Desafios contemporâneos na esfera do trabalho

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Tal relato teve como base o evento Psicologia em Debate, realizado no dia 03/05/2017, por dois acadêmicos do curso de Psicologia do Centro Universitário Luterano de Palmas e trouxe como tema o livro “A CORROSÃO DO CARÁTER – consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo”, de autoria de Richard Sennet. No decorrer do debate vários temas foram abordados, tais como: Caráter X Rotina X Natureza Flexível, Trabalhador Disciplinado e Trabalhador Flexível, Rotina, Flexibilidade no Trabalho, a Ética do Trabalho e Natureza Flexível.

Os acadêmicos discorreram cada tópico com bastante afinco, e explanaram as ideias do autor acerca de cada um, que na atualidade é motivo de discussões e cuidado, pois os indivíduos muito tem se “perdido” ou mesmo não se dão conta dos seus atos, diante de rotinas exaustivas. Considerou-se um dos fatores, a natureza flexível, que pode ser descrita como na forma de rigidez, uma rotina exagerada, e os diversos significados dados ao trabalho. Tais atos podem provocar nos indivíduos uma série de patologias na qual nem eles mesmos se dão conta do que as provocaram. Para o autor isso seria a corrosão do caráter, já que nos com o exagero no campo do trabalho nos distanciamos da esfera moral, no qual ele descreve como sendo “(…) o valor ético que atribuímos aos nossos próprios desejos e às nossas relações com os outros.” (SENNET, 199, p.10)

Fonte: http://zip.net/bhtJ3k

 

Dois modelos de trabalhadores são citados pelo mesmo. O trabalhador disciplinado e o trabalhador flexível. Os dois são afetados pelo capitalismo. O primeiro tem uma rotina disciplinada, burocratizado e busca um futuro “equilibrado”, construindo sua própria história. Este perfil tem grandes chances de contrair doenças. O segundo, como o próprio nome já diz, é flexível, não se preocupa em manter relações duradouras, rotinas aceleradas, formas burocráticas e nem se preocupa com futuros distantes. Considera-se que, indivíduos com este perfil, são mais difíceis de adoecer, a menos que, á frente, ela perca por completo a dimensão histórica de sua existência, o que pode resultar numa espécie de vazio existencial.

Na atualidade a rotina é fatigante e, consequentemente, provoca desgaste físico e psicológico. Diante deste quadro o ser humano busca uma “otimização” de tempo, criando novas formas de aproveitamento do mesmo, uma delas descrita pelo autor é a substituição do controle face-a-face pelo eletrônico. Diante desse quadro percebe-se que novas formas são re(inventadas), mas o predomínio continua sendo do capitalismo.

Fonte: http://zip.net/bxtKMy

 

Por fim o autor descreve que na atualidade, diante de tanta tecnologia e flexibilidade, os jovens têm maiores chances no mercado de trabalho, pois são mais “adaptáveis” as diversas formas de trabalho. No entanto, deve-se refletir acerca do verdadeiro valor humano, onde foi citado pelos próprios acadêmicos o exemplo do padeiro, que durante muitos anos se dedicou todos os dias, ele mesmo a preparar a massa para os pães. De repente não existe mais a necessidade dele fazer o trabalho, pois foi substituído por uma máquina de última geração que de agora em diante fará todo seu trabalho.

REFERÊNCIA:

SENNET Richard. A Corrosão do Caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 1999.

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Efeitos Pessoais Laborais no Novo Capitalismo

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No último dia 3 (três) de maio aconteceu o “Psicologia em debate”, que foi apresentado pelos acadêmicos Erismar Araújo e Fabrício Veríssimo. O tema faz uma crítica às consequências que o capitalismo traz à vida do trabalhador. Os estudantes relataram que no início do trabalho houve um impasse entre os valores pessoais e aquilo que o autor aborda.

O debate teve início com uma breve apresentação da biografia do autor. Richard Sennett é professor de sociologia da Universidade de Nova Iorque, é considerado um dos maiores intelectuais em sociologia urbana na atualidade. Teve influências da filósofa alemã Hannah Arendt e do filósofo francês Michel Foucault. Sua obra mais conhecida é “O declínio do homem público”, na qual aborda a relação entre a vida pública e o culto ao indivíduo e ao individualismo.

Fonte: http://zip.net/bvtKjd

O livro “A Corrosão do Caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo” é baseado na história de trabalhadores e um dos pontos que o autor aborda é sobre os vínculos duráveis ou não duráveis no ambiente do trabalho e a importância das relações nesse espaço.

Seguindo com o conteúdo explanou-se a respeito de alguns conceitos, como: Corrosão: ato de corroer, destruição. Caráter: formação moral; honestidade: homem de caráter. O autor, também, argumenta que o capitalismo está em um momento caracterizado como natureza flexível em que o trabalhador deve estar sempre pronto para se adaptar às diversas situações impostas pela empresa.

Fonte: http://zip.net/bhtJZ7

Com isso, o autor acredita que o trabalho flexível tem efeito negativo no caráter da pessoa. No trabalho flexível também entra a questão do trabalhador disciplinado que é aquele que busca sempre dar o seu melhor. No entanto, tanto no trabalho disciplinado quanto no flexível, o trabalho ocupa o centro da vida.

