Na última terça-feira (29) as acadêmicas de Psicologia Camila Melo e Mariana Aires, promoveram a roda de conversa “Entre a Forma e o Fardo” como parte das atividades da disciplina de Práticas Interprofissionais de Educação em Saúde. Os participantes compartilharam reflexões e narrativas acerca de pressões estéticas, contando com as participações das professoras e psicólogas Isaura Rossatto e Ruth Cabral, que contribuíram com a discussão levantando conceitos de saúde, pressão estética e gordofobia.
“Dado ao momento em que vivemos, e a busca demasiada por padrões de belezas inalcançáveis, é preciso desnudar e questionar essas práticas, para possíveis tensionamentos e mudanças de paradigmas, partindo da discussão sobre padrões inalcançáveis.” fala pontuada pela professora Isaura, o que reverberou a reflexão de que ao colocar essa prática como inalcançável ela serve a um propósito hegemônico de perpetuação de desigualdade e manutenção do status quo dominante, que criam um ideal imaginário do qual é a base de um sistema capitalista que cria e vende o corpos magros como sendo a resposta para as infelicidades e sofrimentos. Para as psicólogas, falar sobre questões estéticas é também pensar questões socioeconômicas, de gênero, sexualidade e raça e em como esse fenômeno recai sobre cada corpo.
Foi levantado o debate de que “Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) a definição de saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”.“ As pessoas insistem em estigmatizar o corpo gordo e defini-lo como doente, levando como premissas os padrões estéticos, sem considerar em profundidade a análise do que se significa saúde”, prática essa, como frisou a professora Ruth Cabral que “recai de forma violenta sobre pessoas gordas, pois impossibilita que as mesmas tenham acesso a espaços básicos por falta de estruturas que a comportem, e também na falta de garantia de direitos, como acesso à saúde pois resumem este corpo a uma única demanda, e a inúmeras violências e negligências”. Seguido pela fala da professora Isaura sobre a necessidade de distinguir gordofobia e opressão estética, pois o primeiro recai sobre todos, porém o outro é o retrato de violência, perda de direitos e acesso de alguns corpos.
Fonte: Exposição – Opressões estéticas
Foram abordados os múltiplos abandonos, ou condicionamentos que pessoas gordas sofrem no ramo dos afetos, sendo o último a ser escolhido como figura de amor, pela carência de representação estética, que coloca o corpo gordo como não desejável. Refém de discursos de cunho individualista que afirmam que basta querer para alcançar o desejável corpo padrão, vendidos por ilusões capitalistas. O que reforça a necessidade de deslegitimar esses preconceitos tanto na prática quanto nos discursos que naturalizam e perpetuam violência, e assim com informação e quebra de padrões buscar alcançar uma realidade mais leve e sustentável que não oprima corpos.
Na foto: as acadêmicas Camila Melo e Mariana Aires, do curso de psicologia, da Ulbra-Palmas.
A cirurgia bariátrica e metabólica, também conhecida como cirurgia da obesidade, ou popularmente, redução de estômago, reúne técnicas com respaldo científico, destinadas ao tratamento da obesidade mórbida e ou obesidade grave e das doenças associadas ao excesso de gordura corporal ou agravadas por ela. Inclusive, este tema será debatido durante o Simpósio de Avaliação Psicológica, que ocorre em 25 de maio no CEULP/Ulbra.
O tratamento da obesidade é multidisciplinar, e o psicólogo exerce um importante papel neste processo, e que será o responsável pela realização da avaliação psicológica. Por se tratar de uma cirurgia que implica em um impacto muito grande na anatomia do corpo do paciente e, consequentemente, em seu estado psicológico e emocional, é preciso um acompanhamento psicológico pré e pós-operatório da cirurgia bariátrica para o sucesso da intervenção.
A avaliação psicológica neste contexto é um processo técnico-científico que têm início com uma entrevista semiestruturada minuciosa, onde o profissional fará um levantamento psicossocial do indivíduo, e será indispensável compreender quais são as expectativas em relação à cirurgia, além das alterações no estilo de vida, motivos que o levaram a realizar a cirurgia, entender se o paciente está preparado e principalmente se compreendeu sobre todas as alterações que ocorrerão em sua vida e se poderá colocá-las em prática. Este suporte serve para a compreensão de todos os aspectos envolvidos, decorrentes do pré-cirúrgico e pós-cirúrgicos, para a aquisição de uma melhor qualidade de vida a longo prazo para o indivíduo.
Fonte: encurtador.com.br/blG45
É de extrema importância a aplicação de testes psicológicos para complementar todo o levantamento de informações realizado na entrevista, pois confere uma dimensão objetiva em relação ao estado psicológico do candidato.
Um dos principais objetivos da avaliação psicológica é a de proporcionar a compreensão das mudanças necessárias em relação ao período pós-operatório do paciente bariátrico, aumentando assim as chances de sucesso da cirurgia. A avaliação é imprescindível nesse processo, pois o paciente deve ter total segurança na tomada de decisões em relação ao processo, seja ele de realização imediata ou futura, ou na não realização.
Ao final do processo é feito um documento (laudo) que deve ser entregue ao paciente para que junto com seu médico avalie o melhor momento para a realização da cirurgia ou a opção da não realização.
REFERÊNCIAS
ALBERT EINSTEIN. OBESIDADE. Disponível em: https://www.einstein.br/doencas-sintomas/obesidade. Acesso em: 07/05/2022.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA. A Cirurgia Bariátrica. Disponível em: https://www.sbcbm.org.br/a-cirurgia-bariatrica/. Acesso em: 07/05/2022.
MUNDO PSICOLOGIA. Avaliação Psicológica para Cirurgia Bariátrica. Disponível em: https://www.mundopsicologia.com.br/avaliacao-psicologica-para-cirurgia-bariatrica-contra-obesidade-e-compulsao-alimentar. Acesso em: 07/05/2022.
