Desafios de ser Universitário em meio a Pandemia

Compartilhe este conteúdo:

No início do ano, janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou emergência de saúde pública em razão ao surto ocasionado pelo novo coronavírus, que deu origem a Covid-19 e ainda advertiu quanto ao grande aumento de contaminação pelo vírus em vários países do mundo e assim em 11 de março de 2020, disse se tratar de uma grave pandemia.  No mesmo mês a maioria dos países já estava com pessoas contaminadas pela doença com vários números de mortes (OLIVEIRA, et. al 2020). No Brasil, em consonância com a OMS, o Ministério da Saúde, expediu a Portaria nº 188, de 03 de fevereiro de 2020, na qual declarou a emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, também em decorrência da infecção Humana, pelo novo Coronavírus (BRASIL, 2020).

A Covid-19, de acordo com Santos (2020), é uma patologia resultante de um vírus da família do Coronavírus.  Os primeiros casos da doença ocorreram na cidade de Whuran, na China, sendo que posteriormente a Covid-19 espalhou-se por vários lugares do planeta, sendo classificada assim pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como uma pandemia, devido o alto nível de alcance dela.

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ (2020), por mais que a pandemia ainda estivesse em fase de estudos, já era do conhecimento que o contágio ocorria pelo vírus resultante do contato com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse e catarro.  Assim, as pessoas não deveriam procurar ter contato com outras pessoas, através de toque ou aperto de mão e ainda com materiais que poderiam estar contaminados, seguido ainda de contato com a boca, nariz ou os olhos.

Fonte: Imagem no Pixabay

Apreensivas com o atual quadro de saúde da população, decorrente da pandemia, as Instituições de ensino Superior (IES) dos mais variados países e estados brasileiros   seguindo orientação da OMS e consequentemente após medidas tomadas pelos seus respectivos governos, pararam suas tarefas acadêmicas de forma presencial. Isso em razão da possibilidade de transmissão do vírus decorrentes da aglomeração, tendo como consequência o distanciamento social de toda comunidade acadêmica da unidade escolar.  (OLIVEIRA, et. al 2020).

No Brasil, devido a situação de caos instalada pela Covid-19, o Ministério da Educação em busca de uma alternativa, autorizou a utilização de meios de tecnologias de informação e comunicação em substituição as disciplinas presenciais. Com isso, os alunos se depararam com uma nova realidade em que além dos desafios já existentes, por estarem fazendo um curso superior, tiveram que se adequarem a um novo ambiente para aprendizagem, bem como se prepararem com estrutura tecnológica para tal fim, pois muitas instituições, principalmente as privadas se adequaram a modalidade remota.

Além disso, essa modalidade apresentou novos desafios, dentre eles de acordo com Cavalcante et al. (2020), os contrastes sociais no Brasil, tendo em vista que muitos discentes e docentes não dispunham de condições para possuírem uma estrutura adequada para atuarem na EAD em suas residências;  questões voltadas para gênero (no caso de mulheres, devido a    necessidade de cuidar dos filhos e familiares); falta de estrutura domiciliar para as atividades educacionais; necessidade de complementar renda (devido o afastamento das atividades sem vínculos); peculiaridades cognitivas e de aprendizado dos alunos.

Fonte: Imagem no Freepik

Percebe-se que a pandemia trouxe ainda aos universitários alterações no estado emocional, psíquico, associados a vários outros fatores.  De Acordo com Martins et al. (2020), em março foi realizada uma pesquisa numa universidade privada e filantrópica localizada no município de Fortaleza, tendo como objetivos identificar a prevalência do sentimento de angústia autorreferido e seus fatores relacionados, bem como a adesão ao isolamento social de universitários da área da saúde durante a pandemia da COVID-19, sendo os alunos com maior proporção da faixa etária entre 19 e 29 anos. Os participantes eram alunos dos cursos de Educação Física, Psicologia e Estética e Cosmética.

 Dos dados levantados do total de 541 universitários que participaram da pesquisa, 59,3% disseram   ter conhecimento suficiente sobre a doença; 93,9 tinham envolvimento com as notícias; 90,4% eram favoráveis ao isolamento social e 93,5 aderiram ao isolamento social como combate a Covid-19. Os impactos na formação educacional 75,7 %; em relação a questões financeiras 97,4 % e emocional 88,5 %. Quanto as rotinas de estudos virtuais 71,5% e de atividades físicas em casa como estratégias para enfrentar o isolamento social foi de   52,8%. Quanto aos sentimentos 89,5% disseram estar angustiados e 91,7 % preocupados com a pandemia em relação ao mundo 91,3% e em relação ao próprio estado 91,3.   Ainda sobre a pesquisa verificou-se que o sentimento de angústia era associado ao envolvimento com as notícias, a preocupação com o mundo e com o Estado do Ceará. (MARTINS et al. 2020, p. 5)