A rotina parte da ideia de reestruturação do tempo; criação de formas e de poder; a mudança do ‘controle face-a-face’ pelo controle eletrônico. Ou seja, com as novas tecnologias, há uma nova rotina em que o trabalhador pode organizar seu próprio tempo, tendo seus aspectos positivos e também negativos, pois com isso enfraquece as relações interpessoais. Dessa forma, a ética do trabalho contribui para a degradação humana, pois não há mais experiências compartilhadas.

Fonte: http://zip.net/bbtJLb

Por fim, foi possível compreender, por meio do relato/apresentação, que o autor expõe a problemática do trabalho flexível, quais seus principais impactos para o trabalhador e, consequentemente, à sociedade em geral, pois uma vez que tais consequências atingem o caráter pessoal de um indivíduo impacta, também, toda a população.

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Família e afetividade: a configuração de uma práxis ético-política

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Em “Família e afetividade: a configuração de uma práxis ético-política, perigos e oportunidades”, o autor Bader B. Sawaia, aponta a importância e também os perigos da adoção da família e da afetividade como estratégia de ação emancipadora, que permite enfrentar e resistir à profunda desigualdade social modelada pelo neoliberalismo, e o conjunto de valores individualistas. Segundo Sawaia, a afetividade é a força mantenedora da família, e que apesar de diversas tentativas e previsões sobre seu desaparecimento, ela continua sendo a mediação entre o indivíduo e a sociedade, assistindo-se na atualidade ao enaltecimento dessa instituição. A família é o único grupo que promove a sobrevivência biológica e humana.

É uma instituição baseada em conservação e, ao mesmo tempo, em expansão e sua eficácia depende da sensibilidade e da qualidade dos vínculos afetivos. Por esse motivo, Sawaia diz que essas características podem se tornar perigosas ao fazer da família um instrumento de sustentação do poder, concentrando a política na ordem emocional, que domina o corpo inteiro, ao associar amor com submissão, ao confundir intimidade com democracia e liberdade, e por último, o risco de idealizar e estereotipar a vida em família.

Fonte: http://zip.net/bttJPx

Nesse sentido, a preocupação está em formar políticas que trabalhem o valor afetivo da família, evitando os problemas causados pela tentativa de transformá-la em um instrumento de sustentação de poder. Pretende-se ainda construir o desejo de se estar em família , e construir a liberdade e a felicidade de se estar em conjunto. Assim, são apontadas algumas medidas para que seja alcançada uma práxis ético-política que evite os perigos de se trabalhar a afetividade na família. Entre elas estão: eleger o valor afetivo na ação social com famílias pobres, potencializar as pessoas para combater o que causa o sofrimento, analisar a afetividade que une a família, negar a política de afetividade dominante, etc.

Fonte: http://zip.net/bytJxQ

Portanto, essa práxis ético-política atua no sentido de combater o exercício da dominação e da pobreza, atuando diretamente no cerne afetivo e nas emoções da família. Tal ação se faz importante  no que tange a um atendimento mais assistido e atencioso para com a instituição familiar, acabando ou pelo menos diminuindo a criminalidade nesta, de modo a torná-la um lugar seguro e agradável para a formação do ser humano.

REFERÊNCIAS:

SAWAIA, B. B. Família e afetividade: a configuração de uma práxis ético-política, perigos e oportunidades. PUC-SP, 2005. p. 39 a 50.

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Utilitarismo de Jeremy Bertham: o princípio da felicidade coletiva

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O trabalho desenvolvido a seguir, tem como objetivo discorrer sobre o Utilitarismo como corrente filosófica ética e apresentar alguns princípios que levaram Bentham a criá-la. Será também comparada de forma breve a teoria de Bentham com a de Rawls, analisando em quais aspectos as duas se incidem ou se contrapõe, bem como analisar os prós e contras do utilitarismo, uma vez que ele é baseado na conduta ética e moral do ser humano.

O utilitarismo é uma teoria sobre os fundamentos da conduta moral que nos permite avaliar e julgar as ações que praticamos, ela utiliza como base o princípio da felicidade, mas não a felicidade individual e sim a coletiva. Tendo sido criada pelo jurista, economista e filósofo Jeremy Bentham, que preferiu o estudo do direito ao invés de exercer a profissão de advogado, chefiando um grupo de radicais filósofos que buscavam por reformas políticas e sociais.

Jeremy Bentham por Henry W Pickersgill. Fonte: http://zip.net/bftHjm

Essa teoria foi vista como uma ideia revolucionária, pois pela primeira vez filósofos defendiam que a moralidade não dependia de Deus nem de idéias abstratas, sendo os utilitaristas reformadores sociais, apoiando mudanças como abolição da escravatura, e igualdade entre homens e mulheres. Segundo Bentham, a dor e o prazer nos regem, nos dizendo a direção de nossas ações, dentro de um padrão de certo e errado, determinando suas causas e defeitos, tendo que ser analisado o efeito do ato a ser praticado.

