Efeitos da Dificuldade de Aprendizagem

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Tais dificuldades podem influenciar na baixa autoestima da criança e adolescente

São vários os fatores que podem influenciar no processo de Aprendizagem
Fonte: Foto de formulário PxHere

É importante mencionar que quando se fala de dificuldade de aprendizagem, considera-se qualquer fator que pode influenciar no aprendizado de uma criança ou adolescente, às vezes questões sensoriais, auditivas ou até mesmo alteração no comportamento, isso engloba o todo incluindo problemas emocionais que esse indivíduo possa estar sentindo.

Uma das maiores preocupações dos pais e professores é com a alfabetização da criança nas séries iniciais, é muito comum em sala de aula que algumas crianças apresentem dificuldades e nem sempre se trata de um transtorno específico e sim de déficit na aquisição de habilidades necessárias no processo de leitura e escrita. Essas habilidades são adquiridas por meio de estímulos, ou seja, o meio que a criança está inserida influencia muito no processo de aprendizagem de modo geral e é de fundamental importância que esse processo tenha uma parceria entre família e escola.

Existem diferentes metodologias de ensino, não necessariamente uma é melhor que a outra, mas algumas crianças e adolescentes se adaptam melhor a determinada metodologia, é necessário ter esse olhar voltado para o aluno com o intuito de auxiliá-lo a perceber a melhor maneira de absorver conhecimento, pois dependendo da dificuldade que esse indivíduo está se deparando no ambiente escolar, pode de certa forma desencadear problemas emocionais como: Insegurança, desmotivação e baixa autoestima.

Existem crianças que não apresentam dificuldade nenhuma e conseguem aprender com qualquer metodologia, mas vale ressaltar que cada indivíduo é único e apresenta mais facilidade em algumas coisas e outras não, e às vezes a expectativa que os pais projetam no filho, pode contribuir para uma dificuldade ou dissociação do desempenho da criança na expectativa dela e da família. 

Vygotsky fala sobre a importância da interação social no processo de aprendizagem
Fonte: Imagen de Kris en Pixabay

Às vezes a criança não consegue lidar com alguns desafios, dentre aprender a ler e escrever no mesmo ritmo dos demais colegas de sala, e se não for bem entendido por ela, pode se tornar impotente frente a essa situação e começar a desencadear fatores emocionais, influenciando em suas relações e seu desenvolvimento. Para Fonseca, (1995) “o insucesso escolar é, de certa forma, a antevisão da desorganização social. Se falha em qualquer estágio da escolaridade, as hipóteses de sucesso na vida são amplamente diminuídas”.

Por motivos diversos o fracasso escolar pode começar ainda no período de alfabetização, por não conseguir ter sucesso na habilidade de leitura e escrita pode provocar exclusão, timidez, desmotivação, influenciando negativamente na construção da autoestima. Goulart (2007) afirma que a “incapacidade de ler e escrever textos válidos socialmente gera nos alunos sentimentos de incompetência e impotência que reforçam a sua desqualificação social”.

No ambiente escolar o professor deve olhar para cada criança e adolescente como um todo e procurar fortalecer o vínculo entre professor/aluno, pois a aprendizagem é construída com as relações, não está ligada apenas aos aspectos cognitivos inclui aspecto físico, social e emocional. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, em seu artigo 22, Parágrafo único, afirma que “são objetivos precípuos da educação básica a alfabetização plena e a formação de leitores, como requisitos essenciais para o cumprimento das finalidades constantes do caput deste artigo”.

É importante enfatizar que a escola tem um papel especial na educação das crianças, mas a família também é peça fundamental nesse processo, pois o hábito de leitura é um comportamento aprendido e quando os pais são modelo e incentivam os filhos, contribui positivamente com a habilidade de ensino/aprendizagem. 

Estudos apontam que na menor parte dos casos de crianças/adolescentes que não são alfabetizados realmente se tem um transtorno de aprendizagem, mas na imensa maioria dos casos se tem algum outro fator externo e por isso é necessário uma investigação pontual para tentar sanar essa dificuldade para este indivíduo desenvolver seu potencial. 