De uma forma geral, a crise resultante da pandemia trouxe grandes impactos em vários setores da sociedade e com o meio universitário isso não foi diferente.  O isolamento social exigido como uma das medidas preventivas, e todas as outras questões que envolveram a pandemia, como por exemplo notícias trágicas   disseminadas pelos meios de comunicação, provocaram medo, ansiedade e estresse na população em geral e para os docentes e discentes, isso não foi diferente.  Além de tudo isso, os universitários ainda tiveram os desafios da nova modalidade online, para aqueles que continuaram suas atividades e a falta dela para aqueles que não foi possível dar continuidade nos estudos.  Toda essa problemática trouxe consequências para o ensino aprendizagem, além de várias situações de sofrimento psíquico e emocional para os estudantes universitários.

Fonte: Imagem no Freepik

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria n. 188, de 03 de fevereiro de 2020. Declara Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em decorrência da Infecção Humana pelo Novo Coronavírus (2019-nCoV). Diário Oficial da União, ed. 24-A, seção 1, Brasília, DF, p. 1, 04 fev. 2020. Disponível em: <https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-188-de-3-de-fevereiro-de-2020-241408388>. Acesso em:  05 dez 2021.

CAVALCANTE, et. Al. Educação superior em saúde: a educação a distância em meio à crise do novo coronavírus no Brasil. Revista UNAL, 2020. Disponível em: <https://revistas.unal.edu.co/index.php/avenferm/article/view/86229/75046>. Acesso em: 05 dez 2021.

FIOCRUZ. Covid-19- Perguntas e respostas. FIOCRUZ, 2020. Disponível em: <ttps://portal.fiocruz.br/pergunta/o-que-e-o-novo-coronavirus>. Acesso em: 05 dez 2021.

MARTINS et al. Sentimento de angústia e isolamento social de universitários da área da saúde durante a pandemia da COVID-19. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, Periódicos UNIFOR, 2020.  Disponível em: <https://periodicos.unifor.br/RBPS/article/view/11444/pdf>.Acesso em:  05 dez 2021.

OLIVEIRA, et. al. Estratégias para retomada do ensino superior em saúde frente a COVID-19, Revista Enfermagem Atual, 2020. Disponível em: <http://revistaenfermagematual.com.br/index.php/revista/article/view/803>. Acesso em: 05 dez 2021.

SANTOS, V. S. Coronavírus (COVID-19). Brasil Escola, 2020.  Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/doencas/coronavirus-covid-19.htm>. Acesso em: 05 dez 2021.

Compartilhe este conteúdo:

Finalização do curso de Psicologia durante a pandemia

Compartilhe este conteúdo:

Como poderíamos imaginar uma formatura por uma plataforma online? Está sendo no mínimo “diferente do esperado” a vivência deste último ano da faculdade. Na minha visão, acredito que ganhamos algumas coisas com o chegar da pandemia e perdemos outras. Ninguém estava preparado para o que nos acometeu. Com aqueles primeiros 15 dias de lockdown, imaginávamos que rapidamente voltaríamos às nossas vidas normalmente, mas não foi isso que aconteceu.

Passados quase dois anos neste formato remoto, por enquanto só nos resta almejar para que logo possamos voltar de forma presencial aos corredores do prédio do Ceulp/Ulbra. Perdemos muitos vínculos sociais, e oportunidades a serem vividas presencialmente. Mas também acredito que ganhamos muitas outras. Achei que a faculdade foi muito rápida a responder de forma eficiente o manejo das aulas, avaliações e seminários no novo formato.

Até o Congresso de Psicologia anual (CAOS – Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – https://ulbra-to.br/caos/edicoes/2020) foi possível ser feito no formato online, algo antes inimaginável. Inclusive vários dos ganhos que tivemos foi na área da variedade de profissionais e possibilidades (agora sem fronteiras) que tivemos em relação às aulas especiais com convidados, e palestrantes do congresso, enfim, de alguma forma, as coisas foram se ajustando e seguindo adiante, mesmo em meio a tantas dificuldades, tanto dos professores como dos alunos.

Eu optei por não parar, não trancar, me dei no mínimo o direito da dúvida se daria certo assim… se eu conseguiria assimilar o conteúdo, se haveria ou não muito prejuízo em termos de aprendizagem. Mas acredito que a condução de todo esse processo pelos professores tem sido excepcional. A garantia de aprendizagem não é estar ou não fisicamente dentro da sala de aula, mas o engajamento nas aulas, a presença cognitiva e psicológica ali naquele momento, mesmo online.