Formada por vertentes fundamentais, entre eles: o princípio do bem estar, que visa o bem estar de forma geral. O princípio do consequencialismo, que defende como certo o ato que maximiza o bem. Contudo, a avaliação deve ser feita de forma imparcial, pois nenhuma felicidade conta mais que a outra, assim dentro de diferentes circunstâncias o ato pode ser moral ou imoral, dependendo exclusivamente de suas consequências. O princípio da agregação, que por sua vez leva em conta a quantidade global de bem estar produzida, sendo válido sacrificar uma minoria a fim de aumentar o bem geral, baseada na ideia de compensação, se o saldo for positivo a ação julgada moralmente boa.

Outros princípios que compõem essa teoria são: o princípio de otimização, imparcialidade e universalismo. Na otimização se exige a maximização do bem estar como um dever. Na imparcialidade e no universalismo, os prazeres e sofrimentos são considerados da mesma importância. A priori, todos têm o mesmo peso, não se privilegia ou prejudica ninguém. O aspecto universalista é uma atribuição de valores do bem estar que não depende das culturas ou particularidades regionais, ele pretende definir uma moral que valha universalmente.

Na visão de Jeremy Bentham, a ética utilitarista baseia-se no princípio da maior felicidade, ou seja, o ato realizado em si depende apenas da sua contribuição para a felicidade geral, contrariando assim o egoísmo ético, e dando início ao hedonismo, que por sua vez visa o prazer como meio correto para atingir o objetivo supremo do homem: a felicidade. Segundo Bentham, cada um dos diferentes prazeres e dores na vida das pessoas tem certo valor que em última análise, é determinado apenas por duas coisas: a sua durabilidade e a sua intensidade, em outras palavras, um prazer é melhor quanto maior for a sua intensidade e duração.

Fonte: http://zip.net/bqtJkG

O utilitarismo de Bentham foi fortemente criticado, pois para alguns filósofos não era prático somar os prazeres ou as experiências dolorosas daquela maneira, e ainda mais por pensarem que a perspectiva dele conduziu ao sensualismo, ou seja, a um modo de vida baseado apenas na procura do prazer. Se analisarmos o princípio da maior felicidade, pode-se verificar que os utilitaristas avaliam as ações atendendo somente as suas consequências e que em qualquer ação o melhor ato é aquele que comparado com os demais, tem resultados mais valiosos.

A grosso modo, o utilitarismo ensina que uma ação é boa quando promove a felicidade do maior número possível de pessoas. Apesar de atualmente o utilitarismo não ser a ética mais utilizada, influenciou e modificou bastante o passado, com doutrinas como o utilitarismo clássico, hedonismo e o utilitarismo de preferências que revolucionaram o pensamento filosófico da época.

Mediante a teoria do utilitarismo é possível comparar duas idéias totalmente contrárias, defendidas por autores de grande influência Bentham e Rawls; suas teorias causam sem nenhuma dúvida uma divisão ideológica na sociedade contemporânea, o que nos induz a questionar ambos os pensamentos. Há uma clara aversão entre a teoria de Bentham e Rawls, pois embora Rawls tivesse como ideia principal a fundamentação de uma sociedade justa, seu pensamento se contrapõe ao de Bentham quando faz defesa ao “principio da diferença”.

Para ele a desigualdade econômica é justa, pois existem pessoas extraordinárias, talentosas e existem pessoas medíocres, com faltas de talento, “seria injusto não permitir a desigualdade entre essas pessoas”, em sua visão deve-se permitir que a distribuição da riqueza e rendimentos, seja determinada pela distribuição natural de capacidade e talento.

Fonte: http://zip.net/brtHmK

A teoria de Bentham se contrapõe totalmente ao pensamento naturalista, utilitarista. Como Bentham pensava em redimir a pobreza através do controle, tinha-se a ideia do protagonismo das classes dominantes. E consequentemente, cabia a essas classes exercer esse protagonismo sem egoísmo. É claramente possível ver que Bentham colocava a felicidade como bem comum, onde todos deveriam possuí-la.

Embora a filosofia tenha aceitado a teoria de Jhon Rawls, uma grande parcela da sociedade se volta com críticas diretamente ligadas ao pensamento defendido por ele. Todas as críticas e exposições referentes ao utilitarismo feitas por Rawls, fizeram com que ele fosse visto como egoísta mediante aos defensores desta. Rawls menciona que “não tem em mente os refinamentos feitos pelos seus defensores contemporâneos”. Portanto, é perceptível que em ambos os pensamentos existem verdades, mesmo que para muitos sejam inaceitáveis, podem sem dúvidas serem discutidas e revistas para que se tenha melhor entendimento e, talvez, a formação de novas ideologias.

Contudo, afirma-se que Jeremy Bentham é considerado o gerador da filosofia utilitarista, que por sua vez pode ser apontada como a preeminente corrente da filosofia moral. Sabe-se que o utilitarismo se encontra dentro de três linhagens de consequencialismo, sendo essas: o egoísmo ético, o altruísmo e o utilitarismo, no entanto sendo as duas primeiras espécies consideradas insustentáveis, a linhagem mais provável em relação ao consequencialismo seria de fato o utilitarismo, que tem como princípio geral a ação moralmente correta, ou seja, aquela cuja consequência seja um bem maior (prazer), ou cause um menor sofrimento (mal) para as pessoas/sociedade, e também ao próprio indivíduo.