Punições, críticas constantes, comparações de desempenho pode gerar na criança uma baixa autoestima. Ter boa autoestima é fundamental para lidar com os conflitos do cotidiano, ela é sinônimo de confiança, de acreditar que a gente é capaz de encarar determinada situação, de aceitar a si e aos outros.

A pessoa com boa autoestima tem condições de enfrentar os desafios que a vida lhe apresenta
Fonte: Imagen de Victoria_Watercolor en Pixabay

Para Brander (2000) “autoestima é a confiança na capacidade de pensar, confiança na habilidade de dar conta dos desafios básicos da vida e no direito de vencer e ser feliz”. Portanto valorize as conquistas da criança e adolescente por menor que seja, isso contribui para o senso de dedicação, de querer dá o seu melhor naquilo que faz, pois sabe que seu esforço está sendo notado.  

Referências

BRANDEN, N. Autoestima e seus pilares. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

FONSECA, V. da. Introdução às dificuldades de aprendizagem. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.  

GOULART, C. Processos de letramento na infância: aspectos da Complexidade de processos de ensino aprendizagem da linguagem escrita. In: SCHOLZE e ROSING, Lia Tânia M. K. (Org). Teoria e Práticas de letramento. Brasília: INEP, 2007.

LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. – 6. ed. – Brasília, DF: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2022. Disponível em <: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/600653/LDB_6ed.pdf?sequence=1&isAllowed=y >. Acessado em 26 fev. 2023.

VYGOTSKY, L.S. Formação social da mente. Trad.: NETO, J.C. BARRETO L. S. M. AFECHE, S.C. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

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“Além da Sala de Aula” – afetividade no processo de ensino-aprendizagem

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O filme “Além da sala de aula”, chocante e impactante, foi inspirado em uma história real, na vida de Stacey Bess, famosa palestrante americana sobre educação. Mais do que uma obra cinematográfica, o filme evidencia a realidade de muitos professores pelo Brasil.

Na história, em essência, uma professora recém-formada vai em busca do seu primeiro emprego e ao contrário do que imaginava é contratada para uma escola pouco convencional, ou seja, tratava-se de um projeto social para os sem-teto. O projeto ficava em uma região de vulnerabilidade social (local de passagem para pessoas sem teto, como um albergue a céu aberto), as pessoas moravam em contêineres adaptados para quartos e ao lado da sala de aula passava a linha férrea que fazia tremer tudo durante a passagem de trens. A “escola” era carente em tudo: não tinha livros, equipamentos para aprendizagem, limpeza; as cadeiras e mesas estavam em condições precárias; assim como a estrutura física do local que tremia quando passava um trem ao lado da escola; e os alunos conviviam com ratos.

A protagonista (professora) inicialmente pensa em desistir já que não era o cenário que esperava e que fora preparada para atuar, todavia, ela reúne forças para encarar o desafio e paulatinamente, com seu esforço, vai conquistando a simpatia dos estudantes, dos pais e até da supervisão da educação local (pois a escola não possui diretor) que, ignorava a dificuldade dos professores e parecia pouco se importar com a situação dos estudantes.

Na tentativa de deixar a escola mais agradável, a professora trabalha na reestruturação da escola e com os próprios recursos compra equipamentos, faz limpeza no local e pinta. Além disso promove momentos de integração com a comunidade envolvendo pessoas do próprio abrigo que se põe a ajudar. Para suprir, pelo menos de maneira paliativa, a fome de alguns alunos, ela chega a levar comida para a classe. Chega, inclusive, a levar para sua casa uma das alunas que tivera o pai expulso do abrigo por ter sido pego com bebida alcoólica.

Enfim, é possível dizer que a presença de Stacey Bess (professora) realmente promove a mudança do lugar, impactando da transformação de estruturas e comportamentos.

Fonte: encurtador.com.br/bCV28

Um paralelo teórico

Ao assistir ao filme o que parece mais evidente é a questão da afetividade e sua importância/impacto no processo de aprendizagem; e nessa perspectiva a escolha foi pelo teórico (e suas discussões) Henri Wallon.

