Hegel: a realidade como um processo histórico

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Este trabalho tem como objetivo principal compreender a corrente filosófica hegeliana, por meio de uma análise hermenêutica dos textos estudados. A teoria estudada refere-se à Teoria de Hegel. Filósofo mais famoso da Alemanha, Hegel, estabelece sua ideia central de que todas as coisas são aspectos de uma única coisa, ou seja, os aspectos da consciência, a instituição política, entre outros, são de um único espírito e ao longo do tempo esses aspectos se reintegram, dando origem ao que posteriormente foi intitulado de “dialética”.

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Fonte: https://hermanoprojetos.com/tag/hegel/

A dialética para Hegel seria a “supremacia do pensamento” (BURNHAM; BUCKINGHAM, 2013). Por meio desta perspectiva, também foi possível compreender os fatores essenciais da constituição dos sujeitos, enquanto processo histórico. Assim, diante das leituras de Burnham e Buckingham (2013), Madjarof (2009),  Novelli (2008) e Silveira (2016) foi possível conhecer a articulação histórica desta teoria, elencando alguns pontos para “compreensão do saber” e realizando algumas interpretações do idealismo hegeliano – enquanto elementos que sustentam uma lógica historicista – e trazendo também reflexões de que nós seres humanos não nascemos “prontos”, mas sim – conforme os pressupostos de Hegel – existe todo um processo histórico que acarreta na construção do sujeito.

Para a corrente filosófica Hegeliana: “não há nada sobre os seres humanos que não seja de caráter histórico” (BURNHAM; BUCKINGHAM, 2013). Logo, tal compreensão conduz a uma percepção distinta acerca do modo como o conhecimento ocorre. Silveira (2016) caracteriza este pensamento ao apontar que uma maneira de compreender a especificidade desta filosofia é por meio da afirmação de que a verdade é um sujeito e não uma substância. Assim: “a missão da filosofia hegeliana é, então, dotar a realidade de uma forma adequada ao saber absoluto, isto é, elevar o presente à consciência verdadeira de si mesmo” (SILVEIRA, 2016, p. 2).

A razão aqui – diz Madjarof (2009) não é só um modo de pensar as coisas, mas o próprio modo de ser as coisas. Em outras palavras, Silveira (2016) propõe: a Filosofia Hegiliana consistirá na apreensão adequada ou verdadeira da realidade. O que ela estará lutando para construir será sempre a forma adequada para o saber (absoluto), uma vez que a realidade já está dada. Por está razão, Madjarof (2009) considera que Hegel concebe a realidade como um vir-a-ser. E neste processo, a finalidade da consciência – denominada pelo mesmo como “espírito absoluto” (BURNHAM; BUCKINGHAM, 2013) – é apreendida como um futuro estágio que não é propriedade dos indivíduos, mas sim da realidade como um todo.

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Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/356549/

Dessa maneira, entre os princípios gerais desta filosofia, a noção de que “toda realidade é espírito, de tal maneira que todo espírito é sujeito ao desenvolvimento histórico” (BURNHAM; BUCKINGHAM, 2013), alcança uma expressão dialética, pois para o mesmo à natureza da consciência é algo dinâmico, ou seja, que contem em determinado sentido peculiar; certa direção e finalidade, contrapondo-se então a ideia de circunstancialidade. Nesse sentido, a filosofia de Hegel é considerada como a filosofia da imanência absoluta. “Essa ideia extraordinária – de que a natureza da consciência tem mudado através do tempo e de acordo com um padrão visível na história – significa que não há nada sobre os seres humanos que não seja de caráter histórico” (BURNHAM; BUCKINGHAM, 2013).

Partindo desta premissa, Madjarof (2009) ressalva que: é preciso compreender que o vir-a-ser não é senão a história do espírito universal que se desenvolve e se realiza por meio de contínuos estágios para alcançar, no final, a plena posse e a plena consciência de si mesmo. E como consequência: “esse progresso do espírito continua e se concluirá através da história dos homens” (MADJAROF, 2009).O Espírito humano é de início uma consciência confusa, um espírito puramente subjetivo, é a sensação imediata. Depois, ele consegue encarnar-se, objetivar-se sob a forma de civilizações, de instituições organizadas. Tal é o espírito objetivo que se realiza naquilo que Hegel chama de “o mundo da cultura” (MADJAROF, 2009).

Voltando a Madjarof (2009) é possível compreender, que, nessa filosofia puramente imanentista, Deus só se realiza na história, ou seja, a forma de civilização que triunfa a cada etapa da história é aquela que, naquele momento, melhor exprime o Espírito. Dessa maneira, oposto à visão de mundo transcendente – tal qual preconiza o Platonismo – Hegel parte da ideia de que a finalidade do espírito não consiste apenas em perceber a realidade, mas sim: “Ele existe para estar ciente de si mesmo” (BURNHAM; BUCKINGHAM, 2013).

