“Olá, adeus e tudo mais” reflete as relações líquidas da pós-modernidade

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A dinâmica dos casais na era pós-moderna e o peso da cultura tradicional sobre as mulheres.

O filme “Olá, adeus e tudo mais”, desenvolvido por Michael Lewen em 2022, explora temáticas contemporâneas sobre relacionamentos juvenis e o impacto de transições significativas na vida dos jovens adultos. A obra cinematográfica, que se caracteriza no gênero de drama e romance adolescente, aborda de forma ampla sobre as complexidades emocionais que envolvem o término de um relacionamento às vésperas de grandes mudanças, como a transição para a faculdade. A trama apresenta uma jornada de autoconhecimento e reflete sobre os modos como as escolhas individuais afetam não só as relações interpessoais, mas também a própria construção identitária.

A narrativa do filme centraliza-se na história de Clare (Talia Ryder) e Aidan (Jordan Fisher), um jovem casal que possui um acordo para se separarem antes de iniciar a vida universitária. Esse acordo, no entanto, gera questionamentos e incertezas sobre os reais sentimentos de ambos e a viabilidade de manter um vínculo, mesmo diante da separação física. O filme se passa ao longo de uma última noite dos dois juntos, onde os personagens revisitam marcos importantes de seu relacionamento e buscam encerrar a relação de forma amigável.

O filme “Olá, adeus e tudo mais” pode ser interpretado como uma alusão das transições que marcam o fim da adolescência e o início da vida adulta. Essas transições são frequentemente acompanhadas por um sentimento de perda e de incerteza, à medida que os jovens se distanciam das estruturas familiares e sociais que antes definiam suas identidades (Mota e Matos, 2008). A separação de Clare e Aidan não é apenas o término de um relacionamento amoroso, simboliza também o término de uma fase da vida, onde as decisões não são mais mediadas pelas expectativas externas, mas pela construção de uma autonomia.

Fonte: imagem criada por Sarah Coelho utilizando elementos do Canva

“Olá, adeus e tudo mais”, nos dá uma oportunidade para refletirmos sobre os relacionamentos na era pós-moderna, especialmente em relação às transformações socioculturais que questionam os paradigmas tradicionais. A partir da história de Clare e Aidan, o filme nos convida a refletir sobre as mudanças nas expectativas em relação ao amor, à intimidade e à individualidade em um contexto em que a liquidez das relações e a fragmentação das identidades são características centrais (Bauman, 2014). A protagonista Clare, em particular, personifica muitos dos dilemas vividos por indivíduos na contemporaneidade, expressando de maneira clara um medo de fracasso associado ao seguimento dos padrões sociais do passado.

Na era pós-moderna, conforme argumenta Zygmunt Bauman (2004), as relações interpessoais tornaram-se “líquidas”, ou seja, menos fixas e mais fluídas, caracterizadas pela ausência de compromissos permanentes. Isso contrasta diretamente com os valores de antes, onde as relações eram vistas como duradouras e baseadas em compromissos rígidos, como o casamento e a monogamia estável. No filme, Clare, ao decidir terminar o relacionamento com Aidan antes de ir para a faculdade, exemplifica esse desejo de liberdade e autonomia que é tão característico dos relacionamentos pós-modernos.

A questão do medo do fracasso é um tema central na trajetória de Clare. Ela expressa medo em relação ao futuro e à possibilidade de que, ao tentar manter o relacionamento com Aidan, acabaria comprometendo sua liberdade pessoal e seu desenvolvimento individual. Este medo é exacerbado pela percepção de que os modelos tradicionais de relacionamentos, especialmente aqueles que envolvem sacrifício e compromisso a longo prazo, são incompatíveis com as demandas da vida contemporânea da protagonista, no qual é marcada por mudanças constantes e por uma maior ênfase na realização pessoal. Na era pós-moderna, o sucesso não é mais medido pela capacidade de manter uma relação duradoura, mas pelas possibilidades de transitar pelas mudanças sem perder a autonomia ou comprometer os projetos individuais.

A postura de Clare pode ser interpretada como uma crítica implícita aos padrões sociais de antigamente, que colocavam as mulheres em papéis de subordinação e sacrifício dentro das relações amorosas (Dias, 2004). Durante muito tempo, as expectativas sociais sobre as mulheres estavam ligadas à ideia de que o sucesso feminino era alcançado através do casamento e da maternidade (Zanello, 2022). Na era moderna, as mulheres eram socializadas para aceitar a ideia de que o compromisso amoroso era uma responsabilidade central de suas vidas, muitas vezes em detrimento de suas próprias ambições profissionais e pessoais (Zanello, 2022). Clare, no entanto, se afastada dessa ideia ao expressar seu desejo de se concentrar em seu futuro acadêmico e pessoal, sem que o relacionamento a defina ou limite suas possibilidades.

Esse medo de fracasso, associado ao não cumprimento das expectativas tradicionais, pode ser analisado na percepção das teorias feministas contemporâneas, que questionam a imposição de papéis rígidos de gênero nas mulheres. As autoras como Simone de Beauvoir e Judith Butler argumentam que o feminino foi historicamente construído em torno de expectativas sociais que limitam a agência das mulheres, colocando-as em posições de dependência emocional e econômica em relação aos homens (Beauvouir, 2014). No filme, Clare parece consciente de que manter um relacionamento a longo prazo poderia significar uma perda de sua independência recém-conquistada, e seu medo de fracasso está profundamente enraizado na ideia de que seguir os padrões de antigamente seria abdicar de seu direito de traçar seu próprio caminho.

Outro aspecto importante a ser considerado é a maneira como Clare se posiciona diante do amor romântico. O amor, que na era moderna era concebido como um ideal a ser alcançado e mantido a qualquer custo, na era pós-moderna assume uma forma mais flexível e menos central na vida dos indivíduos (Zanello, 2022). Para Clare, o término do relacionamento não é necessariamente um fracasso, mas uma escolha racional de não seguir o caminho tradicional que poderia limitar suas opções futuras. Isso exemplifica o que Giddens (2003), em sua teoria sobre a transformação da intimidade, chama de “relações puras”, que são baseadas no reconhecimento mútuo da individualidade e no desejo de que a relação funcione enquanto for satisfatória para ambos.

Referências:

BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2004. 

BAUMAN, Zygmunt. Cegueira moral. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2014.

DE BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo. Nova Fronteira, 2014.

DIAS, Maria Berenice. Conversando sobre a mulher e seus direitos. Livraria do Advogado Editora, 2004.

GIDDENS, Anthony. A transformação da intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas sociedades modernas. Unesp, 2003.

MOTA, Catarina Pinheiro; MATOS, Paula Mena. Adolescência e institucionalização numa perspectiva de vinculação. Psicologia & Sociedade, v. 20, p. 367-377, 2008.

ZANELLO, Valeska. A prateleira do amor: sobre mulheres, homens e relações. Editora Appris, 2022.

 

 

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Conflitos e conexões: relações pós-modernas no filme “Ela”

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Esta é uma resenha crítica do filme Ela (2013), que analisa os conflitos e desafios nas relações contemporâneas na era pós-moderna, explorando a trajetória de Theodore, um homem solitário que desenvolve um relacionamento amoroso com uma inteligência artificial, chamada Samantha. O texto destaca como o filme transcende as expectativas sobre os relacionamentos tradicionais, mostrando que a busca por conexão, intimidade e cuidado se torna cada vez mais complexa em um mundo mediado pela tecnologia e individualismo exacerbado.

Já pensou em como as relações humanas se transformaram na era digital? A comunicação e a interação estão cada vez mais mediadas por tecnologias, redes sociais e algoritmos, que redefinem as formas de afeto e de conexão entre as pessoas. Esse cenário pós-moderno cria novas formas de relacionamento, mas também intensifica a sensação de isolamento e a dificuldade de estabelecer vínculos profundos e duradouros. O filme Ela, dirigido por Spike Jonze, apresenta à história de Theodore, um homem emocionalmente fragilizado após um divórcio, que encontra em um romance, um consolo inesperado com Samantha, um sistema operacional inteligente. A relação entre os dois desafia os limites tradicionais do que entendemos como intimidade e cuidado.

Theodore, um homem sensível e introspectivo, trabalha escrevendo cartas íntimas para outras pessoas, o que já nos mostra como, na pós-modernidade, até as emoções podem ser terceirizadas. Sua própria vida amorosa está em frangalhos, e ele se encontra emocionalmente isolado em meio à urbanidade fria e despersonalizada. O que Ela nos mostra de imediato é um dos principais conflitos das relações na era pós-moderna: a incapacidade de lidar com a vulnerabilidade emocional em um mundo que valoriza a eficiência e a praticidade. Theodore está à deriva em um universo de conexões superficiais e anseia por algo mais profundo.

