Quando ocorre uma verdadeira revolução pelo princípio da Inclusão

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O documentário “Crip Camp: Revolução pela Inclusão” foi produzido nos Estados Unidos em 2020 e disponibilizado na plataforma Netflix neste mesmo ano. Este documentário traz uma série de memórias audiovisuais da década de 1970, sob a produção e direção de Nicole Newnham e James Lebrecht, um cadeirante que se utilizou de suas recordações de um acampamento de verão exclusivo para pessoas com deficiência, e mais tarde como este acampamento influenciou o movimento pela luta política em defesa dos direitos civis.

O acampamento Jened era o único naquele período destinado a esses jovens e adultos com necessidades especiais, se iniciando na década de 50 e em 1977, fechado em decorrência de questões financeiras. Lebrecht inicia o documentário falando da sua deficiência e das barreiras encontradas durante o seu crescimento, em termos de escola e sociedade, e o momento em que descobriu e participou pela primeira vez de Jened, deixando claro como “este campo mudou o mundo e ninguém sabe a sua história”, que é contada no decorrer do documentário.

De acordo com Barbosa e Moreira (2009), “quando se trata de pessoas com deficiência, os processos excludentes são ainda mais perversos.” Esse pressuposto fica bastante evidente no documentário, quando Lebrecht entrevista os campistas no acampamento, e estes retratam suas deficiências e os modos excludentes da sociedade naquela época que até então não existiam leis que garantissem a inclusão, como acesso a escolas, rampas nas ruas e acesso aos ônibus.

Durante o documentário e o relato dos participantes sobre o acampamento, eles colocavam que ali era um lugar onde não existia mundo externo, que era uma oportunidade para fazer coisas diferentes, que os adolescentes pudessem ser adolescentes sem os estereótipos e rótulos existentes. E que lá eles perceberam que o problema não era com as pessoas que possuem deficiência, mas sim as que não possuem.

Fonte: encurtador.com.br/glwW9

Na primeira parte do documentário são mostrados fotos e vídeos do campus bem como a história de vida de alguns campistas, e acima de tudo a vivência desses jovens sem a presença de seus pais ou responsáveis durante os dias de acampamento, o ciclo de amizades, descobertas e sexualidade, numa dinâmica onde poderiam fazer o que quisessem tornando o documentário muito além do que “pessoas que necessitavam de piedade”, mas de um grupo de jovens que possuem sentimentos, inseguranças e que são otimistas, como todos da sociedade naquela época em que predominava o contexto político e de guerra.

Outro ponto bastante retratado era referente à educação, no qual cita a vontade em cursar escolas como as outras crianças, no entanto algumas questões eram levadas em consideração , seja pelo uso de cadeira de rodas (que algumas instituições não aceitavam) e dessa forma eram ensinadas em casa pelas mães, e em outros casos, pelas vagas limitadas em escolas especiais, e estas eram localizadas no porão das instituições escolares. Um campista em um de seus relatos diz: “as crianças normais eram chamadas de ‘crianças de cima’ pois ficavam sempre acima de nós”. Trazendo um pouco para o nosso contexto aqui no Brasil, a educação inclusiva, segundo Mantoan (2000), (…) inicia-se no século 19, quando os serviços dedicados a esse segmento de nossa população, inspirados por experiências norte-americanas e européias, foram trazidos por alguns brasileiros que se dispunham a organizar e a implementar ações isoladas e particulares para atender a pessoas com deficiências físicas, mentais e sensoriais. (MANTOAN, 2000).

Fonte: encurtador.com.br/exRW5

Izabel Maria (2010), secretária Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, no livro “História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil”, coloca que o que despertou nas pessoas com deficiência estabelecerem grupos e promoverem uma forte mobilização de participação política no âmbito do processo de redemocratização do Brasil foi elas serem vistas por muitos anos com desconsideração e afronta quanto aos seus direitos.