O utilitarismo é intitulado consequencialista, pois é a partir da avaliação de cada ação e suas decorrências, que poderá ser refletido se tal procedência é reprovável ou não com base na ética, a partir do preceito de utilidade. Várias objeções foram feitas a teoria e prática do utilitarismo, principalmente em relação ao que exige de forma demasiada que os indivíduos estejam igualmente interessados no bem de todos, sem exceção. Atualmente percebe-se que se tornam cada vez mais escassas pessoas que de fato se interessem pelo bem de todos e, quando se interessam há em maior parte um objetivo específico e individualista por trás.

Fonte: http://zip.net/bqtJkK

Por fim, há de se considerar que essa corrente fornece soluções aceitáveis, uma vez que ainda soluciona parte dos problemas, pois proporciona ao indivíduo poder analisar e julgar suas ações que determinará qual será o tipo de consequência, se boa o má, e por conseguinte afetarão de forma coletiva. No entanto é necessário que haja sempre uma revisão constante com o intuito de verificar e identificar imprecisões neste modelo para assim melhorar sua teoria e prática, revisando constantemente sua dimensão, com a finalidade de analisar sua veracidade ante conflitos que atualmente são cada vez mais densos e complexos.

REFERÊNCIAS:

COSTA, Cláudio. Razões para o utilitarismo: uma avaliação comparativa de pontos de vista éticos. ethic@ – An international Journal for Moral Philosophy, Florianópolis, v. 1, n. 2, p. 155-174, jan. 2002. ISSN 1677-2954. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/ethic/article/view/14591>. Acesso em: 08 mar. 2017.

GERALDO, Pedro Heitor Barros. O utilitarismo e suas críticas: uma breve revisão. Anais do XV, 2008.

CAILLÉ, Alain. O princípio de Razão, e o utilitarismo antiutilitarismo. Estado. [Online]. 2001, vol.16, n.1-2, pp.26-56. ISSN 0102-6992. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922001000100003>.

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O Jardineiro Fiel: os fins justificam os meios?

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Questões éticas e morais dão a pauta no filme “O Jardineiro Fiel”, dirigido pelo cineasta Fernando Meirelles. O roteiro, baseado no o romance homônimo de John le Carré, publicado em 2001, mostra o envolvimento entre um diplomata britânico Justin Quayle (Ralph Fiennes) e uma ativista de direitos humanos Tessa (Rachel Weisz) que, após se mudarem para o Kênia, envolvem-se em um conflito de interesses econômicos, políticos e sociais de proporções internacionais.

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Tessa começa a investigar a atividade de indústrias farmacêuticas na África e buscar provas de que estão testando medicamentos ainda não liberados em comunidades africanas, tudo isso com a conivência do governo local e o envolvimento de agentes britânicos. O medicamento em questão está sendo desenvolvido para conter uma futura epidemia mundial, que provavelmente se alastrará provocada pelas próprias indústrias que a preveem e que terão o medicamento certo para conter a morte da população. Uma economia de milhões de dólares é feita ao se pular três anos de uma etapa da pesquisa e testar a fórmula diretamente em seres humanos e populações esquecidas do Kênia são o alvo ideal para agilizar os planos das corporações.

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Para conseguir provas contra o esquema das indústrias farmacêuticas e conter as mortes provocadas pelo uso do medicamento, Tessa, além de confrontar publicamente agentes do governo, mente, seduz e rouba, coloca sua própria vida em risco para salvar as populações indefesas. Para proteger seu marido ela omite informações e o engana quanto a seu trabalho, deixando que tanto ele quanto a sociedade pensem que ela o trai com seu colega de trabalho.

Tessa deixa claro, em correspondência com um primo/amigo, que “os fins justificam os meios”. Mostrando injustiças sociais e interesses econômicos que prevalecem sobre os direitos humanos, a narrativa expõe conflitos constantes de natureza ética e moral entre o bem e o mal, o certo e o errado, os limites entre o que se pode e o que se deve fazer.

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Ao afirmar que os fins justificam os meios, a personagem busca racionalizar a situação e proteger seu próprio ego de sentimentos e conflitos internos que ela não está preparada para enfrentar. Apesar de acreditar no que faz, Tessa sente-se culpada pelo modo como age e diz que não consegue se perdoar por algumas de suas atitudes frente ao marido. Aliás, a fragilidade de seu ego em meio a intensidade de seus conflitos internos é exposta desde a primeira cena do filme, onde se apresenta a mesma situação dos limites de sua consciência entre a defesa de uns e o prejuízo de outros, incluindo especialmente a si mesma entre esses outros e mostrando viver no limite entre as pulsões de vida e morte.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

Jardineiro-fiel

O JARDINEIRO FIEL

Diretor: Fernando Meirelles
Elenco: Ralph Fiennes, Rachel Weisz, Hubert Koundé, Danny Huston
Países: Alemanha, China, EUA, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte
Ano: 2005
Classificação: 14

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Acolhimento em clínica-escola e postura ética

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Durante a 1ª Semana Acadêmica de Psicologia do Ceulp/Ulbra, tive a oportunidade de conhecer mais sobre o acolhimento em Clínica-Escola. O acolhimento é uma postura ética que implica na escuta do usuário em suas queixas, no reconhecimento do seu protagonismo no processo de saúde e adoecimento, e na responsabilização pela resolução com ativação de redes de compartilhamento de saberes.

