“Quarto de Guerra” – a oração é uma arma poderosa

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Ativar a espiritualidade na sua vida todos os dias lhe garante uma série de benefícios. Em meio aos enormes compromissos profissionais e pessoais que assumimos, alguns minutos de contato com Deus são fundamentais para construir uma vida plena em todos os aspectos – mental, físico e espiritual. De acordo com uma pesquisa realizada por cientistas da Duke University, praticar a fé pode reduzir o estresse psicológico e permitir que os crentes vivam em média 7 a 14 anos a mais do que outros que não têm esse hábito. Portanto, a oração é fundamental neste processo, pois traz um elemento de paz e tranquilidade para a vida das pessoas e o filmeQuarto de Guerranos mostrará que a oração é uma arma poderosa.

O filmeQuarto de Guerra” foi lançado no Brasil em dezembro de 2015, conquistando grande audiência no Brasil e no mundo, tornando-se um dos filmes cristãos produzidos fora de Hollywood de maior sucesso na história do cinema. Não é para menos, seu enredo dramático e divertido tem cativado a atenção de cristãos de diversas denominações e até mesmo de pessoas que dizem não professar a fé cristã.

Na trama, a jovem Elizabeth e Tony formam um casal em crise no casamento. A filha pequena percebe que os pais estão à beira do divórcio, mas ninguém conseguem chegar a um acordo. A corretora de imóveis Elizabeth se decepciona com o marido Tony Jordan, um vendedor de sucesso na indústria farmacêutica. Para se dedicar ao trabalho e aos próprios interesses, ele foi separado da esposa e da filha. A distância está aumentando dia a dia, mas tudo começa a mudar quando Elizabeth conhece uma mulher idosa que lhe apresenta o poder da oração. E a partir deste momento, a jovem mãe decide depositar a sua fé nas preces divinas.

                                                                                  Fonte: Cenas de Quarto de Guerra (Divulgação)

Seja marcante e significativo na vida de alguém

No filme, após Elizabeth conhecer essa espirituosa Sra. Clara Williams, a sua vida e da sua família começa entrar num processo de mudança para sempre. Clara, como preferia ser chamada, era uma anciã sábia e amorosa. Ela se dedica a ajudar Elizabeth, demonstrando seuquarto de guerra”. Este lugar era um cômodo de sua casa onde ela conduzia batalhas de oração e ensinava sua jovem esposa a usar estratégias e armas espirituais para vencer as batalhas e reconstruir seu lar.

O filme escolhe acertadamente o tema do relacionamento conjugal e a partir daí revela sua relação direta com o amor próprio, o perdão e, principalmente, o amor como testemunho de fé em Deus. Os personagens refletem os tipos de cristãos encontrados nas igrejas ao redor do mundo. Na trama, a personagem Elizabeth representa o cristão médio do nosso tempo. Para tanto, a diretora a expõe, enfatizando suas crenças nominais e conscientizando-a de suas próprias limitações. O tratamento do pecado no filme é muito claro.

O diretor do filme enfatiza durante o enredo, a importância de estamos conscientes em sermos honestos sobre as consequências das escolhas que fazemos. Em vez de encobrir a verdade ou oferecer soluções alternativas, o diretor atribui ao protagonista as consequências das ações passadas, mas também mostra o arrependimento, a renovação da mente no modo de pensar e a importância do exercício diário da fé.

                                                                             Fonte: Cenas de Quarto de Guerra (Divulgação)

Por meio da oração, permitimos que Deus batalhe por nós.

 

Segundo um trecho da Bíblia no livro de 2 Crônicas Cap.7 e Vers.14 cita assim: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra.” Ou seja, só depende de nós. Tudo o que precisamos fazer é correr para o quarto de Guerra e clamar ao Pai Celestial, e ele estará lá esperando por nós.

