Don Diego Armando Maradona, um gigante entre os gigantes

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É fato que o futebol mundial teve e sempre terá muitos ídolos. Mas os genuínos astros do esporte, aqueles personagens que surgem como joias raras, e que possuem a capacidade ímpar de revolucionar o esporte tornando-se deuses, estes, são verdadeiramente escassos.

Diego Armando Maradona é uma destas joias raras que aparecerem uma vez em décadas. Um craque que possuía talento invejável na condução da bola, aliado a sua força física, velocidade estupenda e domínio impressionante da posse da pelota.

Argentino de nascimento, Maradona é reconhecido e cultuado pelo mundo como um dos maiores talentos da história do futebol. Uma de suas principais características e maiores virtudes era a garra, a fibra com que entrava em campo. Pode-se dizer que é a personificação perfeita do mais alto padrão de estilo de jogo argentino.

Maradona possui uma trajetória um tanto quanto messiânica em sua vida profissional e pessoal, e em função disto acabou por tornar-se não apenas um jogador de destaque, mas um dos ícones argentinos de todos os tempos, comparado em popularidade com figuras históricas como Eva Peron e Carlos Gardel. Como um herói de revistas em quadrinhos vagava do fundo do poço ao céu, numa vida repleta de altos e baixos.

Maradona nasceu em 30 de outubro de 1960, e fora revelado ao futebol pela Asociación Atlética Argentinos Juniors, equipe pequena, porém tradicional da capital Buenos Aires. Conta a história que seu talento quando criança era tão impressionante que pessoas vinham vê-lo jogar das mais variadas partes do subúrbio de onde morava.

Pela projeção que deu aos Argentinos foi rapidamente sondado pelo Boca Juniors, uma das mais tradicionais equipes da Argentina e do futebol mundial, e mais: seu time de coração, o qual defenderia por muitos anos. O Argentinos Juniors mais tarde, em reconhecimento ao grande craque, acabou por renomear seu estádio para Diego Armando Maradona.

Aliado as habilidades futebolísticas incríveis do jogador e a “passion” com que atuava, o futebol de Maradona foi se potencializando o que o levou a performances cada vez mais destacadas.

Aos 17 anos de idade Maradona já era convocado pela primeira vez para a seleção nacional de futebol e, nesta época, sua fama já se espalhava para além das fronteiras argentinas. Atuou dentro das quatro linhas como meio campista e atacante, na formação das jogadas e conclusões ao gol. Maradona possuía aptidão técnica espantosa, sendo um atleta muito diferenciado frente aos demais de sua época.

Quando apareceu para o futebol a Argentina vivia um momento especial no que se refere ao esporte, sagrando-se inclusive campeã mundial na Copa de 1978. Nesta oportunidade, o técnico da equipe era César Luis Menotti que não convocou “El Pibe de Oro” (O garoto de ouro) para o evento. Maradona viria a revelar depois que esta foi uma das maiores decepções de sua vida, uma vez que já brilhava como atleta apesar da precoce idade.

Talvez a principal característica de Maradona, aquilo que o diferenciou de fato dos demais, foi a sua incrível capacidade de arrancada aliado ao domínio de bola. Era como se a bola colasse em seus pés, assim ele poderia deferir velocidade espantosa para atacar os adversários.

Foi por várias oportunidades artilheiro de competições disputadas pelos clubes por onde passou, finalizando sua carreira com 365 gols apurados oficialmente.

O apogeu da carreira de Maradona ocorreu no ano de 1986. O jogador viria a se tornar a partir daí um dos imortais do futebol. Levou a seleção argentina à conquista do campeonato mundial do México. O contexto social e político na época eram conturbados para o país, que acabara de sair de uma guerra com a Inglaterra pela disputa da soberania do arquipélago das ilhas Malvinas, chamadas de Falklands pelos ingleses. Na ocasião houve cerca de 1.000 baixas militares, sendo dois terços deste montante de mortes argentinas (fonte:http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-foi-a-guerra-das-malvinas). A partida de maior destaque deste mundial não poderia ser outra senão justamente contra a seleção inglesa, e esta ocorreu durante as quartas de final da competição.

