Um estudo realizado pela Universidade do Estado do Rio (UERJ) mostrou que os casos de ansiedade e estresse mais do que dobraram e os de depressão tiveram um crescimento de 90% durante a pandemia. Com esses dados, vemos que os transtornos mentais estão aumentando e que, mesmo após a pandemia, os números devem continuar crescendo.
Na ansiedade causada por doença, o indivíduo está sempre preocupado de ter ou adquirir alguma doença. Alguns sintomas envolvem a “hiper vigilância”, podendo acompanhar falta de ar, palpitação, agitação entre outros. Na depressão, os sintomas são uma sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimento de culpa. O estresse agudo ocorre juntamente com reações emocionais, fisiológicas e mudanças de pensamento, em razão da vivência de um trauma. Os sintomas são as lembranças angustiantes e recorrentes do trauma, sofrimento, evitação de qualquer situação que relembre o trauma, crenças negativas sobre si e sobre o mundo entre outros.
Para amenizar ambos transtornos, há algumas técnicas de redução de ansiedade que podem ajudar, como, por exemplo, a meditação, exercícios de respiração, exercícios físicos e o próprio contato social para expor os sentimentos e falar sobre isso. Em casos mais graves, são necessários o atendimento e o acompanhamento psicológico.
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Com a pandemia, o isolamento social e o aumento das incertezas são alguns fatores que consideramos de ‘risco’ para o surgimento de alguns problemas mentais. As pessoas que já possuíam algum transtorno de ansiedade ou depressão estão mais vulneráveis em relação às pessoas que não tinham essas questões de ordem mental, anteriormente. Também são vulneráveis aqueles que já tinham baixa autoestima, crença de incapacidade e que não viam mais sentido na vida, e que ainda estão sozinhas durante esse período, sem poder ver os amigos. Essas pessoas ficam sem saber o que vai ou pode acontecer com elas.
De acordo com algumas pesquisas, as mulheres podem ser, sim, mais vulneráveis aos transtornos ligados ao estresse. Isso acontece até por conta da questão hormonal, que influencia no humor. Mas também não devemos esquecer que tem a questão da cobrança. Até hoje a sociedade cobra muito o ‘papel’ da mulher, a imagem dela. E com a pandemia, ela fica sobrecarregada com o acúmulo de papeis.
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Anteriormente, a cobrança vinha da parte sexual. Hoje, ela é cobrada para ser a mãe perfeita, tem que dar conta do trabalho de maneira impecável e ser boa esposa. Quando ela não atinge as expectativas sobre alguns desses papeis, ela acaba se sentindo frustrada, ansiosa e culpada.
Quando vivenciamos uma situação, como a pandemia, em que a nossa possibilidade de controle é inexistente, e que tem a morte como possibilidade real, isso pode ser um evento traumático. Com isso, a quantidade de pessoas com doenças mentais pode aumentar. Essa pandemia, repleta de incertezas, pode ser um desencadeador de outros transtornos mentais. Por isso, é preciso procurar ajuda o quanto antes, para que o impacto não seja tão comprometedor no futuro.
Por coincidência ou não, vários eventos traumáticos aconteceram numa sexta–feira 13
Além de ser sexta-feira 13º, hoje também é dia de lua cheia, o que faz com que muitos superticiosos fiquem de “cabelo em pé”. Há quase 2 décadas aconteceu tal junção mística e só voltará acontecer em 2049. No entanto há quem espera ansiosamente pela lua cheia, já que para os habitantes do hemisfério Norte, esta é a “lua de colheita”, e os fazendeiros trabalham até mais tarde, pois aproveita a luz da lua. Mas há quem já tenha feito planos de ficar em casa e já se abasteceu de sal grosso e alfazema.
Em matéria publicada pelo Extra, a astróloga Glória Britho afirma que esta junção de sexta-feira 13 com lua cheia pode ser perigosa. De acordo a astróloga, tal fase lunar “emite mais energias e magnetismo sobre a Terra, provocando mais euforia e maximizando os sentimentos”. O que a faz crer que sensações negativas possam ser ampliadas. Mas como surgiu a superstição da sexta-feira 13?