Ao assistir o filme é possível obter inúmeros aprendizados importantes para a nossa vida diária e segue abaixo alguns deles:

  • Prepare-se! A vida é uma constante de árduas batalhas – Acreditar que avida é um conto de fadas e que as batalhas são pontuais e passageiras pode ser um engano fatal. Cada fase do desenvolvimento humano, cada ação ou decisão tomada na vida possuem lutas inerentes, onde o preparo, a paciência e a resistência para lutar são fundamentais para obter a vitória.
  • Sem estratégia não há vitória – Se todos lutamos na vida é primordial que tenhamos uma estratégia adequada para cada embate que travamos. Elizabeth usava as estratégias erradas para tentar lutar a favor da sua família. A partir do momento que Elizabeth passou a usar a fé em Jesus por meio da oração e a mudança de conduta como estratégias de batalha, o jogo virou a seu favor e ela pode experimentar vitórias pontuais em áreas que vivia constantemente apanhando em sua vida.
  • Identifique corretamente o seu inimigo – Você pode estar lutando contra a pessoa errada.
  • Casamento não é como um buffet. É um combo completo – Quando dizemos sim no altar, o dizemos para tudo que se refere ao nosso cônjuge. Seus defeitos e qualidades, forças e fraquezas, o “bafo” pela manhã, o “chulé azedo”, o cunhado insuportável, etc. Por isso o tempo do namoro deve servir para que ambos se conheçam o máximo possível, a fim de minimizar as surpresas no matrimônio e substituir com facilidade o “meu” pelo “nosso” durante a vida a dois.
  • O sucesso profissional não deve existir a despeito da harmonia familiar
  • Seja marcante e significativo na vida de alguém – Não há ninguém tão débil que não possa contribuir de algum modo na vida de outra pessoa. Todas as pessoas são diferentes e as experiências vividas por cada uma delas às tornam melhores e mais capazes de enfrentar as angústias da vida.
  • Nossa comunhão com Deus não deve ser morna – A bíblia é o meio pelo qual todo cristão deve orientar o exercício da sua fé. Ela é entendida como o manual do e sobre o fabricante, numa visão de Deus como o criador da humanidade.
  • Não importa onde seja, tenha sempre um “quarto de guerra” – Sabendo que avida é uma constante de árduas batalhas, nada melhor do que praticar com fé a orientação bíblica de orar constantemente em nosso quarto para que, o Deus que nos vê em secreto nos conceda a vitória em tempo oportuno.
  • Todos temos um guerreiro em nós que precisa ser despertado – Dizem que são as dificuldades que forjam os verdadeiros campeões. Até que circunstâncias terríveis nos peguem de surpresa, vivemos “numa boa” sem empreender muitos esforços para avançarmos na escada da vida.
  • Não tente fazer o trabalho de Deus na vida do seu cônjuge – A missão de ambos os cônjuges é amar, respeitar e orar um pelo outro. Não importa o quão difícil é o temperamento ou o comportamento de seu cônjuge, deixe que Deus mostre o caminho da mudança a ele.

Enfim, o filme Quarto de Guerras, trás inúmeras reflexões e ensinamos, como também enfatiza a termos fé, confiar em Deus e fazer a nossa parte que no tempo adequado tudo será resolvido, afinal de contas, tudo muda quando nós mudados individualmente.

Referencias:

Jornal de Minas Gerais – Saúde e Bem Estar. Minas Gerais, 2023 – Os benefícios da oração diária para a saúde mental e física. Disponível em <:  https://www.em.com.br/app/noticia/saude-e-bem-viver/2023/02/23/interna_bem_viver,1460921/7-beneficios-da-oracao-diaria-para-a-saude-mental-e-fisica.shtml >. Acessado em 08 de dezembro de 2023.

Bíblia Sagrada Online – Disponível em <:  https://www.bibliaon.com/versiculo/2_cronicas_7_14/ . >. Acessado em 08 de dezembro de 2023.

Centro Universitário Adventista de São Paulo. Entrevista – Professor de Psicologia fala sobre efeitos da oração. São Paulo, 2023. Disponível em <:    https://unasp.br/noticias/entrevista-professor-de-psicologia-fala-sobre-efeitos-da-oracao/  >. Acessado em 08 de dezembro de 2023.

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Heal: o poder da mente para a autocura

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Para o documentário, o poder que cria o corpo, cura o corpo

Cada homem e cada mulher são os arquitetos de sua própria cura e de seu próprio destino (Buda)

Heal – O Poder da Mente’ (2017) é um documentário que apresenta histórias reais de pessoas que alcançaram a cura através do poder da mente. Existe uma inteligência que nos dá a vida, que mantém o coração batendo e que digere nossa comida. Segundo o documentário, para que isso seja possível é necessário primeiramente entrar em contato com a inteligência existente dentro de nós: uma mente superior interna que sabe como trazer a curar para o nosso corpo. Em um segundo momento, é necessário fazer o alinhamento do pensamento, que é o início do nosso querer, ter persistência para mentalizar e recomeçar todas as vezes que desconcentramos.

Existe uma conexão entre o corpo e mente, cada órgão do corpo humano tem uma habilidade de se curar sozinho dentro de um ambiente favorável e até mesmo órgãos do corpo que poderíamos pensar que não podem ser curados tais como a medula espinhal e o tecido cerebral, com o poder da mente e dentro das condições e ambientes corretos, tornam isso possível.

Fonte: Documentário do Netflix

Dentro da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), que se refere a uma abordagem que se baseia em dois princípios fundamentais – a cognição, que tem uma intervenção controladora sobre nossas emoções e o comportamento, que é a maneira como agimos ou nos comportamos –, é necessário ficarmos alertas para os nossos padrões de pensamentos e nossas emoções. O desenvolvimento de um estilo de pensamento saudável pode reduzir a angústia ou dar maior sensação de bem-estar.

Os processos cognitivos conscientes têm um papel primordial na existência humano e segundo Dalai Lama (1999), se pudermos reorientar nossos pensamentos e emoções e reorganizar nosso comportamento, então poderemos não só aprender a lidar com o sofrimento mais facilmente, mas, sobretudo, até nos anteciparmos antes que ele surja.

Fonte: Documentário do Netflix

Logo, o documentário relaciona o estresse emocional que vem através de tragédias familiares, perdas materiais e físicas com a perda de equilíbrio do corpo. O estresse é quando o ser humano percebe que está de frente com uma ameaça e o organismo prepara-se para lutar ou para fugir. Um ponto a considerar é que o processo de estresse será despertado e desenvolvido de maneira diferente em cada pessoa, considerando que a análise de cada acontecimento como aversivo ou não dependerá de como cada um aprendeu a percebê-la.

Entretanto, nem sempre é possível correr dos fatores estressores externos (contas para pagar, sentimentos etc.). Quando isso ocorre, há liberação de cortisol, adrenalina e noradrenalina no sistema, que pode acarretar o enfraquecimento e a quase exaustão da pessoa ao ponto dela não conseguir adaptar-se ou resistir ao estressor e às doenças físicas que podem vir a surgir, conduzindo-a a um enfraquecimento das respostas psicológicas e fisiológicas.

Fonte: Documentário do Netflix

Existem forças invisíveis que não são levadas em conta pela medicina ocidental e que se transformam nas forças primárias que controlam tudo, incluindo a mente, sendo a consciência que faz a retomada do controle com o que é supremo sobre nossa biologia e que está contextualizada no nosso pensamento. Há energia invisível em nossa mente, que não molda apenas nosso corpo, mas nossa relação com o mundo em que fazemos parte.

O documentário apresenta vários depoimentos de pessoas diagnosticadas com doenças gravíssimas e que utilizaram o poder da mente para conseguir a cura e restaurar o corpo ao seu funcionamento normal. Umas das coisas que essas pessoas têm em comum é a mudança radical de seus hábitos alimentares, uso de ervas medicinais, consciência do seu estado de saúde, seguimento de suas intuições, liberação de emoções reprimidas, aumento das emoções positivas, aceitação do apoio social, aprofundamento da conexão com a espiritualidade e uma forte razão para viver.