Diferenças conceituais entre Acolhimento e Triagem:

Acolhimento: É uma postura ética e não pressupõe hora ou profissional específico. É uma estratégia de cuidados empregada desde sua chegada à unidade de saúde com responsabilidade integral sobre ele. Também é feita por uma equipe multiprofissional, que envolvem: médicos, psicólogos, nutricionistas, etc.

Triagem: Diferentemente do acolhimento, a triagem é o processo pelo qual se determina a prioridade do tratamento de pacientes com base na gravidade do seu estado. Este processo raciona eficientemente os cuidados quando os recursos são insuficientes para tratar todos os pacientes de imediato.

Acolher inclui ouvir queixas, permitir que o paciente expresse suas preocupações, angústias, e ao mesmo tempo, fazer a articulação de outros serviços de saúde para a continuidade da assistência, quando necessário. Alguns erros cometidos no acolhimento: preocupar se apenas com a demanda e esquecer o sujeito, não deixar que a pessoa fale, preocupar-se apenas em fazer anotações, confundir triagem com acolhimento; não estabelecer vínculo com o paciente, mergulhar-se na queixa e esquecer que o sujeito é um ser biopsicossocial.

psicologo

Fonte: https://mentemagra.com/2013/08/

 

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John Stuart Mill – Até onde vai nossa Liberdade?

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Fonte: http://www.theimaginativeconservative.org/wp-content/uploads/2014/08/mill.jpg

Com raízes em princípios do eudemonismo, que julga como eticamente positivas todas as ações que possam levar o ser humano à felicidade, o utilitarismo, inicialmente defendido por Jeremy Bentham e posteriormente também defendido e ampliado por John Stuart Mill, pode ser resumido como sendo uma doutrina ética que defende que nossas ações são boas quando pretendem produzir a maior felicidade para o maior número de pessoas e são más quando promovem o contrário disso.

Nascido em 1806 em Londres, na Inglaterra, Stuart Mill foi um filósofo e economista, considerado um dos mais liberais e influentes do século XIX. Filho de James Mill, foi criado rigorosamente para defender o utilitarismo proposto por seu padrinho Jeremy Bentham.

Stuart Mill se destacou então em muitos campos, desde história a política, mas nesse artigo iremos discutir o significado e alguns aspectos da doutrina ética que ele defendia, a saber, o utilitarismo, e as implicações dessa doutrina para as ações e vida humana. Uma das máximas mais famosas de Stuart Mill: “Sobre seu próprio corpo e mente, o indivíduo é soberano”, servirá como nosso norte no desenvolvimento do texto a seguir.

Sobre seu próprio corpo e mente, o indivíduo é soberano

Mill defendia que todo ser humano deve tomar suas decisões baseado no máximo bem possível para o máximo de pessoas possível. Ele também defendia que o indivíduo deve ser livre para tomar atitudes que lhe proporcione felicidade, ainda que isso possa prejudica-lo, mas como dono de si próprio, ele tem o direito de fazer aquilo que lhe apetece.

Entretanto, ele também deve levar em conta a felicidade dos outros, logo, esse indivíduo é livre para fazer o que queira e tomar decisões que afetem seu corpo, desde que isso não afete terceiros. Portanto, sobre seu corpo e mente, esse indivíduo é soberano, sendo vetado ao governo e à sociedade, decidir o que esse homem deve ou não fazer.

Vale ressaltar que esse princípio ético se aproxima bastante da doutrina de Jesus Cristo, descrita na Bíblia, na qual ao exortar a um doutor da lei, usa a parábola do bom samaritano, que ao ver caído e espancado na estrada um homem judeu, que aquela época era considerado seu inimigo, ainda assim, cuidou dele, levando-o a uma hospedaria e pagando por assistência médica. (Lc 10:25-37). Ou seja, o samaritano fez uma ação que levava em conta não apenas suas próprias necessidades e felicidade, mas também a máxima felicidade possível naquele contexto. Para Mill, o “ama ao teu próximo como a ti mesmo” constitui o ideal da moralidade consistida no utilitarismo.

Fonte: http://www.a12.com/files/media/originals/o_bom_samaritano.jpg

Como visto, o utilitarismo avalia a utilidade de cada ação, defendendo que ela só deve ser realizada a partir do momento em que se avaliam as suas consequências e se ela vai ser útil ou não, ou seja, cada ação deve ser avaliada de acordo com sua utilidade prática. Para essa doutrina, ser útil é ponto mais elevado da moral (SANTANA, 2016).