Em diversas fontes há diferentes explicações sobre a origem, mas duas bastante comentadas. No mundo cristão está relacionado à Última Ceia, numa quinta-feira santa, na qual participaram 13 pessoas (Jesus e seus 12 discípulos). No dia seguinte, sexta-feira 13, Jesus foi crucificado. E o número 13 está associado a Judas, o 13º a chegar a ceia. A segunda origem tem a ver com a criação da Ordem dos Cavaleiros Templários, no século 12. O grupo tinha a missão de proteger os cristãos, mas o rei francês Filipe IV ficou incomodado com o grau de influência produzida pelos cavalheiros, o que resultou numa perseguição a eles no dia 13 de outubro de 1307, resultando em prisões e mortes.
Com o surgimento de tal crença, algumas regiões seguem rituais severos, um exemplo é a Carolina do Norte. De acordo com o Stress Management Center and Phobia Institute, de Asheville, mais de 80% dos edifícios altos de Carolina do Norte (EUA) não têm um 13º andar. Assim como a maioria dos hotéis, hospitais e aeroportos evitam o uso do número em portas e portões.
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Por coincidência ou não, vários eventos traumáticos aconteceram numa sexta-feira 13, tais como: o bombardeio alemão ao Palácio de Buckingham (setembro de 1940); um ciclone que matou mais de 300 mil pessoas em Bangladesh (novembro de 1970); o desaparecimento de um avião da Força Aérea do Chile nos Andes (outubro de 1972); a morte do rapper Tupac Shakur (setembro de 1996); o acidente do navio de cruzeiro Costa Concordia na costa da Itália, que matou 30 pessoas (janeiro de 2012).
O biólogo evolucionista Kevin Foster afirma que “num mundo de incertezas, você tem de escolher se acredita ou não acredita”, pois se você não tem a resposta e não sabe onde encontrar, os conflitos terão grande força e a qualidade de vida tende a diminuir. Para o biólogo, neste mundo de incerteza, faz todo sentido ser supersticioso, já que as espécies que são supersticiosas tendem a se preservar mais do que as que não são tão cautelosas, e assim alongam os anos de vida.
Já o psicólogo Elidio Almeida afirma que o comportamento supersticioso nada mais é do que associações e crenças que surgem através de ´uma inclinação que nós, humanos, temos para estabelecer padrões e significados para as coisas, ainda que elas não tenham relação entre si.` Ou seja, quando alguém não consegue estabelecer uma relação de causa e efeito entre dois eventos, mas nota coincidências entre eles. O que faz entender que as crenças são frutos do imaginário.
Assim como desastres acontecem em diferentes datas, coisas ruins acontecem com diferentes pessoas todos os dias. Elídio afirma que com tais crenças, as pessoas ficam predispostas a interpretar como má sorte qualquer coisa que possa acontecer nesse dia, mas em dias ´comuns` encaram como dificuldades da vida.
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Crenças também podem gerar muito sofrimento psicológico, por mais que não aconteça absolutamente nada de ruim, várias pessoas passam o dia prevendo o pior e o observando o mesmo sob filtro do negativismo. A notícia boa é que a sexta-feira 13 está quase no fim, e a próxima será só no mês de dezembro. É de suma importância ressaltar que o medo pode causar crises de ansiedade e pânico, e caso o indivíduo não consiga se ajustar e vivencie intenso sofrimento em tais ocasiões, é de grande importância procurar ajuda de profissional de um psicólogo.
Durante muito tempo, os alunos desde pequenos vão sendo preparados para ingressar no mercado de trabalho, principalmente no ensino médio, então, comigo não foi diferente. A adolescência é marcada por um período de grandes transformações no tripé de nossas vidas: o biológico, o psicológico e o social, além disso, nessa fase também é o momento de tomar uma decisão de enorme magnitude entre incontáveis opções que levam a diferentes caminhos: a escolha de um curso profissionalizante.
Diante disso, há várias incógnitas à serem solucionadas, o desejo de realizar minhas próprias vontades ou satisfazer as expectativas dos meus pais. Seria egoísmo escolher a primeira opção? Ou eu não tenho perseverança o suficiente para fazer o que eu gosto, assim, seguindo os sonhos dos meus pais? Conciliar os dois parece impossível.Ademais, a ideia que será desempregado quando concluir o ensino médio, nos faz ansiar por resultados, então começa a luta contra o tempo, e a preparação para o temido ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio).
Entretanto, simples conteúdos não aprendidos da maneira certa e no momento em que foi passado, que na hora parecia coisa pequena, no terceiro ano vira uma bola de neve, pronta para te soterrar ao menor sinal da palavra vestibular. Pensando que, se eu pudesse escolher, voltaria para o ensino fundamental e faria tudo de novo, com um novo olhar. Como o vira-tempo de Harry Potter ainda não existe, isso não foi uma opção, a única saída foi correr atrás do tempo perdido e fazer uma escolha.
Fonte: https://bit.ly/2DvfJnQ
Para fazer tal escolha, enquanto concluía o ensino médio e fazia cursinho, tive que lidar com o medo do fracasso, com o medo de não me encaixar no curso, o medo de não ter sucesso depois de graduada. Tentando me autoconhecer quando todo mundo já me dizia quem sou e o que devo fazer.
Adultos olham para os adolescentes e dizem: “Isso é frescura, quero ver quando chegar na minha idade”. Adolescentes olham para crianças e dizem: “Você já está achando difícil? Espere quando chegar ao segundo grau”. Quando foi que nos tornamos insensíveis a dor do outro? O que nos faz humanos não é nossa capacidade de empatia? Seus problemas não faz os problemas dos outros menores. Cada ser sente de uma maneira, sua subjetividade o faz único.
Fonte: https://bit.ly/2QVNQYJ
Quando escolhi Psicologia, a base da eliminação dos outros cursos, esses medos foram embora, porque agora eu tenho um propósito, e estudar faz sentido porque sei onde quero chegar.E cheguei, ao entrar no Ceulp/Ulbra fiquei surpresa, definitivamente é bem diferente do ensino médio. É uma mudança que obrigatoriamente requer maturidade, porque os professores nem ninguém vão insistir que você faça o que tem que ser feito, se você não faz, você arca com as consequências. Tudo na vida tem dificuldades, é a maneira que você olha para elas que irá definir seu futuro. Como disse Charles Chaplin: “A vida é maravilhosa quando não se tem medo dela”.
Infelizmente, nesse texto não tem como colocar as entrelinhas, os altos e baixos, os choros e as noites sem dormir, os momentos felizes, as pessoas que me apoiaram ou as que me disseram para desistir. Mas a verdade é uma só: vale a pena. Tudo que você faz para seu crescimento individual, em qualquer área é importante, desde que seja uma pequena coisa como ler um artigo em uma revista ou tirar um ano sabático na Índia. Ainda estou no começo, mas a minha dica para você e para mim mesma é: não desista!
O que é a morte? Para muitos o fim, para outros o apenas o começo. O fato é que ela é inevitável para todos, independentemente da espécie, povos, línguas ou classe social. Ela não se importa, em como, os indivíduos se comportam. Se são bons, ou ruim, se são “puros” ou “impuros”. O “fim” faz parte da regra do jogo, e não há nada que o ser humano possa fazer para detê-la. “Só a morte significa que nada acontecerá daqui por diante, nada acontecerá com você, ou seja: nada que você possa ver, ouvir, tocar, cheirar, usufruir ou lamentar. É por essa razão que a morte tende a permanecer incompreensível para os vivos” (BAUMAN, 2008, p. 44).
O autor considera que o medo da morte é um processo inato ou original de todas as pessoas. A morte é um conteúdo acessível a consciência, e constantemente se faz presente na vida de todos da espécie humana, causando em alguns um medo incontrolável. “[…] o medo que se origina, não da morte batendo a porta, mas de nosso conhecimento de que isso certamente ocorrerá, mais cedo ou mais tarde […] (BAUMAN, 2008, p. 46).
Fonte: http://zip.net/brtMZW
A morte pode ser descrita de forma diferente através do processo cultural e das crenças, pois alguns, tendem a vê-la como apenas uma passagem, no qual somente o corpo físico morre e, a alma é imortal, ou seja, vive para toda a eternidade. “[…] não vão deixar o único mundo que existe para se dissolver e desaparecer no submundo da não existência, apenas se mudarão para outro mundo, onde continuarão existindo […]” (BAUMAN, 2008, p. 46). Para estes o medo pode não existir ou pode ser menor. Para outros o medo do desconhecido a incerteza do que poderá ou não acontecer após a morte.
Segundo Simonetti (2003, p. 14) “A imortalidade é algo intuitivo na criatura humana. No entanto, muitos têm medo, porque desconhecem inteiramente o processo e o que os espera na espiritualidade”. Durante todo o ciclo vital relações são estabelecidas e vínculos são criados. Com a chegada da morte de algum ente querido esses laços físicos são desfeitos, porém podem nunca serem esquecidos, pois quem morre levará consigo “parte” de pessoas e consequentemente deixará também “partes” suas, para outros. Assim os que sobrevivem vão ressignificando ou não suas vidas.
O medo pode provocar diversas reações físicas e psicológicas e também ser descritos de várias maneiras, no entanto o autor o descreve como:
Os medos que disseminam são incuráveis e, na verdade, inextirpáveis: chegaram para ficar-podendo ser suspensos ou esquecidos (reprimidos) por algum tempo, mas não exorcizados. Para esses medos não se encontrou nenhum antídoto nem é provável que se venham a inventar algum. Eles penetram e saturam a vida como um todo, alcançam todos os recantos e frestas do corpo e da mente, e transformam o processo da vida num ininterrupto e infinito jogo de “esconde-esconde” (BAUMAN, 2008, p. 44).
Fonte: http://zip.net/bwtMw8
O MEDO E O MAL
As formulações para o conceito do que seria o “mal” têm sido feitas no decorrer dos tempos. Bauman (2008) pontua as variações do termo, relacionando-o a condutas perversas. No entanto, aponta que não é possível explicá-lo totalmente, tampouco evitá-lo. Considerando algumas catástrofes naturais como manifestações do “mal”, destaca-se seu caráter imprevisível, reforçando sua inevitabilidade e imprevisibilidade. No entanto, questiona-se o mal advindo do humano, em termos de prenúncio e consequências.
O sociólogo polonês enfatiza a análise de Hannah Arendt quanto à banalização do mal. Quanto mais as práticas cotidianas são racionalizadas, maior a tendência de não pensar acerca da natureza das tais. E nesse ponto a opinião de Bauman é ratificada, pois salienta que há condições apropriadas ao surgimento de condutas inclinadas ao mal. Observando-se tais circunstâncias, chega-se a um ponto crucial: em vista da sua inevitabilidade, há que se reconhecer que não apenas a natureza, mas o humano pode dobrar-se ao mal.
Ainda que não se discuta ou se reconheça a maldade como intrínseca ao ser humano (HOBBES, 2008 apud SOUSA, 2013), Bauman relata a possibilidade evidente de que mesmo o mais “normal” incorra em atos perversos. Para Correia (2005, p. 87-88), Pode optar por isso
Na busca por identificar o fundamento da propensão para o mal no homem, Kant se vê diante da dificuldade de ter de conciliar natureza e liberdade. Com efeito, se se compreende o mal como decorrente de algum condicionamento natural, ainda que seja uma fraqueza, necessariamente o homem seria inimputável, pois não poderia ser considerado efetivamente responsável (na medida em que não seria livre) pelas ações que desencadeasse. Kant, por razões óbvias, busca evitar uma tal compreensão, sustentando que a propensão para o mal “é uma tendência deliberativa e, como tal, completamente distinta de um impulso natural ou algo assim”.
Fonte: http://zip.net/bqtNZb
Entende-se, portanto, que o medo constante na contemporaneidade cerca o fato de que ninguém pode receber confiança. Uma vez que a configuração atual é instável, acrescente-se a possibilidade de alguém poder, deliberadamente, inclinar-se ao mal. E a despeito das consequências dramáticas do “mal” da natureza, Bauman enfatiza que o produto do mal humano pode ser tão catastrófico quanto o anterior.
O HORROR DO INADMINISTRÁVEL
Bauman inicia o terceiro capítulo de sua obra referenciando ideias de Jean-Pierre Dupuy, importante filosofo moderno e ao desenrolar deste capítulo, Bauman reforça a ideia de que a humanidade está doente e a beira de um colapso, enfatizando que “A humanidade tem agora todas as armas necessárias para cometer o suicídio coletivo, seja por vontade própria ou falha – para aniquilar a si mesma, levando o resto do planeta à perdição” (BAUMAN, 2008, p. 97-99).
A corrida contra o tempo, disputas de poder, busca por status, longas distâncias e pouco tempo, excesso de trabalho e sobrecarga emocional se debruçam sobre a vida do homem moderno com o rótulo de globalização, sobretudo esse evento e sub-eventos trazidos pela globalização se chocam com os valores morais carregados de maneira intrínseca por cada um, e Bauman de maneira esplendida reforça que: “a civilização deve seu potencial mórbido (ou mesmo suicida) às mesmíssimas qualidades de que extrai sua grandeza e seu glamour: a aversão inata à autolimitação, a transgressividade inerente e o ressentimento e desrespeito em relação a todas as fronteiras e limites” (BAUMAN, 2008, p. 100-101).
Ou seja, de onde os homens extraem sua couraça de poder terreno é também a fonte de seus demônios doentios que afetam e contaminam a humanidade, como uma dialética onde de um lado encontram-se os prazeres e ganhos como dinheiro, conforto, luxo, status, reconhecimento social e poder, em contrapartida temos a fadiga, avareza, ganancia, esgotamento psicológico entre outros fatores e agravantes negativos, como uma dialética grega de apolíneo e dionisíaco.
Fonte: http://zip.net/bftMZz
Para manter a retroalimentação entre as partes, Bauman (2008) traz nesse capítulo o termo detours que significa desvio, ele também aborda o significado deste termo dentro da modernização, que segundo ele tem a ideia de uma satisfação ou recompensa temporária, ou seja, para evitar o esgotamento total ou um impacto extremamente negativo em si mesmo ou no outro, há uma breve e temporária satisfação, acontece um momento de compensação para aquele provável dano, então a partir dessas breves recompensas, a humanidade se compra e se vende para uma recompensa ilusória e breve.
Ao decorrer do capítulo, Bauman (2008) traz impasses que denunciam até que ponto o homem é capaz de se submeter, e traz referencias de obras de outros autores acerca disso, mostrando-nos de forma objetiva e clara como a persuasão e a busca por controle, poder e domínio conduzem a vida da humanidade.
O TERROR GLOBAL
Bauman afirma que com a globalização, surgiram aspectos negativos que resultaram em medos, inseguranças e incertezas na sociedade. A “abertura” da sociedade, expressão de Karl Popper como coloca Bauman (2008 p.126), teve como efeito colateral a “globalização negativa” que demonstra um cenário de irregularidades e anormalidades que se tornam regras. O autor descreve que a globalização é altamente seletiva do comércio e do capital, da vigilância e da informação, da coerção e das armas, do crime e do terrorismo, todos esses desdenham a soberania nacional e desrespeitam quaisquer fronteiras entre os Estados.
O planeta globalizado, comenta Bauman (2008, p.127), ‘habitado por sociedades forçosamente ”abertas” a segurança não pode ser obtida”, o autor acrescenta que consequentemente a “globalização negativa” seria a causa da própria injustiça e as origens dos nossos medos estão relacionadas com a ordem política e a ética. Convivemos com incertezas e com medo em nossos dias.