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Fonte: http://www.porquegenteeassim.com.br/post/autoconhecimento/106/39

Dessa maneira, Hegel parte fundamentalmente, da síntese a priori de Kant, em que o espírito é constituído substancialmente como sendo o construtor da realidade e toda a sua atividade é reduzida ao âmbito da experiência, porquanto é da íntima natureza da síntese a priori  não poder, de modo nenhum, transcender a experiência, de sorte que Hegel se achava fatalmente impelido a um monismo imanentista (MADJAROF, 2009). Assim, teria se que encontrar na realidade única da experiência as características divinas do antigo Deus transcendente, destruído por Kant, visto que: “a interioridade não se perde na exterioridade sem que possa aí também se encontrar” (NOVELLI, 2008). Podemos verificar este entendimento, em seus escritos: “A verdade é o todo. Mas o todo é somente a essência que se implementa por meio do seu desenvolvimento” (BURNHAM; BUCKINGHAM, 2013).

Podemos, portanto, considerar Hegel como o filósofo idealista por excelência, uma vez que, para ele, o fundo do Ser (longe de ser uma coisa em si inacessível) é, em definitivo, Idéia, Espírito. […] Sua filosofia representa, ao mesmo tempo, com relação à crítica Kantiana do conhecimento, um retorno à ontologia. É o ser em sua totalidade que é significativo e cada acontecimento particular no mundo só tem sentido finalmente em função do Absoluto do qual não é mais do que um aspecto ou um momento (MADJAROF, 2009).

Destarte, este é um aspecto significativo, pois ao passo que concebe a realidade como espírito que sofre um processo de desenvolvimento histórico, Hegel se distingue da noção Kantiana de “mundo em si”, considerada pelo mesmo, como: “uma abstração vazia sem significado” (BURNHAM; BUCKINGHAM, 2013). Ademais, a natureza para Hegel também é apreciada como espírito, uma vez que “a natureza tem de ser considerada um sistema de estágios, um surgindo necessariamente a partir do outro (…)” (BURNHAM; BUCKINGHAM, 2013). Sendo um dos estágios, a passagem do que é vida para “existência como espírito”, e posteriormente, neste continuo e dinâmico “fluxo”, a dialética se modifica para a consciência de si próprio perante outros indivíduos e depois para consciência de grupos; “e assim continua a dialética, aperfeiçoando-se até alcançar o estágio de espírito absoluto” (BURNHAM; BUCKINGHAM, 2013).

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Fonte: http://www.digital-photo-secrets.com/tip/2705/overcoming-the-between-season-doldrums/

Não obstante, verifica-se que Hegel faz duras críticas as visões de Kant, no que concerne o funcionamento dos processos básicos, pois o mesmo afirmava que o funcionamento e as estruturas básicas da consciência nascem antes da experiência. Para ele tais categorias não se derivam uma da outra, já que são na verdade as estruturas do pensamento, sendo por esta razão: imutáveis. Contrário ao pensamento de Hegel, Kant também acreditava que apesar de notarmos o mundo de determinada maneira, poderia existir outras formas que seriam diferentes.

Porém, o mundo como realmente é não se consegue ver, e sim apenas o que é decifrado através da experiência particular de cada indivíduo por meio do que ele titulava de estrutura das categorias. Seguindo estas suposições Kantianas, Hegel, apesar de reconhecer as notórias contribuições Kantianas no campo da filosofia – na busca de um sentido mais “realista” – achava estas proposições insuficientes, pois para ele tais ideologias ainda estavam pouco vazias de sentido, num plano mais abstrato. E para Hegel, essas categorias também poderiam sim estar sujeitas a mudanças tanto quanto o mundo em que estamos inseridos.

Apesar da aproximação com outros pensamentos e em especial com o de Kant, é nítida a contrariedade e originalidade das ideias de Hegel, ao tentar decifrar e analisar a subjetividade humana, enquanto algo em movimento, que vai da alma ao espírito nas suas diversas formas. Por meio desta Filosofia – que concebe a realidade como processo histórico – percebe-se que Hegel nutriu e ampliou um modelo de Filosofia, ao concebê-la como uma “passagem” dialética.

De um caráter um tanto “sistemático” nota-se a consistência de uma visão oposta às visões dicotômicas, embora seu desenvolvimento reúna eixos construtivos do homem em sua peculiaridade. E assim, ao superar estas dicotomias e ater-se a essência deste “Espírito”, que segue em constante movimento – transformando e sendo transformado – nos deparamos com uma importante e interessante visão acerca da constituição dos homens.