Após a Guerra das Malvinas esta seria a primeira oportunidade onde os rivais se enfrentariam dentro de campo. Foi então que Maradona protagonizou alguns dos momentos mais lembrados da história do esporte. Primeiro viria a marcar um gol com a mão, encobrindo o arqueiro Peter Shilton. Com o punho esquerdo cerrado alcançou altura acima do goleiro inglês, levando a bola ao fundo das redes. Este tento ficou conhecido como “La mano de Dios”, após Maradona declarar ao fim da partida que “Lo marqué un poco con la cabeza y un poco con la mano de Dios”. Aconteceria depois, então, um outro momento memorável do esporte, o segundo gol da seleção argentina, o qual recebeu a alcunha de “O gol do século”. Foi realmente eleito o gol mais bonito da história das Copas do Mundo. Maradona encarou uma fila de marcadores ingleses e foi deixando um a um os adversários para trás, com dribles curtos e rápidos, adentrou então à área e chutou para o fundo das redes defendidas por Shilton.

A Inglaterra ainda faria um gol, mas a vitória estaria assegurada e a Argentina passaria à próxima fase da competição.

A Argentina avançou após isto pela Bélgica e chegou a grande final contra a Alemanha Ocidental. A partida final foi também uma das mais memoráveis da história das Copas. A Argentina saiu ganhando por dois a zero, mas permitiu o empate no final do jogo. Foi então que Maradona serviu o companheiro Burruchaga que fez o terceiro gol argentino dando o título para a equipe.

O jogador foi laureado com o título de melhor jogador do mundo, honraria que receberia ainda em outra oportunidade por revistas especializadas. A FIFA criou o prêmio de melhor jogador do mundo somente em 1991.

Em clubes, foi pela Società Sportiva Calcio Napoli, da Itália, clube intermediário, sem grandes expressões no futebol italiano, que Maradona atingiria seu melhor momento. Maradona foi transferido para este clube após uma passagem com muitos altos e baixos pelo Barcelona. No Barça, Maradona chegou com grande expectativa na maior transação financeira do futebol até então. Porém, teve dificuldades de adaptação ao estrangeiro, além de sofrer lesões que lhe custaram períodos fora dos gramados e de se envolver em brigas dentro e fora de campo, as quais lhe renderem suspensões por tempos consideráveis. Apesar disso, a passagem de Maradona pelo clube catalão é lembrada pelos espanhóis, sendo que vestimentas e vídeos com gols do jogador são expostos no museu no clube, localizado nas dependências do estádio Camp Nou.

Maradona é, e sempre será lembrado no Napoli como um deus. A importância do atleta foi tamanha para a equipe, que o clube passou a ser uma das equipes mais importantes e famosas do planeta em sua época. Conduziu a equipe do Napoli ao título de dois campeonatos italianos e a conquista da Copa dos Campeões da UEFA, a Champions League no ano de 1989.

Para exemplificar a dimensão da popularidade de Maradona nesta época recorda-sea Copa de 1990, realizada na Itália. Maradona jogava então pelo Napoli e o jogador argentino, para a ira dos dirigentes italianos, chegou a fazer um apelo a população local para que torcessem pela Argentina e não para a Itália naquele mundial.

A repercussão do pedido tomou proporções mundiais, sendo alvo de críticas ferrenhas de boa parte da população italiana.

Por uma incrível ironia do destino a Argentina viria a enfrentar a Itália naquela copa na cidade de Nápoles! Após fazer uma primeira fase da competição medíocre, perdendo no jogo de estreia para a equipe de Camarões, classificou-se como melhor terceira colocada (pelas regras da competição na época).

Na segunda fase eliminou o Brasil, equipe que tinha até então 100% de aproveitamento na competição. O gol da desclassificação brasileira saiu com jogada de Maradona, que deixou Cláudio Caniggia livre para tirar a bola do alcance de Taffarel e, mandar para as redes brasileiras.

O jogo semi-final, contra a Itália foi decidido nos pênaltis, resultando com classificação da Argentina para a grande decisão. Maradona foi o principal jogador de uma equipe nacional de qualidade contestável, mas que ainda assim chegou ao vice-campeonato mundial perdendo o jogo final para a Alemanha, com um gol de pênalti numa marcação duvidosa.

A fama de Maradona vai muito além dos domínios das quatro linhas. Jogador polêmico envolveu-se em diversos escândalos públicos principalmente por problemas com uso de substâncias entorpecentes, em especial a cocaína. Este foi seu maior adversário em vida. Foi suspenso do futebol por períodos longos de tempo, após ser pego em exames antidoping, que acusaram uso da substância. No início da década de 90 tornam-se públicos seus problemas com o vício.

Amigo de figuras controversas como Hugo Chavez e Fidel Castro, Maradona procurou tratamento médico em Cuba no intuito de se livrar da dependência química.Em sua vida pessoal Maradona teve ainda dois filhos fora do casamento, os quais não reconheceu como seus. Chegou a declarar publicamente “Minhas filhas legítimas são Dalma e Gianina. Os outros são filhos do dinheiro ou do erro”. Esta figura carismática e controversa acumulou um histórico de brigas e acusações contra a FIFA e imprensa em geral. Chegou a atirar em um jornalista que fazia vigília em frente a sua casa, após um episódio de recaída do argentino em sua luta contra as drogas. Maradona literalmente quase morreu em várias oportunidades por problemas de overdoses.

Maradona foi eleito em 2002, pela FIFA, como o melhor jogador do século por votação na Internet. Na ocasião retirou-se da festa para não ter que cruzar com seu eterno desafeto, Pelé.

Dieguito recuperou-se das drogas e problemas de sobrepeso e, atacou ainda como apresentador na televisão argentina, no comando do programa de entrevistas e reportagens “La Noche Del Diez”. Seu primeiro convidado foi justamente o rival Pelé. Durante a atração Pelé e Maradona conversaram amistosamente sobre coisas ligadas ao futebol e sobre seus problemas com drogas, no caso de Pelé sobre seu filho Edinho, o qual foi preso por tráfico de drogas. Ao final trocaram passes de cabeça e cantaram juntos. Maradona receberia ainda no programa seu amigo Fidel Castro e outros ícones televisivos como Xuxa, e ídolos do esporte como Mike Tyson.

Após abandonar os gramados, viria a se tornar tempos mais tarde treinador de futebol, classificando a seleção nacional de seu país para a Copa do Mundo de 2010 disputada na África do Sul. A vaga foi obtida com dificuldades, com derrotas históricas para a Colômbia e Bolívia, e Maradona seria criticado pela forma como escalaria o time e treinava os atletas. A vaga foi conquistada em jogo derradeiro contra o Uruguai em pleno Estádio Centenário, na capital Montevideo.

Durante a Copa da África do Sul Maradona comandou a equipe que fez uma boa primeira fase, mas foi eliminado nas quartas de final com derrota incontestável para uma forte seleção da Alemanha por quatro gols a zero. Após a derrota Maradona foi demitido do cargo.

A saída de Maradona das atuações no gramado significou um vazio muito grande na história do futebol mundial e ainda mais na história do futebol argentino. Este ícone do esporte bailava em campo como um apaixonado pelo futebol como se dançasse um tango dramático, escrito por Gardel.

Em tempos onde se vive uma escassez de craques amantes do esporte, e aonde o dinheiro vem falando mais alto a cada dia, a saudade do futebol espetáculo, como o protagonizado por Maradona, fica cada vez mais latente. Sua perna esquerda será eternamente lembrada pelos lançamentos certeiros, dribles rápidos e chutes poderosos.

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mané guarrincha

Garrincha: o “anjo de pernas tortas”

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Nascido em 28 de outubro de 1933, Manoel Francisco dos Santos – o popular Mané Garrincha – é um dos principais nomes do “panteão dos grandes” do futebol mundial, reconhecido em todas as esferas históricas da Fifa (a polêmica e toda poderosa congregação mundial do futebol com sede na Suíça) como um atleta controverso, mas extremamente talentoso cuja atuação extrapolou os limites do futebol e acabou por marcar, inclusive, o imaginário de gerações de amantes do esporte.