Fonte: http://zip.net/bhtNbY
Costa (1998) apud Santos (2003) coloca que o medo seria fronteiriço entre sensações e sentimentos: “angústia, mal-estar, desconforto são eventos afetivos que podem ser descritos como sentimentos ou como sensações, dependendo de critérios adicionais como maior ou menor reflexividade, maior ou menor modificação dos estados físicos dos sujeitos etc.”
Conforme coloca Frattari (2008), “ não há a possibilidade sequer de se falar em termos de ‘riscos’, uma vez que estes podem, de acordo com sua definição ser calculados e, assim, minimizados ou evitados”. Bauman (2008,p.129) fala que riscos são importantes desde que continuem calculáveis e passíveis de uma análise de custo-benefício, a preocupação aos planejadores da ação são os que podem afetar os resultados, numa perspectiva relativamente curta de espaço e tempo.
O grande desafio do século atual, segundo Bauman (2008 p.166), é a aproximação do poder e a política de forma global. Com a globalização negativa, o poder e a política se desenvolveram em direções opostas. As ações não podem ser locais e sim globais.
Bauman (2008 p.167) afirma que: “…o medo é um dos aspectos mais representativos nas sociedades abertas atualmente, com isso a insegurança e a incerteza nos tornam frágeis e com um sentimento de impotência”. Esse sentimento de impotência persisti, porque não percebemos estar no controle, seja sozinhos, grupos ou coletivamente dos assuntos que são pertinentes a nós, como da mesma forma em relação ao controle de assuntos do planeta. Bauman acrescenta que é preciso criar ferramentas que ajudem a solucionar os males globais e assim recuperar o controle de nossas forças.
Fonte: http://zip.net/bctMGz
TRAZENDO OS MEDOS À TONA
Segundo autor, em sua busca por saber sobre os medos advindos da modernidade líquida, surgidos da insegurança e consequentemente nutridos por ela, sugere que os países desenvolvidos traz uma expectativa de segurança, de estarem protegidos, nessa parte desenvolvida, os mesmos são considerado o povoado mais seguro, se empregando de meios eficazes de se protegerem, concomitantemente, estão usufruindo de todas as três fachadas em que se agarram os combates em conservação da existência: em oposição a potência da natureza, em oposição ao enfraquecimento inato de nossos corpos e em oposição às ameaças da violência imediatas dos indivíduos.
Contrariando o supracitado, é neste cenário de conforto que o caos se instala, a obsessão por segurança é inevitável, o medo toma conta dessas pessoas, e os torna deslumbrados por tudo que envolve segurança e proteção. (BAUMAN, 2008).
A promessa moderna de evitar ou derrotar uma a uma todas as ameaças à segurança humana foi até certo ponto cumprida – embora não a promessa reconhecidamente exagerada, altamente ambiciosa e com toda probabilidade impossível de cumprir, de acabar com elas de uma vez por todas. O que, no entanto, flagrantemente de se materializar é a expectativa de liberdade em relação aos medos nascidos da insegurança e por esta alimentados (BAUMAN, 2008, p.169).
Fonte: http://zip.net/bmtMVX
O medo por sua vez, traz na sua raiz a insegurança, a sociedade vive no mais completo desespero, uma busca desenfreada por tudo que possa garantir sua segurança, ou seja, o pânico se instalou na contemporaneidade. Cabe ressaltar que os seres humanos não são isentos de suas responsabilidades, a formas egocêntricas e desumana de ser traz consigo uma participação nesse quadro alarmante de medos sucedidos das incertezas. (BAUMAN, 2008).
Podemos dizer que a variedade moderna de insegurança é marcada pelo medo principalmente da maleficência humana e dos malfeitores humanos. Castel atribui à individualização moderna a principal responsabilidade por esse estado de coisas (BAUMAN, 2008, p. 171).
A humanidade está em volta de seus próprios interesses, a individualidade se instala em maior grau na sociedade moderna.