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Fonte: http://obviousmag.org/archives/2007/07/pintura_com_luz.html

Hegel acreditava que: “[…] o que existe é o que vem a ser manifestado na consciência” (BURNHAM; BUCKINGHAM, 2013). E o cerne de sua lógica era: “toda noção ou “tese”, contém dentro de si uma contradição, ou “antítese”, que só é solucionada pelo surgimento de uma noção mais nova e mais rica, chamada “síntese”, a partir da própria noção original” (BURNHAM; BUCKINGHAM, 2013), gerando assim um efeito espiral, que a partir de um “resultado final” torna-se possível recomeçar um novo ciclo onde esse resultado se torna o problema a ser solucionado. Dessa maneira, Hegel apresentou novos contornos para a Filosofia. Um caminho sem “amarras”, mas que se encontra continuamente sujeito a mediação do ser prático.

REFERÊNCIAS:

BURNHAM, Douglas; BUCKINGHAM, Will. O livro da Filosofia. Rio de Janeiro: Globo Editora, 2013. 352 p.

MADJAROF, Rosana. O Idealismo Lógico: Hegel. 2009. Disponível em: <http://www.mundodosfilosofos.com.br/hegel.htm>. Acesso em: 02 set. 2016.

NOVELLI, Pedro Aparecido. A crítica de Hegel ao conceito de lei em Kant. 2008. Revista Eletrônica Estudos Hegelianos. Disponível em: <http://www.hegelbrasil.org/reh9/novelli.pdf>. Acesso em: 03 set. 2016.

SILVEIRA, Ronie. A Filosofia de Hegel. Disponível em: <https://ghiraldelli.files.wordpress.com/2008/07/silveira_hegel.pdf>. Acesso em: 02 set. 2016.

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Afinal, o que é beleza?

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A partir de Platão surge um esboço de conceito de subjetividade. Onde ele nos apresenta o conceito de alma tripartite (Razão, Emoções e Desejos). A filosofia vai racionalizar o discurso. É uma tentativa de racionalizar as narrativas para que as pessoas superem as crenças míticas. Para Platão a razão é que nos diferencia dos animais. A razão vem acima das emoções e desejos. De acordo com Platão, se não nutrirmos a razão as pessoas ficam reféns de outros aspectos do seu corpo. Com isso, estudar a Beleza através da contribuição de Platão dentro da sua visão idealista do mundo e do homem, é diz que a beleza de um ser material no mundo real vai depender de quão próximo chega a Beleza Absoluta do mundo ideal (matriz). Nesse mundo matriz a Verdade, a Beleza e o Bem são essências superiores. Para o filosofo espanhol José Ortega y Gasset, esse era o mundo em forma visto por Platão.

Platão entendia o universo dividido em dois mundos. O mundo que enxergamos, ou seja, o mundo real é o mundo que ele define como uma copia de um mundo ideal. Sendo que, o mundo real, ou seja, o mundo sensível que temos diante de nossos olhos é denominado por ele como um campo da ruína, das imperfeições, da feiura, da decadência. Para o filosofo espanhol José Ortega y Gasset, esse era o mundo em ruína visto por Platão. O nosso mundo real só recebe existência e significação por causa da pré-existência de um mundo Autêntico, o mundo das ideias puras e verdadeiras.

Para Platão a alma tem como seu habitat natural o mundo das Essências, e sendo o mundo real uma cópia fiel do mundo das essências; a alma fica presa no nosso plano real como se estivesse sempre em busca de encontrar a Beleza Absoluta de onde ela veio. Em busca de algo perfeito que ela conheceu, mas não pudesse voltar. Nos textos sobre a Reminiscência de Platão, ele relata que a alma morre e nasce várias vezes, a alma é imortal; por isso é detentora de um vasto saber e conhecimento de tudo existente. Não existe nada que ela não conheça. A alma por ter vindo do mundo ideal, um mundo perfeito, faz com que a ela seja uma sábia detentora do conhecimento, ou seja, ela sabe tudo.

Diante disso, a alma é vista como algo sublime por Platão, pois ela já veio do mundo das Essências, da Verdade Absoluta. Quando a alma vem para o mundo material e se encontra com o corpo material é como se ela, por ter conhecimento absoluto, entrasse em decadência e vivesse sempre com saudades em busca da perfeição do mundo ideal do qual ela veio.  Segundo a Teoria da Reminiscência de Platão, a alma por ter contemplado a Verdade, a Beleza e o Bem Absoluto, ela sempre vai recordar-se do mundo das essências como se ela estivesse em busca de algo daquilo que ela já experimentou antes de unir-se a matéria, ou seja, de unir-se ao corpo.