Os grandes estudiosos, Jean Piaget e Lev Vygotsky já atribuíam importância à afetividade no processo evolutivo, mas foi o educador francês Henri Wallon que se aprofundou na questão.

 Diferente de como se trata no senso comum, a afetividade não é simplesmente o mesmo que amor, carinho, ou concordar com tudo, ou seja, sentimento apenas positivo. De acordo com Wallon (apud DANTAS, 1992), o termo afetividade se refere à capacidade do ser humano de ser afetado positiva ou negativamente tanto por sensações internas como externas. A afetividade é, assim, um dos conjuntos funcionais da pessoa e atua, juntamente com a cognição e o ato motor, no processo de desenvolvimento e construção do conhecimento.

A dimensão afetiva ocupa lugar central, tanto do ponto de vista da construção da pessoa quanto do conhecimento, destaca Wallon (apud DANTAS, 1992). A emoção, uma das dimensões da afetividade, é instrumento de sobrevivência inerente ao homem, é “fundamentalmente social” e “constitui também uma conduta com profundas raízes na vida orgânica” (DANTAS, 1992, p. 85).

Segundo Wallon, o desenvolvimento humano acontece em cinco estágios, nos quais são expressas as características de cada espécie e revelam todos os elementos que constituem a pessoa. O estágio 1 é o impulsivo-emocional (de 0 a 1 ano), onde o sujeito revela sua afetividade por meio de movimentos, do toque, numa comunicação não-verbal; e estágio 2 é o sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos), em que a criança já fala e anda, tendo o seu interesse voltado para os objetos, para o exterior, para a exploração do meio; o estágio 3 é o personalismo (3 a 6 anos),  fase da diferenciação, da formação do “eu”, da descoberta de ser diferente do “outro”; estágio 4, categorial (6 a 10 anos), em que a organização do mundo em categorias leva a um melhor entendimento das diferenças entre o “eu” e o “outro”; e estágio 5, a – puberdade, adolescência (11 anos em diante), em que acontece uma nova crise de oposição, ou seja, o conflito eu-outro retorna, desta vez como busca de uma identidade autônoma, o que possibilita maior clareza de limites, de autonomia e de dependência (MAHONEY & ALMEIDA, 2005, p. 22). Segundo ainda as autoras (2005), em todos os estágios do desenvolvimento humano, segundo a teoria de Wallon, a afetividade está presente em maior ou menor grau, haja vista a interação indispensável a esse processo, para a formação desse indivíduo como ser social, cultural e inserido, de fato, no meio em que vive.

De acordo com Henri Wallon, o primeiro ano de vida expressa a afetividade com maior intensidade. Por ela, o bebê se expressa e interage com as pessoas que, por sua vez, respondem a tais manifestações. Porém, a afetividade está presente em todas as fases da vida e podem ser exteriorizadas de três formas: (a) emoção, sendo a primeira expressão da afetividade e, normalmente, não controlada pela razão; (b) sentimento, que é a forma de expressão que já tem ligação com o cognitivo, ou seja, o indivíduo consegue sofre aquilo que o afeta; e (c) paixão, que a principal característica é o autocontrole (MAHONEY & ALMEIDA, 2005). Ainda de acordo com elas 92005), a emoção é a mais visível das expressões e pode ser manifestada, inclusive, por meio da fala. Com ela, o indivíduo consegue externalizar o que sente, desde seu nascimento. Trata-se da primeira manifestação de necessidade afetiva da criança, demonstrada quando chora ou quando ri.

Sendo a afetividade a dimensão que ganha mais destaque nas obras de Wallon é, também, aquela que mais se relaciona com a educação. Através dela, o educador consegue visualizar quando seu aluno está entusiasmado com determinada dinâmica e, ao mesmo tempo, se outro está apático ou cansado, podendo usar isso a seu favor.

Assim, é possível dizer que ao chegar à Escola, a criança já traz um arsenal de vivências e experiências (positivas e negativas), que não podem ser negligenciadas. E não se pode simplesmente dizer que “não sou responsável pelo que aconteceu antes de mim”, porque o “antes” tem influência no “depois” e o professor terá tudo a ver com isso (DANTAS, 1992).