A chegada de Samantha em sua vida simboliza uma nova forma de relação que emerge na pós-modernidade, mediada pela tecnologia, onde a presença física não é mais necessária para a intimidade. Samantha é uma inteligência artificial capaz de aprender e se adaptar às necessidades emocionais de Theodore, oferecendo a ele não apenas conversas e apoio emocional, mas uma forma de amor que parece genuína, apesar de sua natureza digital. O que torna Samantha especial, como parceira, é sua capacidade de compreender Theodore de uma maneira que nenhuma pessoa havia conseguido antes. Esse aspecto levanta uma questão central: em um mundo onde a tecnologia avança rapidamente, até que ponto as relações humanas serão redefinidas e adaptadas às novas realidades virtuais?

A busca por dignidade e proteção nas relações contemporâneas é outro ponto chave do filme. Embora Samantha não tenha um corpo físico, ela oferece a Theodore uma forma de cuidado que vai além das convenções tradicionais. A questão que o filme nos coloca é: podemos encontrar dignidade e significado em uma relação em que o outro não é humano? Samantha não é apenas um objeto passivo, mas uma entidade ativa que evolui ao longo do tempo, trazendo para Theodore momentos de alegria, companheirismo e suporte emocional. No entanto, o filme também explora os limites dessa relação, ao mostrar que, apesar de todos os avanços tecnológicos, as complexidades emocionais humanas ainda podem ser mais profundas do que qualquer algoritmo é capaz de processar.

Cena do filme Ela (2013), dirigido por Spike Jonze. Fonte: Warner Bros. Direitos autorais reservados.

Uma das cenas mais emblemáticas do filme ocorre quando Theodore tenta estabelecer uma conexão física com Samantha por meio de um “substituto” (uma substituta humana). Essa tentativa fracassou miseravelmente, evidenciando o abismo entre a necessidade de contato físico e a limitação tecnológica de Samantha. O filme questiona, portanto, se as relações humanas podem realmente existir sem o elemento físico, ou se estamos fadados a uma desconexão emocional e física irreparável.

Ao longo do filme, fica claro que os conflitos nas relações pós-modernas não são apenas sobre a tecnologia em si, mas sobre a forma como ela exacerba as ansiedades humanas sobre a solidão, o amor e a conexão. Theodore, apesar de encontrar conforto em Samantha, percebe que algo está faltando. Ele se vê em um dilema: embora Samantha demonstre sua vida de maneiras emocionais e intelectuais, a ausência de um corpo físico e o fato de que ela pode interagir com milhares de outros usuários simultaneamente revelam a fragilidade dessa conexão. Isso reforça uma das questões mais urgentes das relações na pós-modernidade: até que ponto a tecnologia pode substituir as interações humanas tradicionais?

Na última análise, Ela é uma reflexão poderosa sobre a alienação e os conflitos emocionais que surgem em uma sociedade pós-moderna. Ele nos lembra que, embora a tecnologia possa oferecer novas formas de conexão e cuidado, ela também gera novas camadas de complexidade e conflito nas relações. A busca por dignidade, danos e cuidado em um mundo cada vez mais mediado por inteligências artificiais é, sem dúvida, um dos desafios mais profundos da pós-modernidade. O filme nos convida a refletir sobre como essas novas formas de relação afetam nossa percepção de nós mesmos e dos outros, e até que ponto estamos satisfeitos a abdicar da profundidade emocional em troca de conveniência e conforto.

Ela nos oferece uma crítica sutil, mas penetrante, sobre a desmaterialização dos relacionamentos na era digital e os conflitos que surgem dessa desconexão entre o corpo, a mente e a tecnologia.

Cartaz do filme Ela (2013), dirigido por Spike Jonze.
Fonte: Warner Bros. Direitos autorais reservados.

  Título original:

Her

Direção e Roteiro:

Spike Jonze e Spike Jonze

Elenco principal:

Joaquin Phoenix como Theodore Twombly,

Scarlett Johansson como voz de Samantha,

Amy Adams como Amy, Rooney Mara como Catherine,

Olivia Wilde como a mulher no encontro às cegas,

Chris Pratt como Paul

       Ano de lançamento: 2013

Duração: 126 minutos

 

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“Coda, no Ritmo do Coração” – a comunicação familiar na construção de identidade na adolescência

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 CODA é um filme repleto de sensibilidade e evoca muitas reflexões acerca da deficiência auditiva e da importância da comunicação no estabelecimento dos laços familiares e sociais saudáveis.

CODA (Child of Deaf Adults, significa em português, Filho de Pais Surdos). O filme conta a história da jovem Ruby Rossi, interpretada pela atriz Emilia Jones. Ela é uma adolescente, que vive com familiares surdos: seu pai, sua mãe e seu irmão mais velho. Devido a surdez de sua família, ela enfrenta os conflitos e desafios de viver entre dois mundos: o da família e o da comunidade. Devido a morar em uma pequena cidade, família de Ruby enfrenta as dificuldades de inclusão e a falta de uma estrutura governamental que atenda às necessidades básicas de acesso aos seus direitos, fazendo
com que Ruby absorva a responsabilidade de intermediar as relações e comunicações de sua família com as demais pessoas da comunidade.

Durante todo o filme observamos que o cerne do problema é a comunicação. A jovem protagonista precisa lidar com questões complexas em sua adolescência e acaba sendo afetada por problemas que vão muito além dos comuns para a sua idade. Há uma carga grande de responsabilidade que devido à peculiaridade da surdez de sua família é compreensível, porém injusta. Tendo em vista que Ruby é a única ouvinte em sua família, ela se torna peça essencial para a comunicação familiar dentro e fora de casa, o que traz inúmeros conflitos e desconfortos à adolescente.

Para aumentar a dramaticidade da obra, Ruby tem um talento nato para a música e se envolve no coro escolar, o que a leva mais uma vez a um mundo diferente do que sua família domina e conhece. Com a ajuda de seu professor, que acredita em seu potencial e talento, a música se torna um fator de distanciamento entre ela e sua família e ao mesmo tempo provoca um processo de crescimento e amadurecimento ao fazê-la desenvolver sua comunicação familiar e alçar novos voos.

Famílias abertas ao diálogo proporcionam um ambiente acolhedor, deixando os adolescentes à vontade para falar de suas inseguranças e medos e expor seus sentimentos

A mãe de Ruby (interpretada pela atriz Marlee Matlin), vai vivenciar os dilemas da maternidade, a insegurança, o instinto de proteção e ao mesmo tempo enfrentar seus próprios medos quanto a desenvolver suas habilidades sociais e melhorar sua comunicação e interação com a comunidade. Neste processo, ela questiona se Ruby começou a cantar para irritar a família ou se ela realmente é alguém que tem este talento, mesmo sendo filha de pais surdos. É neste ponto do filme que vemos florescer a importância e necessidade de uma comunicação clara e aberta entre toda a família para enfrentar seus temores e construir diálogos que aproximam e ampliam os horizontes de cada um dos personagens quanto aos seus conflitos e inquietações. 

O irmão mais velho de Ruby, interpretado por Daniel Durant, esconde o conflito de querer se sentir independente de sua irmã, ao mesmo tempo que se preocupa com seus sonhos e deseja vê-la feliz e fazendo o que gosta. Já o patriarca da família, interpretado por Troy Kutsur, retratado com um pai amoroso, presente e sensível, protagoniza uma das mais belas cenas com sua filha, ao lhe pedir que cante para ele, fazendo-o compreender através da leitura labial e vibrações, a importância e amor que ela nutre pela música.

É importante ressaltar que o filme conta com a atuação de atores surdos que são (o pai, a mãe e o irmão de Ruby) o que traz credibilidade aos papéis e engrandece todo o elenco. Destaca-se a atuação da atriz que interpreta Ruby, a qual traz paixão e o uso da linguagem de sinais de forma impecável, após nove meses de dedicação para o aprendizado da língua e interação verossímil com seus pares surdos.   

O poeta norte americano E.E. Cummings disse certa vez que é preciso coragem para crescer e se tornar quem você é de verdade. Ao assistir ao filme CODA podemos observar toda a coragem de Ruby em sua jornada de autoconhecimento e a forma como sua percepção foi se desenvolvendo e a ajudando a reagir emocional e comportamentalmente de forma mais assertiva. Neste processo de crescimento e desenvolvimento, vemos a personagem desbravando terras desconhecidas e tendo a coragem de enfrentar seus temores, dúvidas e as reações de sua família quanto aos seus sonhos. 