O corpo por ser definido por Platão como algo decadente e grosseiro; quando se prende a ele faz como que se esqueça da vasta sabedoria da alma; não possibilitando acompanhar essa amplitude de conhecimento absoluto. Com isso, algumas pessoas do mundo Real que valorizam a alma, são consideradas pessoas mais aptas que outras a se lembrarem das Verdades e Belezas contempladas anteriormente. Essas pessoas vão recordar, mas nunca vão ser detentoras da Beleza e da Verdade Absoluta, pois essas só existem no plano das Essências; onde é inatingível pela matéria que é mera cópia. Por isso para Platão, não adianta ficar perdendo muito tempo com a matéria, já que ela é uma cópia prefeita do Ideal.

O filósofo grego Sócrates relata, de acordo com as anotações de Platão, em o livro “Fredo”, um mito da “parelha alada”, que narra de uma forma muito interessante a respeito do ser e da morte. Ele representa o pensamento e ideias sob uma forma figurada de como alcançar o mundo superior para aqueles que conseguiram purificar o seu corpo espiritual. Para Platão o caminho da alma que se quer elevar é o amor. Na concepção de Platão os seres humanos eram andróginos, ou seja, num mesmo corpo têm-se características masculinas e femininas.

Ao separar as duas metades são como se cada alma ficasse em busca da outra cara metade dela, ou, em busca de encontrar sua parelha. Com isso, o caminho místico para elevarmos nossos espíritos ao plano superior se aproxima mais para aqueles que compreenderem que a Beleza da alma é algo superior à beleza corporal. Aqueles que se prenderem mais ao plano físico estão sujeitos a perecer (a ruínas) assim como o corpo, se estabelecendo como seres inferiores presos no plano material.

Dentro do que é possível aqui na terra, àqueles detentores do saber que mais se aproximam da luminosidade do mundo das essências, adquiridas através das recordações da alma; são os que conseguirão ter uma contemplação mais elevada da Beleza. A sabedoria estaria em saber desfrutar a Beleza e não meramente conhece-la, isso despertaria amores intensos.

A respeito da deleitação da Beleza exposta por Platão, o filosofo Francês Jacques Maritain afirma: “a beleza é essencialmente deleitável: por isso, por sua própria essência e enquanto beleza move o desejo e produz o amor, enquanto que a verdade, como tal, faz somente iluminar.”. Vale ressaltar que para Platão, a contemplação da Beleza era uma recordação (de acordo com a teoria da reminiscência), que informaria todo o pensamento Platônico, não só quanto à contemplação da Beleza, da Verdade e do Bem, como a respeito dos métodos e processos criadores da Arte.

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Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Dor%C3%ADforo

Teoria Aristotélica da Beleza

Aristóteles é um discípulo de Platão, e ele vem colocar sua visão não para subestimar Platão, pois sabe da sua importância para contribuição da Beleza; porém ele vai se opor inteiramente ao idealismo Platônico. Aristóteles vai usar da lógica, da matemática, da estatística para derruba a teoria de Platão. Para Aristóteles é impossível que exista uma matriz no mundo das ideias.  Pela lógica, se nós somos cópias imperfeitas de algo, essa matriz já tem que ser a cópia de outra coisa; ficando assim impossível existir uma cópia perfeita, sem ser cópia de outra coisa perfeita.

Conforme citado a seguir por Ariano Suassuna, em seu livro Iniciação À Estética, a respeito do conceito de beleza para Aristóteles; podemos dizer que para esse grande pensador ao contrário de Platão, não é que exista uma cópia perfeita, simplesmente existem determinadas características que denominam uma espécie. Ou seja, um conjunto de características comuns que se enquadra em determinado objeto ou espécie. A verdade é vista a partir das evidências do mundo. A Beleza vem apenas de certa harmonia ou ordenação, existente entre as partes desse objeto entre si e em relação ao todo. Quanto àquela forma especial de Beleza que mais interessava aos gregos, o Belo, exigia ele, ainda, outras características, entre as quais as mais importantes eram certa grandeza, o imponência, e, ao mesmo tempo, proporção e medida nessa grandeza.

Suassuna, ressalta que para Aristóteles as características essenciais da Beleza seriam a ordem ou a harmonia, e a grandeza; assim como também a medida e a proporção de acordo com influência do conceito grego de Beleza. Outro fato importante a observar é o de que, por ele ser considerado patrono de todo pensamento realista e objetivista ocidental (rompeu com o idealismo Platônico e trouxe um ponto de vista realista sem recorrer a outras coisas para explicar o próprio objeto); não faz com que ele se descuide do sujeito como agente contemplador da Arte e da Beleza. Ele leva em consideração os aspectos psicológicos do sujeito para uma contemplação plena de espirito da Beleza.

      Diante de tantos aspectos vistos por Aristóteles contributivos para o campo da Estética e da Beleza, podemos dizer que as três características principais da Beleza são: harmonia, grandeza e proporção. O que nos leva a ancorar na célebre fórmula dos aristotélicos: “A Beleza consiste em unidade na variedade”.

Teoria Plotínica da Beleza

A teoria de Plotino possui semelhança com a visão de Platão. Faz-se uma crítica ao conceito de Beleza de Aristóteles, onde esse acredita que a beleza é harmonia das partes de um todo. Para Plotino, a beleza não pode ser a harmonia das partes do objeto estético, pois com esse pensamento, as coisas mais simples da vida deixam de ser consideradas belas. Segundo Plotino, a apreciação dos sons musicais, por exemplo, ocorre não somente no conjunto da obra, mais em cada composição dela. O exemplo disso é o som de sinfonia ou sonata, o todo nos agrada, como também o som isolado de cada instrumento é belo.

 Segundo Suassuna, Plotino classificou Artes em dois sentidos estéticos por excelência, sendo esse a visão e audição. Para ele a pintura só pode ser apreciada pelo contato visual, ou seja, uma pessoa que sofre de cegueira, não pode conceber a beleza de um quadro. Como também, alguém que sofra de surdez, jamais poderá sentir a beleza da música. Porém essa classificação, não fale para um poema ou romance, que está ligado ao comportamento e atos humanos. Suassuna afirma que Plotino, era atendo essa questão.

Ariano traz a concepção de beleza de outros pensadores, para dialogar com a teoria de Plotino. Um destes filósofos é o Kant, do qual fala sobre juízo de gosto, e sensação de prazer e desprazer. Do qual Plotino faz relação entre Beleza e o Bem, o Feio e o Mal. Dando maior importância a Beleza e o Bem, mas sem deixar de lado a importância de estudar o Feio e o Mal. O pensamento primitivo e escolástico; Santo Agostinho e Santo Tomaz tiveram grande remanência das ideias de estéticos de Plotino. A partir de toda essa contextualização pensante, surge à teoria do conceito de Beleza, para Plotino, “a beleza não é a harmonia, é uma luz que dança sobre a harmonia”, contraposição à teoria Aristotélica.

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Fonte: http://noticias.universia.com.br/tempo-livre/noticia/2012/11/07/980321/conheca-negra-tarsila-do-amaral.html

Teoria Kantiana da Beleza

De acordo com Kant os juízos de conhecimento emitem conceitos que possuem validez geral, por se basearem em propriedades do objeto. Com isso pode analisar que dentro dos juízos estéticos não conceitos; decorrem simplesmente de reação pessoal do contemplador diante do objeto. Os juízos estéticos e o juízo sobre o agradável é devido à primeira distinção de gosto que tem um princípio determinado puramente subjetivo, e o juízo de conhecimento fornece conceitos de validade geral. Assim sabendo que é preciso distinguir ainda, dentro do pensamento Kantiano o juízo estético e o juízo sobre o agradável, onde, por exemplo, “o agradável é aquilo que agrada aos sentidos, na sensação”.

Devido ao conteúdo da iniciação estética nota se que dentro deste parâmetro, existe algum paradoxo Kantiano sobre a beleza, onde pode notar que o juízo estético é assim ambíguo, comparado com os outros dois. O segundo paradoxo kantiano da beleza vem mostrar a característica da beleza, isto é “universal sem conceito”, onde por tanto se viu um paradoxo que é quando o sujeito emite um juízo estético e não está exprimindo um conceito decorrente das propriedades do objeto, mas apenas uma sensação de prazer que ele experimentou diante do objeto. A segunda característica, aparentemente ambígua e paradoxal, da beleza da satisfação determinada pelo juízo de gosto; “é uma necessidade subjetiva que nos aparece como objetiva”. Tendo todos os homens, necessariamente essas faculdades, cujo jogo, não ligados a conceitos, mas livres, produz a sensação de prazer ou desprazer.

Para bem entender o terceiro paradoxo sobre a beleza, temos que voltar a refletir sobre a diferença entre o juízo estético e sobre o agradável. Pois é preciso entender que quando uma pessoa se alimenta, tem um interesse físico a satisfazer de modo que o prazer causado por esta sensação é um prazer interessado. Nota- se que o sentimento da beleza não procura satisfazer nenhuma inclinação, pelo menos diretamente; é um sentimento puramente contemplativo; não é turvado por nenhum desejo, é um prazer sem interesse.

Kant acha que, quando olhamos para uma locomotiva, não podemos nunca ver ela desinteressadamente, porque temos sempre em vista o fim útil ao qual ela se destina. Conforme os conceitos do qual Kant relata pode então observar de forma que a beleza livre não supõe, portanto, nenhum conceito do que seja o objeto; a Beleza ardente, não só supõe tal conceito, mas supõe ainda a perfeição do objeto em relação a esse conceito. A concepção Kantiana do prazer desinteressado, assim como a satisfação determinada pela Beleza. Resumidamente, Kant considera que belo é o que simplesmente não tem conceito, que é impossível conceitua-lo, na verdade, ao tentarmos conceituar, toda a beleza pode ser perdida. Longe de ser lógico ou racional, o belo é algo subjetivo, sua atração exercida se deve ao sujeito contemplador.

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Fonte: http://deniseludwig.blogspot.com.br/2014/08/pinturas-e-esculturas-das-tres-gracas.html

Teoria Hegeliana da Beleza

A teoria Hegeliana possui uma semelhança com o fundamento platônico e fazendo uma crítica a visão kantiana. De acordo com Hegel o maior pensador idealista alemão do século XIX, onde deu importância de aprofundar e sistematizar com mais rigor o pensamento de Schelling. Hegel define a Beleza como a manifestação sensível da Ideia, assim a unidade da ideia e da aparência individual é a essência da beleza e de sua produção de arte. O autor distinguiu a Ideia e o Ideal, sendo assim a idéia é considerada enquanto em si mesma, é a verdade, e o Ideal que é a Beleza, a verdade exteriorizada no sensível e no concreto, a ideia é a própria realidade, a essência profunda da realidade.

Hegel considera a si mesma, é a verdade, considerada enquanto representada e exteriorizada no concreto, isto é sob seu aspecto estético, é a Beleza, ou Ideal, sendo assim Hegel segue os passos de Schelling a respeito da liberdade e a necessidade. Pode-se chamar, em resumo, liberdade àquilo que a subjetividade contém e pode captar em si mesma de mais elevado. A liberdade é a modalidade suprema do espírito. Ora enquanto a liberdade permanece puramente subjetiva e não se exterioriza, o sujeito se choca com o que não é livre, com o que é puramente objetivo, isto é, com a necessidade natural.

Para Hegel o estado do natural do homem é a contradição e o dilaceramento, não só perante a natureza, mas dentro de si mesmo, entre a parte mais alta e mais nobre de seu espirito e suas paixões, assim a suprema aspiração humana é superar tal contradição, o que só é possível pela comunhão com o absoluto e com a ideia. De acordo com a visão hegeliana do mundo, a Arte, a Religião e a Filosofia são as etapas fundamentais neste caminho do homem a procura do absoluto.

Afirma Hegel que tudo que é real é cognoscível, onde o mundo é dilacerado entre dois extremos: de um lado, as coisas, do outro, a ideia absoluta. Cabe ao homem o destino de ponte entre as coisas e o espírito, ele é uma espécie de campo de batalha entre a natureza e Deus, É ele um ser dividido, dilacerado, por ser um representante do espírito e da liberdade, colocado diante da necessidade da natureza, cega, brutal, indiferente e até hostil a ele. Sendo assim o homem tenta superar a contradição fundamental de seu destino sendo dividido por ser livre, criado para o espírito e a liberdade, vê-se arremessado diante da necessidade da natureza.

Teoria Agostiniana da Beleza

Santo Agostinho supunha que a beleza consistia na harmonia entre as partes, isso não estava relacionado às medidas e proporções do objeto artístico, mas na variedade expressa por ele, isso sim era o que tornava algo belo. Contrariando a concepção dos gregos, que relacionavam o Belo com a Beleza, “a única forma legítima de beleza”, Santo Agostinho diz que a variedade não abrange somente as partes belas, há também os contrários. Belo e Feio fazem parte da variedade, este último é um fator que causa a valorização do primeiro, assim sendo, esse contraste é essencial. A teoria agostiniana supõe que Feio e Mal são intrínsecos, assim como são Belo e Bem, trata-se de uma visão maniqueísta.

Teoria Tomista da Beleza

São Tomás de Aquino não acreditava que algo deveria ter determinadas medidas e proporções para ser considerado belo, como dizia Aristóteles, e também rejeitava os ideais platônicos, ou seja, não há regras que definam algo como belo ou feio. A teoria tomista supõe que para algo ser considerado belo basta um objeto causar deleite ao sujeito que o observa. Se alguém se agrada em ver algo ou ouvir, então esse “algo” é belo, e deve ser aprendido. Portanto, para Tomás de Aquino, o subjetivo do sujeito é que pode considerar algo bonito ou feio, basta que se harmonize com o objeto contemplado ou sinta repulsa.

Afinal, o que é beleza?

Essa pergunta parece longe de ter uma resposta consensual. Como vimos, diversos filósofos se empenharam em responde-la a seu modo. O professor de Estética pela Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc) Celso Braidas esclarece: “Não há uma única definição de beleza que seja consenso entre os filósofos, muito menos entre os artistas. Sobretudo, não há uma única definição que se aplicaria a todas as coisas e acontecimentos que denominamos belos”. Mas o professor acredita que há algumas marcas perceptíveis que tornam algo especialmente atrativo aos sentidos. Se algo é belo, deve haver nele aspectos especiais. De modo geral, essa questão é subjetiva, o que explica tantas distintas respostas a ela.

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Fonte: http://www.infoescola.com/pintura/mona-lisa/

REFERÊNCIAS

SUASSUNA, Ariano. Iniciação à Estética. 1. Ed. São Paulo: José Olympio, 1975. 398 p.

 

Estética, Teoria Aristotélica da Beleza. Disponível em: <http: //www.coisasdeestetas.blogspot.com.br>. Acesso em 04 de setembro de 2016.

 

ZH, A Filosofia da Beleza. Disponível em: <www.zh.clicrbs.com.br>. Acesso em 04 de setembro de 2016.

 

Rua Direita, Conceito de beleza. Disponível em: <www.ruadireita.com>. Acesso em 05 de setembro de 2016.

 

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Hegel: a incessante busca pelo conhecimento refinado

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Hegel foi um importante filósofo da história e, também, grande historiador da filosofia. Foi o primeiro que elaborou sistematicamente o significado da história para a Filosofia (HARTMAN,1990). De acordo com Collinson (2006), Hegel é popularmente conhecido por ter sido um filósofo idealista. Ele acreditava que a mente ou o espirito constituía uma realidade última. Sua filosofia foi embasada em muitas influências importantes, como: Espinosa, Kant, o Novo Testamento, Fichte e Schelling.

Para Hartman (1990), antes de Hegel os outros filósofos envolveram-se na história como pessoas e como portadores de ideias. Nenhum outro sistema filosófico exerceu uma influência tão forte e tão duradoura na vida política como a metafísica de Hegel, não havendo um único grande sistema político que tenha resistido à sua influência (HARTMAN, 1990).

O filósofo Hegel concebia que todos os fenômenos, da consciência às instituições políticas, são aspectos de uma única coisa (pensamento monista) e, acreditando que a realidade era algo não-material, era um idealista. Para ele, a consciência, além de ser algo no qual estamos cientes, ela é um processo em evolução (BURNHAM e BUCKINGHAM, 2011).

A DIALÉTICA DE HEGEL

A dialética hegeliana tem um movimento chamado triático e é nessa ação que ela se desenvolve. A tese é o seu primeiro movimento, quando o ser é, momento de afirmação. E um instante em que essa identidade inicial é manifestada como algo vazio, de negativo, não idêntico. No seu segundo momento ocorre a negação ou antítese, momento em que o ser não é, exteriorização do ser na natureza, nas coisas físicas/orgânicas. A partir daí que se começa a apreender aquilo que a coisa é. A contradição está implícita na tese, e a antítese a explicita. Síntese surge, então, no terceiro momento, ou seja, Espírito que se apresenta como reinteriorização do mundo exterior pelo ser. Todos esses momentos – ser, natureza e Espírito – concebem em si sua negação e superação (FOULQUIÉ, 1978).

Ainda, essa estrutura se aplica a todos os campos,

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desde a aquisição de conhecimento, até os processos históricos e políticos. Hegel acreditava que existe apenas o que se manifesta na consciência, que pode ser sentido ou pensado. É importante ressaltar que Hegel compreende o ser humano como um ser social e, portanto, deve-se considerar seu contexto.

Sobre o surgimento da síntese, e sua importância, Burnham e Buckingham (2011, p. 182) destacam:

Uma consequência desse processo imanente é que, quando nos tornamos cientes da síntese, percebemos que o que havíamos considerado como contradição na tese era apenas aparente, causada por alguma limitação em nossa compressão da noção original.

O pensamento de Hegel se concentra no conceito do espírito absoluto. O que existe é o todo. De acordo com ele, não existe a parte, pois esta só existe quando se integra ao todo (HEGEL, 1988). A corrente hegeliana, posteriormente, foi dividida entre esquerdistas, centristas e direitistas, servindo de suporte teórico para a democracia e para o fascismo, respectivamente (HARTMAN, 1990). Hegel introduz uma noção de que a razão é histórica, ou seja, a verdade é construída no tempo (ARANHA; MARTINS, 2009).

Em relação à perspectiva absolutista de Hegel, Collignson (2006) ressalta que:

Ele foi um filósofo monista ao assegurar que todas as coisas estavam inter-relacionadas em um sistema ou totalidade vasta e complexa, o qual era denominado de absoluto. Sua forma particular de idealismo não implicava numa descrença da existência de objetos materiais. Ao mesmo tempo, ele assegurava que somente o absoluto era inteiramente real e suas partes aparentemente distintas detinham realidade unicamente em virtude de constituírem parte de um todo. (COLLIGNSON, 2006)

Segundo Collinson (2006), a concepção filosófica de Hegel é difícil e extremamente complicada, uma vez que, ao tentar incorporar em seu pensamento intuições filosóficas, e tentar unir pontos de vista conflitantes, os resultados de suas investigações geraram trechos obscuros e contraditórios, o que resultou em várias interpretações por aqueles que arriscaram em discorrer a seu respeito.

A realidade, na visão de Hegel, é entendida como algo não material e produto do espírito (Geist) universal e racional. Sua obra é compreendida como o ponto culminante do racionalismo. Além disso, as estruturas de pensamento são consideradas não-históricas. Outrossim, para compreender a realidade é necessário pensá-la, não só como substância, mas, também, como sujeito, como um movimento, um processo, por fim, um constante dever dialético. A realidade é vista, portanto, como Espírito e, sendo assim, possui vida própria, constitui-se num movimento dialético (PRADO, 2010).

O espírito, para Hegel (1995), passa de abstração para fato quando aparece no episódio histórico, sendo parte concreta na realidade e sendo, também, o espírito regido de particularidades, gerando, assim, uma objeção dialética de indivíduo e povo, e de povo e espírito do mundo.

Fonte: http://bobsoftware.com.br/wp-content/uploads/2014/03/degraus-gestao-conhecimento.jpg

Hegel (1995), fala de liberdade de três formas diferentes: a primeira defende que para o homem tornar-se consciente de si mesmo é preciso ter desenvolvimento espiritual; a segunda, parte da premissa que o homem passa a ser ele mesmo quando ele tem tomada de consciência de si mesmo; e a última é que a essência é o espírito, porém o homem também é parte do espírito e da natureza. Portanto, a história do mundo é o avanço da liberdade, o avanço da autoconsciência do espirito, tornando não apenas o homem livre, mas o espírito em si.

Fonte: http://assets3.exame.abril.com.br/assets/images/2014/10/513802/size_960_16_9_passaros-cabeca.jpg

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A discussão sobre a dialética de Hegel permite entendermos como esse método filosófico, que se apossa de termos como “emergir”, “movimento” e “desenvolvimento”, influenciou a visão filosófica anterior daquela época (primeira metade do século XIX). Naquela época, Hegel via que a filosofia precedente era algo sem vida, tendenciosa e não histórica. Ele, ainda, afirmava que a filosofia está arraigada à história.

Foi perceptível observar que a realidade, para Hegel, é um contínuo devir, na qual um momento prepara o outro, mas, para que esse outro momento aconteça, o anterior tem de ser negado. Compreender a dialética da realidade, segundo o autor, exige um trabalho árduo da razão, que deve se afastar do entendimento comum e se colocar do ponto de vista do total conhecimento adquirido. Percebemos que para Hegel não há acesso à filosofia senão através de sua história, que não é outra coisa senão a manifestação do pensamento humano, conforme a própria compreensão hegeliana de filosofia, ou seja, apreensão da história no pensamento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARANHA;  Maria Lúcia de Arruda, MARTINS; Helena Pires Martins. Filosofando: Introdução à filosofia. Pag. 188. Ed. Moderna. São Paulo. 2009.

BURNHAM, Douglas; BUCKINGHAM, Will. O Livro da Filosofia – As Grandes Ideias de Todos os Tempos. Rio de Janeiro: Editora Globo, 2011.

COLLINSON; Diané. Grandes Filósofos da Grécia antiga ao século XX. São Paulo: Editora Contexto, 2006.

FOULQUIÉ, Paul. A dialética. Trad. Luís A. Caeiro. 3. ed. Lisboa: Publicações Europa-América. 1978.

HEGEL, G. W. F. A razão na história: introdução à filosofia da história universal. Trad. de Arthur Morão. Lisboa: Edições 70, 1995.

HARTMAN, R. S. A razão na história: uma introdução geral à filosofia da história. São Paulo: Editora Moraes, 1990.

PRADO, C. Razão e Progresso na Filosofia da História de Hegel. Revista Mest. Hist., v. 12, n. 2, p. 99-114, jul./dez., 2010. Disponível em: http://www.uss.br/pages/revistas/revistaMestradoHistoria/v12n22010/pdf/005Razao_Progresso.pdf. Acesso em: 04 de abril de 2016

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