Nesse contexto também, o professor não é apenas o responsável por “ensinar” conteúdos, mas o responsável por ajudar o aluno a aprender e isso muda todo o processo, pois se não há aprendizagem, o fracasso é do aluno e do professor. E esse fracasso nem sempre estará relacionado à incompetência do professor, ausência ou deficiência de metodologias e recursos, ou à falta de atenção, indisciplina, “problemas” do aluno. Há um aspecto pouco percebido ou levado em conta por todos, e que pode ser o elemento que está faltando nesse processo e que é determinante para que ocorra a aprendizagem que se quer, e se consiga o sucesso que se busca: a afetividade (DANTAS, 1992).

Pensando nesses apontamentos teóricos e na obra cinematográfica, fazendo um paralelo teórico, é possível destacar a produção de sentimentos e emoções que as diversas situações vivenciadas em sala de aula podem gerar, em todos os atores/sujeitos do processo educacional. E é indiscutível e incontestável, subsidiados por Wallon, o reconhecimento do quanto essas emoções e sentimentos repercutem nos processos de ensino e de aprendizagem. O filme retrata claramente esse cenário.

Ter clareza disso permite ao docente a possibilidade de reflexão sobre o seu fazer, sobre a sua prática pedagógica, bem como identificar e criar estratégias de ação diante de emoções negativas que também possam modificar o ambiente escolar.

Fonte: encurtador.com.br/bCV28

FICHA TÉCNICA DO FILME

 

Título orginal: Beyond the Blackboard
Gênero: Drama
País: EUA
Ano: 2011

Referências:

DANTAS, Heloysa. A afetividade e a construção do sujeito na psicogenética de Wallon. São Paulo: Summus, 1992. Disponível em: < https://repositorio.usp.br/item/000842049>. Acesso em: 11 de maio de 2020.

MAHONEY, Abigail Alvarenga & ALMEIDA, Laurinda Ramalho de. Afetividade e processo ensino-aprendizagem: contribuições de Henri Wallon. Revista da Psicologia da Educação, nº 20 – 2005. Disponível em: < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752005000100002>. Acesso em: 11 de maio de 2020.

TASSONI, Elvira Cristina Martins; LEITE, Sérgio Antônio da Silva. Afetividade no processo de ensino-aprendizagem: as contribuições da teoria walloniana. Educação, vol. 36, núm. 2, mayo-agosto, 2013, pp. 262-271. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Brasil.

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Aprendizagem na visão humanista rogeriana

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O artigo “O fracasso escolar na pós-modernidade: uma perspectiva humanista”, originalmente escrito para a Revista de Psicologia, de autoria da estudante de Psicologia do Centro Universitário Newton Paiva, Karin Santos Marra Kiefer, apresenta-se com o objetivo de ”investigar a relação entre o fracasso escolar e o ambiente familiar e escolar para subsidiar propostas de possíveis caminhos para a resolução de tal fenômeno patológico” (KIEFER, 2013, p. 75).

Inicialmente contextualizando e situando o fracasso escolar como uma patologia com origem no final do século XIX, momento em que a escolarização passa a ser obrigatória e determinados valores do desenvolvimento humano (entre os quais o êxito social) passam a vigorar, a autora problematiza que “A inserção social do sujeito que não cumpre esses novos paradigmas da modernidade e pós-modernidade fica comprometida, sendo, que sempre, excluído ou desvalorizado” (KIEFER, 2013, p. 75); e, justifica a importância de se buscar as contingências que a criança encontra nos espaços da sociedade, da comunidade escolar e da família, como forma de entender a questão do fracasso escolar (KIEFER, 2013).

Recorrendo à perspectiva humanista de Rogers, para este movimento de entender e explicar o fenômeno do fracasso escolar, a autora menciona que a aprendizagem significante “combina o lógico e o intuitivo, o intelecto e os sentimentos, o conceito e a experiência, a ideia e o significado” (ROGERS, 1985, p. 30-31 apud KIEFER, 2013, p. 75). A teoria da aprendizagem significante de Rogers é muito mais do que a acumulação de fatos. É uma aprendizagem que provoca uma modificação no comportamento do indivíduo, uma modificação na orientação da ação futura que escolhe e/ou nas suas atitudes e na sua personalidade. É uma aprendizagem que vai muito além do cognitivo, refere-se à significação pessoal. E nesse viés, pensando no aluno de maneira holística, o fracasso escolar pode denunciar uma idiossincrasia entre o seu self e suas experiências, fato muitas vezes ignorado pelo ambiente escolar.

