Curso de Psicologia do Ceulp é contrário a mudanças na política de saúde mental

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Decisão representa retrocesso na condição dos tratamentos

Clamor na internet e entre as entidades que defendem uma política de saúde mental fora dos moldes dos antigos hospitais psiquiátricos, a notícia de que o governo Temer, numa canetada, abriu precedentes para a volta do antigo sistema de internação dos usuários de serviços de saúde mental mobilizou o curso de Psicologia do Ceulp.

Para a coordenadora do curso, profa. Dra. Irenides Teixeira, a ação preocupa porque enfraquece a política baseada nos Centros de Atenção Psicossocial, que têm enfoque multidisciplinar e humanizado, a partir do movimento mundial antimanicomial.

Fonte: http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/cab34

No mesmo sentido, entidades como o Conselho Federal de Psicologia (CFP), a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e a Procuradoria Federal dos Direitos dos Cidadãos (PFDC), se manifestaram contra. De acordo com eles, a portaria impõe sérios retrocessos no tratamento de pacientes com transtornos mentais e a usuários de álcool e drogas. Todos temem, sobretudo, o retorno da internação de pessoas com transtornos em hospitais psiquiátricos, cujo passado no Brasil é de um histórico lamentável.

“O Portal (En)Cena  entrevistou a jornalista nacionalmente reconhecida Daniela Arbex, que escreveu o livro-reportagem ‘Holocausto Brasileiro’, sobre as atrocidades que foram cometidas num hospital psiquiátrico em Barbacena, no século passado. Os métodos cruéis a que os seres humanos eram submetidos têm que ser denunciados e, mais, tem que ser afastadas as possibilidades de tal prática voltar a ocorrer”, defende Irenides Teixeira.

Para o psiquiatra Leon Garcia, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, esta “é a maior ameaça à política de saúde mental desde 1990 [quando começaram as discussões sobre a reforma psiquiátrica]”. Para ele, além de dar aval a hospitais psiquiátricos, a medida traz o risco de desfinanciamento de outros serviços.

A procuradoria, por sua vez, alegou que “as mudanças afrontam os direitos humanos e a reforma psiquiátrica antimanicomial adotada no país, pois limitam os recursos para unidades que trabalham com a reinserção psicossocial de pessoas, como serviços residenciais terapêuticos, ao passo que aumentam o custeio de hospitais psiquiátricos”.

Também em nota, o Conselho Federal de Psicologia disse ser contrário à proposta do Ministério da Saúde de mudança na política de saúde mental. O conselho destaca que, na semana passada, foi concluído encontro com dezenas de instituições que marcou os 30 anos de mobilização em defesa do fim dos manicômios. Nele, foi aprovada a Carta de Bauru, que reafirma que “uma sociedade sem manicômios é uma sociedade democrática” (Com informações da Revista Fórum).

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A mulher e a arte em Nise – O Coração da Loucura

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Nise da Silveira é um nome forte quando o assunto é revolução. Mais especificamente revolução no modelo tradicional de psiquiatria e tratamento da loucura. De forma merecida, essa mulher espetacular recebeu uma homenagem em forma de filme. Nise: O Coração da Loucura é uma produção brasileira, lançada em 2016, que conta a trajetória da transformação provocada por essa psiquiatra alagoana (1905-1999), cuja é representada pela atriz Gloria Pires.

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O filme inicia com a volta de Nise para o hospital psiquiátrico Engenho de Dentro. Nesse momento, ela presencia uma cena marcante e, infelizmente, comum nos centros psiquiátricos entre os anos de 1936 e 1956. Se trata da lobotomia e da eletroconvulsoterapia. De acordo com Masiero (2003):

A lobotomia e leucotomia foram utilizadas em pacientes de instituições asilares brasileiras, entre 1936 e 1956. Também chamadas de psicocirurgias, eram intervenções que consistiam em desligar os lobos frontais direito e esquerdo de todo o encéfalo, visando modificar comportamentos ou curar doenças mentais. A técnica, idealizada pelo neurologista português Egas Moniz em 1935 e aperfeiçoada pelo americano Walter Freeman, chegou ao Brasil por intermédio de Aloysio Mattos Pimenta, neurocirurgião do Hospital Psiquiátrico do Juquery, em São Paulo, logo seguido por outros médicos. Esta medida foi aplicada em mais de mil pacientes internados não só para fins curativos, mas também para aprimorar tecnicamente a cirurgia, uma vez que os experimentos preliminares com animais eram escassos. No Brasil, a técnica foi adotada até 1956, passando a ferir o Código de Nuremberg, de 1947, concebido para regulamentar e conter os abusos da experimentação médica em seres humanos ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial.

E é justamente esse tratamento abusivo, experimental e desumano que Nise se recusou a aplicar. Como a ciência considerada em evolução na época se dava por meio dessas técnicas, a psiquiatra foi colocada no setor abandonado de terapia ocupacional. E, mesmo com muitas dificuldades, como a não aceitação de seus métodos e até certo preconceito por ser mulher (visto em vários momentos do filme, mas, principalmente, em um trecho em que um de seus colegas fala que é difícil trabalhar com mulheres), deu início a uma revolução magnânima.

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Com toda a delicadeza e cuidado femininos, Nise torna esse setor mais agradável e acolhedor, ensinando que no local não há pacientes, mas clientes, pois ela e seus colegas estão ali a serviço deles e que a melhor forma de intervenção é tratando-os como humanos. A força, a coragem, a resistência e a persistência de Nise também são marcantes, mostrando esse aspecto que caracteriza a mulher em geral.

Contando com a ajuda do artista plástico Almir Mavignier, Nise implanta a arte-terapia no tratamento de doenças mentais. Indivíduos que antes eram tratados como farrapos, passaram a serem vistos como artistas. Interessada na trajetória das pinturas de cada cliente, Nise enxerga nelas um pouco da psicologia analítica, pois, muitas lembravam mandalas ou traziam formas circulares.

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Segundo Carl Gustav Jung (1875, apud Romano, 2015):

[…] ao fazermos uma mandala ocorre uma descarga de tensão e é comum surgir imagens espontâneas internas enviadas pelo inconsciente. Quando criamos uma mandala estamos produzindo nosso próprio espaço sagrado. A circunferência é um campo delimitado que remete à proteção, e o centro nos leva a olharmos para nós mesmos, saindo do externo, de tudo que nos tira do contato com nosso EU.

O que Jung fala fica bem claro nas obras produzidas pelos clientes de Nise. No início, as pinturas eram abstratas, sem formas. Depois, conforme o tratamento da arte-terapia ia evoluindo, as pinturas também foram ganhando formas e vida, mostrando que esses indivíduos de fato expressavam o seu mundo interno, ora bagunçado e assustado, ora organizado e tranquilo. Essas obras estão expostas hoje no Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro.

Fonte: http://migre.me/wbMs4
Fonte: http://migre.me/wbMs4

Nise da Silveira deu voz à loucura. Diferente de todos os envolvidos naquele lugar hostil, ela não tinha medo dos indivíduos que estavam sob os seus cuidados. Ela permitiu que eles se expressassem e, o mais importante, fossem tratados com dignidade e humanidade. Seu nome marca uma revolução e a história na psiquiatria brasileira, além da implantação da arte-terapia como tratamento para as doenças mentais e da abordagem junguiana no país. Mas, além de tudo, ela marca uma história de mulheres que fizeram a diferença, não se conformando com o que havia de errado em seu meio e lutando para conseguir melhorias e transformação.

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“Meu medo é não saber morrer como um gato, embora a morte propriamente não me faça medo. É não saber como morrer como os gatos sabem. É isso que peço que eles me ensinem. Um gato, quando não quer saber de uma pessoa, levanta a cauda e sai. Não parece que esteja com emoção de raiva como eu fico às vezes. Desprezo. Sutileza completa. Eles são grandes mestres.” – Trecho de entrevista com Nise da Silveira.

REFERÊNCIAS:

SANTOS, L. G. P.   Nise da Silveira – Entrevista. Scielo Brasil, Psicol. cienc. prof. vol.14 no.1-3 Brasília 1994. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931994000100005.Acesso em 04 mar 2017.

VELOSO, A. M. A.  Quem foi Nise da Silveira, a mulher que revolucionou o tratamento da loucura no Brasil.  HuffPost Brasil, 27/01/2017. Disponível em: http://www.huffpostbrasil.com/2016/04/19/quem-foi-nise-da-silveira_n_9671732.html Acesso em: 04 mar 2017.

MASIERO, A. L. A lobotomia e a leucotomia nos manicômios brasileiros. Scielo Brasil, Hist. cienc. saúde-Manguinhos vol.10 no.2 Rio de Janeiro May/Aug. 2003. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702003000200004.Acesso em: 04 mar 2017.

ROMANO, C. T. Mandalas: a expressão do inconsciente. Clínica de Psicologia Relacional. Disponível em: http://terapiarelacional.com.br/mandalas-a-expressao-do-inconsciente. Acesso em: 04 mar 2017.

FICHA TÉCNICA DO FILME: 

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NISE – O CORAÇÃO DA LOUCURA

Diretor: Roberto Berliner
Elenco: Glória Pires, Fabrício Boliveira, Roberta Rodrigues, Augusto Madeira
País: Brasil
Ano: 2015
Classificação: 12

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Loucura não tem nada a ver com maldade

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Ao assistir o último capítulo da novela Cúmplices de um Resgate, do SBT, (acompanho a novela desde o início por conta do interesse de minha filha), uma das últimas cenas me causou revolta e preocupação. Vimos em nossas casas, com uma audiência grande de crianças e adolescentes, uma mulher má, muito má, acabar em um hospital psiquiátrico. Seus parceiros, com atitudes ruins e desonestas, foram para cadeia.

Vilã da novela Cúmplices de um Resgate Fonte: http://zip.net/bdtzFG
Vilã da novela Cúmplices de um Resgate
Fonte: http://zip.net/bdtzFG

Vivi a experiência da loucura desde a infância. Meu pai foi um médico dermatologista e desenvolveu muitos anos da sua profissão no Hospital psiquiátrico “Colônia Juliano Moreira”, onde atendia os internados com relação às questões dermatológicas. Para desempenhar bem o seu trabalho estudou muito a psiquiatria. Há 40 anos ele já falava de uma psiquiatria mais progressista, com internações breves e pontuais. Devido a esta postura de meu pai convivi com ditos doentes mentais na minha casa em toda a minha infância e adolescência.

Além disso, minha mãe, com o decorrer do tempo, foi diagnosticada com psicose maníaco depressiva, que hoje chamamos de transtorno bipolar. Ela foi algumas vezes internada e frequentei hospitais psiquiátricos para visitá-la, quando ainda pequena. Sou Terapeuta Ocupacional, com 33 anos de formada. Não trabalho diretamente com psiquiatria, mas minha experiência de vida está ligada à psiquiatria. Eu sei o que o meu pai sofreu por ter uma esposa tida como louca. Principalmente no meio médico. Sustentou o casamento e a criação de seus filhos chegando a se afastar da própria família.

Vejo que hoje é inconcebível e inaceitável que se compare problemas mentais com maldade. Nunca presenciei maldade na minha mãe ou nas pessoas com quem convivi e convivo. Pelo contrário, são pessoas boas que se fazem o mal é somente para si mesmas. Precisam sim de ajuda e tratamento. Fora das crises não tenho nada para falar da minha mãe. Ajudou-nos no dia a dia, inclusive escolar. Tornou-se uma excelente avó.

Não posso aceitar um desrespeito a tantos segmentos da sociedade que lutam contra o estigma da loucura, entre eles, o conjunto dos que encampam a luta antimanicomial. Inclusive uma das cenas da novela foi gravada num local que lembra um hospital psiquiátrico. Cena nada agradável, com um enfermeiro bem autoritário. Modelo de uma psiquiatria que deveria estar morta ou deve morrer.

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O Capa-Branca: Livro narra trajetória de funcionário que se tornou paciente do Juquery

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O Capa-Branca conta a história de Walter Farias, ex-atendente de enfermagem que trabalhou e foi internado em um dos maiores hospitais psiquiátricos do Brasil


No livro O Capa-Branca, o jornalista Daniel Navarro Sonim reuniu, a partir de manuscritos e entrevistas, as experiências de vida de Walter Farias, ex-funcionário que se transformou em paciente, na década de 1970, do Complexo Psiquiátrico do Juquery, em Franco da Rocha, na Região Metropolitana de São Paulo. Números oficiais dão conta que naquela época o local chegou a abrigar quase o dobro das 9 mil pessoas que tinha condição de comportar.

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Aprovado no concurso público para atendente de enfermagem, Walter é designado para cuidar de pacientes acamados ou que perambulam, alheios à realidade, pelos corredores das clínicas do Hospital Psiquiátrico. A vida do protagonista de O Capa-Branca começa a tomar outro rumo depois da repentina transferência para o Manicômio Judiciário, onde ele começa a conviver com pacientes que cometeram crimes, alguns deles violentos e com requintes de crueldade.

A rotina no manicômio abala sua sanidade e o obriga a abandonar sua capa branca, o jaleco que os funcionários vestiam para trabalhar. Dali em diante, ele é obrigado a se internar. Ao se tornar mais um paciente do Juquery, passa a sentir na pele os horrores daquele lugar.

Na visão de Walter Farias, que hoje está aposentado, as pessoas acreditam que ele tenha se tornado esquisito depois da convivência por sete anos com os doentes. “Eu aposto que muita gente nem imagina quais são os verdadeiros limites da loucura. Mas será que a mente humana possui limites?”, desafia Walter.

Trabalho em equipe

Para transformar esta narrativa a quatro mãos em realidade, os autores decidiram criar pelo site idea.me um projeto de financiamento coletivo que levantou parte dos recursos necessários. Além dos financiadores, O Capa-Branca atraiu fãs que colaboraram com o projeto sem cobrar nada. A designer Jussara Fino desenvolveu o projeto gráfico; Fabio Bonillo, que recentemente traduziu o romance Os Luminares, de Eleanor Catton, vencedora do Man Booker Prize em 2013,se encarregou da preparação do texto; e Delfin, do Studio DelRey, fez a ilustração da capa. “Só precisamos pagar a revisão final e a diretora da Editora Terceiro Nome, Mary Lou Paris, decidiu imprimir e publicar o livro”, comemora Daniel Navarro, que também é assessor de imprensa da Terceiro Nome.

Sobre os autores

Daniel Navarro é jornalista e viu pela primeira vez o protagonista de O Capa-Branca em um programa de TV com o tema “Sou esquisito, e daí?”. Após Walter Farias contar que sonhava colocar sua história em um livro, entrou em contato com ele e recebeu os manuscritos com suas memórias no Juquery. Assessor de imprensa com experiência em mercado editorial, turismo, gastronomia e limpeza urbana, entre outras áreas. Traduziu com a professora de russo, Karina Skvortsova, um clássico da literatura infantojuvenil russa, Gorodok v tabakerke (A vila da caixinha de música, título provisório), de Vladimir Odoievsky, ainda no prelo e inédito no Brasil.

Walter Farias, o ex-funcionário que se tornou paciente do Juquery, vive até hoje em Franco da Rocha com sua família. É aposentado, pai de três filhas e de um filho e avô de cinco netos. Compositor, já fez mais de 400 canções nos mais variados estilos, como samba, sertanejo e MPB.

Lançamentos:

25 de novembro, terça-feira, às 19 horas

Platibanda Bar (Rua Mourato Coelho, 1365, Vila Madalena, São Paulo/SP)

27 de novembro, quinta-feira, às 19 horas

Ginásio de Esportes Paulo Rogério Seixas (Rua Nelson Rodrigues Berruga, 100, Centro –

Franco da Rocha/SP)

O Capa-Branca – de funcionário a paciente de um dos maiores hospitais psiquiátricos do Brasil

Editora Terceiro Nome (www.terceironome.com.br)

192 páginas. 14 cm x 21 cm. Brochura.  ISBN 978-85-7816-144-6 – R$ 35

Informações para a imprensa: Daniel Navarro Sonim

[daniel@terceironome.com.br] 11 3816.0333 / 9.9759.5388

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Autores buscam financiamento coletivo para publicar livro sobre o Juquery

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O Capa-Branca reúne as experiências de vida de funcionário que também foi paciente daquela que já foi a maior instituição psiquiátrica da América Latina


O mercado editorial brasileiro está crescendo, mas novos autores ainda encontram dificuldades para publicar suas histórias. Esse é o caso de O Capa-Branca, livro em que o jornalista Daniel Navarro compilou as memórias de Walter Farias, ex-atendente de enfermagem que também foi paciente do Complexo Psiquiátrico do Juquery, em Franco da Rocha (SP). Para viabilizar a obra, eles decidiram recorrer ao crowdfunding, plataforma que permite que pessoas ou empresas financiem projetos através de doações coletivas.Veja como ajudar a transformar o projeto em realidade em http://ide.la/1cAFe3M

O objetivo dos autores é arrecadar R$ 4.500 até 16 de abril.  Essaquantia vai bancar a execução de serviços editoriais, como revisão, criação de capa e diagramação, além da impressão da primeira edição da obra. “Estamos muito animados. Em apenas 24 horas, o projeto alcançou 10% da meta”, revela Daniel Navarro.

O financiamento oferece recompensas para quem investe no projeto. Ao contribuir, o apoiador terá o nome impresso na página de agradecimentos do livro e receberá em casa exemplares de O Capa-Branca com dedicatória dos autores.

”Algumas editoras já se interessaram em publicar a obra, mas não têm recursos para investir na publicação”, revela Daniel. Segundo o autor, a quantia arrecadada será oferecida às editoras paratambémgarantira distribuição de O Capa-Branca nas principais livrarias do país.

Quem quiser conhecer mais detalhes do projeto e, quem sabe, contribuir é só acessar o site da plataforma idea.me: http://ide.la/1cAFe3M

 

O Capa-Branca

No livro, o jornalista Daniel Navarro reúne as memórias de Walter Farias, ex-atendente de enfermagem. Narrado em primeira pessoa, Walter relata suas experiências de vidano Hospital Psiquiátrico e no Manicômio Judiciário do Juquery, ambos na cidade de Franco da Rocha (SP).

No início dos anos 1970, Walter, com pouco mais de 18 anos, é aprovado no concurso público para o Hospital Psiquiátrico epassou a vestiruma capa branca paracuidar de pacientes acamados ou que perambulavam os corredores das clínicas completamente alheios à realidade.

A vida do protagonista começa a tomar outro rumo depois de sua transferência para o Manicômio Judiciário. Pacientes deram lugar a detentos que haviam praticado crimes. Essa realidade acabou com a sanidade dele e a única solução foi a internação no Hospital Psiquiátrico. O atendente de enfermagem se transforma em um paciente do Juquery e sente na pele os horrores daquele lugar

 

Sobre os autores

Daniel Navarro, jornalista e escritor de O Capa-Branca. Créditos: Paula Korosue

 

Daniel Navarro é jornalista e conheceu o protagonista de O Capa-Branca enquanto assistia a um programa de TV com o tema “Sou esquisito e daí!”. Após entrar em contato com Walter Farias, recebeu os manuscritos que contavam um pouco de suas memórias no Juquery. Fluente em francês, inglês, espanhol e italiano, atualmente estuda russo e trabalhou como professor de idiomas, tradutor, intérprete. Atuou em diversos segmentos de assessoria de imprensa, como fitness, turismo, construção civil, limpeza urbana, marketing digital, gastronomia e mercado editorial.

Confira a entrevista concedida por Daniel Navarro ao portal (EN)Cena: http://bit.ly/1mRilNE

Foto: Acervo Pessoal

 

Walter Farias é ex-funcionário do Juquery e vive até hoje em Franco da Rocha com sua família. Pai de três filhas e um filho e avô de cinco netos, atualmente está aposentado. Já compôs mais de 400 canções, todas registradas. Seu repertório inclui diversos estilos, como samba, sertanejo, MPB, entre outros. Algumas de suas músicas já foram gravadas por cantores de Franco da Rocha, Caieiras e Jundiaí. Também se dedica a inventos. Um deles consiste em um sistema que impede caminhoneiros de dormirem ao volante.

Curta a Fanpage de O Capa-Branca no Facebook: http://on.fb.me/1nwq1BK

Entre em contato com o autor:

Daniel Navarro
danielnavarro@ig.com.br

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A Casa dos Esquecidos

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Passei um bom tempo procurando um título para poder falar do trabalho incrível da equipe de reportagem do Conexão Repórter (SBT) apresentada por Roberto Cabrini, no dia 24 de janeiro de 2013. No entanto, não podia achar título melhor do que o dado pela própria equipe: A casa dos esquecidos.

A reportagem me instigou a, mais uma vez, escrever sobre a nossa luta diária para o fechamento de locais como o hospital psiquiátrico mostrado na reportagem exibida pelo programa. Sabe-se que foi elaborado no dia 18 de maio de 1987, na I Conferência Nacional de Saúde Mental, um documento que propunha a reformulação do modelo assistencial em saúde mental, bem como a reorganização dos serviços de atendimento, destacando como melhor forma de tratamento o atendimento extra-hospitalar e as equipes multiprofissionais, com isso, iniciaram-se as discussões acerca dos direitos de cidadania, bem como de legislação, em relação ao doente mental (Saúde Mental, 2007).

Infelizmente, a forma tradicional, conhecida por muitos, de se “tratar” a loucura, é caracterizada principalmente pelo asilamento e exclusão.  Segundo Basaglia (1985), quando um sujeito portador de transtorno mental é internado em uma dessas instituições psiquiátricas, perde seus direitos e é submetido ao poder da instituição, fica, portanto, à mercê dos delegados da sociedade, conhecidos como “médicos”, que o afastou e o excluiu.  Este modelo de tratamento serviu como uma forma de controle social do Estado ao se tratar de trabalhadores que perdeu a capacidade produtiva (Grunpeter, Costa, Mustafá, 2007). Surge daí a principal critica a esse modelo de assistência, cuja representação surge por meio ético, tanto no aspecto profissional quanto ao resgate dos direitos humanos aos sujeitos mentalmente doentes, muitos destes, resultado de sua própria sociedade.

Para Basaglia (1985) a psiquiatria foi uma técnica altamente repressiva, que o Estado sempre usou para oprimir os pobres e doentes, aqueles que não produziriam mais lucros para a sociedade, fortalecendo assim, a ideia de que essa questão sempre esteve fortemente vinculada à lógica do capitalismo, se o sujeito não produz, ele não “serve”, e o que deve fazer é exclui-lo da sociedade, o modo de exclusão pouco importa, desde que ele não interfira no progresso do Estado.

Baseando-se nas terríveis formas de tratamento as quais os mentalmente doentes (rótulo usado para camuflar a ideia de que só quem produzia podia ser considerado saudável) foi que surgiu a luta pelas mudanças no modelo de assistência, cujo objetivo principal era a substituição do modelo asilar por uma rede de serviços territoriais (Grunpeter, Costa, Mustafá, 2007).

Acerca de um ano o programa Conexão Repórter havia recebido denuncias de que o Hospital Psiquiátrico Vera Cruz, de Sorocaba-SP, estava tratando seus internos sobre condições precárias e desumanas. Partindo disso, o programa realizou um documentário que mostrou os bastidores desse local caracterizado por abandono e violência.

Durante duas semanas um produtor do Conexão Repórter, disfarçou-se de funcionário do hospital para mostrar a realidade dos pacientes que por lá foram esquecidos. Algum tempo depois, Roberto Cabrini (apresentador), também visitou o local e entrevistou alguns dos pacientes, presenciando imagens fortes e inacreditáveis.

Possivelmente não conseguirei transcrever tão bem as sensações que me ocorreram durante a exibição da reportagem, tamanhas eram elas. De inicio é revoltante, falo não somente como profissional da saúde, porque antes disso sou um ser humano. Não há descrição melhor para os sentimentos do que: Negativos. Em nenhum momento se sente aquela “coisa” mágica chamada esperança, de que algo ali se transforme. Não por pessimismo, mas pelas condições dadas aqueles esquecidos. Se hora a revolta batia no peito, por outro lado a tristeza transbordava aos olhos.

Constantemente o repórter fazia a seguinte pergunta para os funcionários do hospital: “É normal esse tipo de tratamento?” “Você acha isso normal?”. A reposta, acreditem, foi a mais inacreditável de todas: “Sim, é normal”. Daí me surgiu uma dúvida: pesquisei no dicionário o conceito de Normal, pois até onde eu sabia o que ali era retratado não tinha nada de normal. Então, eis que achei: “De acordo com a norma, com a regra; comum”. Cheguei à conclusão de que para eles o normal havia se confundido com o comodismo, uma vez que não encontrei uma explicação melhor para a situação, estão tão acomodados e preocupados com suas próprias vidas que aquela situação precária e desumana havia se tornado normal aos seus olhos. O que é contraditório, já que para a própria sociedade normalidade é tudo aquilo que segue dentro da razão, ou que está de acordo com as normas e princípios regidos por ela. Bom, sendo assim, o que de razão tem essa forma de tratamento? Nenhuma, julgo eu.

Roberto Cabrini também exaltou o tipo de tratamento: “Como é possível que o ser humano se recupere nessas condições?” Simples, eles não se recuperam. Ao contrário, estão cada vez mais doentes, fracos e esquecidos.  Os pacientes vivem em estado de medo em consequência das constantes agressões (pacientes contra pacientes, funcionários contra pacientes), falta saúde, falta motivação, morrem de frio (literalmente, pois estão sempre nus e não têm sequer cobertor para que os protejam), não se alimentam adequadamente (se há comidas são indigeríveis). A falta de higienização agride a quem vive lá e aos que visitam o local. Só existe um único momento em que parece que as coisas vão se resolver, quando o hospital recebe a noticia da visita da fiscalização, digo “parece” porque é só isso mesmo, é só uma maquiagem que sairá facilmente com água após alguns dias. De acordo com o Ministério da Saúde, existem no Brasil 59 hospitais psiquiátricos públicos funcionando seguindo o modelo antigo de tratamento manicomial, e mais 160 credenciados pelo SUS, são aproximadamente 32.735 leitos nos hospitais públicos. Apesar dos avanços legislativos no que diz respeito ao campo da saúde mental, a cultura de violência e da violação dos Direitos Humanos ainda é marca constante nos hospitais em funcionamento, um deles é o Hospital Psiquiátrico de Vera Cruz, alvo de muitas denúncias sobre maus-tratos e descaso.

“É comum a fuga de pacientes”. O que se esperar de um local como este? Que os doentes aceitem ficar por lá? Sendo tratados como escravos (realizando tarefas perigosas e que não cabem a eles realizarem) e – com o perdão da palavra – como lixos? A fuga é consequência do tratamento que eles recebem, qualquer lugar seria melhor do que aquele em que vivem.

Confesso que assisti a reportagem duas vezes, e nas duas vezes a reação foi a mesma, diria até que na segunda vez fiquei ainda mais indignada com a situação daqueles pacientes. É, realmente, de cortar o coração.

Os funcionários que trabalham no hospital se recusavam a responder as perguntas feitas pelo repórter, mas mostravam o constrangimento e a decepção de se trabalhar num local como aquele. “Você traria seu pai para um lugar como este?” “Não, porque não é certo o tratamento que eles recebem”. Mas continuam mantendo-se calados diante de tamanha agressão aos direitos do próximo, continuam silenciando os fatos terríveis que acontecem dia após dia. Usam como “desculpa” que necessitam do trabalho e por isso não podem falar nada. É triste saber que os direitos de igualdade foram jogados para debaixo do tapete – ninguém viu, ninguém sabe -. Isso pesa mais ao saber que são pessoas que juraram cuidar do próximo e presar pela vida dos que mais precisavam. Juramentos em falso prejudicando mais de uma vida.

“Como é possível um ser humano ser tratado dessa forma?” Foi a última pergunta que o produtor, que passou duas semanas no hospital, se fez ao final do seu trabalho. E espero que seja essa a pergunta que as pessoas que tenham assistido ou que tenham acesso a esse texto se façam e revejam seus conceitos de cuidado e direitos iguais. Porque eu não saberia dizer se existe um único culpado para toda essa realidade, o que posso realmente dizer é que somos nós quem, ainda, pode fazer algo para que essa realidade seja transformada e que o modelo de assistência elaborado pela I Conferência Nacional de Saúde Mental seja cada vez mais valorizado e torne-se uma pratica constante.

Referências:

BASAGLIA, Franco. A instituição negada. Rio de Janeiro: Graal, 1985.

Conexão Repórter: A casa dos esquecidos. Disponível em:http://www.sbt.com.br/conexaoreporter/ Acesso em 25 de Jan. de 2013.

Dicionário Online de Português:  http://www.dicio.com.br/normal/

GRUNPETER, P. V, COSTA, T, C, R, MUSTAFÁ, M. A. M. O Movimento Da Luta Antimanicomial No Brasil E Os Direitos Humanos Dos Portadores De Transtornos Mentais. Anais do II Seminário Nacional Movimentos Sociais, Participação e Democracia. 25 a 27 de abril de 2007, UFSC, Florianópolis, Brasil.

Reforma Psiquiátrica. Disponível em; http://oglobo.globo.com/politica/dez-anos-apos-reforma-psiquiatrica-brasil-ainda-tem-instituicoes-publicas-funcionando-no-modelo-de-antigos-manicomios-2760053#ixzz2J0GfJ16r . Acesso em 25 de Jan. de 2013.

SAÚDE MENTAL. 18 de Maio: Dias de Lutas. Disponível em:http://saudementales.wordpress.com/. Acesso em 25 de jan. 2013.

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Novo mundo, novas formas!

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Há décadas, a dura realidade que se apresentava nas dependências frias e obscuras dos hospitais psiquiátricos configurava a forma como as coisas deveriam ser levadas por ali. De tão peculiar o ambiente sombrio poderia facilmente ser reconstruído, de forma perfeccionista, nas telas do cinema. Prédios altos, geralmente implantados em cenário triste, saguão inóspito com mobília antiga, funcionários e médicos rudes, além de uma administração ignorante e ausente. O tratamento era prático e rotineiro, sem muitas novidades. Aliás, quando eventualmente algum usuário surgia com novidade comportamental, aí sim, havia tratamento “especial”. Aparentemente, cidadania era algo que ficava do portão para trás. Do portão para dentro, forte enclausuramento.

Mas esse molde de concreto duro e impenetrável começa a perder a forma e a resistência. Talvez, o novo pensamento fosse uma tentativa de tratamento mais humano e individualista, onde fossem percebidas demandas e inquietações dos pacientes, bem como a resolução dos mesmos. Um dos passos mais importantes que se deu em direção a esse novo modelo foi a eliminação, de forma gradual, da internação do paciente e, conseqüentemente, buscar o fim da exclusão social desses indivíduos.

O lema agora passa a ser a integração do doente mental na comunidade a qual pertence. Claro que atenção psicossocial não foi ignorada. Pelo contrário. Ela constitui hoje uma rede forte e consolidada, composta de centros de atenção psicossocial (CAPS), cooperativas de trabalho protegido, centro de convivência e cultura assistida, dentre outras atividades. Se antes a falta de atenção era sintoma clássico, hoje doentes mentais, em sua maioria, recebem zelo e cuidado essenciais a sua integração e sobrevivência.

Hoje, tudo isso se configura em uma nova forma, nova fase, nova vida. Como exemplo, rememoro o que presenciei no dia 23 de outubro de 2011, data em que a população de Paraíso do Tocantins, cidade localizada a 60 km de Palmas, comemorou sua emancipação política, os usuários do CAPS integraram o enorme desfile de orgulho e cidadania que percorreu a avenida principal. Diante desse contexto, questiono: As práticas de exclusão social não pertencem mais ao novo mundo da pós-modernidade?

Acredito que conquista como esta representa apenas o começo. No desfile da vida, esse foi apenas mais um passo dado. Ainda é preciso percorrer outros caminhos. Faz-se necessário acompanhamento médico especializado na atenção primária, estrutura capaz de atender a todos de maneira justa e igualitária, ampliação dos mecanismos de inclusão social, dentre outros.