Podemos ver isso bem claro nos Estados Unidos, explícito no documentário, onde não eram aceitos em escolas, tinham dificuldades em vários acessos, e quando iniciaram o Movimento das Pessoas com Deficiência, achavam que por meio de ameaças eles iriam desistir do que queriam, era só virar as costas que ninguém insistiria.

Algumas falas feitas no documentário deixam clara a colocação do parágrafo anterior, como a questão de quando crescem com deficiência eles não são considerados um homem ou uma mulher, e que é difícil começar qualquer tipo de relação pelo fato de ser visto como um deficiente e não como uma pessoa com deficiência, e segundo filmes que começaram a serem lançados na época e programas de televisão os deficientes eram colocados como pessoas que deveríamos sentir pena e medo.

A segunda parte do documentário mostrou um pouco sobre a história do movimento político das pessoas com deficiência física e como o acampamento Jened com toda a sua flexibilidade e integração influenciou na busca pelos direitos, já que alguns  campistas estavam à frente das manifestações.

Fonte: encurtador.com.br/ahJK8

Judy Heumann (1977), na manifestação no qual invadiram o gabinete quando a lei foi ignorada porque não queriam ter gastos com o projeto de reabilitação e antidiscriminação, coloca que pessoas com deficiência sentem todos os dias que o mundo não nos quer por perto. Sempre vivemos com essa realidade, pensando se vamos sobreviver se vamos revidar e lutar para estar aqui, essa é a verdade. Se quiser chamar de raiva, eu chamo de motivação, é preciso estar disposto, se não vai conseguir. (HEUMANN,1977).

No Brasil no fim da década de 70 também houve movimentos políticos em prol dos direitos das pessoas com deficiência, sendo o maior deles intitulado “Nada sobre nós, sem nós”.  Segundo Sassaki, (2011), o lema “Nada sobre nós, sem nós” comunica a idéia de que política alguma deveria ser decidida por nenhum representante sem a plena e direta participação dos membros do grupo atingido por essa política. Assim, na essência do lema está presente o conceito de participação plena das pessoas com deficiência.

O movimento político das pessoas com deficiência no Brasil aos poucos foi ganhando força e teve grande motivação após a ONU em 1981 proclamar aquele sendo o Ano Internacional das Pessoas Deficientes. Vale lembrar que o país ainda estava em tempos de ditadura militar no qual se prevalecia à censura e falta de liberdade no país, sendo assim havia um movimento não só das pessoas com deficiência, mas da maioria populacional do Brasil.

Segundo Junior (2010), os movimentos sociais, antes silenciados pelo autoritarismo, ressurgiram como forças políticas. Vários setores da sociedade gritaram com sede e com fome de participação: negros, mulheres, índios, trabalhadores, sem-teto, sem-terra e, também, as pessoas com deficiência. Esse processo se reflete na Constituição Federal promulgada em 1988. A Assembléia Nacional Constituinte (1987-1988), envolvida no espírito dos novos movimentos sociais, foi a mais democrática da história do Brasil, com canais abertos e legítimos de participação popular.

Fonte: encurtador.com.br/sSY79

A Constituição Federal de 1988 é denominada como Constituição Cidadã e é ela que rege todo o ordenamento Jurídico do Brasil, sendo assim trouxe também um princípio de proteção às pessoas com deficiência. A partir da nova Constituição vale destacar a Lei 7.853/89 na qual garante o direito ao trabalho, à educação e garantia dos mesmos direitos civis para pessoas com deficiência desde 1989, sendo assim tal lei vem com intuito de igualdade na qual tem como objetivo a não descriminalização dessas pessoas, tendo no parágrafo c) a promoção de ações eficazes que propiciem a inserção, nos setores públicos e privado, de pessoas portadoras de deficiência.

A mais recente Lei que institui o Estatuto da Pessoa com Deficiência é a lei 13.146 de Julho de 2015, destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. (Brasil 2015).

 Em meio a tudo isso, pode-se dizer que houve um grande avanço em relação à forma legislativa na qual eram tratadas as pessoas com deficiência, porém, como qualquer constituição e leis, estas demandam de aprimoramento constante.