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Cirurgias plásticas passam a ser vistas como um procedimento de extrema importância
O desejo de alcançar um corpo esteticamente aceitável pela sociedade faz que muitas pessoas procurem por meio de cirurgias plásticas o tão sonhado corpo perfeito. Conforme dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), houve um aumento de 25,21%, em 2018, na realização de cirurgias estéticas, aproximadamente quase 1, 5 milhão de pessoas. A comparação foi feita em relação aos dados de 2016, em que quase 850 mil pessoas se submeteram a procedimentos estéticos.
De acordo com a SBPC, a cirurgia para aumento de mama foi a mais procurada em um total de 18,5%, em segundo lugar a lipoaspiração com 16,1% e abdominoplastia com 15,9%. Ainda segundo a pesquisa feita em 2018, 62,2% das pessoas que buscam intervenções cirúrgicas são para fins profissionais no Instagram, e também no Facebook com um total de 58,4%. Os números são alarmantes, porque a maioria utiliza as redes sociais para alavancar os seguidores para fins financeiros. Situação preocupante, já que muitos jovens e adolescentes são influenciados com os conteúdos postados.
Volpi (2009) explica que são vários motivos que levam as pessoas a modificarem sua aparência. “Pode ser apenas modismo, outros modificam a imagem corporal para despertar a atenção, seduzir, como também valorizar o corpo enquanto objeto sexual”. Uma percepção alarmante, já que o modismo aumenta a insatisfação corporal com o corpo, e o aumento de intervenções, que nem sempre são necessárias, somente para estar no padrão imposto por digitais influencers, na internet.
Fonte: Freepik
Com a mesma percepção, Rodriguez (1983) destaca que a cultura determina regras em relação ao corpo, “regras estas que os indivíduos tendem à custa de castigos e recompensas se adaptar até chegar o momento que estes padrões de comportamento são vistos como naturais.” Segundo Rodriguez, muitas pessoas se submetem a dietas rigorosas, praticam exercícios físicos, realizam operações cirúrgicas, por acreditar na existência de um corpo ideal. Para ele, o corpo é alvo de obsessão da juventude, da moda (RODRIGUES, 1983).
Paiva (2010) afirma que a estética corporal nunca foi tão valorizada como é atualmente, e isto vem sendo reforçado pela mídia, em especial pela internet. Para ele, o “corpo ideal está se tornando um objeto de consumo, passível de modificações a todo custo através de adereços e cirurgias.” Ou seja, o mundo vivencia o fenômeno “do culto ao corpo”, em que as pessoas não medem esforços para alcançar o padrão desejável. Posicionamento confirmada pela SBCP, com o aumento das cirurgias estéticas com o intuito de buscar a perfeição.
Nesse contexto é preciso alertar sobre os riscos relacionados as cirurgias e procedimentos estéticas. Um caso amplamente divulgado pela mídia foi da digital influencer Liziane Gutierrez que teve o rosto deformado após fazer uma harmonização facial. Segundo a modelo em entrevista ao Correio Brasiliense, ela teve uma forte reação ao produto químico utilizado pelo médico, e precisou se submeter a uma cirurgia para retirada da substância usada em seu organismo. Os transtornos não terminaram, ela ainda passou por cyberbullying, que consiste no bullying virtual pela sua aparência física.
Fonte: Freepik
Sobre o assunto, Padilha (2002) aponta que na cultura da boa aparência, a beleza adquire conotação de aceitação de não rejeição em que não ser belo equivale a ser rejeitado. “É um conjunto de valores atribuídos a uma pessoa pelos outros, através da análise das características, qualidades e defeitos que uma pessoa apresenta”. (Padilha, 2002). Por conta dessa ideia difundida que muitas pessoas correm para as mesas cirúrgicas, colocando a vida em risco.
O ser humano é muito mais que um corpo definido, é preciso parar para refletir sobre os riscos físicos e emocionais que uma cirurgia estética pode trazer. Caso, a pessoa tenha dificuldade de autoaceitação e baixa autoestima, ela precisa de uma ajuda profissional que irá ajudar resolver os conflitos internos, bem como ajudar a trilhar um caminho do amor-próprio. A questão não é ser contra cirurgia, mas sim optar por um equilíbrio, para evitar os excessos cirúrgicos, que escondem problemas de ordem emocional.
REFERÊNCIAS
Jornal, Correio Brasiliense. Liziane Gutierrez: antes e depois da modelo impressionam (2021). Disponível em <https://www.correiobraziliense.com.br/diversao-e >. Acesso: 11, de nov, de 2021.
PAIVA, T. F. F.. A Ditadura da Beleza e SuasImplicações na Subjetividade. 2010. 97 f. Monografia (Graduação em Psicologia) – Universidade do Vale do Sapucaí, Pouso Alegre, 2010.
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). Censo 2018. Disponível em <http://www2.cirurgiaplastica.org.br/wp-content/uploads/2019/08/Apresentac%CC%A7a%CC%83o-Censo-2018_V3.pdf> Acesso: 11, de nov, de 2021.
RODRIGUES, José Carlos. Tabu do corpo. 3. ed. Rio de Janeiro: Achiamé, 1983
VOLPI, José Henrique. Body modification: uma leitura caracterológica da identidade inscrita no corpo. Curitiba: Centro Reichiano, 2009.
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Como a cirurgia bariátrica mudou minha vida?… Professor compartilha sua experiência
Rodrigo Antonio Magalhães Teixeira, 42 anos, Historiador e Bacharel em Direito, Especialista em História do Brasil e em Educação de Jovens e Adultos integrada a Educação Profissional. Mestre em Educação Profissional. O professor compartilhou com as acadêmicas Ana Laura e Isabela a sua vivência de 4 anos atrás sobre a realização da cirurgia bariátrica, e o impacto dessa decisão nos aspectos biopsicossociais da sua vida.