Mas isso é apenas um ponto de vista de um acadêmico de Jornalismo que acredita e anseia por mudanças.

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Bicho de Sete Cabeças - Rodrigo Santoro

Bicho de Sete Cabeças: os “chiqueiros psiquiátricos” de Austregésilo Carrano

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Laís Bodanzky, diretora do filme brasileiro “O Bicho de Sete Cabeças”, baseado no livro autobiográfico de Austregésilo Carrano Bueno, Cantos dos Malditos, problematiza aspectos sociais, culturais e econômicos da sociedade, assim como denuncia a realidade dos hospitais psiquiátricos brasileiros na década de 70, evidenciando a necessidade de uma reforma da assistência psiquiátrica.

No filme, o drama discorre sobre a vida de Neto, que é interpretado por Rodrigo Santoro, um jovem de dezessete anos, usuário de maconha, de classe social média baixa, sem uma boa relação familiar. A ideia da internação em um hospital psiquiátrico surge quando o pai encontra na roupa de Neto um “baseado”. O motivo da internação, por si, demonstra a falta de informação bem como a hipocrisia da sociedade diante das drogas, a ausência de diálogo no âmbito familiar, além da decisão precipitada do pai de internar o filho sem o consentimento deste.

Experiências vividas por Neto dentro da instituição, que vão desde o uso excessivo de remédios, falta de higiene, ausência de profissionais capacitados e principalmente interessados no tratamento dos pacientes, até o uso de eletrochoque, mostram a realidade manicomial brasileira da época. O hospital psiquiátrico apresentado no filme era baseado no modelo asilar, que exclui o paciente da sociedade e do seio da família.

Neto passou por essa situação sem compreender absolutamente nada, sendo reinserido à sociedade sem qualquer assistência pós-recuperação e quando algumas de suas faculdades mentais apontavam fragilidade – situação que levou a nova internação, desta vez, por solicitação do próprio Neto, já que lhe parecia que ele melhor se adaptava ao “universo dos loucos”. Ao mesmo tempo em que retrata os valores sociais que a reforma psiquiátrica buscou transformar em meio à sociedade, demonstrando o preconceito em relação aos diferentes, ou seja, pessoas que não se enquadram dentro daquilo que é o determinado pela coletividade, o filme aponta a total ausência do médico psiquiatra, que poucas vezes é presente no cotidiano do paciente.

O inspirador do filme, Austregésilo Carrano, foi um homem de uma personalidade fascinante e extremamente forte, que teve a coragem de denunciar, em seu livro, as arbitrariedades dos hospícios e dos “profissionais” que contribuíram para o seu sofrimento durante sua repressão asilar. Na sua obra descreveu as torturas a que foi submetido, como, por exemplo, as vinte e uma sessões de eletroconvulsoterapia, que lhe deixaram seqüelas tanto físicas quanto emocionais.

a época, Carrano ficou três anos e meio sendo transferido de um hospital para outro, recebendo altas doses de drogas terapêuticas, sem ao menos receber um diagnótisco. As atrocidades foram muitas, até o dia em que resolveu atear fogo na própria cela, ato que foi decisivo para os pais o acolherem novamente. Após conseguir se restabelecer na sociedade, Carrano tornou-se um homem de grandes feitos. Foi militante do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, designou os hospitais psiquiátricos como “Chiqueiros Psiquiátricos” e se tornou a primeira pessoa no Brasil a mover uma ação indenizatória contra um psiquiatra, por erro de diagnóstico. Porém, Carrano, foi condenado a pagar indenização a seus médicos e às suas famílias, pelo fato de os mesmos serem citados e criticados em seu livro.

Além disso, Carrano teve sua obra cassada e proibida de circular entre os anos de 2002 e 2004, quando o livro voltou a circular – fato que fez de Canto dos Malditos a primeira obra censurada após a ditadura. “Bicho de Sete Cabeças” foi aclamado por inúmeros prêmios, como o Prêmio Qualidade Brasil, o Grande Prêmio Cinema Brasil, e foi o filme mais premiado do Festival de Brasília e do Festival de Recife, entre outros. Austregésilo morreu, no dia 27 de maio de 2008, aos 51 anos, em razão de uma infecção generalizada resultante de um câncer no fígado.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

BICHO DE SETE CABEÇAS

Direção: Laís Bodanzky
Roteiro: Luís Bolognesi
Elenco: Rodrigo Santoro, Othon Bastos, Cássia Kiss, Caco Ciocler, Gero Camilo;
País: Brasil
Ano:
2000
Gênero: Drama

Nota: o texto é resultado de uma atividade da disciplina de Psiquiatria do curso de Medicina do ITPAC – Porto.

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