Essa linha filosófica, já era cultivada na Antiguidade, havendo relatos de pensamentos semelhantes em Epicuro de Samos, na Grécia, passando por Richard Cumberland, no século XVII, Francis Hutcheson que defendia que a melhor ação é a que busca a maior felicidade para todos e David Hume que tentou compreender as fontes das virtudes partindo da sua utilidade (SANTANA, 2016).

A principal diferença entre Bentham e Mill está na forma como enxergavam os prazeres. Bentham defende que as nossas ações devem ser feitas a partir da quantidade de prazer que pode proporcionar para todos, enquanto Mill observa que há prazeres que são superiores aos outros, de forma que a qualidade do prazer seria o que realmente importa. Os prazeres inferiores são em sua grande maioria sensuais e relacionados à simples satisfação de desejos materiais. Os prazeres superiores estão relacionados com a felicidade que se alcança ao se buscar a intelectualidade e cultura. A partir disso, ele declara que é melhor ser um sábio infeliz do que um tolo feliz.

Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-KjnjXJBGhD8/Ua6pK66fYMI/AAAAAAAAdb0/p8ZO63BmoWA/s400/saindo+do+controle

Podemos então diferenciar isso como hedonismo quantitativo e hedonismo qualitativo. O hedonismo quantitativo, defendido por Bentham diz que o valor de um prazer depende apenas de sua duração e intensidade. O hedonismo qualitativo, defendido por Mill diz que o valor de um prazer depende de sua qualidade. (BRAY, Helena; 2014)

O indivíduo poderia se desenvolver qualitativamente a partir de experiências em sua vida, passando então a diferenciar os prazeres inferiores (comparáveis aos de um animal) dos prazeres superiores, transformando-se e crescendo. (DIAS, Maria Cristina Longo Cardoso; [?])

A filosofia de Mill não era tão radical que pretendesse fazer uma revolução, mas ao invés disso, tencionava fazer reformas na sociedade, na política, na economia e nas relações humanas, se estendendo inclusive à emancipação feminina, questão fortemente aflorada pelo relacionamento que teve com Harriet Taylor, defensora dos direitos da mulher.

Stuart Mill foi além de Bentham na aplicabilidade do utilitarismo. Ele queria não apenas usá-lo para tomar decisões cotidianas, mas inclusive para ser aplicado política e socialmente, ou seja, para ser realmente implantado no mundo palpável, saindo da teoria e se tornando prática.

Ele acreditava que se podia estabelecer um tipo de educação na qual os indivíduos desde crianças aprendessem a pensar na felicidade individual como sendo indissociável da felicidade coletiva, e que o bem-estar do indivíduo só seria completo a partir do bem-estar da sociedade.

Deste modo, ao crescer aprendendo isso, as pessoas sempre pensariam no bem-estar coletivo ao tomar uma decisão. Para Mill, o governo deve assegurar que as pessoas tenham o direito de buscarem sua própria felicidade, sendo permitida a intervenção nesse processo apenas se a busca de felicidade de alguém impedir de alguma forma a felicidade de outros. Este é o princípio do dano. Ele demonstra que a felicidade de um não é garantia suficiente da felicidade de todos.

Fonte: https://www.greenme.com.br/images/viver/saude-bem-estar/felicidade.jpg

O princípio do dano explica que a única razão para interferirmos na felicidade de alguém é a autoproteção (BRAY, Helena. 2015). Notemos que Mill defende que o estado não deve interferir na ação de uma pessoa desde que essa ação só prejudique a si próprio. A única parte da conduta de uma pessoa sobre a qual ela deve responder diante da justiça é aquela que interfere na vida de outras pessoas. Além do mais, o indivíduo só deve ser julgado se o dano causado a outra pessoa for realizado sem o próprio consentimento da pessoa.

Um bom exemplo seria o caso famoso de Bernd Jürgen Armando Brandes que consentiu em ser morto e depois servir de alimento para o canibal alemão Armin Meiwes, em 2001. (Folha de São Paulo, 2003). Se a lógica do princípio de dano fosse inteiramente aplicada aqui, Armin Meiwes não seria condenado, visto que a vítima consentiu em todo procedimento. Aqui se concretiza também a celebre máxima de que sobre seu próprio corpo e mente, o indivíduo é soberano.

Ao procurar entender a origem da felicidade humana e por que a desejamos, ele chegou à conclusão de que a única evidencia de que desejamos algo é que realmente a desejamos. Isso seria um tanto quanto insatisfatório em termos explicativos, mas ele continua demonstrando a distinção entre dois tipos de desejos: os desejos imotivados e as ações conscienciosas. O primeiro tipo é aquele que queremos por que nos darão prazer o e segundo tipo são as ações que praticamos por senso de dever, que no momento não nos trarão nenhum prazer imediato, mas a longo prazo traz. Esse último tipo não é uma ação que provoca nossa felicidade, mas que serve como meio para alcança-la. Portanto, desejamos tanto a felicidade que usamos todos os meios para alcança-la, seja por meios diretos ou indiretos.