Fonte: Arquivo Pessoal
En(cena) – A obesidade vem crescendo de forma alarmante no Brasil e em todo o mundo. A cirurgia bariátrica é utilizada para o emagrecimento, o resgate da saúde e melhoria da qualidade de vida, no entanto, é um procedimento que apresenta riscos de complicações pós-operatórias nos aspectos biopsicossociais. Quando que você realizou a cirurgia? Foi um desejo seu ou uma indicação médica inicialmente?
Rodrigo – Primeiramente eu gostaria de agradecer por estar participando desta entrevista. Em relação ao primeiro questionamento, eu fiz a cirurgia há 4 anos exatos, e quanto a questão de ser um desejo ou uma indicação médica, foi realmente uma questão médica. Eu passei por 13 especialistas, e todos eles indicaram a cirurgia bariátrica. E essas indicações foram calcadas em dados científicos, eu estava praticamente com todas as taxas alteradas, estava pré-diabético, já tinha sofrido um infarto aos 33 anos, hoje eu estou com 42, então eu realmente possuía uma série de comorbidades.
En(cena) – As pesquisas e vivências individuais destacam a importância da preparação pré operatória na cirurgia bariátrica, por equipe multidisciplinar, bem como delimitam esta equipe com os mais variados profissionais. Como foi a atuação da equipe e a sua relação com esses profissionais?
Rodrigo – A equipe foi impecável, todos, psicólogos que eu fui, gastroenterologista, tive que ir em hematologista para fazer a questão de riscos cirúrgicos, e todos eles foram extremamente cuidadosos, acolhedores, souberam muito bem conduzir a questão. E todos foram unânimes quanto à questão da necessidade de eu me submeter ao procedimento.
En(cena) – Sabendo da importância do acompanhamento psicológico durante todo o processo de preparação e recuperação do paciente, como foi sua experiência com o profissional da Psicologia que estava inserido na equipe multidisciplinar?
Rodrigo – A psicóloga que me acompanhou se chamava Bárbara, ela teve todo um cuidado, aplicou diversos testes, teve um zelo muito grande em todo o processo. Inclusive explicou a questão dos riscos, principalmente psicologicamente falando, sobre a relação com a comida, a relação do que temos por prazer. Enfim, houve um cuidado muito grande, e eu sou muito grato porque foi indispensável na época.
Fonte: encurtador.com.br/iuQW4
En(cena) – Levando em conta toda a pressão estética presente em nossa sociedade, juntamente com seus padrões, é possível dizer que você como homem também sofre as consequências disso? Se sim, quais?
Rodrigo – Sim, eu faço parte de um corpo, de uma sociedade onde a questão da estética tem um peso, mas pra mim o que realmente pesou foi a questão da saúde, que como eu citei na primeira questão, as taxas alteradas, a mobilidade já estava bem reduzida, com dificuldade inclusive para o emagrecimento, não conseguia fazer isso com aquilo que nós temos como regular. Se eu pudesse mensurar a questão das consequências, por exemplo as roupas, eu não escolhia minhas roupas, as roupas me escolhiam, então ao ter que adquirir uma determinada peça sempre me deixava em uma situação constrangedora.
En(cena) – Avaliando o contexto cirúrgico pelo qual você passou, como pode ser descrita a influência desse processo na sua vida tanto antes quanto agora no pós, houve muitas mudanças? Quais foram elas?
Rodrigo – Se for parar para fazer um balanço, houve mudanças? Sim, muitas. Uma das mais perceptíveis foi a questão da autoestima, foi algo notório, hoje eu me sinto bem comigo mesmo, me sinto bem no meio no qual eu estou, mas também eu tive uma alteração no humor, eu era aparentemente uma pessoa mais alegre mais aberta e eu fiquei mais fechado, mais calado, então isso eu posso mensurar como uma mudança. No fim das contas as mudanças foram mais positivas do que negativas, mas como exemplo negativo, eu desenvolvi uma intolerância a sacarose e tenho síndrome de dumping (ocasionada pela passagem rápida do estômago para o intestino, de alimentos com grandes concentrações de gordura e/ou açúcares, em pacientes submetidos a cirurgias gástricas, como a bariátrica e metabólica, como resultado da alteração anatômica do estômago).
Fonte: encurtador.com.br/vGJMR
En(cena) – Como você percebe suas relações interpessoais antes e após a bariátrica?
Rodrigo – Bom, quanto às relações interpessoais, o meu núcleo familiar e as pessoas mais próximas relatam as mudanças na questão do humor, nas relações secundárias (amigos, colegas) não houve nenhuma alteração drástica. Não que eu tenha ficado mal-humorado, mas sim que eu fiquei mais sério na questão dos posicionamentos.
En(cena) – O que você diria para as pessoas que pretendem passar por esse processo
Rodrigo – Essa questão é bem complexa, porque eu acredito que cada pessoa quando chega, como eu cheguei também a esta fase, essa decisão de se submeter a uma cirurgia bariátrica é porque certamente já passou por outros processos, então assim, a grosso modo o que eu posso dizer é que cada um deve ser juiz de si mesmo. Mas hoje se eu tivesse a oportunidade de tentar outra coisa, outra possibilidade para não fazer a bariátrica, eu tentaria. Porque é uma cirurgia invasiva, hoje eu tenho que tomar vitaminas todos os dias, exige de mim um cuidado com a questão da alimentação, a questão do dumping, então assim, não é cem por cento, melhorou muito, mas aquela ideia de que “meus problemas acabaram, eu não vou ter que fazer mais nada, vai ser uma mágica” isso não existe. Hoje eu estou num processo de lutar contra o reganho, pois sempre existe um reganho, e estou fazendo Funcional e cuidando da alimentação.
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Psicóloga fala sobre o processo de avaliação psicológica no pré-cirúrgico
Geovanna Gomes, 24 anos, egressa do curso de Psicologia do CEULP/ULBRA, atualmente atuante na área da Avaliação Psicológica e Neuropsicológica e pós-graduanda em Neuropsicologia.
Nessa entrevista, Geovanna esclareceu dúvidas sobre o processo de avaliação dos pacientes pré-cirúrgicos, a partir de sua vasta experiência nesta área, uma paixão que começou enquanto ainda estava na graduação.
