Lapa recebe festival de Rap

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Festival Lapa é Rap chega à sua 16ª edição com diversas apresentações, batalha de MC’s e intervenções poéticas no Palco Lapa 145

Quem curte rap e as tradicionais batalhas de MC’s já tem o seu ponto de encontro no Rio de Janeiro. O Palco Lapa 145 recebe o Festival Lapa é Rap na sexta, dia 8 de novembro, a partir das 22h. O evento, idealizado pelo músico e agitador cultural Kobá Xilon, reúne o melhor da nova cena do Rap em encontros imperdíveis e novidades sempre na segunda sexta de cada mês.

A sua 16ª edição vai contar com batalha de MC’s, intervenções poéticas e apresentações de Catu Oliveira, Pico Z.O, Nati Campos, Roots Gang, Falcão Records e DJ Karma. A entrada custa R$ 5,00.

Criado pela cantora Rosângela Si, o Palco Lapa 145 abre as portas com o intuito de ser uma casa dos artistas e seus movimentos. Com uma programação eclética, o casarão do final do século XIX está totalmente antenado com o nosso tempo, abraçando a diversidade e as manifestações artísticas em estado puro com festivais, shows, exposições, saraus, gastronomia, rodas de samba, rap e hip-hop e oficinas de dança e iniciação musical.

– Somos a casa da diversidade e da cultura, sempre aberta a todos que queiram mostrar o seu talento e, é claro, para quem está ávido a curtir e descobrir a cena carioca das artes muito além do mainstream – ressalta a fundadora.

Mais informações pelo telefone (21) 98231-0108 ou pelo site. 

Serviço: 

Festival Lapa é Rap – 16ª edição

Data: 8 de novembro, sexta-feira

Início do Show: 22h

Entrada: R$ 5,00

Local: Palco Lapa 145

Endereço: Rua da Lapa, 145, Centro.

Mais informações.

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O Direito achado na rua – liberdade e movimentos sociais

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A expressão “Direito achado na rua” criada pelo professor Roberto Lyra Filho é na realidade uma metáfora, ou seja, emprego de uma palavra em sentido diferente por próprio por analogia ou semelhança. O direito oriundo das ruas representa o direito no âmbito público e corrobora o ideal garantido pela Constituição de 1988 de que o direito emana do seu povo que em seu nome será exercido.

O termo “rua” é utilizado pelo autor como o espaço onde se constrói a socialização e a conscientização de cidadãos para o exercício e integração na democracia. O professor acredita na atuação direta dos sujeitos como protagonistas na conquista de direitos. Desse modo, haveria a ruptura da alienação e a não acomodação do social.

Para o autor, seria viável a desconstrução do positivismo jurídico, isto é, a quebra desse paradigma e, assim, exista a participação expressiva do povo no cenário de elaboração de leis, bem como, a integração da sociedade nas diversas formas de ideologias (econômica, étnica, moral, política, religiosa, jurídica, agrária, filosófica etc.).

Uma das críticas mais relevantes dessa teoria é ao Poder Judiciário no Brasil, uma vez que é considerado como uma das instituições historicamente mais conservadoras e menos democráticas do país, na qual predomina o princípio da autoridade e o apego a rituais e a termos de difícil compreensão para a maior parte da população. Faz-se necessário uma mudança para que prevaleça o ideal de inclusão social.

A teoria do professor Lyra Filho possui embasamento na liberdade e nos movimentos sociais, direito de ordem constitucional (fundamental), partindo do conceito de que são estes os contribuintes fiéis na confirmação da democracia, garantia e justiça. Elementos considerados importantes para aperfeiçoar o sistema de elaboração de leis.

Para Lyra Filho, o direito não se restringe relativamente à norma positivada, isto é, a lei usada frente à sociedade como preceito de regra, moral, boa conduta, enfim. O direito faz um intercalo aos costumes sociais e abrange significados incapazes de serem codificados no texto da legislação. Os movimentos sociais originam-se por inúmeras reivindicações, especialmente por necessidades não satisfeitas. A lei de nº 135/2012 é um exemplo nítido, onde 1.3 milhões de cidadãos descontentes com a corrupção existente nas campanhas eleitorais, por meio da ação popular criaram a Lei da Ficha Limpa. Apesar de a norma ter tido alteração em parte do seu conteúdo, o exercício da soberania popular foi significante.

O direito brasileiro é resultado de uma porção de lutas e conquistas de grupos revoltados com a forma de governo e com as desigualdades sociais. É necessário uma via de diálogo e participação entre o Estado e os movimentos sociais organizados, mantendo-se uma integração incessante, estabelecendo o ideal de justiça e democracia. A busca pela criação de normas e positivação estatal é o resultado idealizado pelos movimentos. Entretanto, nem sempre isso acontece. Por exemplo, em 2013 mais de 1,5 milhões de pessoas saíram às ruas para protestar e entre tantas reclamações, se destacaram a reforma política, a saúde e a educação. É inadmissível que o país anfitrião da copa do mundo de 2014 destine milhões para recepcionar um evento de tal importância mundial enquanto o restante da nação está à margem do descaso.

Sobretudo, o direito decorrente da rua mostra aos acadêmicos e estudantes que a lei e o direito garantido por ela nem sempre têm eficácia igual para todos. Entretanto, o empenho da sociedade em mudar essa situação, apesar de significante, ainda é pouco. A tese Lyriana, apesar de honrar a democracia a sua aplicabilidade é um tanto quanto complicada, mas não é impossível. Nas palavras do ex-reitor da UNB, José Geraldo de Sousa Júnior, é preciso deixar de vislumbrar o direito como um banco de enunciados legislativos. Faz-se oportuno pensar o direito como uma relação e criar condições para que as lutas dos movimentos sociais encontrem espaço politizado adequado para que se manifestem.