Fonte: encurtador.com.br/cfCDP

Vale ressaltar aqui o que essas Leis e avanços têm se mostrado na prática, visto que há uma questão fortemente apontada e criticada em relação à eficácia da inclusão, pois, na prática, o que ainda se tem visto em grande escala é a integração social. Segundo Sassaki (2004), o paradigma da integração social consiste em adaptarmos às pessoas com deficiência aos sistemas sociais comuns e, em caso de incapacidade por parte de algumas dessas pessoas, criarmos  sistemas  especiais  separados  para  elas.  Neste sentido, temos  batalhado por políticas,  programas,  serviços  e  bens  que  garantissem  a  melhor adaptação  possível  das pessoas com deficiência para que elas pudessem fazer parte da sociedade. (SASSAKI, 2004).

Enquanto o ideal seria uma inclusão social, onde Sassaki (2004) conclui que “o paradigma da inclusão social consiste em tornarmos a sociedade um lugar viável para a convivência entre pessoas de todos os tipos e condições na realização de seus direitos, necessidades e potencialidades.” Assim são denominados os inclusivistas que estão à frente das mudanças, seja dos bens, tecnologias ou estruturas sociais de bem comum.

Durante o documentário em vários diálogos é perceptível que só a integração não basta, embora tenha sido um modelo inicial, não é o modelo ideal, visto que o que as pessoas com deficiência buscam vai, além disso, de banheiros com assentos para deficientes e rampas de acesso, deve-se pensar também na equidade já que tal princípio é um grande norteador dos Direitos Humanos Universais.

FICHA TÉCNICA

CRIP CAMP: REVOLUÇÃO PELA INCLUSÃO

Título Original: Crip Camp: A Disability Revolution
Direção: James LebrechtNicole Newnham
Elenco:  Larry Allison, Judith Heumann, James LeBrecht, Denise Sherer Jacobson e Stephen Hofmann.
Ano: 2020
País: EUA
Gênero: Documentário

REFERÊNCIAS

BARBOSA, A. J. G.; MOREIRA, P. de S. Deficiência mental e inclusão escolar: produção científica em Educação e Psicologia. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 15, n. 2, p. 337-352, maio/ago. 2009.

BRAGA, Mariana Moron Saes; SCHUMACHER, Aluisio Almeida. Direito e inclusão da pessoa com deficiência: uma análise orientada pela teoria do reconhecimento social de Axel Honneth. Soc. estado.,  Brasília ,  v. 28, n. 2, p. 375-392,  Aug.  2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922013000200010. Acesso em 20 de Abril de 2020.

BRASIL. Lei. 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 07 de jul.2015. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/diarios/DOU/2015/07/07 Acesso em 20 de Abril de 2020.

JÚNIOR, Mário Cléber. História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos. Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. 2010.

MANTOAN, Maria. Teresa. Eglér. Análise do documento – Parâmetros Curriculares Nacionais – Incluindo os excluídos da escola. FE/UNICAMP: 2000.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Pessoas com deficiência e os desafios da inclusão. Revista Nacional de Reabilitação, ano VIII, n. 39, 2004. Disponível em: https://docplayer.com.br/16418200-Pessoas-com-deficiencia-e-os-desafios-da-inclusao.html Acesso em 20 de Abril de 2020.

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Pontos-chave para uma Psicologia Organizacional

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A inteligência emocional e sua importância no processo de comunicação estão relacionadas à um indivíduo emocionalmente inteligente. Este tópico é primordial no processo organizacional

Existem teorias diferentes para tentar explicar a motivação; essas teorias podem ser de dois aspectos principais: Teorias de Conteúdo e Teorias de Processo. Diferencia-se essas duas teorias da motivação do trabalho emTeorias de conteúdo’ e ‘Teorias de processo’. A primeira tenta determinar o que motiva as pessoas no trabalho ao identificar necessidades/ iniciativas e como elas são priorizadas. A partir disto buscam por tipos de incentivos ou objetivos que as pessoas querer conseguir de modo a ficarem satisfeitas e terem um bom desempenho. Já as Teorias de processo enfatizam os processos de pensamento nos quais os indivíduos se engajam quando escolhem entre diferentes caminhos quando tentam satisfazer suas necessidades.