Fonte: Arquivo Pessoal
(En)Cena – A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) divulgou dados sobre cirurgia no Brasil. Em 2019 foram realizados 68.530 procedimentos, – 7% a mais do que em 2018 quando foram feitas 63.969 cirurgias. Tendo em vista a complexidade que é a decisão de realizar a cirurgia bariátrica a aplicação de testes psicológicos serve para complementar todo o levantamento de informações realizado na entrevista clínica e é de extrema importância, pois confere uma dimensão objetiva em relação ao estado psicológico do candidato. Sendo assim, como você define o processo de avaliação psicológica?
Geovanna – A avaliação psicológica é um processo feito apenas por psicólogos e abrange alguns instrumentos, métodos e técnicas na sua realização. Primeiramente tem a anamnese, sempre inicia uma avaliação psicológica fazendo a anamnese no candidato, geralmente o número de sessões de anamnese varia de acordo com a complexidade de cada caso, então a gente faz um levantamento sobre a vida do paciente sobre os motivos dele, o caminhar do paciente até o momento da decisão de realizar o processo cirúrgico. É geralmente uma entrevista semiestruturada que dá ao paciente uma maior liberdade para poder falar sobre seus sentimentos, motivos, etc. Depois de passar por esse processo de anamnese que já é um trabalho de vínculo com o paciente, ele precisa confiar na gente, ter uma boa ligação entre profissional e paciente, para que se sinta confortável durante todo o restante da avaliação, e minimizar ao máximo os sintomas ansiogênicos. Passamos então para o processo de aplicação de instrumentos, onde tem algumas escolhas não padronizadas (atividades que não tem um estudo científico estatístico e são utilizadas mesmo assim porque nos traz uma análise qualitativa) então quando é feita uma avaliação pensa-se tanto na parte quantitativa quanto na parte qualitativa onde entra a anamnese, observação clínica e essas outras atividades e instrumentos. Isso nos dá uma visão e uma amplitude, melhora a nossa análise dentro da avaliação. Eu costumo dizer que a avaliação tem esse tripé que é o que o paciente me traz, o que a família do paciente traz pois é muito importante ter também esse contato com a família do paciente, o que eu observo do paciente e o que os testes vão me dizer, e a observação em relação ao paciente inclui: postura, o que está sendo observado na aplicação dos testes. como o paciente está respondendo aos testes como ele se comporta na anamnese, como que é esse relacionamento familiar (pai, mãe, irmãos, esposo) porque é importante essa rede de apoio para o paciente pós cirurgia. Após todo esse processo descrito, é pedido um prazo para o paciente para que o documento seja produzido e tenha os resultados estruturados, quando o laudo psicológico é finalizado acontece uma explicação dos resultados para o paciente, onde será verificado se ele está apto ou não, geralmente eu não costumo escrever diretamente essa questão de aptidão pois acredito que tenha um peso muito grande, e o trabalho sempre é realizado em conjunto com médicos e outras profissionais, o que exige um parecer deles também. Por fim, sempre buscamos orientar o paciente que apresentou algum sintoma que discorde do necessário para a realização da cirurgia, sempre orientamos a busca do acompanhamento psiquiátrico e psicoterapêutico. Assim, posso dizer que o mais importante dessa avaliação nem sempre é o processo em si, mas sim o momento da devolutiva onde é realizada toda a orientação, ajudando o paciente que ainda não mostrar coragem suficiente ou alguma dúvida, então sempre focamos muito no processo de orientação e na devolutiva do laudo.
Fonte: encurtador.com.br/jvzFK
(En)Cena – Pensando na gama de sentimentos e emoções que o paciente provavelmente estará sentindo em todo o processo de preparação, quais são os aspectos principais e mais importantes a serem avaliados nos testes e nas observações comportamentais?
Geovanna – Hoje em dia nós temos vários testes que nos possibilitam ter um norte sobre aspectos da personalidade, emocionais, comportamentais e cognitivos também de modo geral, e isso é muito bom pensando que essas ações fazem parte da nossa cognição. Eu acho muito importante sempre iniciar com um teste de inteligência e raciocínio para saber se o paciente está lúcido e consciente de uma forma cognitiva sobre a decisão que está tomando. Outra questão a ser avaliada é a questão da percepção, ou seja, se o paciente não tem nenhuma alteração relacionada a percepção visual, observar se ele tem alguma alteração de distorção da realidade, se está consciente do que está passando e se percebe o que está vivendo. Já no quesito de personalidade é possível avaliar tendência depressiva, transtornos ansiosos, mudança de humor, baixa autoestima, baixa motivação, desesperança. Esses aspectos são muito importantes, porque às vezes o paciente está empolgado naquele momento, mas é uma pessoa facilmente afetada por frustrações, isso já se torna um indicativo, então é necessário que o paciente esteja preparado para o pós-cirúrgico. Os sintomas de obsessão e compulsão também devem ser avaliados para entender se há uma compulsão alimentar ou até às vezes pensamentos obsessivos ou algum tipo de delírio.
(En)Cena – Por ser um processo delicado e irreversível precisa ser muito bem avaliado e detalhado, em média, quantas sessões são necessárias para concluir a avaliação?
Geovanna – Hoje o processo avaliativo precisa levar em consideração tudo o que já foi pontuado anteriormente, geralmente são necessárias de duas a três sessões de anamnese para poder entrevistar o paciente, a família e/ou rede de apoio e as pessoas mais próximas. Depois os testes que variam em média de cinco a seis sessões, e também a sessão de entrega do laudo que leva de duas a três sessões. Tudo depende muito do quanto o paciente vai querer falar, às vezes ele pode chorar, ficar emocionado, então o acolhimento também deve ser realizado. Sendo assim, no total temos uma média de oito a doze sessões, e o número varia de paciente para paciente.
Fonte: encurtador.com.br/aovR7
(En)Cena – Sabe-se que é necessária uma equipe interdisciplinar para a preparação do paciente, nesse sentido, qual a importância de um profissional da psicologia envolvido nesse acompanhamento até o momento da cirurgia?
Geovanna – Todo profissional é importante nesse processo, mas eu acredito que o profissional da psicologia tem um peso em cima disso porque o paciente é sempre muito carregado de traumas e problemas emocionais, ansiedade ou depressão e também julgamentos, isso tudo acaba influenciando muito no pós-cirúrgico. Assim o profissional da psicologia vem justamente para isso, trabalhar autoconfiança, segurança, auto imagem, auto cuidado, tudo isso são ferramentas importantes e a gente busca trabalhar justamente isso fazendo com que o paciente tenha estratégias e mecanismos para enfrentar as próprias batalhas, tendo força e resiliência para isso. Não é possível mostrar o exato caminho para o paciente, mas podemos dar as ferramentas para que o paciente escolha, porque no final das contas independente por quais profissionais ele passe a responsabilidade e a decisão final sempre vai ser do paciente e a gente está justamente para orientá-lo nesse processo. O acompanhamento precisa ser feito tanto antes e precisa continuar sendo feito após a cirurgia porque o acompanhamento no processo pré-cirúrgico e a aptidão apontada pelos testes não anula o fato de que algo possa acontecer no processo pós-cirúrgico, muitas vezes ele pode se frustrar ou ter uma quebra de expectativa, então mesmo que todos os profissionais acompanhem esse paciente antes da cirurgia é importante que ele continue fazendo o acompanhamento no pós-cirúrgico, nós iremos ajudá-lo a enfrentar seus traumas e julgamentos sofridos ou a sensação de insuficiência e até mesmo a baixa autoestima, não podemos deixar de trabalhar com o paciente essa criatividade relacionada ao que fazer e como reagir caso algo acontecesse, ou caso aconteça algo que não seja como esperado sempre trazendo a realidade da situação pois será um processo complicado no pós cirúrgico e ele precisa ter em mentes essas diversas situações e até mesmo lidar com o fato de que o emagrecimento não acontece de forma tão rápida mas sempre ressaltando que existem formas de passar por isso de forma saudável e com acompanhamento adequado.
(En)Cena – Você já experienciou, após o acompanhamento pré cirúrgico, algum caso do paciente se arrepender de ter realizado a cirurgia? Se sim, quais foram as motivações para essa decisão?
Geovanna – Eu nunca presenciei um paciente que tenha se arrependido de ter realizado a cirurgia, o que eu já presenciei foi o caso de uma paciente que fez o acompanhamento psicológico antes da cirurgia, teve um processo pós-cirúrgico muito bom e de boa recuperação e estava indo muito bem, porém aconteceu a situação onde ela conseguiu realizar a cirurgia e ter abandonado todos os tratamentos, faltando a psicoterapia e deixando de fazer o acompanhamento com nutricionista e psiquiatra, deixou de usar as medicações por conta própria e isso trouxe um descontrole emocional para ela, voltou a comer de forma compulsiva e então começou a voltar com o quadro de aumento de peso até que ela conseguiu voltar do tratamento então assim houve essa oscilação mas porque a paciente ela negligenciou o tratamento pós-cirúrgico.
Fonte: encurtador.com.br/koCSY
(En)Cena – Ao longo desses anos no processo de avaliação psicológica, já ocorreu de algum paciente fazer todo o processo avaliativo e optar por não realizar a cirurgia pois percebeu que não era aquilo que realmente queria?
Geovanna – Nunca aconteceu nas minhas experiências de o paciente ser apto e depois mudar a opinião para a cirurgia bariátrica passando processo de avaliação psicológica.
(En)Cena – Quais são os critérios avaliativos que deixariam o paciente inapto para a realização da cirurgia?
Geovanna – Todos os critérios avaliativos são importantes, porém quando se trata de inaptidão é importante avaliar quesitos como inteligência abaixo da média, é necessário que haja uma investigação pois ocorre o questionamento sobre o fato de que o paciente pode estar tomando essa decisão com responsabilidade e se sabe tomar as próprias decisões. A questão emocional também é muito importante, flexibilidade cognitiva onde o paciente tem dificuldade a se adaptar a novas situações tendo assim um comportamento muito rígido, e todas as sintomatologias relacionadas a ansiedade, imediatismo, depressão e também compulsão, tudo deve ser bem avaliado e investigado.
(En)Cena – Você acredita que os padrões de beleza e a pressão estética que existe em nossa sociedade são os principais fatores que levam a maioria dos pacientes a buscar pelo procedimento? Caso contrário, quais outros fatores têm uma forte influência nessa decisão?
Geovanna – De uma forma geral é possível dizer que sim, e na maioria das vezes os julgamentos acabam acontecendo por pessoas muito próximas, e sempre é necessário investigar se o paciente tem consciência de que a escolha pelo processo cirúrgico tem relação a pressão estética e padrões de beleza ou não. Existem pacientes que reconhecem e expõe o fato de que a busca pelo processo cirúrgico realmente é em função de padrões estéticos, mas o fator de saúde é muito importante e várias vezes o paciente já está muito debilitado e com diversas limitações, o que acaba influenciado, mas também se voltando para a questão estética.
REFERÊNCIA
SBCBM. SBCBM divulga números e pede participação popular para cobertura da cirurgia metabólica pelos planos de saúde. São Paulo, 2020. Disponível em: https://www.sbcbm.org.br/sbcbm-divulga-numeros-e-pede-participacao-popular-para-cobertura-da-cirurgia-metabolica-pelos-planos-de-saude/. Acesso em: 07 out 2021.
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Autoestima da mulher: como fica o autocuidado de quem cuida
A autoestima está ligada ao valor que uma pessoa dá a si mesmo, aos seus sentimentos, em diferentes situações e eventos da vida (SCHULTHEISZ; APRILE, 2013). Enquanto, de acordo com Bub (et al, 2006), o autocuidado é a atitude de cuidar de si mesmo, ligado ao ato de se preocupar ou ocupar-se com seu próprio cuidado com a finalidade de obter uma melhor qualidade de vida. Porém, ao se pensar que a autoestima e o autocuidado são tarefas fáceis de se pôr em prática, verificamos o contexto das mães.
A mulher nos dias atuais, busca cada vez mais exercer seu papel social no contexto em que está inserida e a repartição das tarefas domésticas que por muito tempo foram consideradas como de sua responsabilidade. Apesar disso, ainda se encontra como principal responsável pelo cuidado e zelo da casa e dos filhos. O cuidado, acaba por se encontrar no dia a dia da mulher sempre ligado ao cuidar do outro, dos filhos, do marido, dos pais e das pessoas ao seu redor.
O autocuidado da figura feminina quando ocorre, é caracterizado pela influência das mídias sociais e a crença de que o cuidado da mulher consigo mesmo deve sempre estar voltado a questões estéticas, reforçando a objetificação do corpo da mulher como sendo produto a ser conquistado pelos homens (CHAVES, 2015). O foco da mulher no cuidado do próximo, e a culpa por sentir que não está fazendo o suficiente pelos outros ou por si própria pode reverberar em impactos em sua autoestima.
Fonte: encurtador.com.br/ahsw4
Durante uma roda de conversa intitulada “Autoestima: autocuidado e autoconhecimento” realizada por acadêmicas de Psicologia do Ceulp Ulbra via online com mulheres, o autocuidado foi conceituado pelas participantes ao ato de deliberar tempo para cuidar de si, fazer algo que lhe dê prazer e ter zelo consigo mesmo, cuidando do físico, emocional e espiritual. O que pode reverberar na autoestima e no autoconhecimento de cada pessoa. Porém, foram percebidas as crenças de autocuidado apenas ligadas ao cuidado com o corpo.
Em um pesquisa aplicada também por acadêmicas do curso de Psicologia do Ceulp Ulbra com 200 mulheres sobre os pontos que as afetam durante o processo da pandemia da COVID-19, foi constatado que grande parte das mulheres se sente sobrecarregada com as tarefas domésticas (46%), e em alguns casos sentem falta de uma rede de apoio (17,5%). Foi verificado também que como meio de melhorar a qualidade de vida, atividades como reinventar as tarefas domésticas cozinhando algo diferente (36%) ou procurar assistir/ouvir coisas que que tragam esperança (49,5%), foram praticadas.
Após uma discussão sobre possibilidades de autocuidado não ligados a cuidados estéticos, mas sim a atividades prazerosas do dia a dia ou ao ato de permissão de sentir sentimentos, se auto perdoar ou se permitir experimentar coisas novas. Foram relatadas como autocuidado também em atividades como jardinagem, descanso, cuidado com a casa e com o corpo ligadas a promoção de relaxamento e até mesmo sentir prazer em ter a possibilidade de acordar mais tarde que seus companheiros.
REFERÊNCIAS
BUB, M.B.C. et al. A noção de cuidado de si mesmo e o conceito de autocuidado na enfermagem. Texto & Contexto-Enfermagem, v. 15, p. 152-157, 2006. Disponível em:<https://www.scielo.br/j/tce/a/LP6Z97VFMXBTRKkHqwyJQBj/?lang=pt&format=pdf>. Acesso em 15 julho de 2021.
CHAVES, F.N. A mídia, a naturalização do machismo e a necessidade da educação em direitos humanos para comunicadores. In: XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Norte–Intercom. 2015. Disponível em:<https://www.portalintercom.org.br/anais/norte2015/resumos/R44-0606-1.pdf>. Acesso em 15 julho de 2021.
SCHULTHEISZ, T.S.V.; APRILE, M.R. Autoestima, conceitos correlatos e avaliação. Revista Equilíbrio Corporal e Saúde, v. 5, n. 1, 2013. Disponível em:<https://revista.pgsskroton.com/index.php/reces/article/view/22>. Acesso em 15 julho de 2021.
O indivíduo por sua aparência, instaura uma nova moralidade, a da “boa forma”, referindo-se à juventude, beleza e saúde e, consequentemente, acentua a representação do eu como meio de expressão
De acordo com o Conselho Federal de Medicina, a cirurgia plástica pode ser definida como uma especialidade médica, reconhecida pelo mesmo e pela Associação Médica Brasileira, requerendo pré-requisitos e conhecimentos técnicos e científicos adquiridos na graduação e/ou pós-graduação (residência e/ou especialização), visando tratar doenças e deformidades anatômicas, congênitas, adquiridas, traumáticas, degenerativas e oncológicas, suas consequências, promovendo também uma melhor qualidade de vida do indivíduo.
Fonte: encurtador.com.br/muCNQ
História do corpo
Desde antigamente até os dias atuais o corpo sempre foi enfoque de debates. Até o advento da Modernidade, ainda sob forte influência da igreja, o culto ao corpo era desencorajado e a alma era superior ao corpo. De acordo com Rosário (2006), o homem medieval era bastante contido, já que a instituição religiosa tolhia manifestações criativas. Não é segredo que o Cristianismo dominou durante a Idade Média, influenciando comportamentos, assim como traquejos corporais da época. Tal cenário resultou em uma maior rigidez dos valores morais em relação ao corpo, sendo traçada a preocupação em separar corpo e alma, sobrepujando a potência da segunda sobre a primeira.
O corpo tornou-se objeto do capitalismo a partir do século XX, onde ganhou um papel de maior importância e passou a ser cultuado. O chamado culto ao corpo, longe de servir como guia claro de orientação para os comportamentos de indivíduos ou grupos, gera um paradoxo na cultura de classe média.
O indivíduo por sua aparência, instaura uma nova moralidade, a da “boa forma”, referindo-se à juventude, beleza e saúde e, consequentemente, acentua a representação do eu como meio de expressão facilmente compreendido em “um contexto social e histórico particularmente instável e mutante, no qual os meios tradicionais de produção de identidade como a família, religião, política, trabalho encontra-se diminuídos” (ECO, 2004).
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Todos os seres humanos são iguais do ponto de vista biológico. As inúmeras variações – de cor, de estrutura, de traços, de textura dos cabelos – que diferenciam os povos e os indivíduos não alteram as características básicas da espécie homo sapiens (KURY; HARGREAVES, 2000). Com o advento de novas tecnologias, em especial da mídia aliada a marketing de produtos e procedimentos que exaltam o corpo, começou-se a supervalorização do mesmo, que levou e ainda leva as pessoas a buscarem o inalcançável corpo perfeito.
A influência da mídia
A mídia sem dúvidas é um fator de importante ou talvez principal influência que leva vários jovens a passarem por procedimentos estéticos cirúrgicos. A sociedade atual cultua o corpo e muitas vezes o coloca como superior à alma, o que é totalmente o oposto da visão de corpo do século XVII. A mídia definiu como corpo perfeito aquele que seja magro e curvilíneo.
A todo o momento pode-se ver lindas mulheres e lindos homens, incluindo diversos famosos nas capas de revistas, exibindo seus corpos perfeitos. No entanto, o público, muitas vezes, esquece que essas fotos passam por vários aperfeiçoamentos de imagens computadorizadas. Acabam por rotular o corpo ideal, e quem não segue não está dentro dos padrões, sendo assim, são influenciados a buscar obsessivamente um corpo ideal e perfeito que muitas vezes não existe.
As propagandas mostram homens e mulheres cada vez mais magros, as lojas de roupas estão com os manequins cada vez menores, e o acesso em clínicas de estética está cada vez mais ao alcance das pessoas. “Os números de cirurgias plásticas aumentam e possibilitam conquistar o padrão de beleza imposto pela sociedade.” (AZEVEDO, 2007).
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O padrão de beleza mostrado pela mídia tem levado milhares de jovens em busca da conformidade imposta pela sociedade. Os critérios de valoração foram deslocados para exterioridade, fazendo com que a geração de jovens atual seja cada vez mais narcisista, fazendo do corpo e das sensações produzidas por estes como elementos centrais da vida pública de cada um. O resultado é uma maior necessidade da aceitação da sociedade, que leva os jovens a recorrerem malhações exageradas, dietas rigorosas, e principalmente, procedimentos estéticos cirúrgicos.
De acordo com a psicanalista Esther Woiler, “A depressão é feia”, e resume a autoimagem como “uma construção de base emocional. O modo como você está se percebendo emocionalmente pode distorcer a sua imagem corporal”. E o fato de que muitas pessoas, atualmente, estarem insatisfeitas com os seus corpos é uma demonstração de que a estratégia da indústria da beleza funcionou.
Cirurgias plásticas mais procuradas por jovens, sendo eles homens e mulheres
De acordo com o Conselho Federal de Cirurgia Plástica, a cirurgia plástica estética mais procurada por mulheres é a Cirurgia de mama, seja ela de redução ou inserção de silicone. Em segundo vem a Lipoaspiração, procedimento este que é realizado através da retirada de gordura corporal de áreas localizadas, e em terceiro temos a Rinoplastia, cirurgia corretora do nariz.
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Antes cirurgias plásticas eram mais realizadas em mulheres devido o preconceito enraizado em nossa sociedade e que até hoje é presente, no entanto, mais ameno. Atualmente muitos homens não são satisfeitos com seus corpos, desta maneira quebram paradigmas, pois o número de procura por procedimentos estéticos tem crescido cada vez mais. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica afirma que entre 2009 e 2014, a quantidade de procedimentos passou de 72 mil para 276 mil ao ano. A redução das mamas (ginecomastia), a lipoaspiração e a cirurgia de pálpebras lideram o ranking de procedimentos mais realizados entre os homens.
Principais deveres dos médicos em relação ao paciente que procura por um procedimento cirúrgico
É dever do médico fornecer amplas informações quanto ao diagnóstico e prognóstico, manter o sigilo e aplicar as melhores técnicas no procedimento cirúrgico, devendo ainda conversar com o indivíduo sobre as possibilidades de resultado e os possíveis riscos, sendo indispensável o consentimento do paciente para a realização da cirurgia. Os artigos 46, 48 e 53 do capítulo de Direitos Humanos do Código de Ética Médica destaca justamente esse esclarecimento médico, e do seguido consentimento do paciente. É válido lembrar que o procedimento só não vai precisar de consentimento do indivíduo quando for uma situação de emergência, como também diz o artigo 46.
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E, de acordo com o artigo 57, é vedado ao médico “deixar de utilizar todos os meios disponíveis de diagnóstico e tratamento a seu alcance em favor do paciente.” Depreende-se assim que, cabe ao médico cirurgião comunicar-se de forma clara com o paciente, explicando-lhe o procedimento, os riscos e resultados de acordo com cada caso, procurando as melhores técnicas para a realização da cirurgia, utilizando todo o conhecimento de sua formação, e realizando a mesma com a aprovação do paciente.
ECO, UMBERTO. História da Beleza. São Paulo: Record, 2004. KURY, LORELAI; HARGREAVES, LOURDES; VALENÇA, MÁSLOVA TEIXEIRA. Ritos do Corpo. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2000.
Kury, L., Hargreaves, L., & Valença, M. T. (2000). Ritos do corpo. Rio de Janeiro: SENAC Nacional.
31 de julho de 2018 LC Agência de Comunicação
Mural
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Via Leitura traz a obra de Oscar Wilde que revela o lado mais perverso das pessoas e uma busca insana pela beleza e juventude
A obsessão estética, a vida de aparências e a incansável busca pelo prazer são temas centrais de O retrato de Dorian Gray. Ao retratar uma questão humana que persiste por séculos, Wilde criou uma obra-prima da literatura que merece seu lugar entre os maiores clássicos da história.