Para mim um dos maiores desafios é de estar fazendo estágio clínico e tendo que atender pessoas de forma remota. Antes isso para mim era algo que eu nunca toparia fazer. Agora que não temos opção, já é mais uma habilidade que carregarei para o resto da minha vida profissional.

Não me arrependo de ter dado continuidade, mesmo sendo o último ano e de muitíssimos desafios, aprendemos muito com toda essa experiência, e creio que quando tivermos novamente a oportunidade de voltar a “nova normalidade”, estaremos ainda mais evoluídos, mais fortalecidos, mais resilientes.

Compartilhe este conteúdo:

Pandemia – Angústias e adaptações acadêmicas

Compartilhe este conteúdo:

Os tempos de pandemia nos fez rever muitas coisas, não que a vida fosse feita de certezas, mas agora o incerto é muito mais evidente. O cotidiano parecia ter parado, mas, graças à tecnologia, se adaptou. Pouco há contato físico, ficando em evidência aplicativos de entrega, novas relações de ensino e trabalho entre outras inúmeras circunstâncias. Enquanto a ciência busca suas respostas, não sabemos se vamos adquirir o vírus ou perder alguém.

Em março de 2020 as aulas presenciais já tinham sido substituídas pelas remotas, um sistema novo. A minha esperança era de que logo tudo isso passaria e voltaríamos à “normalidade”, mas começou a se ouvir falar no “novo normal”, onde as coisas tiveram que se adaptar. Estar em um processo de formação em meio a uma pandemia não é fácil, existem inúmeros desafios a se enfrentar como o medo, a rotina e as atividades laborais.

Em agosto de 2020 meus familiares contraíram o vírus, meu pai de forma grave e a tempestade do turbilhão de coisas aumentou, mas da mesma forma que ela veio, se foi e tive a sorte de que muitos não tiveram de ter meu pai em casa novamente. Logo o ano mudou e como numa utopia, parecia que tudo ia embora, mero engano. Em março de 2021 o semestre acadêmico estava se iniciando, e eu estava trabalhando diretamente com o público. Contraí o vírus e nessa mesma época foi decretado um lockdown em Palmas, tendo como sequelas as constantes crises de ansiedade, uma péssima concentração e uma má respiração, em que, consequentemente, houve queda em meu desempenho acadêmico. Logo me vi angustiada pela culpa e pela sensação de que não estava dando o meu melhor.

Fonte: encurtador.com.br/bkswM

Uma das coisas mais difíceis para um acadêmico em formação no meio da pandemia é a ânsia pela formatura, pois não sabemos se concluímos as matérias, ainda por influência das próprias expectativas.  O meu sonho era de poder entrar no auditório da faculdade, com toda minha família e amigos vibrando por mim, ouvir meu nome, andar da entrada do auditório até sentar na cadeira no palco, sentir o frio na barriga e a emoção de que finalmente teria conseguido agradecer naqueles discursos clichês, vivenciar os olhos lacrimejados e os sorrisos das pessoas, mas agora me parece um sonho distante ou uma ideia que sofrerá modificações, cabendo mais uma vez a conformidade e compreensão.

Os estágios voltaram a sua forma presencial, agora tenho que me deslocar, sendo um pouco difícil conciliar questões da faculdade, trabalho e o fato de que a pandemia ainda existe, a esperança minha e de muitos é a vacina, a  qual tomei a primeira dose e  sigo esperando ainda mais os avanços  da ciência para que, de alguma forma, as coisas se tranquilizem ou pareçam mais seguras.

Enquanto acadêmica em um curso que lida com a saúde mental, destacou a importância da vacina, do SUS, e de um bom governante. Tempos como esses exigem de nós muita resiliência. Para mim é difícil e revoltante morar no Brasil, pois politizaram o coronavírus, se tornando por muitas vezes lamentavelmente lucrativo. Penso que precisamos nos agarrar ainda mais a um espírito colaborativo e de solidariedade, pois vemos acentuadas ainda mais a fome, o descaso e a desigualdade. Thiago Melicio ensina que “não há como pensar a promoção, e  proteção de saúde, em especial saúde mental, sem pensar na promoção da cidadania”. Em meio a tudo isso, a responsabilidade de uma boa formação e ser uma excelente profissional aumenta, sendo meu maior desejo fazer a diferença, mesmo em meio a  dúvidas.

Fonte: encurtador.com.br/syCDT
Compartilhe este conteúdo: