Rupi Kaur: Traz a cura pelas palavras

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Com 4,5 milhões de seguidores, Kaur fez de sua poesia sincera sobre amor, desgosto, feminilidade e traumas  uma sensação global.

A internet está saturada de fenômenos de popularidade, mas poucos são tão notáveis quanto Rupi Kaur, uma mulher de 31 anos, nascida na Índia e criada no Canadá. Rupi se destaca como escritora de conteúdos sérios em uma linguagem poética e acessível. Além disso, ela se dedica à poesia, um gênero não tão difundido na rede. 

Nascida em Punjab em 4 de outubro de 1992, é uma poetisa, escritora e artista da palavra falada contemporânea, com raízes indianas e canadenses. Reconhecida como uma “Instapoet”, ela ganhou popularidade online por meio de seus poemas compartilhados no Instagram, destacando-se como uma voz proeminente no movimento feminista. As poesias de Rupi abordam temas complexos, como abuso, violência, amor, sofrimento, maternidade, machismo e relacionamentos. Elas exploram o trauma e o desconforto de maneira direta e sem ironia, mostrando uma coragem notável, conforme observa a tradutora e poetisa Ana Guadalupe.

Rupi Kaur emergiu como um fenômeno literário, conquistando o título de autora best-seller número 1 do New York Times. Sua jornada começou com a publicação independente de sua primeira coleção de poesia, “leite e mel” (2014), seguida pelos seus irmãos artísticos, “o sol e suas flores” (2017) e “meu corpo, minha casa” (2020), ambos estreando no topo das listas de mais vendidos em todo o mundo. Essas coleções já venderam mais de 12 milhões de cópias e foram traduzidas para mais de 40 idiomas, com “leite e mel” se tornando um dos livros de poesia mais vendidos do século XXI. Além disso, Kaur foi reconhecida como a “escritora da década” pela New Republic e foi incluída na lista 30 under 30 da Forbes. Em 2022, lançou seu quarto livro, “Cura pelas palavras”.

No campo audiovisual, em 2021, Kaur produziu “Rupi Kaur Live”, um especial de poesia exclusivo para o Amazon Prime Video. Além disso, atuou como produtora executiva do filme “This Place”, que estreou no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 2022, e do filme indicado ao Oscar de 2024, “To Kill a Tiger”. Kaur tem sido uma presença marcante nos palcos de todo o mundo, culminando na conclusão bem-sucedida de sua terceira turnê global com ingressos esgotados em 2023. Seus espetáculos oferecem uma experiência teatral poética única, complementada pelo toque de comédia stand-up próprio de Kaur. Seu trabalho aborda temas como amor, perda, trauma, cura, feminilidade e muito mais.    

Em 2015, a autora publicou em suas redes sociais um ensaio sobre menstruação, incluindo uma foto dela deitada de costas, usando um pijama manchado de sangue menstrual. Essa imagem foi removida da plataforma duas vezes, alegadamente por violar as diretrizes da rede social. Em resposta, a autora protestou no Facebook e no Instagram. A repercussão de seu protesto foi tão intensa que a plataforma reconsiderou sua decisão e pediu desculpas, reconhecendo seu erro. No entanto, a relação de Rupi Kaur com o Instagram vai além desse episódio. Ela é reconhecida como uma “instapoet”, uma marca que a define devido à sua presença e popularidade na plataforma. O termo “instapoet”, originado do inglês pela combinação de “Instagram” e “poet”, descreve poetas que ganham destaque por publicar poemas curtos e acompanhá-los com ilustrações simples, mantendo esse formato mesmo ao serem compilados em livros.

                                                                                                               Fonte: Rupikaur / Photoalbum

“Antes do meu livro, o mercado editorial achava que não havia mercado para poesia sobre trauma, abuso e cura”, afirmou Rupi ao The Guardian em agosto de 2016. O trauma, uma constante na vida de tantas mulheres, é precisamente a matéria-prima de sua obra.

Quando Rupi nasceu, seu pai não estava presente, pois precisou fugir da perseguição religiosa, indo para o Canadá.  Assim, em seus primeiros anos de infância Rupi foi criada junto a mãe e a  família materna, o que, de acordo com Rupi em uma entrevista para o Girlboss Radio, foi algo muito rebelde e incomum para a cultura indiana. Normalmente o que acontece numa família indiana é que quando um homem e uma mulher se casam, a mulher deixa a família para viver com os sogros. Somente quando Kaur tinha seus 4 anos de idade, seu pai conseguiu a cidadania para o resto da família no Canadá. Por isso, em suas criações a poetisa traz em suas obras a barreira de linguagem, o contraste entre a língua materna e o inglês, o estranhamento com o pai nos primeiros anos, a saudade da família materna e muitas outras nuances presentes na vida de uma família de imigrantes.

“Quando eu nasci, já havia sobrevivido à primeira batalha da minha vida: o feticídio de meninas [prática comum em algumas culturas indianas]. Mas nós enfrentamos tudo. Minha poesia é uma das rotas para isso”, explica ela em seu site. “Milk and honey” (“leite e mel”), título original de “Outros jeitos de usar a boca”, faz menção ao genocídio do povo sikh na Índia – etnia do Estado de Punjab, à qual pertence a poeta e sua família. Segundo ela, os sikh, especialmente suas mulheres, saíram do massacre “suaves como o leite, mas fortes como o mel”. Seguindo a lógica da superação de um grande trauma, o livro tem quatro partes: a dor, o amor, a ruptura e a cura.

Uma das dificuldades na tradução dos poemas, segundo Guadalupe, foi justamente propor soluções que respeitassem a mistura que a autora faz de elementos da linguagem. Ao falar sobre Rupi Kaur, deve-se mencionar que uma característica única de sua escrita é que seu trabalho é escrito exclusivamente em letras minúsculas, para homenagear a escrita de sua língua materna, como explica a poetisa em seu site:

Quando comecei a escrever poesia, eu conseguia ler e entender minha língua materna (punjabi), mas ainda não tinha desenvolvido as habilidades necessárias para escrever poesia nela. Punjabi é escrito na escrita Shahmukhi ou Gurmukhi. Na escrita Gurmukhi, não há letras maiúsculas ou minúsculas. As letras são tratadas da mesma forma. Gosto dessa simplicidade. É simétrico e direto. Também sinto que há um nível de igualdade que essa visualidade traz ao trabalho. Uma representação visual do que quero ver mais no mundo: igualdade. A única pontuação que existe na escrita Gurmukhi é um ponto final – representado pelo seguinte símbolo: | Então, para simbolizar e preservar esses pequenos detalhes da minha língua materna, eu os inscrevo no meu trabalho. Sem distinção de casos e apenas períodos. Uma manifestação visual e uma ode à minha identidade como mulher diaspórica Punjabi Sikh. Trata-se menos de quebrar as regras do inglês (embora isso seja muito divertido), mas mais de vincular minha própria história e herança ao meu trabalho.” (2024, Rupi Kaur)

Poema da jovem poeta canadense Rupi Kaur: “Aos pais que têm filhas”, do bestseller Outros jeitos de usar a boca (Milk and Honey)

Referências

 

KAUR, Rupi. Outros jeitos de usar a boca. Brasil : Editora Planeta, 2017.

KAUR, Rupi. O que o sol faz com as flores. Brasil : Editora Planeta, 2018.

KAUR, Rupi. Meu corpo, minha casa. Brasil : Editora Planeta, 2020.

KAUR, Rupi. Cura pelas palavras. Brasil : Editora Planeta, 2023.

KAUR, Rupi. Rupi Kaur é poetisa, artista e performer. Disponível em <: https://rupikaur.com/pages/about-me >. Acesso em 09 abril. 2024.

Guedes, Letícia. Rupi Kaur: é a resposta para as perguntas que não foram feitas. Disponível em <: https://gctinteiro.com.br/biografia-07-rupi-kaur/ >. Acesso em 09 abril. 2024.

D’Angelo. Helô. Fenômeno de vendas, Rupi Kaur faz do trauma a matéria prima de sua poesia. Disponível em <: https://revistacult.uol.com.br/home/rupi-kaur-faz-do-trauma-a-materia-prima-para-sua-poesia/ >. Acesso em 09 abril. 2024.

AMORUSO, Sophia. Rupi Kaur sobre o poder da empatia, da honestidade e da narrativa.  Disponível em <: https://girlboss.com/blogs/read/rupi-kaur >. Acesso em 09 abril. 2024.

Autor não definido. A história da famosa Rupi Kaur. Disponível em <:https://www.sikhnet.com/news/story-famous-rupi-kaur >. Acesso em 09 abril. 2024.

 

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(Re)definindo limites: uma narrativa sobre coragem, profissão e psicologia

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Relato pessoal sobre como a satisfação profissional é possível e atemporal

Já passou pela sua cabeça que nem todo mundo tem certeza absoluta sobre o que quer ser na vida? E que a escolha profissional de alguém pode estar além do final do ensino médio? Pois é. Esta é a história de uma formanda em psicologia que perpassou por vários dilemas e faculdades antes de chegar aqui.

Eu sou Amanda, professora e mestranda em Filosofia, acadêmica do 9º período de Psicologia. O intuito desse relato é, de alguma forma, te acolher dentro das possíveis dúvidas que um processo de escolha de carreira pode gerar. Para entender o contexto, você precisa saber que eu fui uma criança um pouco diferente do que se esperava na época. Negociava meus lanches por livros, passava recreios inteiros dentro da biblioteca folheando enciclopédias e facilmente trocava interações sociais por um momento a sós com minha literatura. O uso das telas em casa era limitado e a superproteção dos meus pais limitava a minha vida social (o que só se tornou um problema na adolescência, mas isso já era esperado).

Vivendo uma adolescência um pouco conturbada, o ano era 2008 e eu estava saindo do ensino médio com nada além da certeza de que não sabia que rumo tomaria. Durante a infância, meus pais foram presentes e empenhados em fazer do meu processo educacional o melhor. Estudei em boas escolas e tive todas as oportunidades que eram possíveis naquela época. A questão é que ainda assim, não me senti segura para escolher um curso superior ao término do ensino médio. Depois de pensar várias vezes e não concordar com os resultados dos testes vocacionais, o desespero e a pressão de todos sobre uma decisão, começou a me deixar em sofrimento. Na época, eu tinha uma professora muito querida que fez brotar em mim o interesse em cursar História. Soou como uma boa possibilidade. Todavia, eu queria estudar História pois aquela menina curiosa que trocava lanches por livros, queria saber das histórias e não necessariamente ensinar sobre elas. Sem muitas opções por afinidade, era hora de comunicar aos meus pais a minha decisão.

A cidade que eu residia era interiorana e não possuía o curso, logo, se levasse a frente o planejamento, precisaria montar toda uma logística para sair da cidade e estudar fora. A resposta dos meus pais foi “não”. Por seus particulares motivos, decidiram que eu não sairia da cidade para estudar, teria que escolher entre algum dos cursos disponíveis na faculdade local. E foi assim que eu ingressei no meu primeiro curso superior: Direito. Agora é o ponto em que você pode pensar: “Qual o problema em cursar Direito?” Aparentemente nenhum, caro leitor. Exceto por uma coisa: eu odiava o Direito. Vale salientar que eu tinha dezesseis anos e não consegui – por nove períodos – me imaginar em qualquer que fosse a área de atuação relacionada ao curso. Por algum tempo tentei me encaixar pelos meus pais, porque os dois estavam felizes com a decisão. Os exemplos de familiares próximos que tinham sucesso na carreira jurídica, também eram reforçadores para que eu continuasse no curso. Só que lá no dentro de mim eu sentia que aquilo não daria certo.

Quando o primeiro ano de curso estava chegando ao final, minha mãe decidiu que eu iria estudar fora, mas não era Direito. No final de 2009, fui aceita em um programa para jovens músicos em Belo Horizonte, um tipo de internato com duração de dois anos. Ah, eu falei que sou musicista “de berço”? Pois é. Mas isso também não era algo que eu queria fazer. A música sempre foi um hobby pra mim e eu não queria institucionalizar isso. Neste momento, a minha retida vida social estava ganhando forma e sobre isso, eu estava muito bem. Todavia, era a chance que eu tinha de me livrar do Direito pelo menos por um tempo e assim aconteceu. Em 2010 então cheguei em Belo Horizonte para residir por 2 anos e aprender muito sobre música e afins. O curso não era de nível superior, mas foi um técnico que me acrescentou muitas trocas e experiências. Passado o tempo, era hora de voltar para casa e consequentemente para a faculdade. Sem a menor empolgação e expectativa de futuro, continuei por mais 4 períodos, até que casei e mudei-me para Palmas. Aqui muitas coisas mudaram, mas por vários motivos eu tinha medo de deixar o Direito. Um deles era sentir a decepção dos meus pais no olhar dos meus pais. Nessa época eu entendia que “honrar pai e mãe” significava viver a vida conforme as decisões deles, e isso me prendeu por muito tempo a decisões que não eram minhas. Transferi o curso pra cá e me tornei aluna da Ulbra pela primeira vez, em 2014.

Nesta época eu trabalhava, estudava, e não poderia estar mais frustrada sobre qualquer coisa relacionada ao Direito. O ano era 2015 e nada melhorava minhas expectativas a respeito. Lembro de ter conversas com outros acadêmicos cheios de perspectivas sobre suas futuras profissões e eu não sentia nada além de um desânimo profundo. Até que um dia, fui adornada pela possibilidade de um “amor antigo”, a Filosofia. No início, pensei que poderia ser algo somente para melhorar meu humor e não para deixar o Direito, até porque eu não me via professora de Filosofia. Ela sempre foi um “lugar mágico” pra mim, onde desde a adolescência eu frequentava a fim de entender os mistérios sobre o mundo e as pessoas. Fiz vestibular na Universidade Federal do Tocantins e quase não me contive de alegria quando saiu o resultado positivo. Agora o desafio era conciliar duas faculdades e um emprego – não deu certo. Logo, os problemas com o Direito ganharam ainda mais evidência e os reforços da Filosofia também, foi este o cenário perfeito para que eu pudesse finalmente enfrentar meus pais e dizer que iria desistir do Direito por hora. Foi uma decisão difícil com reflexos que ressoaram quase até os dias atuais.

Este foi o período inicial da minha primeira transição, mas ainda não foi de carreira, apenas de nicho. Lembra que eu disse que era musicista de berço? Em paralelo a todos esses dilemas acadêmicos, construí uma carreira sólida e agradável como professora de Música. Foram muitas escolas, apresentações, eventos, corais, práticas em conjunto e momentos relacionados. Eu amei esse universo todos os dias, até sair dele. Era confortável ser eu ali dentro, porque não era eu à frente – sempre tinha um aluno, um grupo, uma banda, um coral… até que a Pandemia da COVID-19 veio e o que era tranquilo, começou a ser bem complicado. Tinha impressão que minha sala de aula, com 30 crianças ou adolescentes, ganhou uma expansão incalculável. Era pavoroso! Lembro-me do dia em que recebi meu diploma de Filosofia, senti uma alegria imensa, mas ao mesmo tempo muito medo. Dar aulas de Filosofia não seria como lecionar Música e aqui começaram os novos dilemas a respeito.

Em 2020 eu pude conhecer um novo universo, o das consultorias. “Ensinar adultos” fora da sala de aula. Deixei o diploma guardado e comecei a estudar muito sobre desenvolvimento pessoal, bem como sobre como trabalhar com isso. Fiz muitos cursos, palestras, viagens e quanto mais eu estudava, mais sentia que precisava estudar. Essa foi uma jornada de muita relevância para eu ser quem sou agora, pois foi nela que tive meu primeiro contato com a Psicologia. Eu lia e produzia muito conteúdo digital sobre performance e carreiras, imagem pessoal e afins. Me tornei uma Consultora de Carreiras. Todavia, cada vídeo postado, era um caos imenso dentro de mim: eu me sentia completamente invadida e exposta. Como era sofrido ter que me expor! A primeira live na rede social foi um verdadeiro tormento. Tudo aquilo era completamente aversivo para mim. A criança que teve sua vida social “atrofiada” e a adolescente que passou pelo mesmo, eram a mesma adulta que estava ali para mais de 6 mil pessoas todos os dias, se colocando à prova na tentativa de conseguir superar o desconforto. Quanto mais a Consultoria crescia, mais eu queria deixar as redes sociais de vez. Entenda, meu problema não era com o cliente, fiz várias consultorias maravilhosas nesse percurso. A minha questão era a exposição desnecessária e (na minha opinião), sem sentido.

Aqui entrou a relevância do acompanhamento terapêutico na minha vida. Existiam contextos inteiros a serem analisados no meu presente (e alguns no passado), até que eu entendesse qual a função de cada comportamento meu relacionado à minha vida profissional. Não foi (e não é) fácil, mas poderia ter sido muito mais difícil e até improvável, se eu não tivesse alguém para me acompanhar e me ajudar a entender coisas que eu nem sabia que precisavam ser pensadas em mim e sobre mim. Impressionante como saber sobre si mesmo é um combustível para qualquer coisa… eu descobri nesse processo.

2021 foi o ano em que eu iniciei a maior transição da minha vida profissional até hoje. Confesso que jamais havia pensado em cursar Psicologia antes, mas naquele momento fez todo sentido. Era um universo incrível a qual eu estava familiarizada, mas bem distante de compreender, e a cada disciplina cursada, cada teoria aprendida, cada estágio, intervenção e esforço devotados à conclusão dos semestres, eu me sentia mais “em casa”. Foi na Psicologia que entendi coisas sobre o outro e o mundo, que me mudariam completamente. Foi aqui também que eu me tornei um indivíduo em constante “desconstrução de certezas” e absorvi premissas irrefutáveis sobre subjetividade, seja a minha ou a do outro. Encontrei pessoas, histórias, pessoas com histórias e uma série de acréscimos que foram para além do âmbito cognitivo. Hoje, quase ao término deste processo, posso afirmar que eu não mudaria nada. Tudo o que vivi, somou ao meu repertório comportamental e por mais que eu não tenha visto ou compreendido de imediato, tudo me tornou quem sou hoje. E cá pra nós, eu sou muito interessante.

Não importa quantas vezes você precise recomeçar algo. Recomeços não precisam ser vistos como consertos de erros, entenda que para esta pessoa que te escreve, erros não existem – o que se tem são consequências de decisões tomadas por algum motivo que em algum momento fez sentido. Tome para si a certeza de que você pode ser feliz à uma decisão de distância, mesmo que esta te leve a uma série de outras que também precisarão ser tomadas. Seja realista, e se fizer sentido, se permita sonhar novas realidades certo (a) de que o caos da mudança é provisório. Então é isso, espero que conhecer esta parte da minha história te acolha em seus dilemas. Independente de quem você seja, eu acredito no seu potencial de mudança. Com amor, Amanda.

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Eleanor Roosefelt – “Não basta falar de paz. É preciso acreditar nela”

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Anna Eleanor Roosevelt (1884-1962) foi a primeira-dama dos Estados Unidos entre os anos de 1933 e 1945. Eleanor ficou conhecida como uma grande defensora dos direitos humanos e pelo seu esforço em prol da melhoria da situação das mulheres trabalhadoras. Na década de 1940, ela apoiou a criação da Organização das Nações Unidas (ONU). Durante o seu tempo na ONU, Eleanor presidiu a comissão que elaborou e aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Aos oito anos perdeu a mãe e aos dez, o pai, ocasião em que foi morar com a avó materna. Aos 15 anos foi estudar em um colégio interno na Inglaterra e quando regressou a Nova Iorque fez diversos trabalhos de assistência social. Em 1905, casou-se com um primo afastado, Franklin D. Roosevelt, que mais tarde, entre 1933 e 1945, viria a ser presidente dos Estados Unidos da América.

Nascida em Nova York, Eleanor casou-se com o político em ascensão, Franklin Delano Roosevelt, em 1905 e envolveu-se completamente no serviço público. Em 1933, quando chegaram à Casa Branca, como Primeira-dama, ela já estava profundamente envolvida em questões de direitos humanos e de justiça social. Continuando seu trabalho em nome de todos, advogou por direitos iguais para afro-americanos, trabalhadores da era da Depressão e mulheres, levando inspiração e chamando atenção às suas causas. Corajosamente sincera, apoiou publicamente Marian Anderson quando em 1939 se negou à cantora negra o uso da Sala da Constituição de Washington devido à sua etnia. Roosevelt encarregou-se de que Anderson, em vez disso, cantasse nas escadarias do monumento comemorativo a Lincoln, criando uma imagem duradoura e inspiradora de coragem pessoal e direitos humanos.

                                                                                                         Fonte: https://www.politico.com

A primeira-dama Eleanor Roosevelt, diretora assistente de defesa civil durante a Segunda Guerra Mundial, testemunha perante o Congresso em 14 de Janeiro de 1942.

Em 1946, ela foi nomeada Representante das Nações Unidas, pelo então presidente Harry Truman que tinha assumido a Casa Branca depois da morte de Franklin Roosevelt em 1945. Como chefe da Comissão dos Direitos Humanos, ela foi fundamental na formulação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual foi proposta à Assembleia Geral das Nações Unidas com as seguintes palavras: “Encontramo-nos hoje no limiar de um grande evento tanto na vida das Nações Unidas como na vida da humanidade. Essa declaração pode se converter na Magna Carta internacional para todos os homens em todos os lugares”.

No seu preâmbulo e no Artigo 1, a Declaração cita claramente os direitos inerentes a todos os seres humanos: “O desconhecimento e o desprezo aos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que chocaram a humanidade e o surgimento de um mundo no qual seres humanos possam desfrutar de liberdade de expressão e crença, e sejam livres do medo e da miséria têm sido citados como os maiores desejos das pessoas comuns…Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos.”

Denominada “Primeira-dama do Mundo” pelo presidente Truman por suas realizações humanitárias ao longo da vida, Eleanor Roosevelt trabalhou até o fim de sua vida para conseguir a aceitação e implementação dos direitos estabelecidos na Declaração. O legado de suas palavras e de seu trabalho aparece nas constituições de um grande número de nações e num corpo de lei internacional em evolução que agora protege os direitos de homens e mulheres por todo o mundo.

“Faça o que seu coração acha certo, pois de qualquer forma você será criticado. Você será condenado quer faça ou não.” (Eleanor Roosevelt)

Referências:

PEREIRA, Fernanda Linhares. Quem é o sujeito dos direitos humanos na declaração universal e na autobiografia de Eleanor Roosevelt (1950-1960). 2016. 154 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2016.

 DEFENSORA DOS DIREITOS HUMANOS ELEANOR ROOSEVELT (1884-1962). Unidos Pelos Direitos Humanos, 2023. Disponível em:  <https://www.unidospelosdireitoshumanos.org.br/voices-for-human-rights/eleanor-roosevelt.html>

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A minha história contada por mim…

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Tudo começou em 1980, ano em que nasci. Porém, vou iniciar contando de quando me entendi por gente isso ainda criança, morava e estudava na fazenda tudo que eu queria era ser adulta para ser alguém na vida. Então, quando perguntavam o que eu queria ser quando crescer a resposta vinha dos meus pais que logo diziam, se estudar pra ser professora já tá bom.

Com isso comecei a pensar que professora seria profissão de pobre, por que eu queria mesmo era ser alguém que ouvisse e entendesse as pessoas. Depois de um tempo morando já em Guaraí, cursando o ensino fundamental, descobri um amor pela Psicologia então, tudo o que eu queria era me tornar uma Psicóloga e enquanto isso não aconteceu sempre trabalhei com crianças e sempre amei por sinal. Já alfabetizei vários e amava ensiná-los, comecei a ver ali um amor espontâneo, mas algo me fazia resistir a essa profissão (Pedagoga), ainda por achar que era um trabalho de pobre. O tempo passou, terminei o 2°grau e logo me mudei para Palmas com a intenção de ser psicóloga, prestei vestibular e para a minha surpresa passei de primeira na Ulbra, isso em 2002. Porém o curso era integral e muito caro para minha condição, me frustrei, e com isso ouvi mais pessoas dizendo: faz pedagogia para não ficar sem trabalhar, eu não aceitava ainda, mas aquilo já estava na veia.

Meu 1°trabalho em Palmas foi de babá onde ali naquela ocasião aprendi a amar mais os pequenos, um tempo depois trabalhei de auxiliar de sala em uma escola particular isso sem prestar o vestibular para pedagogia identifiquei-me cada vez mais com essa área de ensinar e aprender, decidir então fazer um vestibular e passei, mas não fui cursar. Hoje reconheço que perdi um tempo precioso mantendo resistência a algo que logo depois faria de mim a pessoa mais feliz sendo professora na educação infantil na qual sou há cinco anos. No meio desse caminho me casei, tive uma filha o casamento não deu certo, me vi separada, precisei sair da minha casa em Palmas com minha filha e praticamente com a roupa do corpo (minha e dela), foi algo necessário naquele momento. Mudei-me para Guaraí onde tive o apoio da minha irmã e o meu cunhado que me deram abrigo em sua casa e até a comida minha e da minha filha. Por um ano morei na casa deles isso em 2017 e na ocasião voltei a ouvir: faz pedagogia para não ficar sem trabalhar, e ficava refletindo sobre todas às dificuldades que passava naquele momento daí resolvi ingressar na Unopar no curso de “pedagogia”.

Logo no 1° período ganhei um “bolsa incentivo” por conta do pólo, pois não tinha dinheiro para pagar. Comecei com a cara, a coragem, e a determinação de não parar. Já no 2°período passei em um processo seletivo que duraria dois anos como auxiliar de sala na educação infantil isso agosto de 2018 onde comecei ali uma experiência única e linda, tudo por uma bolsa na qual me ajudaria a pagar a faculdade. Enfrentei muitas dificuldades, houve dias de não ter nem 1 real para o lanche da minha filha nem para mim, recebia ajuda de pessoas que costumo dizer que tem o cheirinho de Deus em minha vida, me emociono sempre quando falo de tudo que passei, teve momentos que para eu apresentar os seminários na faculdade pegava roupas e calçados emprestados por não ter condições de comprá-los, conto isso não para que sintam pena nem para me vitimizar, conto como incentivo para os que querem vencer na vida. Então, em 2019 no fim daqueles 2 anos de bolsa me vi sem ter como pagar a faculdade, pois moro de aluguel e tenho todos as despesas por minha conta. Pensei por vários momentos que não iria conseguir terminar e mais uma vez Deus provou o seu amor por mim quando trabalhei em uma creche. Lá conheci uma professora que é uma pessoa de Deus que pagou junto com o seu esposo a faculdade para mim, sinto muita gratidão por eles, e tudo que passei me fortaleceu para seguir em frente.

Com isso, comecei a dar aulas particulares e de reforço escolar para meus sobrinhos e filhos dos amigos e vi ali uma saída para realizar o meu sonho, o qual era ter a minha escolinha, esse sonho surgiu logo após entrar na faculdade. Em 2020 veio a pandemia da Covid- 19, e, com isso as pessoas começaram a me procurar para alfabetizar seus filhos justamente no ano em que o mundo passou pelos piores momentos na saúde foi o mesmo ano em que mais trabalhei, ano em que descobrir um amor tão grande por ensinar, pela educação infantil, por alfabetizar, e resolvi então fazer uma pós em psicopedagogia, a qual termino em Junho próximo, e logo logo quero um mestrado na área da psicologia, pois através da pedagogia vou ter a oportunidade de realizar um grande sonho nessa área. E, se Deus quiser e permitir eu quero chegar ao doutorado. “Eu acredito em mim, no meu potencial, nos meus sonhos, na minha força”. Hoje me sinto abençoada e iluminada por Deus pelo que faço, o meu trabalho é aquilo que me dá forças e orgulho de quem sou.

Fonte: Arquivo Pessoal

Quando olho para trás e vejo tudo que passei pra chegar até aqui e sei que ainda tenho muito a buscar, e nessa busca está a minha escolinha que é uma das minhas metas para o ano que vem pois, desde que comecei em 2019 esse espaço está sendo na área da casa onde moro com uma mesa e cadeiras da glacial, eu mesma coloquei um plástico na mesa e nas cadeiras para cobrir o nome da cerveja e comecei a trabalhar. Finalizei 2019 com 20 alunos, no ano seguinte consegui comprar uma mesa com os bancos, armários e equipei minha salinha, hoje ela é meu sonho, meu orgulho, minha gratidão, e o objetivo crescente cada vez mais é o de levar a educação ao nível que ela merece.

A “escolinha da tia Luh” vai escrever a sua história, hoje tenho parcerias em Guaraí e em outras cidades. E com fé em Deus logo terei a minha escolinha montada.

Atualmente trabalho de 8:00h às 20:00h, de segunda à sexta-feira, tenho uma grande demanda de alunos e família parceiras da tia Luh que divulgam o meu trabalho e indicam a escola, sou hoje referência em Guaraí com a certeza de está fazendo a diferença na vida de muitas crianças, tudo isso é o que me leva a não desistir, e nem quero, o maior orgulho que tenho é o retorno positivo de um trabalho feito com amor, fico muito feliz quando meus alunos reconhecem esse amor, e muitos dizem que querem ser iguais a mim quando crescer, ouvir isso é gratificante e com esses gestos tenho a plena certeza que estou no caminho certo, “a educação é um processo e ensinar é uma linda missão”.

Fonte: Arquivo Pessoal

Atualmente atendo mais de 80 crianças e estou trabalhando e estudando para ampliar esse número.

Hoje eu sou a tia Luh, mulher, mãe, professora, empreendedora, futura psicopedagoga e dona de si. E com muitos sonhos para a educação.

Esse é um relato da minha história, história da qual fugi por muito tempo, mais acredito que Deus tem um propósito para cada um de nós, hoje entendo que o meu propósito é educar, ensinar, alfabetizar, palestrar sobre a educação e nunca desistir.

Eu sou a tia Luh!

Luciene Mota

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Quem tem um amigo tem tudo?

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fonte:http://encurtador.com.br/iCRWX

   Como definir a amizade? Para alguns é a força, para outros o afeto, um lugar seguro, o compartilhar das relações, a união que faz a força. Ou ainda pode significar poder contar com alguém, compartilhar momentos, sair e se divertir ou simplesmente a sua definição do dicionário Oxford Languages: relação de estima entre duas ou mais pessoas. Durante a história vemos o conceito de amizade se modificando conforme sua função social.

Relações de amizade ao longo da história e seus benefícios.

     Na Grécia antiga somente homens podiam ter amigos, sendo que a amizade estava presente em um sentido sexual, conhecido como pederastia, onde homens mais velhos passavam seus conhecimentos, incluindo práticas sexuais a homens mais jovens. Já na roma antiga  a palavra que designava o termo  era  ”amicitia” correspondente a ‘’ troca de serviços puramente prática e compensatória”, que não chegava a exprimir as relações de amizade enquanto afeição e compromisso (KONSTAN,2005). Ou seja, era uma troca de habilidades, em que cada um oferecia o que tinha de melhor do que o outro. 

     Na idade média a amizade era marcada pela lealdade, no sentido de lutar pelo amigo e defendê-lo, podendo até mesmo morrer por ele. “O homem mata, entrega-se inteiramente à luta, vê o amigo lutar. Luta ao seu lado. Esquece-se de onde está. Esquece a própria morte (…)” (ELIAS, 1994, p. 194). A chegada do iluminismo no século XVII influenciou a amizade  de tal forma que passou a ser associada com à virtude e civilidade. A luta pela  individualidade e a verdade, permitem a possibilidade de encontrar um ‘’lugar para si’’, nessa época não só homens faziam amigos mas também mulheres, que não se preocupavam mais apenas com a maternidade ( MARTINS, 2007). 

      No período romântico enfatizava-se a necessidade de haver afinidade entre os envolvidos.Goethe (1992) diz que: essas afinidade representavam uma ‘’vontade’’ ou ‘’preferência’’ que fazem com que indivíduos entre em contato entre si, ou abandonem tais contatos para fazerem novos, sendo este  o papel social da amizade no Romantismo: desenvolver relações com um amigo.  Na sociedade moderna, marcada pela revolução industrial, as pessoas passavam mais tempo fora de casa, estreitando laços com pessoas que vivem no mesmo ambiente de trabalho. Ferdinand Tönnies (1955), destacam que era na família, na vizinhança e nos relacionamentos de amizades que se constituíam as relações de tipo comunitária, com um forte envolvimento emocional e maior proximidade entre os envolvidos. 

 


fonte:http://encurtador.com.br/evxW7

             Ao vermos o papel social da amizade em diversas sociedades, conseguimos ter uma dimensão de que alguns elementos principais da amizade como: afeto, afinidade, e tempo de duração, marcam até hoje as nossas relações, percebendo então que o papel social da amizade, se dá pela  troca de afeto e do autoconhecimento com o outro. Robert Merton sugere que uma sociedade pode possuir uma diversidade de consequências funcionais ou não funcionais, fazendo com que a amizade não tenha apenas uma função mais várias, marcada pela troca de diversos sentidos. Além de ser fundamental para o bem estar mental, ter amigos faz bem pro coração e pro corpo. Algumas de outras funções e vantagem de ter amigos são

Amigos tem um papel importante para o desenvolvimento psíquico- social

          Natália Tavares Pavani Araújo, psicóloga do Hospital Alemão Oswaldo Cruz,identificou que ‘‘Na infância os amigos ajudam na socialização do indivíduo, na adolescência eles são importantes para ajudar o indivíduo a construir sua identidade e formar uma imagem de si. ‘’Já para os idosos, eles são fundamentais para combater a solidão, o que pode influenciar até mesmo na saúde dele.”.  Fazer Amizades e mante-las tem um impacto significativo nas nossas  vidas, através das amizades  aprendemoos novas culturas, novas formas de pensar, de enxergar e solucionar problemas além de desenvolver empatia.

As amizades permitem que possamos externalizar sentimentos 

         A amizade traz um sentimento de pertencimento que gera segurança e conforto.  “É um tipo de relacionamento que nos ajuda a ser mais humanos em nossas vidas”, afirma Cristina Borsali, psicóloga da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo . Um estudo de Harvard feito sobre a influência dos amigos, por parte dos neurônios espelhos, apontou que, a felicidade também se espalha entre os amigos. Se um amigo está feliz, a sua felicidade aumenta em 15,3%. Se o amigo de um amigo está feliz, a sua felicidade cresce 9,8%. Se o amigo do amigo do amigo está feliz, seu bem-estar aumenta 5,6%. (Superinteressante 2018)

fonte:http://encurtador.com.br/xCLO3

Amigos ajudam a  ter uma vida saudável e mais longa

           Um estudo realizado em 1937, provou que o que faz as pessoas serem saudáveis, não tem relação com dinheiro nem alimentação, mas segundo o Psiquiatra coordenador do estudo há 30 anos George Valliant ‘’a única coisa que realmente importa é a aptidão social, as suas relações com outras pessoas’ ou seja poder ter com quem dividir tristezas e comemorar alegrias, os bons amigos. 

          Uma revisão de 148 estudos feita nos Estados Unidos por especialistas da Brigham Young University e da University of North Carolina apontou que pessoas com amizades sólidas tinham 50% mais chances de sobrevivência. Os autores também concluíram que os efeitos da falta de amigos são comparáveis aos problemas provocados pela obesidade, pelo abuso de álcool e pelo consumo de 15 cigarros por dia. Um estudo da American Cancer Society concluiu, após analisar dados de mais de 500 mil adultos, que o isolamento social aumentava os riscos de morte prematura por qualquer causa.

          A relação entre amizade e bem estar se dá porque a mesma contribui  para a liberação de ocitocina e dopamina, neurotransmissores associados ao relaxamento e bem estar. Loretta Breuning explica que “quando o seu cérebro emite um desses agentes químicos (endorfina, serotonina, dopamina e ocitocina), você se sente bem”.Os tais hormônios da felicidade além de transmitirem sensações, podem controlar funções no corpo como a frequência cardíaca, o sono e o apetite.

fonte:http://encurtador.com.br/hsF48

Amizades aumentam nossa produtividade

       A solidão é um dos fatores que mais prejudica o desempenho de um profissional.  Por isso, trabalhar com amigos pode aumentar a produtividade e a confiança dentro da equipe.  De acordo com a revista superinteressante (2018) quem tem um amigo no trabalho se sente 7 vezes mais envolvido com o que faz, 50% mais satisfeito e até duas vezes mais contente com o pagamento que recebe. Pessoas que possuem 3 ou mais amigos no trabalho, têm 96% mais chance de estar satisfeitas com a vida. Como já dizia Epicuro: ‘De todos os bens que a sabedoria proporciona para produzir felicidade por toda a vida, o maior, sem comparação, é a conquista da amizade”

fonte:http://encurtador.com.br/euKM9

Amigos valem mais que dinheiro.

fonte:http://encurtador.com.br/kloDR

        Segundo a revista superinteressante (2018) o economista Andrew Oswald (universidade de Warwick) criou uma fórmula que calcula quanto dinheiro seria preciso ter para compensar a falta de amigos, ele descobriu que as pessoas se consideram mais felizes quando ganham aumento de salário ou fazem um novo amigo. Logo ele resolveu cruzar as duas informações e chegou à seguinte conclusão: ganhar um amigo equivale a receber R$134 mil a mais de salário anual.  O que muitas empresas, principalmente no brasil, não são capazes de proporcionar,fica a dica: não largue seu emprego, mas  valorize seus amigos.

           Você pode até não concordar com as afirmações dos estudos científicos sobre a amizade, mas é fato como laços sociais significativos podem nos fortalecer, em uma sociedade em que a falta de tempo é algo comum, a rotina e exigente e desgastante e a qualidade de vida as vezes não é tão boa um amigo pode ser apoio necessário em um determinando momento,a força que se precisa para uma  melhora. ‘’ As palavras de amizade e conforto podem ser curtas e sucintas, mas o seu eco é infindável.’’ (Madre Teresa)

Dedico esse post aos meus amigos que me fazem tão bem <3

 

REFERÊNCIAS:

A ciência explica o poder de ter amigos Amizades melhoram saúde, humor e o ambiente de trabalho.Gazeta online, 2016. Disponivel em: <https://www.gazetaonline.com.br/bem_estar_e_saude/2016/08/a-ciencia-explica-o-poder-de-ter-amigos-1013967686.html> Acesso em 07 de abr de 2022.

BEERORCOFFE, Redação.Trabalhar com amigos: aumento de produtividade e de felicidade, 2022. Disponível em :<https://blog.beerorcoffee.com/2022/02/22/trabalhar-com-amigos/>. Acesso em: 07 de abr de 2022.

COSTA, Camilla. GARATONNI, Bruno.O poder das amizades na vida de uma pessoa . Super interessante, 2018. Disponível em: <https://super.abril.com.br/comportamento/o-poder-das-amizades-na-vida-de-uma-pessoa/>. Acesso em 07 de abr de 2022.

SANCHES, Daniela.A importância de se ter amigos e como mantê-los sempre perto de nós. UOL, 2019. Disponível em: <https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2019/11/01/a-importancia-de-se-ter-amigos-e-como-mante-los-sempre-perto.htm> . Acesso em 07 de abr de 2022.

SILVA, Barbara. Estudo sociológico da amizade duradoura e de sua função social na sociedade contemporânea.Vozes do vale. UNICAMP, São paulo. Nº. 06, p. (1-29), 10, 2014. Disponível em: <http://site.ufvjm.edu.br/revistamultidisciplinar/files/2014/10/Estudo-sociol%C3%B3gico-da-amizade-duradoura-e-de-sua-fun%C3%A7%C3%A3o-social-na-sociedade-contempor%C3%A2nea.pdf> Acesso em: 07 de abr de 2022.

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Niède Guidon e sua contribuição para a ciência e história brasileira

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Fonte: http://encurtador.com.br/acyH1

Niède Guidon é uma arqueóloga brasileira, pesquisadora, nascida em Jaú, interior de São Paulo, no dia 12 de março de 1933, hoje com 88 anos, formada em História Natural pela USP, com doutorado em pré-história pela Sorbonne e especialização na Université de Paris. Se mudou para a França, após o golpe de 1964, devido a sua militância política, construindo portanto, sua carreira como arqueóloga. Em 1963 quando estava expondo pinturas rupestres de Minas Gerais no Museu Paulista, conheceu um morador de São Raimundo Nonato no Piauí, informando-lhe que lá existiam pinturas semelhantes, algo que despertou curiosidade na pesquisadora, que já seguia com estudos voltados para a descoberta de vestígios do homem mais antigo das Américas, como assistente da grande arqueóloga francesa Annete Emperaire.

Niède Guidon é conhecida mundialmente como uma arqueóloga que dedicou seus estudos para demonstrar a presença do homem nas Américas, através dos sítios arqueológicos encontrados na região de São Raimundo Nonato, deixando portanto, sua vida de docência na França para se estabelecer no Brasil, e assim intensificar sua pesquisa nessa área, diante de evidências da passagem do homem nesse local. Considerada como uma das arqueólogas mais premiadas no mundo, no ano passado foi homenageada na conquista do renomado Prêmio Hypatia Awards, sendo a única sul americana prestigiada nessa premiação, como reconhecimento pelo seus trabalhos de pesquisas desenvolvidas no Piauí.

Sua trajetória de estudos, portanto, é marcada pela sua mudança em 1992 para a cidade de São Raimundo Nonato, onde inicia suas atividades de pesquisa, porém desde 1973 integra a Missão Arqueológica Franco-Brasileira, concentrando seus trabalhos nesse local, se tornando uma grande lutadora para que suas pesquisas sejam subsidiadas financeiramente e assim possam ser continuadas e ampliadas, mas acima de tudo reconhecidas. Nesse percurso, muitos já foram os desafios superados nesse sentido, porém a valorização dos estudos e suporte financeiro para sua continuidade, como a manutenção das atividades de estruturação turística, pagamento de funcionários, entre outras despesas, ainda são vivenciados pela pesquisadora, que segue lutando isoladamente para que os trabalhos no Parque Nacional da Serra da Capivara permaneçam acontecendo.

Fonte: http://encurtador.com.br/CLNST

Niède Guidon afirma que o material arqueológico encontrado no Piauí, indica que o homem chegou no local cerca de 100 mil anos atrás e apesar de ser alvo de questionamentos, por diversos estudiosos, a pesquisadora acredita que o Homo Sapiens veio da África, por via marítima, atravessando o oceano atlântico, chegando então até o Piauí. Sua teoria se sustenta na constatação que, diante da seca enfrentada na África, o homem teria ido buscar alimentos pelo mar, que a distância entre a África e a América eram muito menores, sendo esses os argumentos que explicam, porém sua teoria se choca com a defendida pela arqueologia tradicional, ao qual relata que a chegada do homem nas Américas tenha acontecido cerca de 13 mil anos atrás, vindo da Ásia, pelo estreito de Bering.

A luta de Niède Guidon perpassa pelo incentivo necessário para manutenção de pesquisas no país, algo relevante, pois as descobertas são contribuições imprescindíveis para aprofundamento e ampliação do conhecimento. A arqueóloga enfrenta o desafio de manter a gestão do Parque Nacional da Serra da Capivara em funcionamento, por meio da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), porém na atual conjuntura da pandemia, enfrenta a batalha do custeio dos trabalhos, com grandes prejuízos para o andamento das pesquisas.

Em 2015, a pesquisadora viu seus trabalhos serem paralisados, por falta de recursos, mesmo sendo retomados logo depois, a luta se intensificou para que os projetos e pesquisas não mais tenham grandes prejuízos, apesar da necessidade ser bem maior, que os recursos atualmente disponíveis, revelando uma dura realidade enfrentada por muitos pesquisadores no Brasil. Ainda assim, Niède Guidon, se coloca na linha de frente de defesa do maior tesouro arqueológico brasileiro, e acima de tudo, da ciência como um campo a ser desbravado e fonte de crescimento e desenvolvimento de um país.

Fonte: http://encurtador.com.br/COS24

Niède Guidon acredita com seus estudos poder reescrever a versão da história demográfica do homem e mesmo existindo aspectos controversos, contestados por outros estudiosos, a pesquisadora acumula evidências científicas, que fortalecem suas hipóteses, com grandes descobertas de sítios arqueológicos e centenas de fósseis localizados na região de São Raimundo Nonato.

Além da pesquisadora ser perseverante no cuidado à manutenção dos vestígios arqueológicos, com toda certeza, o impacto da criação do Parque Nacional da Serra da Capivara é bastante positivo para o contexto turístico da região. Uma cidade no interior do Estado do Piauí, que tem um crescimento no seu turismo, pela intensificação da movimentação de visitantes, sem dúvida, tem com isso uma modificação no cotidiano dos seus moradores, contribuindo para um desenvolvimento social e econômico no local.

Niède Guidon define sua luta como algo primoroso e se preocupa com o avanço da sua idade frente a direção da Fumdham, como uma necessidade de passar esse trabalho para outra pessoa com igual interesse em manter as pesquisas e o funcionamento do Parque. No entanto, segue ainda no comando, lidando com escassez de recursos, para o mais importante sítio arqueológico do país, mas acreditando na promessa de novos repasses por parte do Governo, no apoio de outras entidades colaboradoras e principalmente, nos resultados já alcançados pelos seus estudos, que fortalece diariamente a sua luta.

REFERÊNCIAS:

DUARTE, Cristiane Delfina Santos. A mulher original: produção de sentidos sobre a arqueóloga Niéde Guidon. 2015. 242 p. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem e Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo, Campinas, SP. Disponível em: http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/271103. Acesso em: 24 abr. 2021

MARTIN, Gabriela. PESSIS, Anne-Marie. Entrevista: Niède Guidon. Clio Arqueológica, v35N1, p.1-13, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/clioarqueologica. Acesso em: 24 abr. 2021.

MUSEU DO HOMEM AMERICANO. A arqueóloga Niède Guidon. Disponível em: http://www.fumdham.org.br/museu-do-homem-americano. Acesso em: 24 abr. 2021.

GAUDENCIO, Jessica. Niède Guidon: a cientista brasileira responsável pelo tesouro arqueológico nacional. História da ciência e Ensino: construindo interfaces, vol. 18, pp 76-87, 2018. Disponível em: http://dx.doi.org/10.23925/2178-2911.2018v18i1p76-87. Acesso em: 24 abr. 2021.

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O oxigênio da vida

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Eles moravam em um dos bairros mais violentos de São Paulo. Estavam perto dos 20 anos. Eram três amigos de infância. Um dia, olharam para a estrada à frente e viram uma bifurcação: de um lado, uma placa indicando a rota conhecida; do outro, um livro abandonado.

Bifurcados, só tinham uma certeza: o caminho conhecido havia sido percorrido por muitos de seus outros amigos, onde alguns se perderem e outros perderam o oxigênio. Os três sonhavam alto: cursar uma faculdade. Diploma não era futuro, era delírio. Como incluir na dispensa de casa um item tão luxuoso como estudo? Das 24 horas do dia, 14 trabalhavam. Remuneração baixa, mas vital para o sustento das famílias.

Era preciso coragem de guerreiro para correr atrás de escassas oportunidades e resiliência de bambu para colecionar nãos. Entraram para a faculdade. Nos bancos escolares, agarravam-se aos livros para abandonar a realidade que, desde o berçário, assegura a alguns a evolução e a outros a submissão. Na árdua jornada, a fome esmagava o estômago e o sono abatia o corpo.

Fonte: encurtador.com.br/zNSX6

Fortaleciam-se na leitura de biografias, repletas de histórias de sucessos conquistadas por escaladas de fracassos. O que a realidade negava, os sonhos consentiam. Jamais desistiram de erguer o canudo no pódio da formatura. Eram escoltados pelo vigor da juventude, onde os olhos se perdiam no imenso horizonte de vida.

O sol energizava o caminho da persistência e a chuva limpava a poluição do desânimo. Final dos anos 2000, três amigos subiram ao pódio: um erguia o canudo de Ciência da Computação, outro de Comunicação e o outro de Administração de Empresas. Quando se viram bifurcados, decidiram seguir pela estrada do livro abandonado.

No caminho, encontraram o “Diário de Bitita”, de Carolina Maria de Jesus (1914-1977), que foi catadora de lixo, moradora de favela e tornou-se escritora de sucesso traduzida para vários idiomas: “Eu passava os dias lendo ‘Os Lusíadas’, de Camões, com o auxílio do dicionário. Eu ia intelectualizando-me, compreendendo que uma pessoa ilustrada sabe suportar os amarumes da vida”.

Eles sabiam aonde queriam chegar. Escolheram o melhor GPS para os guiar até o destino escolhido. Eles orientam. Eles consolam. Eles guiam. Jamais te abandonarão. Carolina os catou nos lixos e eles acalmavam sua dor. Estarão sempre perto de você para te receber de páginas abertas.

Livros, o oxigênio da vida.

Respire-os.

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“The Man in The High Castle”: a banalidade do Mal e os mundos quânticos

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A série dá uma particular atenção de como a propaganda ideológica sedutora nazista (a propaganda política japonesa é figurada como ainda muito rudimentar, baseada apenas no terror imperial) tornou amoral ou natural toda a barbárie do Terceiro Reich

Mundos paralelos quânticos nos quais encontramos as melhores versões de nós mesmos e a permanência da estrutura que reproduz a banalidade do Mal, não importa o mundo ou o governo que ocupe o Estado. Com esses temas a série da Amazon “The Man in The High Castle” amarra a narrativas das três temporadas anteriores e encerra com o episódio final “Fire from the Gods”. Baseada no livro homônimo no escritor gnóstico sci-fi Philip K. Dick, a série figura um mundo alternativo no qual o Terceiro Reich e o Império Japonês ganharam a Segunda Guerra Mundial e mudaram a face da História. Mas há um fantasma que assusta os vencedores e inspira a Resistência: a descoberta da existência de mundos quânticos paralelos onde a História foi diferente e encontramos nossas próprias versões alternativas que tomaram decisões diferentes. Mas há algo que permanece: nossas almas permanecem prisioneiras na banalidade do Mal.

Neste mês chegou na plataforma de streaming da Amazon a temporada final da série The Man in The High Castle (2015-19), baseada no livro homônimo do gnóstico escritor de ficção científica Philip K. Dick. As temporadas anteriores já foram discutidas aqui no Cinegnoseclique aqui.

Foram 40 horas de duração em episódios distribuídos em quatro temporadas nos quais a equipe de roteiristas liderada pelo criador da série Frank Spotnitz teve que estender a estória para além das 240 páginas originais de K. Dick. Claro que expandir dessa maneira o romance mais bem estruturado da carreira do escritor norte-americano, pode resultar em muitos problemas narrativos: a última temporada corre muito rápida na qual parecia não haver tempo suficiente para amarrar as pontas soltas de forma satisfatória e dar conta do arco de personagens das três temporadas.

Mas não satisfeito, Spotnitz ainda acrescente novos personagens na temporada final: o grupo Rebelião Comunista Negra, uma espécie de Panteras Negras com a liderança carismática da ativista Bell Mallory (Frances Turner). Suas táticas de guerrilha armada, atentados e sabotagens sistemáticas farão o Império Japonês desistir e se retirar dos “Estados do Pacífico” (a Costa Oeste dos EUA), acelerando os eventos que culminarão numa crise política interna do Terceiro Reich.

Mas o saldo final foi positivo: uma estimulante combinação entre ficção científica, espionagem, política e thriller. Por isso, além do imenso arco de plots e personagens, a série levanta para abre um leque de temas que vai da hipótese quântica dos Mundos Paralelos (a chamada “Interpretação de Muitos Mundos – em inglês MWI, feita em 1957 por Hugh Everett – clique aqui) passando pela questão filosófica e moral da banalidade do Mal até a questões de Ciência Política – “uma coisa é derrubar um governo, outra coisa é ser governo”.

Para discutirmos esses temas é necessário fazermos um pequeno resumo das temporadas anteriores: Essencialmente a história se passa em um mundo alternativo onde as potências do Eixo venceram a Segunda Guerra Mundial e dividiram os Estados Unidos em dois: o Grande Reich do Leste nazista e o Estado Pacífico japonês no Oeste

Há uma zona neutra entre os dois ao longo das montanhas rochosas e fornece um refúgio para um crescente movimento de resistência. Portanto, enquanto as ações de controle e repressão do império e da resistência da rebelião se revezam entre as cidades de Nova York, Denver e São Francisco, abrangendo homens e mulheres de ambos os lados do conflito de uma maneira bastante realista, o elemento de ficção científica da história entra em cena – surge uma série cópias de filmes de alguém chamado “O Homem do Castelo Alto”.

Fonte: encurtador.com.br/iswxV

São filmes mostrando que realidades alternativas ou mundos paralelos foram descobertos. Nesses mundos as forças do Eixo foram derrotadas e EUA e URSS foram os vencedores, iniciando a Guerra Fria e a corrida armamentista nuclear tal como conhecemos em nosso mundo. Mas esses filmes mostram a possibilidade de vitória sobre os imperiais nazistas e japoneses, encorajando a rebelião. Mas também sugerem a possibilidade para viajar fisicamente entre mundos.

E é aí que entra a protagonista Juliana Crain (Alexa Davalos). Ela é uma espécie de mulher fora do tempo e do lugar, o ponto crucial da rebelião (e da própria narrativa) e a chave para a guerra entre os mundos. Ela leva três temporadas para dominar a capacidade de viajar entre mundos.

A última temporada

A quarta temporada começa exatamente onde a terceira temporada parou, com Juliana Crain (Alexa Davalos) sendo baleada pelo obergruppenführer John Smith (Rufus Sewell) no momento em que ela foge para o mundo alternativo em que os Aliados venceram a guerra.

Enquanto Juliana passa um ano no mundo alternativo, as mudanças de poder entre o Reich e os Estados japoneses do Pacífico deixam uma abertura para Smith consolidar seu poder. Essas mudanças são em parte graças à atividade eficiente e crescente da Rebelião Comunista Negra, uma facção recém-introduzida dos combatentes da resistência. O Homem no Castelo Alto, Hawthorne Abendsen (Stephen Root), ainda está sob custódia nazista, sendo forçado a negar o trabalho de sua vida na forma de protagonista de uma campanha de propaganda para desmoralizar a Resistência.

Fonte: encurtador.com.br/iswxV

 A última temporada se divide entre dar mais alguns detalhes (muito rápidos e que depende da concentração do espectador) sobre os pontos de contato entre os mundos paralelos: enquanto alguns personagens como Juliana e Togomi (o ministro do comércio do império japonês) possuem a habilidade de se deslocar pelos mundos através de estados alterados de consciência, os nazista precisam de uma pesada parafernália tecnológica – uma espécie de túnel subterrâneo baseado em mecânica quântica.

A ambição nazi será agora conquistar todos os mundos paralelos – espiões são enviados para trazer novas tecnologias e sabotar as potências que venceram os alt-nazistas. É o projeto “Die Nebenwelt”.

Fica evidente o porquê centenas de cobais foram sacrificadas no experimento: nem todos conseguem passar para os outros mundos – a não ser que a sua versão alternativa não exista ou tenha morrido. É o paradoxo do Doppelganger: duas versões alternativas não podem ocupar a mesma dimensão.

Fonte: encurtador.com.br/iswxV

Metafísica, a banalidade do Mal e Política – alerta de Spoilers à frente

Mas há um interessante tema que a temporada acrescenta: aprendemos que as duas versões de John Smith (a nazi e a de um humilde vendedor) têm certas tendências em comum – no caso de Smith a atração pelo Poder. Sua versão alt resistiu a esse appeal, abandonando o Exército. Enquanto John Smith virou “a pior alternativa de si mesmo”, como confessa amargamente no monólogo final do último episódio.

The Man in The High Castle tangencia um tema metafísico abordado originalmente no seminal filme gnóstico Cidade das Sombras (Dark City, 1998) – aliens aprisionam humanos em uma cidade artificial na qual, diariamente, as identidades de todos os habitantes são trocadas enquanto dormem: os aliens querem descobrir no experimento nossas “almas”, isto é, a essência humana permanente por trás das múltiplas identidades que assumimos nas várias existências.

Mais perturbadora, outra questão levantada é a banalidade do Mal, expressão criada por Hannah Arendt (1906-1975), teórica política alemã. Acompanhamos nas quatro temporadas os dois algozes de cada lado dessa Guerra Fria alternativa: do lado japonês, o inspetor Kido, da polícia dos Estados japoneses – a Kempeitai; e do outro o obergruppenführer John Smith. Ambos são pais de família, sinceramente preocupados com suas esposas e filhos.

Fonte: encurtador.com.br/dfNOR

Principalmente na Nova York nazista, vemos o cotidiano da família de Smith: refeições, levar os filhos para a escola… e gerir projetos de Eugenia com o propósito de exterminar raças “inferiores”. São vilões que “administram” o Mal como mais uma atividade cotidiana, ao lado da agenda dos compromissos familiares.

Acompanhamos os führers alemão Himmler e o americano Smith em jantares com suas esposas, discutindo aspectos banais da vida conjugal, ao mesmo tempo em que decidem estratégias de conquista e extermínio. Uma assustadora combinação de amor, delicadeza e barbárie.

A série dá uma particular atenção de como a propaganda ideológica sedutora nazista (a propaganda política japonesa é figurada como ainda muito rudimentar, baseada apenas no terror imperial) tornou amoral ou natural toda a barbárie do Terceiro Reich.

Porém, a novidade da temporada final e que alterou a correlação de forças entre o Eixo e a Resistência é a entrada em cena da Rebelião Comunista Negra, que vive um dilema existencial: combater o império japonês, porém sem querer retornar à pátria da bandeira estrelada norte-americana – uma sociedade que era racista e intolerante, tal como os atuais algozes.

Após a vitória, fazendo recuar o império japonês e bater em retirada do Oeste americano, a máfia Yakuza aparece para colocar na realidade os idealistas líderes negros: “Uma coisa é derrubar o governo, outra coisa é ser o governo”, vaticina o líder da máfia japonesa Yakuza, em San Francisco, Taishi Okamura.

“Vocês vão precisar de nós para restaurar a eletricidade, a água e o oleoduto…”, alerta Taishi. Grande verdade histórica: toda revolução é uma revolução traída! Ocupar o Governo é uma coisa: é a fachada pública ou midiática do Poder. Outra coisa é conquistar a máquina do Estado, controlada pelo lobby de verdadeiras máfias de setores financeiros e infraestrutura.

Algo como tematizado pelo documentário brasileiro Democracia em Vertigem (2019) – não importa qual governo ocupe o poder: o Estado sempre será bancado pelos bancos, famílias proprietárias da mídia e as construtoras de infraestrutura (clique aqui).

E no Estado do Pacífico japonês, a máfia Yakuza, preparada para “negociar” com os novos ocupantes do Estado – a liderança comunista negra.

No final, a série The Man in The High Castle termina fiel ao espírito da obra de Philip K. Dick – podemos até encontrar versões melhores de nós mesmos em outros mundos quânticos, mas a estrutura que reproduz a banalidade do Mal continua incólume: de um lado, a Guerra Fria entre EUA e URSS; e do outro a Guerra Fria entre o Grande Reich e o Império do Japão.

Título: The Man in The High Castle (série)

Criador: Frank Spotnitz

Roteiro: Frank Spotnitz, Wesley Strick, Jihan Crowther

Elenco: Alexa Davalos, Joel de la Fuente, Jason O’Mara, Rufus Sewell

Produção: Amazon Studios

Distribuição: Amazon Prime Video

Ano: 2019

País: EUA

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Relação com o trabalho é tema de discussão

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Nessa sexta-feira (17), ocorreu nas dependências do Ceulp/Ulbra, o evento “Trabalho, uma relação de amor e ódio”. Facilitada pelo Prof. Esp. Sonielson Luciano de Sousa, a discussão buscou elucidar a relação dualista no âmbito do trabalho, que se dá principalmente pelo prisma do ódio, uma vez que o trabalho pode ser considerado uma forma de opressão. A turma de Psicologia do Trabalho, ministrada pela Prof. Me. Thaís Monteiro; e os alunos das disciplinas ministradas por Sonielson, puderam compreender o panorama histórico que influenciou a formação das relações de trabalho atuais.

Para Sonielson é possível ter uma relação de amor com o trabalho: “Nós temos que fazer uma leitura do que nós queremos ser, e construir um propósito. É a única maneira de ter uma relação de amor com o trabalho. Você tem que entender o que você quer […] então a dica que eu dou é basicamente essa, nós temos que entender a nossa natureza, quais as nossas aptidões. […] Tendo essa consciência, você muito provavelmente não vai chegar a uma situação de adoecimento, porque você já vai ganhando estruturas de contraposição, já vai entendendo suas experiências, observando também outras esferas que você tem que nutrir, você não vai entrar completamente cego no processo”, pontua.

Sonielson Luciano de Sousa é filósofo (UCB), mestrando em Comunicação e Sociedade (UFT), pós-graduado em Educação, Comunicação e Novas Tecnologias; bacharel em Comunicação Social (Publicidade – Ceulp/Ulbra); e sócio-fundador do jornal e site O GIRASSOL (desde 1999). Atualmente é professor universitário no Ceulp/Ulbra nas disciplinas de Filosofia, Antropologia, e Sociedade e Contemporaneidade.

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