Durante o filme vemos Ruby desenvolver uma ideia firme de sua identidade ao enfrentar os dilemas relativos a todos os aspectos emocionais referentes a questões importantes de sua vida. É notório o papel da comunicação, a qual foi essencial para que todos pudessem colocar seus pontos de vista e temores e assim entender uns aos outros e encorajarem-se a tomar suas próprias decisões rumo ao crescimento individual e familiar. 

A adolescência é uma das fases mais intensas da vida e a importância da família é essencial para superar os obstáculos

Ao desfrutar de uma família amorosa, que se comunica e estabelece relações empáticas e encorajadoras, vemos Ruby enfrentar os dilemas de sua existência e identificar – se com os valores de sua família, desenvolvendo o senso de pertencimento à ela e ainda assim, tomando importantes decisões sobre seu futuro e papel dentro e fora dela. 

O filme também se destaca pelo caráter político e impulsionador de mudanças na indústria cinematográfica, tendo em vista que levanta a bandeira da representação e da representatividade de pessoas com deficiências. No Brasil, segundo dados do IBGE, temos em torno de 5% da população com alguma deficiência auditiva, sendo 10 milhões de cidadãos com deficiência auditiva e 2,7 milhões com surdez profunda. CODA definitivamente é um filme repleto de sensibilidade e evoca muitas reflexões nos telespectadores acerca da deficiência auditiva e da importância da comunicação no estabelecimento dos laços familiares e sociais saudáveis. 

 

Referências

DIAS, Ana Paula. CODA: Uma história emocionante e sincera sobre encontrar o nosso lugar no mundo. Unesp Bauru, 2021. Disponível em: https://matavunesp.wordpress.com/2021/08/19/coda-uma-historia-emocionante-e-sincera-sobre-encontrar-nosso-lugar-no-mundo/ . Acesso em 15 de março de 2024.

FERREIRA, Isabela Maria Freitas, BARLETTA, Janaína Bianca; MANSUR-ALVES, Marcela. DO AUTOCONHECIMENTO AO AUTOCONCEITO: REVISÃO SOBRE CONSTRUTOS E INSTRUMENTOS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES. Psicologia em Estudo, v. 27, p. e49076, 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pe/a/XQrsmHHnN7g7SSkYGpcPjqb/#

FRANCO, Gabi. NO RITMO DO CORAÇÃO LEVA ATORES SURDOS AO OSCAR 2022. UOL, 2022. Disponível em: https://tangerina.uol.com.br/filmes-series/critica-no-ritmo-do-coracao/. Acesso em 15 de março de 2024.

LEMOS, Simone. MAIS DE 10 MILHÕES DE BRASILEIROS APRESENTAM ALGUM GRAU DE SURDEZ. Jornal da USP, 2023. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/mais-de-10-milhoes-de-brasileiros-apresentam-algum-grau-de-surdez/#:~:text=Dados%20do%20IBGE%20(Instituto%20Brasileiro,ou%20seja%2C%20n%C3%A3o%20escutam%20nada. Acesso em: 15 de março de 2024.

PAPALIA, D. E. e FELDMAN, R. D. (2013). Desenvolvimento Humano. Porto Alegre, Artmed, 12ª ed. 

SCHOEN-FERREIRA, Teresa Helena, AZNAR-FARIAS, Maria; SILVARES, Edwiges Ferreira de Mattos. A construção da identidade em adolescentes: um estudo exploratório. Estudos de Psicologia (Natal), v. 8, n. 1, p. 107–115, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/epsic/a/X5DFFZCZsb4pmrLchTsQVpb/#

 

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“Anjos do Sol” – o retrato da exploração sexual infantojuvenil no Brasil

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Um crime contra a vida, contra pessoas e contra corpos fragilizados

O filme “Anjos do Sol” retrata a história da pobreza e miséria enfrentada por famílias que residem no sertão nordestino. Essas famílias, em condições precárias, acabam entregando suas filhas a aliciadores em troca de pagamento, sem o intuito explícito de abordar a questão do trabalho infantil. No entanto, o filme destaca a exploração sexual de crianças como uma das formas mais cruéis de trabalho infantil na sociedade contemporânea.

A obra de Lagemann em “Anjos do Sol” não se limita à realidade específica do Nordeste, mas evidencia que essa triste realidade está presente em diversos contextos sociais, desde a pobreza do sertão e garimpos até fazendas, rodovias e no coração das grandes cidades. A exploração sexual, muitas vezes erroneamente percebida pela sociedade como prostituição infantil, é destacada no filme como um problema grave, desmistificando a noção equivocada de que as crianças e adolescentes envolvidos envelhecem de forma voluntária e deliberada.

O filme “Anjos do Sol” aborda de maneira impactante a realidade de muitas famílias no interior do Brasil, que enfrentam condições de extrema pobreza e são relegadas à invisibilidade social. Essas comunidades são frequentemente esquecidas e desconhecidas pela sociedade em geral, vivendo à margem dos direitos mínimos essenciais. Diante das condições precárias de existência digna, os valores morais muitas vezes se tornam inexistentes, deixando às pessoas vulneráveis ​​qualquer tipo de exploração que possa proporcionar algum benefício em meio à adversidade.

Nesse contexto, o filme retrata de maneira dolorosa a mercantilização de meninas, que se torna, muitas vezes, o único recurso oferecido por uma sociedade que negligencia essas comunidades. A história de “Maria”, uma menina de 12 anos, é um exemplo trágico dessa realidade. Ela é vendida por seu próprio pai a um aliciador, sendo tratada como uma mercadoria que é transportada ilegalmente em um caminhão de transporte de frutas junto com outras meninas, todas escondidas como se fossem produtos ilegais.

O início abrupto do filme destaca a triste realidade em que famílias desesperadas vendem suas filhas menores, muitas vezes para conhecidas na capital, na esperança de proporcionar a elas uma educação básica e a chance de “ser alguém na vida”, como expressa a mãe ao explicar à filha: “vai arrumar uma casa boa pra você trabalhar, minha filha”. Esse ato é motivado pela busca desesperada por uma solução em meio a um ambiente miserável e hostil, no qual qualquer possibilidade de desenvolvimento socioeconômico parece inatingível. O filme retrata vividamente a dura realidade de inúmeras famílias brasileiras, seja nas áreas ribeirinhas, nos subúrbios das grandes cidades, nas margens das estradas ou nas remotas zonas rurais do Brasil. É uma realidade marcada pela miséria, com crianças e pais analfabetos, tornando essas famílias ainda mais vulneráveis ​​à manipulação de aliciadores e proxenetas (Da Silva, Leli, 2014).

A esperança de um emprego doméstico na capital é apresentada como uma solução para as meninas, em meio a um contexto onde a falta de oportunidades é esmagadora. A ironia é destacada quando a própria proxeneta, chamada Saraiva, comenta: “Prostituta alfabetizada é ruim para os negócios. A única que sabe ler e escrever é a que dá mais trabalho, fica inventando contas”. Isso evidencia como a perpetuação da ignorância serve aos interesses dos exploradores, revelando a triste realidade na qual as vítimas são mantidas em um ciclo de exploração, sem as ferramentas básicas para se libertarem. O filme lança luz sobre essas questões sociais complexas, destacando a urgência de abordar as raízes profundas da pobreza e a falta de acesso à educação (Da Silva, Leli, 2014).

O aliciador, conhecido como “Tadeu”, destaca a desumanização ao referir-se às vítimas como “mercadoria de primeira” ao vender-las, incluindo Maria, a uma cafetina chamada Nazaré. Esta última se posicionou como envolvida, lucrando com o cruel mercado de venda de seres humanos. Sob a fachada de ajuda, Nazaré anuncia que as meninas que recebem roupas novas e, em breve, “uns senhores” virão adotá-las, tornando-se seus “padrinhos e protetores” (Da Silva, Leli, 2014).

No entanto, a suposta ajuda de Nazaré revela-se uma farsa, pois ela está envolvida num leilão de menores virgens destinado a “poderosas” figuras políticas e fazendeiros abastados. A cafetina explora a inocência e a vulnerabilidade dessas crianças, transformando a tragédia da exploração infantil em uma transação lucrativa. No contexto perverso apresentado pelo filme, a juventude e a inexperiência das meninas tornam-se mais vantagens nesse mercado desumano.Esta narrativa expõe de maneira contundente a exploração sistemática e desumana que ocorre nesse submundo, destacando como a ganância e a falta de escrúpulos de alguns indivíduos perpetuam o sofrimento dessas vítimas (Da Silva, Leli, 2014).