 

Fonte: encurtador.com.br/cmotK

Cabe aqui dizer que, de acordo com a psicologia rogeriana, as pessoas têm dentro de si a capacidade de descobrir o que que as está tornando infelizes e de provocar mudanças em suas vidas. Acredita que o homem, em condições favoráveis, não ameaçadoras, procurará desenvolver suas potencialidades ao máximo, já que ele tende naturalmente à autorrealização.

Nesse contexto, destaca Kiefer (2013), é necessário que se alinhem conhecimentos e instituições (como escola e família) para que a incongruência não prejudique o funcionamento organísmico do aluno. Para Rogers o indivíduo é sempre visto como um todo, não só o intelecto e por isso frequentemente utiliza o termo organismo.

De acordo com Kiefer (2013, p. 75),

o ambiente escolar e o familiar são determinantes no rumo da trajetória que o aluno escolhe, pois o primeiro deve reforçar e estimular potenciais e habilidades do aluno, mostrando a ele as possibilidades de sucesso, com o despertar para a aprendizagem, e a segunda é vital para a potencialização e segurança à tendência atualizante.

Para Rogers (1985 apud KIEFER, 2013), o ambiente, quando em harmonia, promove uma congruência entre experiência e sentimentos do self da criança, propiciando o aparecimento de recursos que promovem processos de aproximação com o aprendizado. Atividades que sinalizam estabilidade na vida familiar e práticas parentais que promovem a ligação família-escola são fatores que propiciam um bom desempenho escolar e potencializam o mesmo na criança.

Fonte: encurtador.com.br/dixGZ

Pensando no papel dos pais e da família, Maturana (2006 apud apud KIEFER, 2013), também destaca a sua importância na aprendizagem escolar das crianças, evidenciando que, no contexto da pós-modernidade, de transferência de responsabilidades à escola, de papéis que são dos pais, “muitos só tomam-se presentes com o fracasso  na aprendizagem do mesmo” (p. 76).

Por sua vez, a escola, despreparada para proceder tal acolhimento, também não fomenta a aprendizagem significante, não promovendo entre os professores espaço e condições para que se sintam seguros (internamente) e possam facilitar tal aprendizagem com os alunos. Para Kiefer (2013) quando esta segurança existe, o professor facilita a apren­dizagem, “compartilhando responsabilidades, explorando interes­ses, promovendo a organização do próprio aluno, promovendo a disciplina como consequência da tendência à aprendizagem de­senvolvida no aluno a partir dessa atmosfera instigadora na qual o aluno descobre a aprendizagem” (p.75).

Posto isso, numa concepção rogeriana, a facilitação da aprendizagem deve ser entendida como o maior objetivo da educação, e deve ter o foco centrado no aluno, confiando na potencialidade deste para aprender, criando condições favoráveis para o seu crescimento e sua autorrealização.

Referência:

KIEFER, Karin Santos Marra. O fracasso escolar na pós-modernidade: uma perspectiva humanista. Revista de Psicologia, 2013. Disponível em: < http://blog.newtonpaiva.br/psicologia/wp-content/uploads/2013/03/E1-24.pdf>. Acesso em: 20 de março de 2020.

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Relação professor-aluno e o fracasso escolar: relato de estágio com docentes

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Sem dúvida alguma, a experiência em campo é algo extremamente enriquecedor e muito contribui para o entendimento daquilo o que é tão abordado em sala. A oportunidade de comparar o que é teórico com o que ocorre na prática faz com que o acadêmico visualize de forma mais completa do que realmente se está estudando. E isso foi o que aconteceu em intervenção proposta por uma professora de psicologia do CEULP/ULBRA onde grupos de acadêmicos deveriam intervir em escolas com base nos conhecimentos da Psicologia Escolar e Comunitária de acordo às demandas encontradas. Foi uma experiência que, com toda a certeza me fez crescer enquanto estudante de Psicologia e futuro psicólogo.