Sobre a prática de suas teorias, citada acima, Mill tentou aplica-la em várias áreas, como economia, defendendo um mercado mais livre, com intervenção mínima do governo; foi considerado um dos primeiros expositores do feminismo, ao defender o direito ao voto da mulher, e era amplamente contra a escravidão, citando a tão famosa frase “Já não há mais escravos legais, exceto as donas de casa”, onde defende ao mesmo tempo o fim da escravidão e faz uma crítica à posição inferior que as mulheres ocupavam.

O utilitarismo também foi denominado radicalismo filosófico, visto que Bentham pretendia reestruturar os valores éticos, colocando a utilidade como valor maior de uma ação/atitude, e até reestruturar a sociedade, realizar uma reforma em seus fundamentos, se possível.

Essa teoria difere radicalmente de outras, por que não coloca o motivo da ação da pessoa como indicador de caráter, visto que uma intenção ruim pode ter consequências boas e uma intenção boa pode ter consequências ruins. (COBRA, 2001). O utilitarismo é apoiado por doutrinas teológicas, visto que coincide com a crença de que o maior desejo de Deus é que o homem produza a felicidade, teoria essa proposta por John Gay, estudioso e filósofo que se dedicou a estudar a Bíblia.

Fonte:https://historiadoreshistericos.files.wordpress.com/2010/10/20071120112352-cerebro.jpg

Pode-se imaginar o furor que as ideias liberais de Mill provocaram e ainda mais seu empenho em torna-las legalmente possíveis, assim como suas ideias feministas. Mas ele se tornou ainda mais conhecido e comentado após a sua morte, visto que como não inspirava mais tanto perigo, podia ser citado livremente, arrebatando defensores em todos os lugares, e inclusive sendo citado por dois lados de uma mesma discussão sobre a proibição ou não do fumo em locais públicos.

Mas o que mais se destaca em Stuart Mill não é sua exposição do utilitarismo, e sim sua ardorosa defesa da liberdade. Para ele a felicidade não deve ser vista como mais importante do que a liberdade. Liberdade esta que sendo promovida e assegurada pelo governo, deve, conforme ele diz, promover a felicidade de cada indivíduo e por fim, da sociedade.

Como Reeves (2006) pontua, Mill queria mesmo preservar um espaço em que o homem pudesse ter autonomia e liberdade sobre suas ações, em que pudesse ser senhor de sua própria vida sem interferências, mas também acreditava que havia formas de vida que eram melhores que outras, e que o homem devia através de sua liberdade, construir o que lhe significa por felicidade.

Fonte:http://dinheirama.s3.amazonaws.com/wp-content/uploads/2014/05/16113024/20140516-dinheirama-controle-liberdade.jpg

Mesmo tendo sido expositor de uma grande teoria ética e sendo uma figura popular e apoiada, Mill não deixou de lado a desconfiança nos sistemas filosóficos que pretendiam mudar radicalmente a sociedade, o que contribuiu para que ele se tornasse cauteloso em relação a formar uma escola de pensamento. Não há uma religião em torno de seus pensamentos e sua teoria filosófica. O que se pode afirmar que ele deixou foram perguntas que nos impactam ainda hoje de forma bastante atual. Quando é que a segurança de uma nação suplanta a liberdade de expressão? O estado pode interferir na vida dos indivíduos? Pode-se legalizar a prostituição? Como? (REEVES, Richard , 2006)

Stuart Mill tentou responder a essas perguntas, demonstrando estar séculos adiante de seu tempo, trazendo questões que ainda são persistentes no século XXI. Mill acreditava que o governo era importante no sentido de prover econômica e educacionalmente a população, mas que não deveria interferir em questões em que o indivíduo pudesse decidir por si.

Fica claro para nós, que embora ele tenha defendido o utilitarismo, sua principal questão era a liberdade. Liberdade de ir e vir, liberdade de tomar decisões, liberdade de fazer coisas que poderiam ser prejudiciais para si próprio, liberdade para escolher aquilo que significasse felicidade para si. Liberdade para ser soberano sobre seu próprio corpo e mente.

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/-_eQ0RPdecB8/TgJowUxE6HI/AAAAAAAAAKs/RmLzdBQX5xs/w1200-h630-p-nu/Charge+-+Liberdade+de+express%25C3%25A3o.jpg

Referências

BRAY, Helena. O hedonismo qualitativo de Stuart Mill. Disponível em < http://jornaldefilosofia-diriodeaula.blogspot.com.br/2014/02/o-hedonismo-qualitativo-de-stuart-mill.html> Acesso em 25 mar. 2016.

BRAY, Helena. O princípio do dano. Disponível em <http://jornaldefilosofia-diriodeaula.blogspot.com.br/2014/04/o-principio-do-dano.html>. Acesso em 25 mar. 2016.

COBRA, R.Q. Temas da filosofia: resumo. Disponível em < http://www.cobra.pages.nom.br/ft-utilitarismo.html>. Acesso em 25 mar. 2016.

DIAS, Maria Cristina Longo Cardoso. A concepção de ética no utilitarismo de John Stuart Mill. Discurso, [S.l.], n. 44, p. 235-260, dec. 2014. ISSN 2318-8863. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/discurso/article/view/89097/91988>. Acesso em: 24 mar. 2016.

PRESSE, France. “Rezei por nós, e o comi”, diz alemão acusado de canibalismo. 03/12/2003. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u66241.shtml>. Acesso em 25 mar. 2016.

REEVES, Richard. John Stuart Mill, 2006. Disponível em: < http://criticanarede.com/his_jsmill.html> Acesso em : 25 mar. 2016.

SANTANA, Ana Lúcia. Utilitarismo, 2016. Disponível em <http://www.infoescola.com/etica/utilitarismo/>. Acesso em:25 mar. 2016.

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A Ética é um caminho para a felicidade, destaca Clóvis de Barros Filho

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Durante uma palestra promovida pelo Sebrae/TO na noite desta quinta, 19, no Colégio São Francisco de Assis, em Palmas, o filósofo e professor da USP Clóvis de Barros Filho disse que a Ética é um importante caminho para a felicidade. Neste contexto, a fidelidade é uma das premissas que devem nortear todas as ações humanas; caso contrário, trocas sociais e afetivas chegarão a uma situação insustentável.

De acordo com o prof. Dr. Clóvis, a falta de fidelidade implica na falta de amor a si próprio. Isso tem efeitos, inclusive, na crise de sustentabilidade ambiental com a qual o mundo lida atualmente. Ser fiel, para Clóvis, é manter um pacto com as escolhas e decisões que se faz no passado. Portanto, é uma ênfase de caráter ético. Isso é o que geraria amor e confiança mútuos, em todas as esferas da vida. “Faça tudo de tal maneira que amanhã você consiga fazer o que você fez hoje. Ou seja, não comprometa o amanhã!”, destacou o professor, que é considerado pela revista Exame e pela HSM Expo como um dos melhores palestrantes do país e o melhor das Américas sobre o tema ‘Ética’.

Em sua palestra “Ética, Amor e Sustentabilidade”, Barros Filho citou também pensamentos de grandes personagens históricas como Aristóteles, Jesus Cristo e Friedrich Nietzsche. “O que a vida deve ter para valer a pena? A vida vale a pena quando há busca pela excelência”, disse ele em uma das reflexões sobre ética a partir do pensamento grego. Buscar a excelência de si próprio, assim, é colaborar para a excelência dos “Kosmos” (Universo). E agir com excelência implica em respeitar as próprias inclinações. “Só assim para que o indivíduo possa explorar ao máximo os seus próprios recursos”.

Clóvis também destacou a Ética a partir dos ensinamentos de Jesus, para quem “a vida digna é a vida dedicada ao outro”. Desta forma, “é possível colocar significado à própria vida. Do contrário, nos iludimos com encontros e buscas temporárias, com a acumulação desmedida que, no final das contas, não preenche o vazio existencial”.

O professor exemplificou ainda situações que evidenciam a escassez da moral. “Em uma escola colocaram câmeras nas salas de aula e comunicaram aos pais que eles podem acompanhar seus filhos pela internet. É como se dissesse que na frente das câmeras eles devem se comportar e por trás podem fazer o que quiser. É a escassez da moral e é aí que a ética se faz tão necessária”, afirmou Barros Filho, ao acrescentar que é preciso ficar alerta para o foto de que “não se pode buscar a qualquer custo seus objetivos. Não se pode obter a qualquer preço o que quer. Neste processo, tem que levar em conta a variável mais importante, que é o impacto que provocamos nos outros”.

Além disso, Clóvis diferenciou os conceitos de Ética e Moral. “A Ética é um entendimento coletivo para aperfeiçoar a convivência em sociedade. É uma inteligência compartilhada a serviço de todos”. Já a Moral é “uma reflexão em primeira pessoa. É aquilo que não faríamos mesmo que estivéssemos invisíveis. Ou seja, não faria diferença se tivesse alguém olhando ou não, sempre inclinaríamos a agir de acordo com a nossa moral”.

Ao fim da palestra, o professor doutor fez um chamamento para que cada um se dispusesse a oferecer a alguém um momento bom. “Todos nós somos responsáveis por construir juntos uma convivência possível. Se não for por nós, que seja para nossos filhos, para as próximas gerações”, finalizou.

CONGRESSO

Clóvis de Barros Filho participou da abertura do I Congresso Sebrae de Sustentabilidade. O evento teve início nesta quinta, 19, com as boas vindas dada pelo superintendente do Sebrae, Omar Antonio Hennemann. “No dia a dia esquecemos da sustentabilidade. Precisamos pensá-la como nossas necessidades atuais sem comprometer as próximas gerações”, destacou ele, ao ressaltar um dos temas do congresso. O superintendente estava acompanhado do presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae, Pedro Ferreira, e do diretor de Administração e Finanças da instituição, Jarbas Meurer.

Além de Barros Filho, o congresso também recebe os palestrantes Ricardo Voltolini, que aborda “Liderança e Sustentabilidade”, Felipe Saboya (“Iniciando a Gestão Empresarial Responsável”), Michelle Fildelhoc (“Empreendedorismo Social”), e a Monja zen budista Coen Roshi, com a palestra sobre “Desastres Naturais e Violências Humanas”. (Com informações do Sebrae/TO)

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