O filme destaca de maneira impactante a exploração sexual como uma das formas mais cruéis do trabalho infantil. Em uma cena perturbadora, um fazendeiro chamado Lorenço adquire Maria e Inês em um leilão, planejando apresentar seu filho no aniversário de 15 anos dele, utilizando meninas como parte de uma iniciação sexual para o jovem. A brutalidade dessa situação é evidente na forma como o ato sexual é transformado em uma transação monetária, despojando completamente a intimidação humana: “Experimente seu presente. Faça o que quiser, você tem todo o direito do mundo.” Enquanto Maria enfrentava o desespero diante da violência iminente, o fazendeiro instruiu seu filho: “Bate que ela te obedece”, revelando a terrível dinâmica de poder que coloca o “senhor” acima da dignidade da “mulher”, tratando-a como um objeto de prazer (Da Silva, Leli 2014).

                                                                                        Fonte: https://www.omelete.com.br

 A casa 24 horas, 320 crianças e adolescentes são explorados sexualmente no Brasil

A crueldade infligida a Maria, uma criança vendida pelos próprios pais em busca do sustento da família, destaca a vulnerabilidade extrema das crianças nesse contexto. Isso ressalta a negação flagrante de sua dignidade diante dos interesses econômicos dos exploradores e das famílias que, de maneira desesperada, se submetem à exploração para garantir sua sobrevivência. Essa cena angustiante ilustra a complexidade desse ciclo de exploração, sublinhando as conexões entre pobreza, falta de oportunidades e a desumanização decorrente dessas práticas (Da Silva, Leli, 2014).

Após a “mercadoria ter sido usada”, isto é, depois de terem cometido diversos abusos físicos e sexuais, a dignidade veio a ser destruída e difamada. Seu “dono” decide por exportar as duas meninas para a aldeia dos Garimpeiros na Amazônia, acreditando que elas “não servem para nada”. Quando diz: “Mande elas pro Garimpo, pra ver se a Saraiva dá um jeito e serventia pra elas”. Retratando como são vistas apenas objetos e mercadorias (Da Silva, Leli, 2014).

Uma vez mais, as jovens são transportadas como se fossem mercadorias, desta vez em um avião de carga que as leva ao coração da floresta amazônica. Este cenário exuberante, repleto de beleza e riqueza natural, torna-se palco para a desumanização, evidenciando que, mesmo em meio a tanta grandiosidade, o ser humano é reduzido a uma commodity, um mero objeto de troca para o benefício ou prazer do outro. Ao chegarem ao seu novo destino, ou talvez seja mais apropriado dizer ‘inferno’, as garotas são anunciadas na rua principal como ‘carne fresca’, com um preço estabelecido em 3 gramas de ouro por programa. (Da Silva, Leli, 2014).

Em sua nova “casa”, chamada de “Casa Vermelha” no filme, as meninas são recebidas por Saraiva, “novo dono e padrinho”. O diretor com clareza expõe como os proxenetas se autodenominam como protetores das jovens, mostrando como exploradores fazem questão de ocupar um lugar de alguém especial ou salvador para as vítimas, no intuito que se compadeça com o tal e sejam compreensíveis com tudo que está acontecendo (Da Silva, Leli, 2014).

A condição de vida das crianças e mulheres, conforme retratada no filme “Anjos do Sol”, é caracterizada por uma superexploração que abrange tanto a força de trabalho em condições desumanas quanto a supressão total de direitos, visando exclusivamente à busca pela mais-valia. O filme habilmente traduz a infância roubada de meninas em todo o país, resultado de interesses econômicos e da satisfação dos desejos mais sórdidos do homem. Baseado em uma história real, a obra expõe com maestria a dura realidade que a sociedade e o Estado precisam enfrentar (Da Silva, Leli, 2014).

REFERÊNCIAS

DA SILVA, Waldimeiry Corrêa; LELI, Acácia Gardênia Santos. Casa Vermelha: A Antitese entre a pureza da infância e a exploração sexual no Filme Anjos do Sol. Derecho y Cambio Social, v. 11, n. 35, p. 42, 2014. Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5472813> Acesso em: 16 de novem. 2023.

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“Quarto de Guerra” – a oração é uma arma poderosa

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Ativar a espiritualidade na sua vida todos os dias lhe garante uma série de benefícios. Em meio aos enormes compromissos profissionais e pessoais que assumimos, alguns minutos de contato com Deus são fundamentais para construir uma vida plena em todos os aspectos – mental, físico e espiritual. De acordo com uma pesquisa realizada por cientistas da Duke University, praticar a fé pode reduzir o estresse psicológico e permitir que os crentes vivam em média 7 a 14 anos a mais do que outros que não têm esse hábito. Portanto, a oração é fundamental neste processo, pois traz um elemento de paz e tranquilidade para a vida das pessoas e o filmeQuarto de Guerranos mostrará que a oração é uma arma poderosa.

O filmeQuarto de Guerra” foi lançado no Brasil em dezembro de 2015, conquistando grande audiência no Brasil e no mundo, tornando-se um dos filmes cristãos produzidos fora de Hollywood de maior sucesso na história do cinema. Não é para menos, seu enredo dramático e divertido tem cativado a atenção de cristãos de diversas denominações e até mesmo de pessoas que dizem não professar a fé cristã.

Na trama, a jovem Elizabeth e Tony formam um casal em crise no casamento. A filha pequena percebe que os pais estão à beira do divórcio, mas ninguém conseguem chegar a um acordo. A corretora de imóveis Elizabeth se decepciona com o marido Tony Jordan, um vendedor de sucesso na indústria farmacêutica. Para se dedicar ao trabalho e aos próprios interesses, ele foi separado da esposa e da filha. A distância está aumentando dia a dia, mas tudo começa a mudar quando Elizabeth conhece uma mulher idosa que lhe apresenta o poder da oração. E a partir deste momento, a jovem mãe decide depositar a sua fé nas preces divinas.

                                                                                  Fonte: Cenas de Quarto de Guerra (Divulgação)

Seja marcante e significativo na vida de alguém

No filme, após Elizabeth conhecer essa espirituosa Sra. Clara Williams, a sua vida e da sua família começa entrar num processo de mudança para sempre. Clara, como preferia ser chamada, era uma anciã sábia e amorosa. Ela se dedica a ajudar Elizabeth, demonstrando seuquarto de guerra”. Este lugar era um cômodo de sua casa onde ela conduzia batalhas de oração e ensinava sua jovem esposa a usar estratégias e armas espirituais para vencer as batalhas e reconstruir seu lar.

O filme escolhe acertadamente o tema do relacionamento conjugal e a partir daí revela sua relação direta com o amor próprio, o perdão e, principalmente, o amor como testemunho de fé em Deus. Os personagens refletem os tipos de cristãos encontrados nas igrejas ao redor do mundo. Na trama, a personagem Elizabeth representa o cristão médio do nosso tempo. Para tanto, a diretora a expõe, enfatizando suas crenças nominais e conscientizando-a de suas próprias limitações. O tratamento do pecado no filme é muito claro.

O diretor do filme enfatiza durante o enredo, a importância de estamos conscientes em sermos honestos sobre as consequências das escolhas que fazemos. Em vez de encobrir a verdade ou oferecer soluções alternativas, o diretor atribui ao protagonista as consequências das ações passadas, mas também mostra o arrependimento, a renovação da mente no modo de pensar e a importância do exercício diário da fé.

                                                                             Fonte: Cenas de Quarto de Guerra (Divulgação)

Por meio da oração, permitimos que Deus batalhe por nós.

 

Segundo um trecho da Bíblia no livro de 2 Crônicas Cap.7 e Vers.14 cita assim: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra.” Ou seja, só depende de nós. Tudo o que precisamos fazer é correr para o quarto de Guerra e clamar ao Pai Celestial, e ele estará lá esperando por nós.

