendo e cultivando sentimentos de raiva, arrependimento e culpa. Já na autocorreção compassiva, o objetivo é procurar compreender que é possível aprender com os erros, que faz parte da natureza humana errar e sofrer, é parte natural da vida. Com uma atitude de aceitação e acolhimento se torna possível evoluir, aprendendo com os erros e situações adversas da vida.
”O sofrimento faz parte da vida. Que eu seja gentil comigo mesma neste momento. Que eu possa dar a mim mesma a compaixão de que preciso.”- Neff; Kristin.
Sendo assim, percebe-se que, com o uso regular das práticas supracitadas, será possível que as gestantes atinjam maior compreensão acerca da sua realidade e conquistem melhor qualidade de vida.
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Sabe-se que um dos principais sofrimentos mentais do século XXI é o transtorno de ansiedade, tendo sido citado recentemente pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como de prevalência global. Durante a pandemia de COVID-19 no Brasil, muitos foram os desafios para professores e alunos que tiveram de se adaptar a períodos de aulas on-line, bem como retornar às atividades mesmo em meio às incertezas sobre o vírus e às formas de combatê-lo.
Esse cenário de incertezas e de adaptação dos professores de forma abrupta às mais diversas tecnologias favoreceu o surgimento de quadros ansiosos e o consequente aumento do adoecimento mental dos profissionais da educação e por vezes seu afastamento do ambiente de trabalho.
O transtorno de ansiedade se refere a distúrbios que causam angústia, medo, nervosismo, dentre outros sintomas e trata-se de uma preparação natural do corpo para reagir ao risco presente em determinado ambiente, mesmo que esse risco não exista realmente. O grande problema desta reação do indivíduo é quando ela se torna intensa e frequente, comprometendo a qualidade de vida e a saúde emocional. Dentre os principais prejuízos ao indivíduo estão aumento dos níveis de cortisol, perda de memória, desgaste do sistema imunológico podendo levar ao aparecimento de doenças autoimunes como lúpus e a diabetes tipo I.
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Relacionando a saúde mental ao contexto de trabalho atual dos professores, observa-se que os mesmos são uma das categorias profissionais que mais necessitam de novas habilidades emocionais para enfrentar este novo cenário pós- pandemia.
Em recente estudo feito pela Nova Escola,28% dos professores denotam sua saúde emocional como péssima ou ruim e 30%, como razoável, ou seja, a maior parte dos entrevistados possui uma saúde mental frágil e que necessita de cuidados.
Como tratamento principal a esse quadro de ansiedade em professores, a terapia e o uso de técnicas já consagradas e reconhecidas cientificamente como o mindfulness, a TFC (terapia focada na compaixão) e a dialética são tidas como formas de ajuda para a redução dos sintomas maléficos e o aumento do bem-estar do indivíduo.
Dinâmica de Grupo
O campo do conhecimento sobre a convivência em grupo e de suas relações com os outros grupos e com as instituições mais amplas foi denominado dinâmica de grupo.
O psicólogo Kurt T. Lewin (1965) foi quem introduziu o termo “dinâmica de grupo” nas ciências sociais e deu nome e identidade definitivos para o estudo dos grupos na Psicologia Social norte-americana. Suas proposições têm importância histórica para a ciência psicológica e seu legado apresenta-se ainda hoje como referência para a formação de psicólogos e demais profissionais que lidam com o fenômeno da grupalidade.
Em aspectos práticos, dinâmica de grupo é uma ferramenta que consiste na reunião de várias pessoas no mesmo local para realização de atividades, nas quais elas interagem entre si.
Assim, a importância da Dinâmica de Grupo reside em permitir que o indivíduo participante desenvolva suas competências por meio do que já lhe é conhecido, e se tornar ainda mais competente, podendo chegar a atingir quatro dimensões importantíssimas: dimensão social, dimensão interpessoal, dimensão pessoal e dimensão profissional.
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Mindfulness
Mindfulness é uma técnica de meditação consubstanciada em um momento de concentração e atenção plena, sem julgamentos. Essa prática proporciona a atenção plena para o momento atual, visto que com o ritmo acelerado em que se vive, as pessoas passam a agir de forma automática, sem parar ou mesmo terem um momento de concentração.
Concentrar-se significa estar em contato com o presente e não estar envolvido com lembranças ou com pensamentos sobre o futuro, dessa forma é intencional, visto que o sujeito escolhe e se esforça para estar atento plenamente, com foco integral no momento atual, que se deve à não categorização dos sentimentos, pensamentos e sensações apresentadas, além do não julgamento, que tem relação com uma aceitação verdadeira desses fatores, na maneira que se é apresentado.
Mindfulness não é uma crença, uma ideologia, nem uma filosofia, é uma descrição fenomenológica coerente da natureza da mente, emoção e sofrimento e sua liberação em potencial, com base em práticas destinadas a um treinamento sistemático e a cultivar aspectos da mente e do coração por meio da faculdade de atenção plena.
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TFC -Terapia Focada na Compaixão
A Teoria Focada na Compaixão foi desenvolvida por Paul Gilbert como uma abordagem de tratamento transdiagnóstico que visa criar autocompaixão e reduzir o sentimento de vergonha, desenvolvendo um sistema de suporte interno que precede o envolvimento com o conteúdo interno doloroso.
O foco clínico na Teoria Focada na Compaixão é baseado em algumas observações: a) pessoas com níveis elevados de vergonha e autocrítica podem ter muita dificuldade em serem delicadas consigo mesmos, sentirem alívio ou autocompaixão; b) pessoas que geralmente viveram histórias de abuso, negligência e/ou ausência de afeto na infância, tornando-se vulneráveis às ameaças de rejeição; c) trabalhar com vergonha e autocrítica requer um foco terapêutico nas memórias mais remotas; d) pessoas com tendências a altos níveis de vergonha e autocrítica podem sentir dificuldade em gerar sentimentos de contentamento, segurança e carinho.
Pesquisas sobre a neurofisiologia das emoções sugerem que podemos distinguir pelo menos três tipos de sistema de regulação emocional: 1) Sistema de proteção à ameaça; 2) Sistema de direção e impulso; e 3) Sistema de satisfação e contentamento.
Os fundamentos da Teoria Focada na Compaixão são organizados nesses três sistemas que podem estar desequilibrados e o objetivo é reequilibrá-los. Para isso, há três aspectos no engajamento terapêutico: 1º) o terapeuta usa habilidades de expressão dos atributos da compaixão; 2º) o paciente vivencia isso como algo compassivo e seguro que diminui a vergonha e a culpa; e 3º) o terapeuta ajuda o paciente a desenvolver atributos e habilidades da compaixão.
Os elementos-chave da Teoria Focada na Compaixão são a psicoeducação, a atenção plena, a compaixão e as imagens.
Dialética
Dialética deriva do termo latim dialectica e do grego dialektike, que significa discussão. Provém dos prefixos “dia” que indica reciprocidade e de “lêgein” ou “logos” que indicam o verbo e o substantivo do discurso da razão, ou teoria. Nasceu assim, incorporando as razões do outro através do diálogo.
Este foi o primeiro sentido do termo, empregado por Sócrates na Grécia antiga: dialética como a arte do diálogo, de demonstrar uma tese por meio de argumentação capaz de definir e distinguir conceitos envolvidos em uma discussão.
Na acepção moderna, porém, dialética seria o modo de pensar as contradições da realidade, compreendendo o real como essencialmente contraditório e em permanente transformação.
A dialética considera que a totalidade é sempre maior que a soma das partes, e que sua apropriação é sempre dinâmica. A totalidade é a estrutura significativa da realidade dada pela visão de conjunto, pela síntese que o sujeito faz de algo em determinado momento. Diz-se, então, de um sujeito ativo, que atribui sentidos subjetivos ao mundo a partir das sínteses que realiza.
Fonte: Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
Conclusão
Desta forma, após a aplicação de todas as técnicas apresentadas, no público-alvo, percebe-se a redução da sintomatologia da ansiedade no trabalho dos professores, além da reverberação positiva tanto na relação dos docentes com os colegas de trabalho, quanto com os acadêmicos, famílias dos discentes e demais pessoas do convívio. Assim, o manejo da saúde mental do professor enquanto cidadão, através da remissão do sofrimento e da modificação da reatividade emocional e redução dos efeitos nocivos do estresse e da ansiedade, reflete ainda nas demais relações sociais do mesmo, cooperando para o bem-estar individual e coletivo.
Referências
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AUTORES:
Evelyn Oliveira Dias
João Araújo Lima Júnior
Candida Dettenborn
Ana Cristina Martins Mascarenhas Matos
Taís da Conceição Freitas Nogueira
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Como o grupo terapêutico pode ajudar as pessoas com esgotamento laboral?
4 de setembro de 2022 Gabriel Farias Resplandes
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Na atualidade em que vivemos, os ambientes de trabalho disfuncionais estão cada vez mais propícios para a contribuição do adoecimento mental de seus trabalhadores. A criação de um grupo terapêutico com indivíduos que se encontrem nessa situação é uma forma de intervenção capaz de amenizar os referidos sintomas. Dessa forma, o grupo permite que o trabalhador entre em contato com outras pessoas que passam pela mesma situação, além de proporcionar escuta especializada e um espaço seguro para que compartilhem suas experiências e angústias.
A princípio, é importante lembrar que o processo de evolução e adaptação dos seres humanos se deu graças aos inter-relacionamentos grupais. O grupo é formado quando os integrantes apresentam valores e interesses em comum. Assim, o que diferencia um grupo do outro é a finalidade para a qual ele foi criado.
Para a construção de um grupo, há de se planejar e manejar os fenômenos do grupo por meio de fundamentos técnicos. Assim, a estrutura deve conter o objetivo, ideias, o público alvo que se planeja atingir. Ao decorrer dos encontros, o responsável pela condução do grupo tem que estar atento tanto às resistências que atrapalham alcançar objetivo grupal, quanto às formas de comunicação, aos vínculos e papéis assumidos. Ademais, é indispensável o desenvolvimento das funções do ego e o exercício das atividades interpretativas (ZIMERMAN, 1997).
Fonte: Imagem de Irina L por Pixabay
Mindfulness e dialética
A prática de Mindfulness ou atenção plena é frequentemente associada à meditação sendo um exercício de concentração, estando inserida dentro do contexto das terapias cognitivo comportamentais, sendo uma técnica primordialmente de concentração que visa em outros aspectos, trazer a atenção para o momento presente, trabalhando uma postura de aceitação e não julgamento, tendo como objetivo final a regulação emocional. É muito comum que vários dos sintomas e sofrimentos venham do funcionamento de remoer pensamentos e coisas do passado ou da antecipação de problemas do futuro, logo a prática da atenção plena, acaba sendo um recurso para tornarmos cada vez mais conscientes do momento presente (KABAT-ZINN apud VANDENBERGHE; SOUSA, 2006).
Atenção plena é a percepção consciente que emerge quando prestamos atenção de uma maneira particular as coisas como elas são: deliberadamente, no momento presente e de uma maneira imparcial. A atenção plena possibilita que enxerguemos de modo claro o que quer que esteja acontecendo na nossa vida TEASDALE; WILLIAMS; SEGAL, 2016).
Vivendo no controle automático não se pode reagir de maneira flexível aos acontecimentos momentâneos e dessa forma limitando as respostas ao ambiente. Muitas vezes, ao evitarmos os pensamentos ruins, situações e eventos que causam tristeza, somos levados a angústia e o Mindfulness pode aliviar e reduzir a situação estressora (KABAT-ZINN apud VANDENBERGHE; SOUSA, 2006).
No que tange a Dialética (do grego διαλεκτική (τέχνη), pelo latim dialectĭca ou dialectĭce) é um método de diálogo cujo foco é a contraposição e contradição de ideias que levam a outras ideias. A tradução literal de dialética significa “caminho entre as ideias”.
Segundo Vieira (2006), existe uma dialética entre o indivíduo e o universo simbólico, que por sua vez é permeado pela cultura. A compreensão de pensamentos e idéias está em função para que se compreenda conteúdos inconscientes, ainda de acordo com tal autor, Jung considera que a psique é constituída historicamente, surgindo assim outra proposição de que a psique é coletiva.
Fonte: Imagem por Pixabay
Pessoas com sintomas de esgotamento emocional relacionados à atividade laboral
O mundo laboral na contemporaneidade gera impactos significativos na saúde mental, culminando assim na saúde física dos trabalhadores. As diversas formas de globalização, financeira, inovações tecnológicas e principalmente pelas novas formas de gestão interferem diretamente na saúde dos trabalhadores em seus diversos contextos de atuação, incluindo na maneira em que se organizam coletivamente.
Franco et al 2010 aponta que as relações de trabalho são permeadas flexibilização e precarização social e que tais aspectos repercutem negativamente na saúde do trabalhador. Uma pesquisa realizada pela startup Closecare, aponta que as doenças psicoemocionais são a terceira maior causa de afastamento do trabalho no Brasil, cujo atingiu recorde de concessão de auxílio doença em 2020 e destaca-se que será a principal até 2030. As organizações são de setores e portes variados e foram considerados os atestados com categorias F da CID-10, referente a transtornos mentais e comportamentais, foram avaliados quadros específicos de episódios depressivos, ansiedade e estresse.
Destarte, as pesquisas apontam que após a finalização dos encontros, os participantes dos grupos terapêuticos dispõem de habilidades para lidar com o estresse e ansiedade que possam ser causados pela atividade laboral, como também são capazes de ressignificar suas relações com sua ocupação profissional, a fim de encontrar bem-estar em sua realização.
REFERÊNCIAS
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O filme “Onde está segunda?” é original da Netflix e a história se passa no ano de 2073 onde a população mundial cresceu mais do que o planeta terra pode suportar, então para controlar o crescimento populacional e para que todos tenham qualidade de vida, o governo estabelece um limite para os casais onde cada casal só por ter um filho, entretanto uma mulher chamada Karen Settman teve sete filhas e faleceu no parto, e seu esposo Dr. Settman, começa a trabalhar em mecanismos para burlar a lei e esconder suas sete filhas.
A vida desmedida e fora da lei está completamente fora dos planos de toda a população, e quem burla o sistema de filhos tem os filhos congelados numa máquina para que sejam descongelados no futuro quando houver estabilidade. Essa briga de forças nos remete ao dionisíaco e apolíneo trazidos por Nietzsche.
Fonte: encurtador.com.br/frNO4
A obra a origem da tragédia ou nascimento da tragédia, helenismo e pessimismo, foi a primeira obra de Nietzsche, (CASTRO, 2008). De acordo com Vieira (2012), esta obra de Nietzsche foi publicada em 1872 quando ele ainda era professor universitário no curso de filologia, e é considerada por algum autores uma das principais obras da filosofia moderna. Neste livro, Nietzsche aborda sobre a tragédia que era segundo Vasconsellos (2001) um coro composto por doze homens e era cantada por um ator denominado Hipocritas que representava deuses ou seres legendários vivos ou mortos, sobretudo a tragédia era aberta ao público e o público participava livremente e se comovia com os coros e entravam em uma catarse.
A tragédia de Nietzsche aborda a dialética entre o deus Apolo e o deus Dionísio, onde Apolo representava as artes plásticas, o sonho, perfeição, luz, beleza, razão, sonho e Dionísio representava o vinho, a embriaguez, os prazeres carnais, a falta de limites e regras, pois para Nietzsche (2006) a vida se dava entre essa dialética apolínea e dionisíaca, entre o equilíbrio das duas forças, contrariando as ideias socráticas e discorrendo sobre o helenismo que foi o período onde o apolíneo e o dionisíaco viviam em perfeita harmonia, e o autor também traz a tragédia ática que resgata o dionisíaco e é a manifestação artística, é o equilíbrio do espírito dionisíaco e por meio desse processo o grego consegue manter-se diante da vida rodeado por essas duas forças, na tragédia ática o espirito dionisíaco prevalece. A tragédia nasceria na Grécia a partir do espírito da música e renasceria na modernidade a partir do espírito wagneriano. O nascimento da tragédia proveniente do espírito da música (NIETSZCHE, 2008).
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As sete filhas recebem o nome de dias da semana, sendo Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta, Sábado e Domingo, e ridiculamente todas as filhas possuem personalidades que remetem a esses dias da semana. Elas são treinadas desde criança a terem uma personalidade igual, e a cada dia da semana que corresponde ao seu nome, uma delas pode sair e viver a identidade de Karen Settman. Tudo o que acontece naquele dia é registrado visto que possuem grande tecnologia de registro de dados e imagens, porém mesmo assim é necessário que ela se reúna com todas as irmãs e conte detalhadamente tudo o que houve durante o seu dia.
Karen Settman trabalha num banco e em uma segunda-feira quando Segunda foi trabalhar no seu lugar, misteriosamente Kate some e as irmãs tentam localiza-la por seu sistema moderno, porém não conseguem, então na terça-feira, a Terça sai para tentar desvendar o que houve e reencontrar a irmã, entretanto ela também é pega e descobre que o governo já está sabendo sobre a falta identidade delas. Homens que trabalham para o governo invadem a casa e há confronto e luta. Toda a tecnologia do filme e todos os apetrechos mostrados, são extremamente belos e bem feitos, tudo muito perfeito e bem estruturado.
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O espírito apolíneo criava ao redor da forma uma cortina estética perfeita e bela, criando também uma ilusão utilizando da arte para os gregos mostrando apenas o lado belo da existência, e o espirito apolíneo foi reforçado pelo cristianismo, pois mantem a ideia de submissão do homem. O espírito apolíneo representa as artes plásticas e o espírito dionisíaco representa a música e Nietzsche (2008), em sua obra busca o equilíbrio das duas forças, visto que os gregos moldavam o mundo com formas e arte: apolínea e dionisíaca, duplo caráter, teatro e música. E Nietzsche (2008) também retrata sua enorme influência proveniente de Schopenhauer, onde aborda a vida como sendo essencialmente sofrimento e acontecimentos negativos de forma nua e crua, de maneira transparente e fiel a estes relatos de sofrimento e desprazer, rasgando o véu ilusório criado por Sócrates e por Apolo. E Nietzsche (2008) retrata Hegel como o processo de conhecimento do mundo é dialético, tese e antítese, na obra Nietzsche traz uma tese apolínea e uma antítese dionisíaca, resultado disso é a tragédia ática.
De acordo com o que é trazido e apresentado na obra de Nietzsche, o principium individuationis é o processo onde o indivíduo se constrói quanto individuo, uma armadilha da natureza para nos fazer acreditar que somos únicos e podemos vencer a morte e escapar do destino trágico.
CASTRO, M.C. , A inversão da verdade. Notas sobre o nascimento da tragédia 2008: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31732005000200005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 10 de novembro de 2020.
NIETZSCHE, Friedrich. A ORIGEM DA TRAGÉDIA. Rio de Janeiro: Cupolo Ed, 2008.
Hegel foi um importante filósofo da história e, também, grande historiador da filosofia. Foi o primeiro que elaborou sistematicamente o significado da história para a Filosofia (HARTMAN,1990). De acordo com Collinson (2006), Hegel é popularmente conhecido por ter sido um filósofo idealista. Ele acreditava que a mente ou o espirito constituía uma realidade última. Sua filosofia foi embasada em muitas influências importantes, como: Espinosa, Kant, o Novo Testamento, Fichte e Schelling.
Para Hartman (1990), antes de Hegel os outros filósofos envolveram-se na história como pessoas e como portadores de ideias. Nenhum outro sistema filosófico exerceu uma influência tão forte e tão duradoura na vida política como a metafísica de Hegel, não havendo um único grande sistema político que tenha resistido à sua influência (HARTMAN, 1990).
O filósofo Hegel concebia que todos os fenômenos, da consciência às instituições políticas, são aspectos de uma única coisa (pensamento monista) e, acreditando que a realidade era algo não-material, era um idealista. Para ele, a consciência, além de ser algo no qual estamos cientes, ela é um processo em evolução (BURNHAM e BUCKINGHAM, 2011).
A DIALÉTICA DE HEGEL
A dialética hegeliana tem um movimento chamado triático e é nessa ação que ela se desenvolve. A tese é o seu primeiro movimento, quando o ser é, momento de afirmação. E um instante em que essa identidade inicial é manifestada como algo vazio, de negativo, não idêntico. No seu segundo momento ocorre a negação ou antítese, momento em que o ser não é, exteriorização do ser na natureza, nas coisas físicas/orgânicas. A partir daí que se começa a apreender aquilo que a coisa é. A contradição está implícita na tese, e a antítese a explicita. Síntese surge, então, no terceiro momento, ou seja, Espírito que se apresenta como reinteriorização do mundo exterior pelo ser. Todos esses momentos – ser, natureza e Espírito – concebem em si sua negação e superação (FOULQUIÉ, 1978).
Ainda, essa estrutura se aplica a todos os campos,
desde a aquisição de conhecimento, até os processos históricos e políticos. Hegel acreditava que existe apenas o que se manifesta na consciência, que pode ser sentido ou pensado. É importante ressaltar que Hegel compreende o ser humano como um ser social e, portanto, deve-se considerar seu contexto.
Sobre o surgimento da síntese, e sua importância, Burnham e Buckingham (2011, p. 182) destacam:
Uma consequência desse processo imanente é que, quando nos tornamos cientes da síntese, percebemos que o que havíamos considerado como contradição na tese era apenas aparente, causada por alguma limitação em nossa compressão da noção original.
O pensamento de Hegel se concentra no conceito do espírito absoluto. O que existe é o todo. De acordo com ele, não existe a parte, pois esta só existe quando se integra ao todo (HEGEL, 1988). A corrente hegeliana, posteriormente, foi dividida entre esquerdistas, centristas e direitistas, servindo de suporte teórico para a democracia e para o fascismo, respectivamente (HARTMAN, 1990). Hegel introduz uma noção de que a razão é histórica, ou seja, a verdade é construída no tempo (ARANHA; MARTINS, 2009).
Em relação à perspectiva absolutista de Hegel, Collignson (2006) ressalta que:
Ele foi um filósofo monista ao assegurar que todas as coisas estavam inter-relacionadas em um sistema ou totalidade vasta e complexa, o qual era denominado de absoluto. Sua forma particular de idealismo não implicava numa descrença da existência de objetos materiais. Ao mesmo tempo, ele assegurava que somente o absoluto era inteiramente real e suas partes aparentemente distintas detinham realidade unicamente em virtude de constituírem parte de um todo. (COLLIGNSON, 2006)
Segundo Collinson (2006), a concepção filosófica de Hegel é difícil e extremamente complicada, uma vez que, ao tentar incorporar em seu pensamento intuições filosóficas, e tentar unir pontos de vista conflitantes, os resultados de suas investigações geraram trechos obscuros e contraditórios, o que resultou em várias interpretações por aqueles que arriscaram em discorrer a seu respeito.
A realidade, na visão de Hegel, é entendida como algo não material e produto do espírito (Geist) universal e racional. Sua obra é compreendida como o ponto culminante do racionalismo. Além disso, as estruturas de pensamento são consideradas não-históricas. Outrossim, para compreender a realidade é necessário pensá-la, não só como substância, mas, também, como sujeito, como um movimento, um processo, por fim, um constante dever dialético. A realidade é vista, portanto, como Espírito e, sendo assim, possui vida própria, constitui-se num movimento dialético (PRADO, 2010).
O espírito, para Hegel (1995), passa de abstração para fato quando aparece no episódio histórico, sendo parte concreta na realidade e sendo, também, o espírito regido de particularidades, gerando, assim, uma objeção dialética de indivíduo e povo, e de povo e espírito do mundo.
Hegel (1995), fala de liberdade de três formas diferentes: a primeira defende que para o homem tornar-se consciente de si mesmo é preciso ter desenvolvimento espiritual; a segunda, parte da premissa que o homem passa a ser ele mesmo quando ele tem tomada de consciência de si mesmo; e a última é que a essência é o espírito, porém o homem também é parte do espírito e da natureza. Portanto, a história do mundo é o avanço da liberdade, o avanço da autoconsciência do espirito, tornando não apenas o homem livre, mas o espírito em si.
A discussão sobre a dialética de Hegel permite entendermos como esse método filosófico, que se apossa de termos como “emergir”, “movimento” e “desenvolvimento”, influenciou a visão filosófica anterior daquela época (primeira metade do século XIX). Naquela época, Hegel via que a filosofia precedente era algo sem vida, tendenciosa e não histórica. Ele, ainda, afirmava que a filosofia está arraigada à história.
Foi perceptível observar que a realidade, para Hegel, é um contínuo devir, na qual um momento prepara o outro, mas, para que esse outro momento aconteça, o anterior tem de ser negado. Compreender a dialética da realidade, segundo o autor, exige um trabalho árduo da razão, que deve se afastar do entendimento comum e se colocar do ponto de vista do total conhecimento adquirido. Percebemos que para Hegel não há acesso à filosofia senão através de sua história, que não é outra coisa senão a manifestação do pensamento humano, conforme a própria compreensão hegeliana de filosofia, ou seja, apreensão da história no pensamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARANHA; Maria Lúcia de Arruda, MARTINS; Helena Pires Martins. Filosofando: Introdução à filosofia. Pag. 188. Ed. Moderna. São Paulo. 2009.
BURNHAM, Douglas; BUCKINGHAM, Will. O Livro da Filosofia – As Grandes Ideias de Todos os Tempos. Rio de Janeiro: Editora Globo, 2011.
COLLINSON; Diané. Grandes Filósofos da Grécia antiga ao século XX. São Paulo: Editora Contexto, 2006.
FOULQUIÉ, Paul. A dialética. Trad. Luís A. Caeiro. 3. ed. Lisboa: Publicações Europa-América. 1978.
HEGEL, G. W. F. A razão na história: introdução à filosofia da história universal. Trad. de Arthur Morão. Lisboa: Edições 70, 1995.
HARTMAN, R. S. A razão na história: uma introdução geral à filosofia da história. São Paulo: Editora Moraes, 1990.
PRADO, C. Razão e Progresso na Filosofia da História de Hegel. Revista Mest. Hist., v. 12, n. 2, p. 99-114, jul./dez., 2010. Disponível em: http://www.uss.br/pages/revistas/revistaMestradoHistoria/v12n22010/pdf/005Razao_Progresso.pdf. Acesso em: 04 de abril de 2016