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Henri Cartier-Bresson e sua obsessão pelo instante decisivo

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“Para ‘revelar’ o mundo é preciso sentir-se implicado no que se enquadra através do visor. Essa atitude exige disciplina de espírito, sensibilidade e senso de geometria.
É através de uma grande economia de meios
que chegamos à sensibilidade de expressão. Deve-se sempre fotografar com o maior respeito ao sujeito
e a si próprio. Fotografar é segurar o fôlego quando todas as
nossas faculdades se conjugam diante da realidade fugidia;
é quando a captura da imagem representa
uma grande alegria física e intelectual.”
Henri Cartier-Bresson

Sensibilidade, intuição, senso de geometria. Nada mais… É assim que Henri Cartier-Bresson define fotografia.

Considerado “O Olho do Século”, o fotógrafo francês (1908-2004), entrou para a história da fotografia como o pai do fotojornalismo e um dos fotógrafos mais significativos do século XX. Foi um aficionado pelo mundo das imagens: expressou-se por meio de desenhos, pinturas, filmes cinematográficos. Mas, foi por meio de sua produção fotográfica que ele exercitou a liberdade, presente em seu jeito de pensar, falar, sentir, viver.  

O fotógrafo e sua câmera Leica: identificação única entre um artista e seu instrumento

Sua obra que influencia fotógrafos pelo mundo todo caracteriza-se pela habilidade técnica e pela precisão em capturar o “instante decisivo”. Numa concepção flusseriana, Bresson é como um caçador: sua câmera é sua arma. Seu território, uma selva de objetos culturais. Obsessivo, ele esperava por horas o momento certo para apertar o gatilho, tal qual um caçador a espera de sua presa.

O começo dessa paixão pela fotografia data de 1931, quando Bresson, aos 22 anos, viajou para a Africa onde passou um ano como caçador. Entretanto, uma doença tropical obrigou-o a retornar à França. Foi neste período, durante uma viagem a Marselha, que ele foi “tocado” por uma fotografia do húngaro Martin Munkacsi, publicada na revista Photographies (1931), mostrando três rapazes negros a correr em direção ao mar, no Congo.

Foto: Martin Munkacsi

Para Bresson, a coreografia  representaria a possibilidade de viver sem obstáculos, sem pecado, sem culpa. É a personificação da liberdade, essa de que o fotógrafo sempre foi discípulo. O gatilho foi disparado…  Atingido pela força da linguagem fotográfica, Bresson decidiu que a fotografia,  que marcaria para sempre o seu modo de ser, de sentir, de viver, seria sua religião e sua obsessão.

Não tinha medo, experimentava sempre. Em suas andanças não usava tripé. Com uma Leica na mão passava despercebido e conseguia se aproximar de suas “vítimas”. Com sua poética fotográfica, Bresson desvelou o cotidiano… Mestre de verter, em imagens, aquilo que sentimos e que não conseguimos expressar em palavras. Suas narrativas fotográficas nos ajudam a lembrar do fim da opressão imperialista na Índia, do assassinato do líder pacifista Gandhi, dos primeiros meses de Mao Tsé-Tung, na China comunista, entre outros acontecimentos decisivos que marcaram o século XX. Talvez por isso é que a sua obra influenciou várias gerações de fotógrafos pelo mundo.

Em seus relatos deixou claro que “a fotografia por si só não o interessava, somente a reportagem fotográfica, onde há a comunicação entre o homem e o mundo.” Não ficou esperando a vida passar, foi ao encontro dela.

Aqui, um pouco de sua obsessão:

 Instante 1

“A gente olha e pensa: Quando aperto? Agora? Agora? Agora?
Entende? A emoção vai subindo e, de repente, pronto.
É como um orgasmo, tem uma hora que explode.
Ou temos o instante certo, ou o perdemos…e não podemos recomeçar…” 

Henri Cartier-Bresson

Gare St Lazare, Paris, 1932
(uma de suas fotos mais famosas)

Instante 2

“O que importa é o olhar. Mas as pessoas não olham,
a maioria não observa, apenas aperta o botão.”

Henri Cartier-Bresson

Casal em Paris, em 1968

Instante 3

“Fotografar é um meio de compreender,
que não pode se separar dos outros meios de expressão visual.
É uma forma de gritar, de se liberar e não de provar ou de afirmar sua própria originalidade.”

Henri Cartier-Bresson

Martine’s Legs, 1967

Instante 4

“Sensibilidade, intuição… senso de geometria. Nada mais”
Henri Cartier-Bresson

Hyeres, France, 1932

Instante 5

“É preciso esquecer-se, esquecer a máquina… estar vivo e olhar.
É o único meio de expressão do instante.
E para mim só o instante importa… e é por isto que adoro,
não diria a fotografia….mas a reportagem fotográfica,
ou seja, estar presente, participar, testemunhar…”

Henri Cartier-Bresson

 

Queen Charlotte’s Ball, London, 1959

 

Instante 6

“Fotografar é colocar, na mesma linha de mira, a cabeça, o olho e o coração”
Henri Cartier-Bresson

Mannhattan, New York, 1968

 

Os instantes decisivos de Bresson despertam em nós a sensibilidade para outras paisagens…

Referências:

GALASSI, P. Henri Cartier-Bresson: o século moderno. Tradução de Cid Knipel. São Paulo: Cosacnaify, 2010.

FLUSSER, V. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro: Ed. Relume Dumará, 2002.

http://www.henricartierbresson.org/

http://photographymc.blogspot.com.br/2012/02/henri-cartier-bresson-masters-of.html

http://imagensliquidas.blogspot.com.br/2011/08/cartier-bresson.html

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