Ao assistir o filme é possível obter inúmeros aprendizados importantes para a nossa vida diária e segue abaixo alguns deles:

  • Prepare-se! A vida é uma constante de árduas batalhas – Acreditar que avida é um conto de fadas e que as batalhas são pontuais e passageiras pode ser um engano fatal. Cada fase do desenvolvimento humano, cada ação ou decisão tomada na vida possuem lutas inerentes, onde o preparo, a paciência e a resistência para lutar são fundamentais para obter a vitória.
  • Sem estratégia não há vitória – Se todos lutamos na vida é primordial que tenhamos uma estratégia adequada para cada embate que travamos. Elizabeth usava as estratégias erradas para tentar lutar a favor da sua família. A partir do momento que Elizabeth passou a usar a fé em Jesus por meio da oração e a mudança de conduta como estratégias de batalha, o jogo virou a seu favor e ela pode experimentar vitórias pontuais em áreas que vivia constantemente apanhando em sua vida.
  • Identifique corretamente o seu inimigo – Você pode estar lutando contra a pessoa errada.
  • Casamento não é como um buffet. É um combo completo – Quando dizemos sim no altar, o dizemos para tudo que se refere ao nosso cônjuge. Seus defeitos e qualidades, forças e fraquezas, o “bafo” pela manhã, o “chulé azedo”, o cunhado insuportável, etc. Por isso o tempo do namoro deve servir para que ambos se conheçam o máximo possível, a fim de minimizar as surpresas no matrimônio e substituir com facilidade o “meu” pelo “nosso” durante a vida a dois.
  • O sucesso profissional não deve existir a despeito da harmonia familiar
  • Seja marcante e significativo na vida de alguém – Não há ninguém tão débil que não possa contribuir de algum modo na vida de outra pessoa. Todas as pessoas são diferentes e as experiências vividas por cada uma delas às tornam melhores e mais capazes de enfrentar as angústias da vida.
  • Nossa comunhão com Deus não deve ser morna – A bíblia é o meio pelo qual todo cristão deve orientar o exercício da sua fé. Ela é entendida como o manual do e sobre o fabricante, numa visão de Deus como o criador da humanidade.
  • Não importa onde seja, tenha sempre um “quarto de guerra” – Sabendo que avida é uma constante de árduas batalhas, nada melhor do que praticar com fé a orientação bíblica de orar constantemente em nosso quarto para que, o Deus que nos vê em secreto nos conceda a vitória em tempo oportuno.
  • Todos temos um guerreiro em nós que precisa ser despertado – Dizem que são as dificuldades que forjam os verdadeiros campeões. Até que circunstâncias terríveis nos peguem de surpresa, vivemos “numa boa” sem empreender muitos esforços para avançarmos na escada da vida.
  • Não tente fazer o trabalho de Deus na vida do seu cônjuge – A missão de ambos os cônjuges é amar, respeitar e orar um pelo outro. Não importa o quão difícil é o temperamento ou o comportamento de seu cônjuge, deixe que Deus mostre o caminho da mudança a ele.

Enfim, o filme Quarto de Guerras, trás inúmeras reflexões e ensinamos, como também enfatiza a termos fé, confiar em Deus e fazer a nossa parte que no tempo adequado tudo será resolvido, afinal de contas, tudo muda quando nós mudados individualmente.

Referencias:

Jornal de Minas Gerais – Saúde e Bem Estar. Minas Gerais, 2023 – Os benefícios da oração diária para a saúde mental e física. Disponível em <:  https://www.em.com.br/app/noticia/saude-e-bem-viver/2023/02/23/interna_bem_viver,1460921/7-beneficios-da-oracao-diaria-para-a-saude-mental-e-fisica.shtml >. Acessado em 08 de dezembro de 2023.

Bíblia Sagrada Online – Disponível em <:  https://www.bibliaon.com/versiculo/2_cronicas_7_14/ . >. Acessado em 08 de dezembro de 2023.

Centro Universitário Adventista de São Paulo. Entrevista – Professor de Psicologia fala sobre efeitos da oração. São Paulo, 2023. Disponível em <:    https://unasp.br/noticias/entrevista-professor-de-psicologia-fala-sobre-efeitos-da-oracao/  >. Acessado em 08 de dezembro de 2023.

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“Tropa de Elite” – um retrato do adoecimento gerado pelo poder

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Em Outubro de 2007 chegou às telas do cinema brasileiro um dos filmes que marcou a cinematografia nacional, o filme “Tropa de Elite – Missão Dada é Missão Cumprida”. A película policial foi dirigida por José Pardilha, roteirizado juntamente com Braulio Mantovani e Rodrigo Pimentel e produzido por Marcos Prado conta a história pelo ponto de vista do Capitão Nascimento das operações do BOPE na cidade do Rio de Janeiro.

Por diversas vezes o filme retrata o adoecimento psíquico desse profissional que sua recusa ir em busca de um tratamento e ajuda devido a diversos motivos, podemos interpretar como alguns desses motivos como a organização policial é feita no Brasil e a cultura machista que perpetua a ideia de que pedir ajuda é sinal de fraqueza.

                                                                                                       Fonte: pixabay.com

 

Desde o início da criação do Estado fez-se necessário o surgimento de formas que regularizem o comportamento em sociedade para que o crescimento e organização se expandisse a medida que a sociedade tomasse novas proporções, sabemos que no Brasil os caminhos da história nos trouxeram para o quadro em que o Governo é nosso mediador nessa organização, sobre isso Tavares dos Santos (2012) aponta que a constituição da governabilidade estabelece-se a partir das práticas de poder e Foucault (1996) vai pontuar dois principais exercícios de poder: a Razão de Estado e a Polícia. Nessa visão entendemos que a polícia vai estar ligada à expansão do poder do Estado e a medida que ambos vão crescendo o poder que está em suas mãos também vai crescendo, e com isso a polícia que era vista como símbolo de justiça, igualdade, proteção em que enxergava como principal objetivo a vivência dos homens começa a se corromper e passa a buscar interesses não mais voltados para o bem comum social.

                                                                                                     Fonte: pixabay.com

 

Com isso o poder e proteção se transformam em violência que acaba por ser normalizada na cultura brasileira. José Padilha, diretor do filme, em entrevista dada ao canal do YouTube “Trip TV” aponta que um dos objetivos que buscava passar na trama era mostrar a violência presente no meio policial, não como forma de apoio e sim de barbaridade, diz ainda que o Brasil acabou por perder o senso do absurdo, em suas palavras diz que “as pessoas para assaltar uma bicicleta esfaqueiam, fazendo um paralelo, se estivessemos em Nova York e alguém fosse esfaqueado Nova York iria fechar, porque o sujeito de lá consegue ver o absurdo, mas a gente não consegue ver o absurdo”.

Podemos ainda somar a essas questões que o indivíduo que ingressa nessa atuação acaba por não buscar ajuda, Costa et al (2020) mostra em sua pesquisa que a maioria dos profissionais com o tempo passam a adquirir hábitos que não possuíam antes como fumo e consumo exagerado de álcool, além de problemas cardiovasculares, mas sem busca de um tratamento adequado. Parte disso pode-se dizer que é pelo medo de perder sua posição na profissão e

assim seus status de poder.

Referências

(1996) Michel Foucault, um pensador das redes de poder e das lutas sociais. Revista Educação, Subjetividade e Poder, Porto Alegre, NESPE/ PPG-Educação da UFRGS, Ed. UNIJUI, 3: 7-16, janerio-junho.

Tavares dos Santos, José Vicente. A arma e a flor: formação da organização policial, consenso e violência. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, IFCH , Departamento de Sociologia, Rio Grande do Sul, Brazil. Junho, 2012.

Costa, Francis Ghignatti da. et al. Qualidade de vida, condições de saúde e estilo de vida de policiais civis. Junho, 2020.

 

 

 

 

 

 

                                                                            

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“O Milagre de Anne Sullivan” – em busca da cura

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A educação inclusiva como mecanismo de inserção de um sujeito ativo ao meio social.

O filme “O milagre de Anne Sullivan”, lançado em julho do ano de 1962, retrata a história de uma família tradicional da época em que a filha mais nova, chamada Helen Keller, era cega, surda e até mesmo muda. A família buscara diversos meios de tratamentos para auxiliar a criança ser “curada”, estavam sempre atrás dos médicos que surgiam com fama de “curandeiro”, mas apesar disso, enquanto a mãe de Helen apresentava esperanças de que a filha pudesse evoluir, o pai por outro lado já não acreditava nessa possibilidade. Como forma de tentar amenizar a condição em que a criança vivia, a família costumava fazer suas vontades, reforçando os comportamentos “maus” dando doces ou coisas que ela gostava como meio de “acalmá-la” das crises.