Fotos: Foto-net/Fifa.com

A exemplo de outros grandes nomes em diferentes áreas de atuação, e em decorrência de um estilo de vida que desafia qualquer limite – afinal, quão difícil deve ser para um gênio suportar a contingência da vida –, Garrincha morreu jovem, com apenas 49 anos em janeiro de 1983. Em menos de 5 décadas, no entanto, suscitou as mais espantosas reações em todas as partes do globo. “Afinal, de que planeta ele veio”, teria questionado um jornalista chileno, sobre as habilidades do jogador.

Garrincha imprimia em campo algumas de suas características mais marcantes, como a imprevisibilidade, a agilidade, a velocidade e “uma inteireza de presença” que o tornava famoso não apenas no gramado, mas também entre integrantes da torcida feminina. E foi com este perfil que Mané Garrincha ajudou o país a conquistar dois campeonatos mundiais, o de 1958 (Suécia) e de 1962 (Chile). “Se, para os brasileiros, Pelé é o jogador tecnicamente perfeito, Garrincha será lembrado para sempre como o atrevimento em pessoa”, lembra a Fifa, no perfil dedicado ao ídolo. “Ousado, alegre e divertido, o ponta-direita arrancou sorrisos de milhares de torcedores em todas as suas atuações”, complementa.

Infância

Garrincha nasceu de família humilde em Magé, região metropolitana do Rio de Janeiro. Recebeu este apelido em decorrência de uma espécie de passarinho – de mesmo nome – que havia em grande quantidade naquelas plagas.

Desde pequeno se interessava pelo futebol, mas além de enfrentar as limitações financeiras também teve de “encarar” outro grande desafio, um problema físico. Com a perna esquerda seis centímetros mais curta que a direita, “nas visitas aos médicos, era sempre aconselhado a esquecer das ‘peladas’”. Por ironia do destino – ou por avidez e perspicácia do futuro jogador – foi justamente esta característica que o fez ter uma atuação originalíssima, responsável por encantar multidões.

As pessoas que conheceram o Garrincha menino não poderiam acreditar que aquele “moleque magro, manco, com os pés curvados e a coluna torta” poderia ter alguma chance nos clubes profissionais de futebol. E foram muitos os times que não se interessaram pelo craque, de cara por considerar que seu problema físico seria um empecilho irremediável. Até que, em 1953, por recomendação de um grande nome do futebol à época – Nilton Santos –, finalmente Garrincha é contratado pelo Botafogo, e num dos primeiros treinos provou que não estava para brincadeira ao humilhar o próprio Nilton Santos “com os seus dribles que mais pareciam números de mágica”.

E foi no Botafogo que “o ponta exibiu todo o seu repertório contra os defensores adversários e cansou de enganá-los com as suas arrancadas imprevisíveis”. O resultado foi imediato e a torcida logo se rendeu ao talento de Mané Garrincha, que também passou a ser conhecido como “A Alegria do Povo”.

Sucesso

Da atuação no time carioca para a defesa do país pela Seleção Brasileira o percurso de Garrincha foi rápido. Em 1955 o jogador disputa seu primeiro jogo, num duelo de Copa do Mundo contra o Chile que terminou em empate de 1 a 1. “Ao todo, com a camisa canarinha, foram 60 partidas e 17 gols. Apenas cinco anos depois de estrear na primeira divisão do Rio, ele se tornou campeão mundial na Suécia 1958”, lembra a Fifa.

Foi na Seleção que Garrincha passou a ser mundialmente conhecido ao compor um ataque que para muitos ainda é considerado como a melhor formação que os canarinhos já apresentaram. Na Copa da Suécia e ao lado de Didi, Vavá, Zagallo e Pelé (naquela época, com apenas 17 anos), Garrincha e a equipe brasileira pareciam imbatíveis. A equipe brasileira tornou-se, então, “a primeira campeã fora do seu continente a levantar a taça de forma invicta”.

Quatro anos depois, no Chile (1962), Garrincha conseguiu “espantar” o mundo com seus dribles excepcionais. A repercussão mundial das facetas do ídolo recebeu a ajuda da nascente e crescente transmissão pela TV. A atuação brilhante no Chile e a “conquista do bicampeonato mundial engrandeceram ainda mais a carreira do atacante do Botafogo no Brasil, onde muitas pessoas o consideram o segundo melhor jogador da história do país”, lembra a Fifa.

Garrincha ainda jogaria na Copa da Inglaterra, em 1966, sua última participação em uma Copa. Mas a campanha brasileira, sob a batuta do técnico Vicente Feola, foi uma das mais desastrosas. O país é eliminado já na primeira fase por duas seleções europeias, a de Portugal e da Hungria. O torneio parecia ser um prelúdio para o que viria ocorrer na própria vida do craque Mané Garrincha.

Decadência

Apesar de ter superado suas limitações físicas e de ter se tornado um dos maiores dribladores do mundo, com uma destreza inconfundível, no final dos anos 60 e toda a década de 70 Garrincha “se perdeu em uma vida tumultuada e cheia de vícios”. O “anjo de pernas tortas” – denominação que recebeu de Vinícius de Moraes – perdia a guerra para o consumo de álcool. “Apesar da incrível habilidade nos gramados, ele não conseguiu driblar o seu notório alcoolismo e o persistente gosto pela vida boêmia, que impediram um final à altura da sua brilhante carreira”, lembra a Fifa.

Esquecido e “judiado” por uma cirrose decorrente dos excessos, Mané Garrincha morre em 20 de janeiro de 1983. “O seu corpo foi velado no Maracanã, onde milhares de torcedores lhe deram o último adeus. Beijado por muitos, o seu caixão estava coberto pela bandeira do Botafogo”. Se estivesse vivo, contaria com 81 anos. Provavelmente estaria orgulhoso tanto dos cinco títulos conquistados pelo Brasil, quanto pelo país ser o centro do global do futebol ao realizar a 20ª. Copa do Mundo da Fifa. Na memória dos brasileiros, fica o registro de um atleta que, antes de tudo e para o bem ou para o mal, impingia garra e paixão em suas atitudes.

O anjo de pernas tortas – Vinicius de Moraes (1962)

A um passe de Didi, Garrincha avança

Colado o couro aos pés, o olhar atento

Dribla um, dribla dois, depois descansa

Como a medir o lance do momento.

Vem-lhe o pressentimento; ele se lança

Mais rápido que o próprio pensamento,

Dribla mais um, mais dois; a bola trança

Feliz, entre seus pés – um pé de vento!

Num só transporte, a multidão contrita

Em ato de morte se levanta e grita

Seu uníssono canto de esperança.

Garrincha, o anjo, escuta e atende: Gooooool!

É pura imagem: um G que chuta um O

Dentro da meta, um L. É pura dança!

Marcos Vinicius da Cruz e Mello Moraes, ou Vinicius de Moraes (Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913 – Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980)

Carreira como jogador

Conquistas pela seleção

– 50 partidas pelo Brasil, com 12 gols

– Copa do Mundo da FIFA Suécia 1958, campeão

– Copa do Mundo da FIFA Chile 1962, campeão

– Copa do Mundo da FIFA Chile 1962, melhor jogador e artilheiro (quatro gols)

– Copa do Mundo da FIFA Inglaterra 1966, primeira fase

Clubes

– 1953 – 1966: Botafogo

– 1966 – 1967: Corinthians

– 1967 – 1968: Barranquilla (Colômbia)

– 1968 – 1969: Flamengo

– 1969 – 1971: Red Star (França)

– 1972 – 1973: Olaria

Conquistas pelos clubes

– Campeão carioca em 1957, 1961 e 1962

Referências:

Garrincha: Era mais do que apenas um (conteúdo da Fifa)– Disponível emhttp://pt.fifa.com/classicfootball/players/player=63868/ – acessado em 13/06/2014 .

Garrincha – biografia do UOL. Disponível emhttp://educacao.uol.com.br/biografias/garrincha.jhtm – Acessado em 14/06/2014.

O Anjo de pernas tortas. Disponível em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/06/16/o-anjo-de-pernas-tortas-vinicius-de-moraes-298906.asp  – acessado em 14/06/2014.

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Pelé: o jogador

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encena em campo

Falar de Pelé sem cair em clichês como “Rei do Futebol”, ou “Atleta do Século”, não é tarefa fácil. E não é tarefa fácil porque dentro das quatro linhas Pelé foi simplesmente “O Cara”. Era de fato um verdadeiro atleta, na exata concepção da palavra.

Sua capacidade técnica, física, tática e psicológica, características estas que formam as verdadeiras sumidades do esporte, eram e ainda hoje são elogiadas pelos conhecedores e especialistas do futebol ao redor do mundo.

Basta ver algumas declarações de colegas de profissão:

“O maior jogador de futebol do mundo foi Di Stefano. Eu me recuso a classificar Pelé como jogador. Ele está acima de tudo.” – Ferenc Puskas, craque da Hungria e do Real Madrid na década de 50.

“Subimos juntos, fora do tempo, para cabecear uma bola. Eu era mais alto e tinha mais impulsão. Quando desci ao chão, olhei pra cima, perplexo. Pelé ainda estava lá, no alto, cabeceando a bola. Parecia que podia ficar no ar o tempo que quisesse.” – Fachetti, zagueiro italiano na Copa do México, em 70.

“Jogava com grande objetividade. Seu futebol não admitia excessos, enfeites nem faltas. Ele quase não fazia embaixadas, não driblava para os lados, mas sempre em direção ao gol. Quando tentavam derrubá-lo, não caía, devido à sua estupenda massa muscular e equilíbrio.” – Tostão, companheiro de ataque na Copa de 1970.

Fonte: Revista Placar.

Pelé tinha velocidade de Hermes, preparo físico invejável, capacidade pulmonar muito acima da média, era “A Fera” em todos os fundamentos do esporte. O passe, o chute, o drible, a cabeçada, a matada no peito, habilidades na condução da pelota, visão de jogo, enfim, tinha inteligência futebolística e atributos fora do comum.

Todas estas qualidades fizeram de Pelé um dos futebolistas, senão, “o futebolista”, mais famoso de todos os tempos. A popularidade que Pelé atingiu limites incomparáveis em sua época.

Pelé nasceu Edson Arantes do Nascimento. É natural de Três Corações, cidade de porte médio, ao sul de Minas Gerais, em 23 de outubro de 1940, conforme informações de seu site oficial. Poderia ter iniciado sua carreira no Atlético Mineiro, ou no Cruzeiro, mas o destino quis que ele surgisse como profissional no Santos Futebol Clube. O motivo: ele mudou-se com sua família para Bauru, em São Paulo.

Começou então a jogar em times infantis e juvenis locais, sendo sempre precoce em relação aos companheiros, e de lá o passo seguinte foi ingressar no Peixe, o glorioso alvinegro praiano. Pelé simplesmente imortalizou o Santos Futebol Clube. Logicamente existiam outros craques no elenco, mas nenhum deles com a capacidade de Pelé. “Criou”, com suas jogadas magníficas gerações de santistas. Muitos são aqueles que torcem pelo Santos por causa do Pelé. Aliás, todo mundo conhece alguém que torce pelo Santos por causa do Pelé.

Diz a história oficial, que fora descoberto por outro craque, Waldemar de Brito. Pelé iniciou sua carreira de profissional muito novo, apenas aos 15 anos, fato que por si já demonstra sua genialidade. Com 16 foi escalado para a Seleção Brasileira. Como se não bastasse, aos 17 já estava disputando uma final de Copa do Mundo, e não apenas disputando, estava vencendo sua primeira Copa do Mundo fazendo gol de placa numa final com direito a chapéu em zagueiro sueco.

Aliás, “gol de placa” surgiu por conta de um de seus maravilhosos gols. Conta a história que ao fazer um gol passando aos dribles magníficos por uma fila de jogadores do time adversário, o narrador da partida teria dito de forma eufórica que o gol havia sido tão lindo que mereceria uma placa para seu registro. A placa de fato foi feita, encontra-se no Maracanã até hoje, e a partir dali, os gols majestosos são apelidados de “gol de placa”. Várias e várias vezes foi artilheiro de campeonatos nacionais e internacionais. Projetou o alvinegro praiano mundialmente.

Pelé jogou em apenas dois clubes em sua carreira, coisa difícil de se ver hoje em dia no futebol. Jogou no Santos Futebol Clube e, retornou após sua primeira tentativa de aposentadoria para jogar no New York Cosmos dos Estados Unidos da América.

As estatísticas de Pelé não deixam dúvida que ele foi e sempre será um dos maiores atletas de todos os tempos. Não somente um dos maiores futebolistas, mas um dos maiores atletas. Pelé é o maior artilheiro de todos os tempos da seleção brasileira. Ao todo foram 95 gols. É o único jogador de futebol da história a conquistar três Copas do Mundo (1958, 1962 e 1970). Pelé fez quase 1.300 gols em sua carreira, marca incrível, com uma média de aproximadamente 0,93 gols por partida.

São de Pelé os títulos de Atleta do Século de todos os esportes pelo jornal L’Equipe, e “Atleta do Século” pelo Comitê Olímpico Internacional (informação do site oficial de Pelé), e de “Jogador de Futebol do Século XX” pela FIFA. Pelé foi e ainda é cultuado por muitos como herói, por seus feitos ao futebol.

Uma das histórias mais conhecidas e notáveis da história de Pelé refere-se a sua passagem pela África no final da década de 60. Naquela época, o Santos Futebol Clube fazia uma série de amistosos pelo mundo e em plena guerra Congo Belva houve uma trégua entre os rivais para que Santos de Pelé pudesse transitar e jogar dois amistosos no país africano. O episódio ficou marcado como o momento em que “Pelé parou a guerra”.

Houve outra oportunidade, menos importante do ponto de vistahistórico político, mas não menos interessante e até engraçada, quando um juiz foi expulso de campo por causa de Pelé. Ocorre que o referido juiz aplicou cartão vermelho em Pelé, mas todos no campo (era um jogo amistoso) foram ao jogo para ver o rei. Resultado: Pelé voltou aos gramados e o juiz foi substituído para que pudesse ser dada continuidade à partida.

O esporte desde a sua aposentadoria evoluiu muito. Evolui não no sentido de melhora, mas no sentido de adaptação. Como se fosse um darwinismo futebolístico… Logicamente não se deve cometer o pecado da comparação de jogadores atuais com os de outras épocas. Seria injusto, pois os recursos são outros, o momento é outro, todo o contexto é diferente. Mas mesmo cometendo este sacrilégio da comparação, e observando as suas jogadas mais famosas, como, por exemplo, “o gol que Pelé não fez”, lance protagonizado na final da Copa do Mundo de 1970 vencida pelo Brasil, pode-se com certeza dizer que Pelé tem espaço em qualquer time de qualquer época. Sobre este lance em especial foram realizadas análises técnicas profundas, que culminaram inclusive em livros técnicos sobre o assunto.

Pelé teve sua despedida definitiva como atleta em 1977 em partida disputada entre New York Cosmos e Santos Futebol Clube. A festa teve participação do mundialmente famoso boxeador Muhammad Ali. O jogo se deu nos Estados Unidos da América, sendo que Pelé, na oportunidade, jogou um tempo por cada time, marcando1 dos 2 gols do New York Cosmos, que venceu a partida pelo placar de 2 tentos a 1.

Anteriormente Pelé havia anunciado uma primeira despedida, em terras brasileiras, quando ainda jogava pelo Santos. Foi no ano de 1974, mas retornou aos gramados em campos americanos e fez lá contribuição semelhante ao que Zico fez ao Japão na década de 90.

Se dentro das quatro linhas Pelé é uma unanimidade, fora dos gramados sua conduta já foi por vezes contestada. Após aaposentadoria Pelé teve atuação na música, uma de suas paixões, no cinema, atuando no filme “Fuga para a Vitória”, o qual teve no elenco o ator americano Sylvester Stallone, e ainda participação em telenovela na TV aberta brasileira. Envolveu-se algumas vezes em sua vida pessoal em situações que repercutiram em certo escândalo público, como por exemplo, quando namorou a apresentadora Xuxa, e principalmente no episódio da prisão de seu filho, o também jogador de futebol Edinho, que atuava como goleirodo Santos Futebol Clube, por envolvimento com tráfico de drogas.

É justo dizer que Pelé tem certo reconhecimento por suas realizações fora de campo, destacando-se em ações de cunho filantrópico. Na marca de seu milésimo gol Pelé se atirou às redes, pegou a gol em mãos, beijou-a e disse a seguinte frase:

“Neste momento afirmo que devo tudo ao povo brasileiro. E faço um apelo para que nunca se esqueçam das crianças pobres, dos necessitados e das casas de caridade!”.

Ainda assim, a frase soou para alguns na época como demagogia.

Pelé foi ainda Ministro dos Esportes entre os anos de 1995 e 1998 sendo sua maior contribuição no período a criação da chamada “Lei Pelé”, a Lei n° 9615 de 24 de março de 1998, a qual dentre outras situações determinou a obrigatoriedade da transformação dos clubes em empresas.

Desde sua aposentadoria Pelé vem se dedicando principalmente a causas ligadas ao futebol, sendo embaixador mundial do esporte pela FIFA.

Foi por vezes acolhidopor diversos chefes de estado tendo inclusive recebido prêmio por seus feitos em carreira das mãos do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, além de ser recebido na Casa Branca pelo presidente Ronald Reagan e laureado com medalha de honra do império britânico pela Rainha Elizabeth II, sendo o único brasileiro a receber tal condecoração.

A mais recente honraria recebida foi o prêmio FIFA Ballon d’Or em 2014.

Em tempos de Copa do Mundo Pelé não se envolveu tão a fundo no evento como outros ex-atletas, seja na organização, a exemplo de Ronaldo Nazário, ou mesmo sendo um crítico do evento, como o caso do baixinho agora deputado Romário.

Talvez o rei, como a maioria de nós, esteja um tanto quanto decepcionado com aquilo em que se transformou este evento tão grandioso. As promessas de melhorias pelo Brasil afora em nada se concretizaram, sendo que até mesmo alguns estádios, faltando um mês para a Copa, não se encontram prontos.

Os gastos astronômicos com as arenas poderiam ser utilizados para resolverem muitos dos problemas de infraestrutura de que a nação tanto precisa. Somente o que foi gasto no Estádio Nacional de Brasília, o popular Mané Garrincha, daria para se ter construído cerca de 150 mil casas populares segundo informações passadas pela Assessoria de Imprensa do ex-jogador Romário.Isto sem comentar o fato de que vários estádios, como o próprio Mané Garrincha, assim como a Arena da Amazônia e outros tantos, muito possivelmente virarão grandes elefantes brancos por não se ter tradição futebolística nestas regiões.

Estes fatos acabam por tirar em muito o brilho da Copa.

O próprio Pelé em entrevista a revista Lance citou a questão dos estádios “superfaturados”, mas, segundo site da revista, pediu que eventuais manifestações acontecessem somente após a Copa, para fins de não estragar a festa. Pelé foi bastante criticado por isso, recebendo o que a revista Exame chamou de “vaia virtual”, onde milhares de pessoas nas redes sociais, responderam às declarações recordando uma fase dita por Romário em 2005: “Pelé calado é um poeta”.

Mas enfim, esta é outra história…

O fato é que Pelé, dentro do palco verde, deixou sua marca indelével na história do futebol. As frases de Armando Nogueira ilustram bem o que representou a carreira do rei:

“Se Pelé não tivesse nascido homem, teria nascido bola.“.

“Até a bola do jogo pedia autógrafo a Pelé.”.

Armando Nogueira.

Podemos até esperar que surja algum jogador parecido, mas igual ao rei, este seria um anseio inalcançável.

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