Fonte: Documentário do Netflix

Os bloqueios emocionais podem levar a bloqueios físicos. É necessário liberar esses bloqueios, seja através de aulas de Zumba, visita a um xamã, regressão etc.; a descoberta de sua libertação é um caminho amplo e repleto de opções. Para algumas pessoas fazer psicoterapia dá certo, para outras, fazer uma atividade física é mais adequado. Ou os dois. O canto e a meditação são atividades válidas desde que auxilie o abandono do ressentimento, o luto ou o trauma e permita libertar a raiva interna e os sentimentos reprimidos. Ademais, dentro da psicologia, a TCC enfatiza a importância de reconhecer e modificar pensamentos que vem automáticos e que podem influenciar nos esquemas do processamento de informações.

O ser humano está constantemente avaliando a relevância dos acontecimentos internamente que fazem parte de seu contexto e a Terapia Cognitiva Comportamental pode auxiliar pessoas através da cognição, emoção e comportamento.

Conforme o documentário, quando temos uma emoção dentro de nós, essa emoção manda um sinal ao nosso cérebro e a qualidade daquele sinal determina o que o cérebro fará em resposta as emoções. Sentimentos negativos ficam dentro de nós e o que pensamos a seu respeito afeta o templo do corpo e a química do corpo. É preciso, pois, estar alerta para esta dinâmica e, assim, construir uma vida mais saudável e significativa.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

HEAL – O PODER DA MENTE

Título Original: Heal
Direção: Kelly Noonan
Elenco: Kelly Noonam, Deepak Chopra, Michael Beckwith, Joe Dsipenza, Dr. Jeffrey Thompson
Ano: 2017
País: EUA
Gênero: Filmes biográficos, Documentários

Referências:

BUENO, Gina Nolêto. Tempos Modernos Versus Ansiedade – Aprenda a Controlar sua Ansiedade. In: BUENO, Gina Nolêto; RIBEIRO, Angeluci Reis Branquinho; OLIVEIRA, Iran Johnathan Silva. Tempos Modernos Versus Ansiedade – Aprenda a Controlar sua Ansiedade. Goias: Goiás, 2007. p. 1-16.

WRIGHT, Jesse H.; R.BASCO, Monica; THASE, Michael E. APRENDENDO A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL. Porto Alegre: Artmed, 2008.

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XII Jornada Celpcyro Sobre Saúde Mental inicia na próxima sexta (26)

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A XII edição da Jornada acontece em Porto Alegre


 

Acontece nos dias 26 e 27 Junho no Hotel Laghuetto Viverone Moinhos, Porto Alegre, a XII edição da Jornada CELPCYRO sobre saúde mental. O tema deste ano é “Do mito a verdade cientifica” escolhido para comemorar o aniversário de cinquenta anos da 1ª edição do livro homônimo do autor Cyro Martins. A proposta é que sejam discutidos temas como “Espiritualidade e suas implicações na clínica psiquiátrica”, “Emergências Psiquiátricas”, “Depressão”, “Controvérsias em Dependência Química” dentre outros.

Participam da jornada profissionais renomados que visam a proposta de difusão do conhecimento científico de qualidade e com visão humanista, enfocando primordialmente a pessoa. Nesta edição a CELPCYRO em parceria com a Editora Luminara farão a reedição do livro “Do mito a verdade cientifica”.

A CELPCYRO – Centro de Estudos de Literatura e psicanalise Cyro Martins é uma instituição sem fins lucrativos criada em 1997 e tem por objetivo promover os estudos e eventos ligados a psiquiatria, psicanálise, neurologia e literatura, suas especificidades e suas inter-relações.

 

Veja a programação na integra aqui

Informação via CELPCYRO

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A arte de perdoar

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O perdão como fonte de sabedoria, humildade e grandeza, é o resultado do tema trabalhado pelo autor Maurício Zágari: Perdão Total – Um livro para quem não se perdoa e para quem não consegue perdoar – Editora Mundo Cristão, 192 páginas.

O livro trata que, além do desgaste espiritual, a falta de perdão pode acarretar até mesmo prejuízos à saúde física. Segundo uma pesquisa feita pela Universidade da Califórnia, em San Diego, pessoas que deixam a raiva de lado são menos propensas a sofrer mudanças na pressão arterial. A pesquisa publicada no Journal of Biobehavioural Medicines sugeriu que o perdão poderia ter menor reatividade a eventos estressantes e menos impacto físico.

O tema perdão é tão debatido, mesmo assim, até hoje é alvo de negação por grande parte da humanidade. Ao longo do livro, o autor fala sobre a dificuldade do ser humano, não apenas de perdoar ao próximo, mas de perdoar a si mesmo. Zágari analisa ainda, casos de pessoas que se arrependeram do erro, mas ainda se sentem perseguidas pelas falhas do passado. E ainda anima quem acha que cometeu algum erro que não pode ser perdoado por alguém.

Maurício Zágari. Foto: Acervo Pessoal

O (En)Cena, entrevistou o autor Maurício Zágari, jornalista e teólogo. Ele recebeu os Prêmios Areté de “Autor Revelação do Ano” e de “Melhor Livro de Ficção/Romance” pelo livro O Enigma da Bíblia de Gutemberg. É autor também dos livros A Verdadeira Vitória do Cristão, 7 Enigmas e um Tesouro e O Mistério de Cruz das Almas, pela Editora Mundo Cristão. Escreve regularmente no blog Apenas (http://apenas1.wordpress.com). Membro da Igreja Cristã Nova Vida em Copacabana-Rio de Janeiro, RJ.

En(Cena) – Por que o senhor resolveu escrever sobre o perdão?

Maurício Zágari – O livro surgiu da percepção de que as pessoas têm vivido muito pouco o perdão. E isso ocorre justamente pela carência de conhecimento sobre o que a falta de perdão pode gerar de mal e do que o perdão pode gerar de bom. A falta de perdão é um câncer, que corrói a alma, as emoções e influencia até a saúde física. Porém, as pessoas não estão se dando conta disso. Diante desse quadro, “Perdão Total” nasceu com o objetivo de tentar conduzir o leitor a entender a dinâmica bíblica de erro-perdão-restauração, mostrando os males da falta de perdão e expondo que perdoar é um caminho para viver uma vida feliz, pacífica, alegre e graciosa.

En(Cena) – Os fundamentos do perdão encontram-se somente na Bíblia ou outros escritos de civilizações mais antigas pregam o perdão?

Maurício Zágari – O perdão como é concebido pelo cristianismo não encontra paralelo em nenhuma outra civilização, que é o conceito de “perdoar setenta vezes sete”, ou seja,  infinitamente, segundo a cultura da época. Mesmo entre o povo hebreu, de onde veio o fundador do cristianismo, Jesus, o conceito de perdão era diferente, com base na lei mosaica registrada na Torá. No judaísmo de 1.500 antes de Cristo exigia-se sacrifícios e atitudes propiciatórias. O cristianismo é a única visão filosófico-religiosa da história que considera um perdão concedido não por mérito próprio, mas como fruto da ação graciosa do ente divino, isto é, entregue como um presente imerecido, uma dádiva.

En(Cena) – A falta do perdão sendo até prejudicial a saúde, de que forma isso pode afetar, e que área da saúde o ser humano pode sofrer prejuízos?

Maurício Zágari – Não perdoar quem nos fez mal gera ressentimento. Não perdoar a si mesmo gera culpa. Ressentimento e culpa promovem um estado emocional sobrecarregado, propício para o desenvolvimento de doenças psicossomáticas. É fácil imaginar que uma pessoa sobrecarregada, por exemplo, pela culpa possa ter crises de ansiedade e até picos de pressão alta gerados por seu estado emocional.

En(Cena) – Precisa-se perdoar diversas vezes com a intenção de aprender a perdoar ou o perdão não é considerado treinamento?

Maurício Zágari – Embora o conceito de perdão possa ser ensinado a uma criança (como quando ensinamos nossos filhos a desculpar o coleguinha que o mordeu na creche), a prática certamente torna mais fácil. Ou seja: a decisão de perdoar nos ensina de modo pragmático o caminho das pedras para perdoar novamente em um evento futuro.

En(Cena) – Quando uma pessoa perdoa o próximo e não consegue se aproximar do perdoado como antes, isso é um perdão consumado?

Maurício Zágari – Sim. Há um duplo aspecto do perdão: o interior e o exterior. Se um assassino mata um parente meu, posso perdoá-lo em meu coração, isto é, cancelando uma dívida pessoal dele comigo, mas isso não eximirá o homicida de cumprir pena como consequência pragmática e externa de seus atos. Outro exemplo: se um vizinho molesta sexualmente uma criança da minha família, posso perdoá-lo, mas não quer dizer que vou voltar a deixá-lo trancado em um quarto novamente com a criança.

En(Cena) – O perdão deve ser dirigido pessoalmente ou pode ser somente em oração espiritual?

Maurício Zágari – Pode ser a partir de uma mera disposição interior, sem que seja necessário um contato pessoal. Há casos em que, por exemplo, é preciso perdoar uma pessoa que já morreu. O ofendido pode perdoar em seu coração a ofensa sofrida, mas não tem como fazê-lo pessoalmente, por motivos óbvios. É válido, pois perdoar faz muito bem a quem perdoa.

En(Cena) – O que é primordial para uma sociedade viver em harmonia, amar ou perdoar ao próximo?

Maurício Zágari – Amor verdadeiro pressupõe a capacidade de perdoar. Assim, esses dois conceitos são indissociáveis. A sociedade harmônica pressupõe um amor que se exprime, entre outras maneiras, no perdão.

Maurício Zágari. Foto: Acervo Pessoal

En(Cena) – A pessoa que não aceita perdoar, pode prejudicar o arrependido?

Maurício Zágari – Faz bem ouvir de alguém que ofendemos que ele nos perdoa. Mas, se pedimos perdão e não o recebemos, fizemos nossa parte. Nesse caso, não há prejuízo, se existe esse entendimento.

En(Cena) – Essa dificuldade de perdoar, é uma característica secular do ser humano, existe uma explicação espiritual?

Maurício Zágari – Se você considera o conceito da religião judaico-cristã, entende-se que a falta de disposição de perdoar vem da maldade que entrou na humanidade desde sua origem. Em termos teológicos, é culpa do pecado inerente a todos nós.

En(Cena) – Qual a história de perdão que o senhor mais se emocionou?

Maurício Zágari – Quando eu fui perdoado por uma pessoa muito querida por ter errado com ela. Ofendi essa pessoa e ela me perdoou. Então sei pessoalmente o que isso significa.

En(Cena) – Que mensagem o senhor passaria para o leitor que encontra-se em dificuldade para o perdão?

Maurício Zágari – Pense em quanto você é imperfeito e erra. Traga à memória quantas pessoas você mesmo já ofendeu. Se fizer esse exercício, perceberá que ninguém é melhor do que ninguém e que você não perdoar é assumir uma postura de soberba que não vai levá-lo a lugar algum. Já se perdoar estará sendo magnânimo e, portanto, um ser humano melhor.

 

FICHA TÉCNICA DO LIVRO

PERDÃO TOTAL

Editora Mundo Cristão
Autor:
 Maurício Zagari
ISBN: 978-85-433-0036-8
Páginas: 192

Preço: R$ 19,90?

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Projeto “Prontos Para Voar” – O despertar na adolescência

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Despertar na juventude o protagonismo, respeitando suas individualidades, escolhas e vivências, além de sua educação em contexto familiar, é a missão do Projeto: “Prontos para Voar”. O projeto foi idealizado pela odontóloga Yette Soares, que trabalha com a comunidade da Unidade de Saúde da Família na quadra 307 Norte, em Palmas-TO. A iniciativa social tem em sua filosofia uma metáfora que compara o voo da águia e da galinha como condição humana de vida.