Para entender a relação entre satisfação e motivação definimos, primeiramente, satisfação no trabalho que é o resultado da percepção dos empregados em relação a experiência de trabalho e o estado emocional prazeroso, positivo. Para que o indivíduo se encontre satisfeito e motivado é preciso que tenha um bom salário, oportunidades de promoção, uma boa supervisão, orientação, participação dentro do trabalho, bom relacionamento interpessoal com colegas, condições de trabalho favoráveis, ter suas necessidades e aspirações contempladas. Um não cumprimento destas questões pode resultar, para a empresa, uma grande rotatividade de pessoal, absenteísmo e comprometer o desempenho dos funcionários. Por isso satisfação e motivação andam juntas ao desempenho.

COMUNICAÇÃO – As habilidades de comunicação, conforme Klein et al (2006) citado por Rothmann (2017), surgem das experiências prévias do indivíduo. As principais habilidades que precisam ser desenvolvidas para uma comunicação eficaz são: escuta ativa, boa comunicação escrita e oral, a positividade e as habilidades de comunicação não verbal.

Fonte: encurtador.com.br/qCV39

A inteligência emocional e sua importância no processo de comunicação estão relacionadas à um indivíduo emocionalmente inteligente é aquele que consegue identificar as suas emoções com mais facilidade e sabe lidar com suas próprias reações. Ouvir é o processo intelectual e emocional e concentra significado por trás das palavras. Então para se estabelecer um bom processo de comunicação é importante que o indivíduo consiga ouvir para decifrar a mensagens e consiga lidar com suas próprias emoções, por exemplo em uma resolução de conflitos.

LIDERANÇA- Como diferença entre as teorias do comportamento podemos citar Estudos de Harvard: Liderança de tarefa (focado nos objetivos e novas ideias), Liderança Socioemocional (Sensível às necessidades), já Estudos de Michigan: Líderes orientados para o empregado: Relação interpessoal; Interesse nas necessidades; aceitam as diferenças; Líderes orientados para a produção: Realização de tarefas; Meio para atingir um fim; Os Estudos de Ohio: Líder define e estrutura seu papel e dos subordinados buscando alcançar os objetivos. Relações de trabalho caracterizadas por confiança mútua, respeito pelos subordinados e consideração por seus sentimentos; e por fim Grade Gerencial: preocupação com a produção e preocupação com as pessoas.

Entendo que o melhor modelo de liderança seria o da teoria da troca entre líder-liderança, pois acredito que cada indivíduo é único e possui suas totalidades, então é melhor que eu me adeque a forma que cada um receba melhor uma liderança e esta liderança seja efetiva para ele do que definir um padrão apenas de liderança e fazer com que todos se submetam a ela, seja ela efetiva no processo ou não.

Fonte: encurtador.com.br/atJP9

INTEGRAÇÃO, TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO- Através do princípio da aprendizagem, é necessário analisar antes de aplicar um programa de treinamento o contexto da empresa e dos empregados, ver se é mesmo necessário fazer um treinamento. Se for, os objetivos têm que ser claros. Deve ser analisado a identificação das necessidades de treinamento e desenvolvimento, análise organizacional, análise da pessoa, objetivos e desenvolvimento do treinamento e avaliação do programa de treinamento através de elaboração de critérios e uso de modelos de avaliação.

É necessário, ao iniciar esse processo de treinamento organizacional de modo que ele seja eficiente, identificar as necessidades, depois estabelecer objetivos, para então ver os melhores métodos. A entrada de um funcionário significa para ele uma nova etapa onde tudo será novo, as pessoas com quem ele trabalhará, os processos que cada empresa utiliza. Portanto, neste momento de mudança e incerteza para ele, é importante facilitar a sua entrada com um processo simples e direto.