[…] em nossa sociedade, por trás do medo e da violência, há, na verdade, uma profunda insegurança em relação às transformações que a modernidade trouxe em seu bojo: individualismo, competitividade, perda do status social, perda dos referenciais comunitários, instabilidade emocional e material, desencantamento religioso e, em última instância, as consequências da globalização negativa. Nesse sentido, é importante definir e compreender o estágio atual da modernidade e os elementos que dela decorrem, obscurecendo nosso cotidiano e nossas vidas. (DAMIÃO, 2012, p .26).
O medo paralisa, faz crescer nossas defesas, o que é inevitável diante dos acontecimentos inerentes a espécie humana e dos adventos da contemporaneidade, consequentemente os medos vem à tona.
Fonte: http://zip.net/bvtNrz
O PENSAMENTO CONTRA O MEDO
Bauman termina o livro não fazendo um resumo do que foi disposto nos capítulos anteriores, ou mesmo se coloca alheio a situação, retirando sua responsabilidade do processo. Mas se coloca e também os demais produtores de reflexão social, definido por ele como os “intelectuais”. Em prática, o pensamento contra o medo é justamente usar do pensar para combater os medos que assolam a sociedade pós-moderna. Por isso a importância dos pesquisadores e produtores de conhecimento intelectual buscarem formas de idealizar novos modos positivos e esperançosos.
Para tanto é preciso que tomem consciência do poder que possuem. Em toda a história os sábios sempre davam os conselhos, porém não o executavam, sendo assim nunca tiveram o devido conhecimento e reconhecimento que tinham no processo.
Os intelectuais nunca confiaram realmente em seus poderes de transformar o mundo de carne e osso. Precisavam de alguém para empreender a tarefa que, insistiam, deveria ser realizada. Alguém com o poder real de fazer as coisas e assegurar que continuassem sendo feitas (o conhecimento não necessita do poder para mudar o mundo? Da mesma forma que o poder precisa do conhecimento para mudá-lo da maneira certa e com o propósito correto?). (BAUMAN, 2008, p. 210).
Sendo assim deve-se levar em conta a imensa responsabilidade no combate aos medos, assim como preconceitos, mentiras ou injustiças que assolam a vida dos sujeitos e das relações contemporâneas, não se mostrando assim indiferente a tais mazelas sociais afim de redesenhar a “possibilidade de um atalho para um mundo mais adequado à habitação humana que se perdeu de vista e parece mais irreal do que antes” (BAUMAN, 2008, p. 221).
Sendo assim, o que se espera é essa união entre os intelectuais e o povo, de modo a juntos caminharem em um processo terapêutico, e assim ressignificando a “humanidade e seu conjunto”.
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. MEDO LÍQUIDO. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2008.
CORREIA, Adriano. O conceito de mal radical. Trans/Form/Ação, Marília, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31732005000200005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 22 mai. 2017.
SOUSA.
DAMIÃO, Abraão Pustrelo. Modernidade, Medo e Violência: Reflexões Teóricas e o Caso de Marília/SP. 2012. Disponível em: <https://www.marilia.unesp.br/Home/Pos-Graduacao/CienciasSociais/Dissertacoes/DAMIAO_A_P_ME_2013.pdf.> Acesso em: 21 mai. 2017.
FRATTARI, Najla Franco. Insegurança e medo no mundo contemporâneo: uma leitura de Zygmunt Bauman. Sociedade e Cultura, v. 11, n. 2, 2008.
SANTOS, Luciana Oliveira. O Medo Contemporâneo: Abordando Diferentes Dimensões. Psicologia Ciência e Profissão, 2003, 23 (2), 48-55
SIMONETTI, Richard. Quem tem medo da Morte? 3a Edição – Ceac Editora -Bauru-SP Janeiro/2003 <http://bvespirita.com/Quem%20Tem%20Medo%20da%20Morte%20(Richard%20Simonetti).pdf.> Acesso em 20 mai. 2017.
SONIELSON L. Vamos falar da maldade? (En)Cena. Disponível em: <http://encenasaudemental.com/comportamento/insight/vamosfalar-da-maldade/>. Acesso em: 22 mai. 2017.