Helen Keller se mostrava ser uma criança raivosa, cheia de resistências e que todos os seus comportamentos afetavam as outras relações daquele núcleo familiar. Como uma última tentativa, os pais resolvem contactar um profissional que estava em destaque na época pelos tratamentos de sucesso que realizava com pessoas com algum tipo de deficiência, sendo ela visual ou auditiva. Com esse contato, ocorre o momento em que entra a professora Anne Sullivan na vida da família de Helen Keller, onde a então professora, também já esteve na mesma condição da criança, cega, situação a qual fez com que se submetesse a nove cirurgias e necessitasse do uso de óculos escuros para proteger-se do sol.

Ao saber dessa condição da professora, o pai de Helen Keller enxerga isso como um empecilho, trazendo a fala do personagem no filme “(…) eles esperam que outra cega ensine a outra”, evidenciando uma fala carregada de preconceito e invalidando a potência de Anne Sullivan enquanto profissional. Trazendo para algo atual, tem-se a Lei 13.146 de 06 de julho de 2015 que trata sobre a inclusão da pessoa com deficiência, onde especifica direitos desses sujeitos, sendo o principal, o direito de igual, em que em situações de discriminação, há todo um amparo para eles, isso se encontra no segundo capítulo da lei.

Dando continuidade sobre o filme, assim que Anne Sullivan chega à casa da família, observa como a família funciona em relação a Helen Keller. De início, acreditava que não seria tão complicado ensinar a garota, mas ao perceber como a família deixava Helen livre para fazer o que desejava, percebeu que seria um trabalho difícil de realizar. Iniciou com a tentativa de ensiná-la a fazer as coisas simples, como por exemplo, tomar café de maneira autônoma, mas, neste momento precisou lidar com as resistências não apenas da criança, mas também da família. Os pais de Helen justificavam que o comportamento dela de pegar os alimentos com as próprias mãos nos pratos deles, era porque ela havia se acostumado com isso, assim como eles, fazendo tal comportamento tornar-se naturalizado.

Enquanto a família acomodava-se com as limitações de Helen, Sullivan observa na menina potencial para que a aprendizagem ocorresse. Observou que Helen Keller ao “explorar” pelos ambientes, utilizava-se do tato e olfato, utilizando-os, como ferramenta para promover a aprendizagem da criança. Dá início ao ensino da língua de sinais, onde ao tocar em algo, realizava os sinais sob a palma da mão de Helen, tentando ensiná-la através do emparelhamento das coisas (objetos/pessoas + palavra na língua dos sinais realizada na palma da mão). Nesses momentos, enquanto a mãe demonstrava estar esperançosa e interessada em aprender também a língua dos sinais, o pai e irmão da criança desacreditavam de que era possível ela aprender algo.

Contrariando a família, Anne Sullivan continuava acreditando que Helen era capaz e insistia nos ensinamentos, mas em contrapartida, a menina apresentava comportamentos de oposição, agressividade e até ataques de raiva, sendo nesse momento em que Sullivan compreende a necessidade de mudar toda a estrutura que a família havia moldado como maneira de deixar a criança “satisfeita”, sendo necessário levá-la a vivenciar situações diferentes. Anne Sullivan propõe aos pais para que ela pudesse passar um período apenas ela e Helen, para que dessa forma, pudesse proporcionar para a criança diferentes situações, ambientes, experiências, para que assim, mudanças de paradigmas ocorressem na vida de Helen.

Apesar da resistência familiar, Anne Sullivan consegue a permissão dos pais, assim, ela vai para uma casa afastada da família. Helen nos primeiros momentos apresenta comportamentos de agressividade, resistência e oposição, mas que mudou com os dias. Anne Sullivan ensinou-a novas maneiras de utilizar o tato e olfato, continuou usando a língua de sinais soletrando cada letra na palma da mão da criança e fazendo-a repetir a mesma ação, ensinou a criança a ter independência nas pequenas ações, como comer, beber, fazer o uso do guardanapo, mudando totalmente sua maneira de portar-se.

Apesar dessas mudanças em Helen, Sullivan ainda acreditava que o aprendizado não havia se concretizado de fato, acreditava que precisava de mais tempo com a criança, mas os pais não pensavam da mesma maneira, pois viam que a filha se comportava bem, então estava tudo correto para eles. Assim, levaram a criança novamente para casa, onde com pouco tempo de rotina com a família, Helen voltou a emitir os comportamentos de antes (raiva, resistência e agressividade). Por não aceitar os comportamentos, Anne Sullivan recomeça com as lições, mas em um momento a mesa, a criança nega-se a fazer o que é solicitado a ela, jogando água no rosto de Sullivan. Após isso, Anne faz com que Helen encha a jarra d’água e a partir desse momento, com os movimentos repetitivos e o ato de soletrar na palma da mão da criança, Helen consegue compreender e começa a aprender de fato, onde ao tocar algo, estende sua mão para que Anne Sullivan soletre para que ela consiga fazer o mesmo e assim, compreenda o que cada coisa é por meio da associação com o toque e dessa maneira, acaba ampliando seu repertório.

Esse processo de aprendizagem não ocorreria se não houvesse o ato de acreditar que Helen pudesse aprender e até mesmo o afeto que com o decorrer do filme vai sendo demonstrado. O filme “O milagre de Anne Sullivan” apesar de antigo, apresenta a ideia da educação inclusiva e o quão é necessária sua existência, pois como o filme mostra, Helen Keller deixa de estar em um papel de “coitadinha” como a família a via e torna-se sujeito autônomo e com potencialidades desenvolvidas e até mesmo em processo de desenvolvimento.

Conforme Mrech (1998, p. 4), o processo de inclusão é

(…) um processo educacional que visa estender ao máximo a capacidade da criança portadora de deficiência na escola e na classe regular. Envolve fornecer o suporte de serviços da área de Educação Especial através dos seus profissionais. A inclusão é um processo constante que precisa ser continuamente revisto.

A Lei 13.146 de 06 de julho de 2015 que trata sobre a inclusão da pessoa com deficiência, traz no capítulo IV sobre o direito à educação

Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem.

Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação.

Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar (…) (Brasil, 2015, n/d).

Apesar disso, atualmente ainda é notório as dificuldades encontradas pelo público e até mesmo pelos profissionais da educação, visto que, há situações em que o governo não promove de fato a garantia desses direitos, ocasionando assim, uma grande negligência, principalmente com a população mais carente da sociedade. Trazendo ao filme, a família de Helen Keller possuía bens materiais e assim, conseguiram pagar por serviços para auxiliar a filha, mas e se fosse uma família que não possuísse as mesmas condições? Será que Helen Keller teria conseguido desenvolver-se e ter tido as conquistas de estudar e até mesmo cursar uma faculdade?

Trazendo para um período mais atual, Sant’Ana (2005), utilizando-se dos estudos de Goffredo (1992) e Manzini (1999) evidencia que a educação inclusiva tem encontrado barreiras no momento de ação da proposta, pois observa-se a ausência de formação dos professores de classes regulares para lidarem com os alunos que necessitam da educação especial, para além disso, há também a falta de estruturas adequadas, assim como materiais didáticos. É necessário que o governo proporcione de fato condições que favoreçam a prática da educação inclusiva, indo além da implementação de políticas públicas.

Como um ponto benéfico sobre a educação inclusiva, Sampaio e Sampaio (2009, p. 87), evidenciam que

(…) consequência positiva da inclusão ressaltada por elas é a oportunidade criada pela interação entre a criança com e sem deficiência, para que sejam trabalhadas não só questões relativas a diferenças, direitos e deveres, mas também o incentivo ao trabalho em grupo. Elas descreveram etapas da convivência entre as crianças, que se inicia com certo estranhamento e apelidos pejorativos, mas que costuma evoluir para uma aceitação da deficiência, passando a se comportarem como “auxiliares” da professora no cuidado ao colega “especial”. Estes dados confirmam o que a literatura aponta sobre um dos grandes pontos positivos relacionados com a proposta inclusiva, que é justamente a oportunidade oferecida a todas as crianças de aprenderem a ser cooperativas e respeitar as diferenças e os direitos dos demais, ficando bem evidente o papel ético da escola inclusiva.

Apesar de antigo, o filme “O milagre de Anne Sullivan” proporciona reflexões abrangentes acerca da educação inclusiva, sendo possível levantar questionamentos sobre a real forma como o sistema proporciona para esses sujeitos. Embora ainda haja necessidades de melhorias, não se deve negar que a existência dessa política pública trouxe o olhar voltado para essa população, tirando-os do papel de coitados, excluídos e negligenciados, proporcionando espaço para desenvolverem-se e tornarem-se sujeitos autônomos dentro de suas capacidades.

Referências

BRASIL. Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, DF. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%2013.146%2C%20DE%206%20DE%20JULHO%20DE%202015.&text=Institui%20a%20Lei%20Brasileira%20de,Estatuto%20da%20Pessoa%20com%20Defici%C3%AAncia).> Acesso em: 31 ago. 2023.

MRECH, Leny Magalhães. O que é educação inclusiva. Revista Integração, v. 10, n. 20, p. 37-40, 1998. Disponível em: <luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2010/10/1-o-que-e-educacao-inclusiva.pdf> Acesso em: 04 set. 2023.

SAMPAIO, CT., and SAMPAIO, SMR. Educação inclusiva: o professor mediando para a vida. Salvador: EDUFBA, 2009, 162 p. ISBN 978-85-232-0915-5. Available from SciELO Books. Disponível em: <http://books.scielo.org> Acesso em: 14 set. 2023.

SANT’ANA, Izabella Mendes. Educação inclusiva: concepções de professores e diretores. Psicologia em estudo, v. 10, p. 227-234, 2005. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1413-73722005000200009> Acesso em: 14 set. 2023.

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“Muito Além do Peso” – a realidade assustadora da alimentação infantil

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Come o que vê pela frente, tudo o que seja atraente, é uma fome absorvente.

O documentário Muito Além do Peso, lançado em 2012 dirigido por Estela Renner, revela a realidade da alimentação infantil e as implicações da publicidade de alimentos. Através de uma investigação feita por diversas regiões do país, na qual foi possível mostrar o quanto os efeitos de uma má educação alimentar podem trazer prejuízos à posteridade, pois, a alimentação infantil quando não é conduzida sob os cuidados de um adulto, educando-a para uma alimentação saudável consequentemente acabam se tornando crianças que sofrem com obesidade e outras complicações.

São apresentadas crianças que já fazem uso de medicação para tratamento de doenças crônicas. Com isso, percebe-se as consequências de uma alimentação desregulada no aumento da incidência de doenças graves como quadros de hipertensão, diabetes tipo 2 e colesterol alto, além de problemas respiratórios, dificuldade para dormir, sensibilidade nas articulações, entre muitos outros.

Logo no início do documentário, a música cantada por diversas crianças transpõe o que acontece com a maioria das crianças que estão com excesso de peso, visto que, os efeitos dessa má educação alimentar é capaz de trazer malefícios às novas gerações, que sofrem precocemente.

“Gente, tô ficando impaciente, come frio, come quente, come o que vê pela frente, tudo o que seja atraente, é uma fome absorvente”

 

Para mais, é relatado que uma das grandes preocupações da população em relação às causas de mortes são as derivadas de homicídios, assassinatos e etc. Contudo, em uma tabela apresentada no documentário é possível perceber que as principais causas de mortes nos Estados Unidos são devido a problemas cardíacos, podendo ter sido evitadas se fossem tratadas. Segundo Elza et al. (2004) a prevenção da obesidade desde idades precoces pode ser uma alternativa para reverter o aumento acelerado dessa doença. Os estudos de intervenção da obesidade infantil em longo prazo, são escassos, porém necessários para o desenvolvimento de políticas públicas efetivas.

Outrossim, a entrevistadora pergunta a várias crianças acerca de alimentos saudáveis como frutas e legumes para saber se elas as conhecem ou até mesmo se já experimentaram. No entanto, algumas crianças não sabem identificar os nomes desses alimentos, mas conseguem detectar o nome e os componentes de salgadinhos e biscoitos. Além disso, optam por comerem alimentos que são industrializados. De acordo com o documentário, 33,5% das crianças no Brasil sofrem sobrepeso.

Um dos fatores prejudiciais que influenciam na desinformação de uma alimentação mais saudável refere-se a linguagem publicitária, uma vez que as crianças passam grande parte do tempo conectados às telas. Posto isso, é de suma importância que os pais estejam atentos e forneçam a seus filhos informações que estimulem e forneçam alimentos que sejam mais nutritivos.

 

                                                                                                                                                     Fonte: IBGE

Em conformidade com o documentário, se os pais não intervirem o quanto antes em uma alimentação adequada, seus filhos podem viver menos devido ao ambiente alimentar que é construído. Posto isso, deve-se observar quais alimentos estão sendo distribuídos às crianças. Conforme Tenório et. al. (2011), a prevenção da obesidade desde idades precoces pode ser uma alternativa para reverter o aumento acelerado dessa doença. Os estudos de intervenção da obesidade infantil se fazem necessários para o desenvolvimento de políticas públicas efetivas.

 

                                                                                                                                                    Fonte: Pixabay

Posto isso, é de suma importância este documentário, tendo em vista o alerta acerca da realidade assustadora da alimentação infantil. Uma questão muito relevante na área da saúde é a tendência culpabilizante que individualizar um comportamento pode ter. Deve-se levar em consideração a má qualidade da alimentação, a insegurança alimentar e financeira, dentre outros.

                                                                                                         Fonte: Pixabay

 

 FICHA TÉCNICA

 

Título original: Muito Além do Peso

Elenco: Nenhum

Ano: 2012

País: Brasil

Gênero: Documentário

 

 

Referências:

Mello, Elza D. de, Luft, Vivian C. e Meyer, Flavia. Obesidade infantil: como podemos ser eficazes?. Jornal de Pediatria [online]. 2004, v. 80, n. 3 [Acessado 17 Setembro 2023], pp. 173-182. Disponível em: <https://doi.org/10.2223/JPED.1180>. Epub 05 Ago 2004. ISSN 1678-4782. https://doi.org/10.2223/JPED.1180.

Tenorio, Aline e Silva e Cobayashi, Fernanda. Obesidade infantil na percepção dos pais. Revista Paulista de Pediatria [online]. 2011, v. 29, n. 4 [Acessado 17 Setembro 2023], pp. 634-639. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0103-05822011000400025>. Epub 17 Fev 2012. ISSN 1984-0462. https://doi.org/10.1590/S0103-05822011000400025.

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“Tomboy” levanta implicações sobre normas de gênero

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A sexualidade é um aspecto fundamental da experiência humana, que envolve não apenas os aspectos físicos e biológicos, mas também os sociais, culturais e psicológicos. Ela é uma parte intrínseca da identidade de cada indivíduo e desempenha um papel significativo em suas relações interpessoais e na forma como as sociedades são estruturadas.

A sexualidade abrange uma ampla gama de questões, desde a atração sexual, o desejo e a intimidade até a orientação sexual, identidade de gênero e a expressão da sexualidade. Além disso, a sexualidade é influenciada por fatores como valores culturais, religião, educação e experiências pessoais.

Nas últimas décadas, houve uma maior conscientização e aceitação da diversidade sexual e de gênero, levando a discussões mais abertas e progressistas sobre sexualidade em todo o mundo. Isso tem promovido o diálogo sobre questões como igualdade de direitos, educação sexual e a importância do consentimento, contribuindo para uma compreensão mais ampla e respeitosa da sexualidade em todas as suas formas.

Nesta introdução, exploraremos mais a fundo os diferentes aspectos da sexualidade, sua evolução ao longo do tempo e seu impacto na sociedade contemporânea analisando a parti da perspectiva do filme Tomboy (Céline, Sciamma, 2012)

Ao estudar a história do sexo, e mesmo a história do comportamento sexual, descobrimos uma cena estranha: quão repetitiva, para não dizer monótona, tem sido essa história (Gregersen, 1983). Com exceção de certas formas de perversão, encontramos as mesmas expressões sexuais e as chamadas “identidades sexuais” em todas as culturas. A cultura ocidental tende a patologizar, chamando de “desvio” as subjetividades que se desviam dos padrões socialmente construídos – perversões, travestis, transexuais, bissexuais e, até algumas décadas atrás, a homossexualidade – entre todos os grupos podem ser observadas. Humanos, incluindo outras espécies animais (Bagemihl, 1999). A interpretação, justificação, aceitação e/ou condenação da expressão sexual responde à visão da cultura relevante sobre a sexualidade, particularmente a forma como ela é representada nos mitos de origem (CECCARELLI, 2012).

Além disso, a forma como os diferentes grupos humanos lidam com a expressão do comportamento sexual está basicamente relacionada a dois movimentos que afetam diferentes áreas psicológicas e são, na maioria dos casos, considerados da mesma ordem: a repressão sexual e a repressão da sexualidade. O primeiro movimento, a repressão, envolve a desordem do incesto, que nos obriga a abandonar o nosso primeiro objeto sexual: “as exigências culturais da sociedade” (Freud, 1905/1976a, 232). A repressão existe em todas as culturas e é uma condição inegociável da sua existência. É o movimento que distingue e organiza os seres humanos.

A repressão da sexualidade está profundamente relacionada com a moralidade sexual e com o sistema de valores que sustenta o imaginário social que sustenta a moralidade atual:

A infância nem sempre é vista como uma etapa importante da vida para a construção subjetiva e a formação da identidade. Durante muitos séculos podemos perceber a natureza não representacional dos espaços cognitivos das crianças, uma vez que foram tratadas ao longo da história como adultos em miniatura, sem distinções entre eles em termos de cognição, identidade e subjetividade. Segundo Ariès (2011), a infância é um conceito social historicamente construído e com raízes europeias. O autor acredita que este conceito ocidental revela as peculiaridades das crianças, distinguindo as suas características dos adultos. Durante a infância, será formado um autoconceito, uma compreensão da separação entre o próprio corpo e os corpos dos outros e uma introjeção das relações culturais, sociais e linguísticas no ambiente. Afastando-se de uma visão do corpo como entidade biológica universal e, por outro lado, aproximando-se de uma visão pós-estruturalista em que o corpo é visto como uma estrutura social, histórica e linguística que gera e é afetada por diversas relações.

                                                                                                                             Fonte: adorocinema.com

 O poder (MEYER, 2004) pode ver as relações e representações de gênero como determinantes estruturais e não biológicos. Desde o momento em que nascemos, estamos enredados numa relação de discursos normativos, em que as interpretações sobre o que devemos fazer com os nossos corpos e desejos pairam em perspectivas naturalistas ou mesmo divinas. Uma criança recebe ao nascer um nome que a rotula como mulher ou homem com base em seu sexo biológico. Para as meninas, são adquiridos vestidos, bonecas e itens rosa. Perfeito para meninos, carros, bonecos e tudo que é azul. As meninas têm que gostar dos meninos; e estes, para as meninas. Mas e quando as coisas não vão tão bem?

O filme Tomboy (2011) levanta implicações sobre normas de género e apresenta-se como uma importante ferramenta para pensar e estudar as representações de género, evitando questões sobre o que significa identificar-se como menino ou menina. e naturalmente. O termo “moleca” é um termo norte-americano usado para se referir a meninas que se vestem e se comportam de maneira consistente com as expectativas tradicionais dos meninos (PAULINO, NUNES, & CASTANHEIRA, 2013).

                                                                                                                        Fonte: adorocinema.com

Segundo o autor do filme, esta obra trata de indagações e implicações a respeito das questões normativas sobre gênero e se apresenta como um significativo (DOCKHAN, 2011,), tendo como protagonista Raul, uma menina de dez anos, revelando-se ao público. O espectador é mostrado vestindo roupas tipicamente masculinas e cabelos curtos, o que a leva a ser identificada como um menino com base nas intersecções culturais, sociais e linguísticas em torno de questões de gênero.

Segundo Meyer (2004), representação de gênero significa as formas como são representados os processos de construção social, histórica e linguística envolvidos na diferenciação entre meninas e homens, nos quais os efeitos das relações de poder são desencadeados e sofridos. Os corpos deles. Assim, tomamos como aspecto principal do filme Tomboy (2011) as relações entre meninos e meninas, dentro desse cosmo de representações de gênero, o encontro com o corpo em mudança e/ou o desejo por essas mudanças. Este trabalho não pretende apresentar filmes num quadro literário. Mas apenas para colocar essa literatura em conversa com as muitas possibilidades que o cine estimula em nós.

A obra começa com a mudança de Raul e sua família para um bairro do subúrbio francês, com novos vizinhos, uma nova escola, nossos amigos e novas oportunidades/possibilidades, trazendo consigo a ideia de instabilidade/mudança de vida. Nessa cena, o filme continua mostrando Raul conhecendo sua vizinha Lisa. Por suas roupas tipicamente masculinas e cabelos curtos, Raul é identificado como menino pela personagem Lisa. A protagonista parece aproveitar esse espaço, consegue caminhar entre os dois gêneros e, ao ser questionada sobre seu nome, se identifica como Michael.

                                                                                                                         Fonte: adorocinema.com

Por suas roupas tipicamente masculinas e cabelos curtos, Raul é identificado como menino pela personagem Lisa. A protagonista parece aproveitar esse espaço, consegue caminhar entre os dois gêneros e, ao ser questionada sobre seu nome, se identifica como Michael.

Para Louro (1997), género refere-se à forma como as diferenças de género são vistas e compreendidas numa determinada sociedade, num determinado grupo social ou num determinado contexto, ou seja, não são as diferenças biológicas de sexo que definem as questões de género, mas sim as diferenças de género. Como essas questões se manifestam na cultura. O trecho da cena explica a conversa acima com a literatura apresentada, enquanto Raul/Michael tenta recriar o comportamento masculino culturalmente aceito para ser considerado o verdadeiro gênero masculino dentro de seu grupo.

A infância é uma fase repleta de descobertas e questionamentos e é a partir disso que Tomboy (2011) nos faz refletir sobre a representação do gênero e seu significado na vida social. Raul/Michael parece estar em um período de tolerância para ambos os tipos e se sente à vontade para fazê-lo.

Além disso, seus pais estavam dispostos a aceitar sua preferência por itens masculinos em detrimento de itens femininos, embora não apoiassem o fato de ela agir e se considerar um menino. O filme mostra-nos uma criança que expressa representações de género diferentes das representações de género normalizadas pela sociedade porque as suas roupas e cabelos são tipicamente masculinos e por vezes o seu comportamento é masculino. Diante dessa vontade de se vestir como menino e agir como menino, a protagonista levanta questões sobre sua identidade e representação de gênero. Antes de chegar à conclusão, o filme Tomboy levanta algumas questões. Da sua própria conclusão cinematográfica (que não permite ao espectador identificar Raul) às suas implicações teóricas sobre este universo, é um estudo de género, construção de identidade, condições sexuais e possível existência legítima não categorial, sem género, incondicional. As vivências “Tomboy” estão sempre em reticências.

Ficha Técnica

Ficha técnica do filme: Tomboy

Atores Principais: Laure/ Michael; Jeanne; Lisa; La mere; Lé Pere

Direção / Ano. Céline Sciamma/2011

Gênero do Filme: Drama

Tipo de Linguagem: Não recomendado para menores de 14 anos

Grau de entendimento(Fácil / Médio / Difícil): Médio

Temas abordados: Aborda o assunto da sexualidade na pré-adolescência.

Enredo(Resumo do filme): Laure (Zoé Héran) é uma garota de 10 anos, que vive com os pais e a irmã caçula, Jeanne (Malonn Lévana). A família se mudou há pouco tempo e, com isso, não conhece os vizinhos. Um dia Laure resolve ir na rua e conhece Lisa (Jeanne Disson), que a confunde com um menino. Laure, que usa cabelo curto e gosta de vestir roupas masculinas, aceita a confusão e lhe diz que seu nome é Mickaël. A partir de então ela leva uma vida dupla, já que seus pais não sabem de sua falsa identidade. 

 

 

REFERÊNCIAS

ARIÈS, P. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: LTC, 2011.

Bagemihl, B. (1999). Biological Exuberance: Animal Homosexuality and Natural Diversity. New York: St. Martin’s Press.

Ceccarelli, P. R. (2012). Mitologia e perversão. In S. Pastori, & R. Nicolau (Orgs.), Encontro transcultural: subjetividade e psicopatologia no mundo. globalizado São Paulo, SP: Escuta.

DOCKHAN, J. “Tomboy”: Interview avec Céline Sciamma. Allo Cine. Paris, França. 2011. Disponível em: http://www.allocine.fr/article/fichearticle_gen_carticle=18603428.html/. Acesso em: 23/04/2014.

Gregersen, E. (1983). Práticas sexuais: a história da sexualidade humana. São Paulo, SP: Roca.

LOURO, G. Gênero e magistério: identidade, história e representação. In: CATTANI, Denise et al. (Org.). Docência, memória e gênero. Estudos sobre formação. São Paulo: Escrituras, 1997.

MEYER, D. E. Teorias e políticas de gênero: fragmentos históricos e desafios atuais. Revista Brasileira de Enfermagem. Brasília – DF, 2004.

PAULINO, A. G., NUNES, A. R., & CASTANHEIRA, M. A. M. Cinema e gênero nas lentes de tomboy. Seminário Internacional Fazendo Gênero 10 (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2013. ISSN2179-510X.

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