Quando foi publicado pela primeira vez em 1890, na revista Lippincott’s Monthly Magazine, os críticos literários britânicos não sabiam que censuravam uma obra-prima. O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, foi o único romance do escritor, um clássico da literatura gótica, que apresenta uma crítica consistente social e cultural em relação à superficialidade da sociedade.
Na ocasião, sem avisar o autor, os editores optaram por suprimir mais de quinhentas palavras do romance, por considerá-lo indecente. Ofendido, Wilde republicou o texto em livro no ano seguinte, revisado e ampliado – versão esta agora publicada pela Via Leitura.
O personagem Dorian Gray é um homem encantado com a visão de mundo hedonista do aristocrata Henry Wotton, que considera a beleza e a satisfação sexual as únicas coisas importantes na vida. Extremamente egocêntrico, Dorian quer a vitalidade e beleza eterna, e foi capaz de vender a sua alma para obter um retrato pintado a óleo que envelhecesse em seu lugar. Com o desejo concedido, ele começa a viver uma vida de libertinagem e imoralidade sem restrições. Porém, além do passar dos anos, a pintura revela todas as coisas ruins que corrompem a alma do protagonista.
A busca pela juventude eterna ocasiona crimes, suicídios, traições, sem remorsos, culpa ou medo, pois Dorian era motivado apenas por seu objetivo, se manter belo.
A tradução desta ilustre obra é de Alexandre Barbosa de Souza. A edição traz ainda um posfácio do escritor James Joyce.
Ficha técnica: Editora: Via Leitura
Gênero: Literatura
Preço: R$ 31,90
ISBN: 9788567097572
Edição: 1ª edição, 2018
Tamanho: 14×21
Número de páginas: 224
Sobre o autor: Oscar Wilde (1854-1900) nasceu na Irlanda em 1854. Ao longo de sua carreira como escritor, produziu poemas, contos, ensaios e um único romance: O retrato de Dorian Gray. As peças teatrais alçaram-no ao sucesso na última década do século XIX. O êxito literário também lhe rendeu uma situação financeira abastada, que lhe proporcionou, consequentemente, uma vida desregrada e extravagante. Em maio de 1895, acabou condenado a dois anos de trabalhos forçados por cometer sodomia – a homossexualidade era considerada crime na época. A prisão foi sua ruína. Em 1897, mudou-se para Paris e passou a usar o pseudônimo Sebastian Melmoth. Morreu em 1900, de meningite – agravada pelo alcoolismo e pela sífilis.
Acontece com frequência, no Centro Universitário Luterano de Palmas, o Psicologia em Debate. Essa atividade aborda uma diversidade de temas, que possibilitam que não só acadêmicos, como também a comunidade e geral, possa se debruçar sobre assuntos que irão contribuir para a consolidação de saberes, como também para uma formação profissional sensível aos problemas nascentes e, por fim, para o amplo sentido de responsabilidade social.
O texto vai tratar da minha experiência ao participar da edição onde foi abordado o seguinte tema: A influência da mídia sobre o nosso corpo. Com esse relato, trago observações e reflexões do que foi discutido. O tema abordado nos proporcionou levantar várias questões que estão por trás dessa busca pelo que é belo, de como somos influenciados a nos encaixar sempre em um padrão e as consequências que isso nos traz.
Fonte: http://zip.net/bptH1V
As expositoras Joice e Nayara relataram que a cultura atual está marcada por valores dominantes como competição, consumismo e individualismo, e que o ser humano tem se tornado cada vez mais narcisista sendo que seu corpo está posto como objeto, mercadoria e instrumento para gerar lucro ao capital. Podemos dizer que toda essa influência que faz com que o indivíduo viva em processo de metamorfose corporal, prejudique a sua constituição subjetiva como sujeito.
O ser humano procura adquirir tudo o que as propagandas colocaram como objetos de satisfação pessoal, os corpos se transformam em busca de satisfação, mas enquanto o padrão idealizado pela mídia continua mudando, a insatisfação continua permanente. Além da própria satisfação, elas procuram admiração que, quando acaba, provoca uma nova procura pela reparação de suas características físicas. O processo torna-se um ciclo, uma luta incessante por padrões pré-estabelecidos.
Fonte: http://zip.net/bltGTF
Essa busca obsessiva pelo corpo perfeito e o culto a estética trouxeram sérias consequências a nossa sociedade. Frustração, medo, angústia, depressão, transtornos alimentares e o horror a gordura seriam alguns sintomas do momento atual, uma vez que se vive em uma sociedade do espetáculo, em uma cultura de valorização da imagem, os julgamentos em torno disso são cada vez mais severos, tolera-se cada vez menos e isso vem acompanhado de uma avaliação de ordem moral. O filósofo Guy Debord propõe que no mundo moderno somos induzidos a preferir a imagem e a representação da realidade à própria realidade concreta. Toda a vida em sociedade virou um acúmulo de espetáculos individuais e coletivos, tudo é vivido apenas enquanto representação perante os outros.
Também foram discutidas maneiras de como trabalhar a auto-aceitação. Que apesar de trabalhoso, o auto-reconhecimento nos permite ver as coisas com mais clareza, encontrando nossas qualidades, muitas vezes abafadas e anuladas por nós e pelos outros. Devemos encontrar um equilíbrio, buscando um bem estar para o corpo como um todo, não se esquecendo da saúde mental. Ser sadio é uma combinação do sentir-se bem consigo mesmo e com aquilo que se faz.
Fonte: http://zip.net/bbtHh1
E por fim, foi destacada a importância do papel do psicólogo nesse contexto. Sua atuação com a promoção de saúde; a política de prevenção e conscientização é de extrema relevância. Como também se atentar a compreender a influência da mídia na formação e transformação da subjetividade, podendo assim contribuir para a construção do sujeito e sua relação com o mundo. Considerei positiva a minha experiência em ter participado do Psicologia em Debate. Proporcionou-me reflexões próprias em relação ao assunto abordado, concluindo que devemos ter uma postura crítica e de não aceitação passiva para obtermos a consciência do que realmente somos e buscamos.