Herica Ramos, Anny Karolainy, Yette Soares (idealizadora do projeto), Fernanda e Wilson
Foto – Walquerley Ribeiro

 

O “Prontos para Voar”, trabalha a fase prematura da adolescência, com a tentativa de desenvolver o protagonismo juvenil através de palestras, cultura e esportes. Segundo a odontóloga Yette Soares, o projeto foi criado em 2009, em parceria com a equipe de saúde da família e hoje conta com cerca de 50 participantes entre 10 a 19 anos. “Esses jovens participam ativamente de temas sobre saúde, meio ambiente e até mesmo a parte espiritual que, trabalhamos com eles sobre o amor de Deus”, explica a odontóloga relatando ainda sobre os conselhos, dicas de vida e trocas de ideias que acontecem em interação com o grupo. “Procuramos trabalhar nos jovens e adolescentes, suas ansiedades, necessidades, expectativas, dúvidas e incertezas”, diz.

O projeto tem encontros aos sábados e durante todo o ano é dividido em três eventos: “Prontos para amar”, um jantar entre os pais e filhos; Gincana “Meio Ambiente e você”; e o Festival de Artes – Decolartes, que trabalha as temáticas que foram ditadas o ano inteiro em forma de teatro e música. “Percebo que esses adolescentes se transformam em protagonistas de fato, criam um desejo de trabalhar pelo social, pelo próximo, começam entender seu papel como cidadão diante das dinâmicas que eles aprendem no projeto. Já recebi meninos e meninas que me procuram para pedir conselhos sobre namoro, crise com os pais…” relata Yette Soares.

A estudante Anny Karolainy Alves Holanda, 17 anos, foi uma das primeiras participantes do projeto. Ela conta que tem percebido uma mudança de pensamento em sua vida. “Esse projeto entrou na minha vida e me mostrou o caminho para fazer as escolhas certas”, confessa Anny Karolainy, testemunhando ainda o auxilio que os pais recebem na educação para com os filhos.  “As vezes os pais não tem aquele pulso firme de conversar com os filhos e prepará-los para o mundo, o projeto auxilia os pais a mudar a visão dos filhos, ou seja, escolher os caminhos certos e mostrar os prejuízos futuros com os problemas complexos como: sexo com responsabilidade para não pegar doenças , gravidez na adolescência, uso de drogas, álcool e cigarro”, finaliza.

Anny Karolainy, adolescente do projeto Prontos para Voar
Foto – Walquerley Ribeiro

Com a finalidade de arrecadar recursos financeiros, foi feito um bazar solidário, ocorrido no ultimo dia 31 de maio, na USF 307 Norte. O bazar foi uma estratégia em parceria com a comunidade e que tem como finalidade a realização de um baile debutantes para as meninas do grupo. De acordo com Yette Soares, a intenção é alegrar e elevar a alta estima das adolescentes. “O baile é um evento promocional, através dessa dinâmica, estamos buscando tratar nossos adolescentes com um pensamento resolutivo e preventivo, diz.

Prontos para Voar, Bazar Solidário na USF da quadra 307 em Palmas – TO
Foto – Walquerley Ribeiro

Filosofia

A filosofia do projeto, “Prontos para Voar”, é associada ao voo da águia e da galinha. A águia sempre voa alto, já o voo da galinha, é limitado e conformado. Eles se chamam voadores, quero que eles voem alto para o sucesso, vão voar como águias e como águias vão bem longe”, explica Yette Soares.

A águia e a galinha é uma metáfora da condição humana citada no livro de Leonardo Boff, “O despertar da águia”. De acordo com o escritor, se uma galinha for criada como uma águia, ela levantará voo e alcançará lugares distantes, mas se uma águia for criada como uma galinha, ela viverá como galinha, sem longos voos e com uma vida limitada.

Yette Soares promovendo Bazar Solidário na USF da quadra 307 em Palmas – TO
Foto – Walquerley Ribeiro

Boff trata a dimensão galinha, como o sistema social imperante, a nossa vida cotidiana, os hábitos estabelecidos e o horizonte de nossas preocupações. São também as limitações e formações histórico-sociais que, transformam descaminhos, falta de perspectivas e desesperança para as pessoas e para a coletividade.

Por outro lado, a dimensão águia são os sonhos, os projetos, os ideais que, mesmo frustrados, nunca morrem e sempre ressuscitam. Essa ideia representa a águia no ser humano, que ergue continuamente para o alto, para descobrir novos caminhos e novas direções.

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