Logo de início, com as primeiras observações feitas por meio das visitas realizadas no campo em questão, pude perceber o quanto é necessária a inserção do psicólogo nesses ambientes e, além disso, o quanto ainda se precisa esclarecer a respeito da atuação deste na escola. Parece clichê tal afirmação, mas é, de fato, realidade que se mostra frequente nesse contexto de atuação. Um profissional com mero olhar clínico não conseguirá atender de forma eficaz as demandas apresentadas, até porque já é sabido que diagnosticar e laudar sem nenhum critério pode levar muitas vezes a estigmatização da criança e outras questões como a rede de interações no âmbito da instituição e de que forma contribuem ou não para o cenário de queixa escolar acabam sendo esquecidas.

Fonte: https://bit.ly/2L2dVWO

Concordo plenamente que o profissional de psicologia deve se despir de tudo aquilo o que pode atrapalhar a sua aproximação com o campo e na escuta dos vários agentes que envolvem a escola e estão ligados a esse ambiente. Humildade seria a palavra. Responsabilidade e engajamento também são essenciais.

Além das questões já conhecidas como estrutura física das salas, quantidade de alunos que ultrapassa o ideal, entre outros fatores, nos deparamos com o que posso destacar como demanda central: a relação professor-aluno. De um lado vimos professoras em posição de ataque nomeando as crianças com menor desempenho como “FRACOS”, e afirmando que “a coisa só vai funcionar quando eles se adequarem ao meu ritmo”, e do outro, essas mesmas professoras desabafando sobre o quanto é árduo o desafio de atender ao que é exigido pelas instâncias superiores a respeito dos conteúdos passados aos alunos e o tempo a ser cumprido pelas professoras. Além do trabalho na escola há também os de casa e os cuidados com filhos e marido, o que é cobrado pela sociedade. O resultado não poderia ser outro. Professoras esgotadas e alunos que “não aprendem”.

O ideal de aluno perfeito colabora para a tal produção do fracasso escolar. Aqueles que não conseguem atingir esse ideal são os “FRACOS” e necessitados de algo que diga qual é o “problema” deles. A essa altura qualquer comportamento emitido pela criança à vista da professora é tido como excessivo ou deficitário. Daí surgem as famosas frases “é uma criança apática, não aprende” e “não para um segundo, acho que tem déficit de atenção com hiperatividade”.

Diante desse quadro surge no ar aquela pergunta – quem é o culpado? Há um culpado disso tudo?

Fonte: https://bit.ly/2Lt8VGD

Porque o que me pareceu foi que as professoras buscavam além de algo que as protegesse e justificasse o “fracasso” do aluno, uma resposta que mostrasse que a família e a própria criança são os responsáveis. Isso revela o quão complexo é o processo de ensino- aprendizagem e o quanto as interações entre os vários agentes presentes na instituição devem ser observados e levados em conta pois refletem diretamente nos alunos.

Uma coisa é certa: A criança não é a culpada. E os professores tem o importante papel de criar formas interativas e cada vez mais atrativas de ensinar. Além disso, cabe ao psicólogo contribuir de maneira preventiva para a saúde mental dos professores, e isso inclui instigar nos mesmos, o desenvolvimento de automotivação e perseverança.

Com essa experiência em campo eu entendi que a psicologia tem grande potencial colaborativo nas questões escolares e a formação de profissionais com preparo para atuar nessa área é importantíssima. O combate a rotulação e estigmatização das crianças é ponto também fundamental e real pois é crescente a demanda por avaliação psicológica com queixas de dificuldade na aprendizagem, atenção e hiperatividade.

Fonte: https://bit.ly/2uttHQd

Sabe-se que muitas são as variáveis que atuam na produção da queixa e fracasso escolar. O psicólogo tem a responsabilidade de observar de forma acurada e analisar todos esses pontos bem como entender o fluxo dessa interação no âmbito escolar para que contribua sempre no desenvolvimento e aprendizagem dos alunos evitando assim que esses pequenos cidadãos tenham seu futuro prejudicado.

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