Estabelecer metas clara, criando uma cultura de boas-vindas, propiciando treinamento de qualidade que selecione pessoas de cada área da empresa, com boa comunicação, para serem os anfitriões dos novos colaboradores, também se faz necessário oferecer materiais relacionados a empresa.

Fonte: encurtador.com.br/oCGW3

GESTÃO DE COMPENSAÇÃO – A diferença entre avaliação de cargo e avaliação de desempenho, define-se em sua prática. A avaliação de cargo vai levantar quais são os pré-requisitos e as atividades que o individuo que for exercer determinado cargo precisa apresentar para que seja contemplado o esperado para aquele cargo, bem como determinar o valor de determinado cargo em relação aos demais cargos em uma organização. E avaliação de desempenho é exatamente avaliar o indivíduo já exercendo o cargo para medir o que está sendo contemplado ou não por ele.

De forma objetiva, os tipos de compensação são:Adequado”: conforme estabelecido pela legislação e alinhado com o mercado de trabalho; “Justo”: baseado no valor de cargo em relação a outros cargos na empresa; “Conceder incentivos”: usando mérito e aumento; “Seguro”: capaz de atender as necessidades básicas do trabalhador; “Equilibrado”: incluindo salários, benefícios e promoções; Tendo custo compensador para a organização para organização e aceitável para o empregado.

REFERÊNCIA

ROTHMANN, Ian; COOPER, Cary L. Fundamentos De Psicologia Organizacional E Do Trabalho. 2. ed. [s. L.]: Elsevier, 2017. 530 p.

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Entendendo a Teoria Organísmica à luz da Fenomenologia Existencial

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Para Goldstain não existe um ser humano dividido, mas sim, um indivíduo que embora com partes que são “divididas” estão inteiramente interligadas afetando-se mutuamente e se auto regulando

A teoria organísmica foi desenvolvida por Kurt Goldstain, que era um neurologista e psiquiatra. Ele criou uma teoria holística do organismo, com base na teoria da Gestalt que influenciou profundamente o desenvolvimento da Gestalt-terapia. Goldstein realizou seus estudos em pacientes com lesões cerebrais causadas por ferimentos de guerra, e após investigação percebeu que mesmo as lesões sendo em áreas específicas do cérebro, estas modificaram e afetaram outras partes do corpo.

Um exemplo citado é de uma lesão na área motora que afetava não somente a estrutura cerebral, mas também os movimentos físicos e a forma de pensar e se relacionar com as outras pessoas. Então, observou que estas “transformações” ocorriam de forma holística, ou seja, os indivíduos haviam modificado não somente a estrutura cerebral, mas também o físico, e os processos de relacionamento pessoal e interpessoal. Para ele, era como se houvesse uma reorganização no campo cerebral ou neuronal, com a função de acomodar se a esta nova realidade.

Fonte: https://bit.ly/2U82lc6

Para Goldstain não existe um ser humano dividido, mas sim, um indivíduo que embora com partes que são “divididas” estão inteiramente interligadas afetando-se mutuamente e se auto regulando, numa espécie de auto realização que o organismo faz, com a função de acomodar-se a esta nova realidade, função essa ligada a auto-realização, ou seja, uma tendência criativa da natureza humana, que pode ser entendido como o ‘princípio orgânico pelo qual o organismo se torna mais desenvolvido e mais completo’.

Para Goldstain qualquer necessidade é um estado de déficit que motiva o organismo a supri-lo, de acordo com as potencialidades individuais e inatas diferentes, que dão forma aos seus fins e dirigem as linhas do seu desenvolvimento individual. No entanto a teoria organísmica enfatiza a unidade, a integração, a consistência e a coerência da personalidade normal, ou seja a organização é o estado natural do organismo.

É natural de o organismo selecionar aspectos do ambiente os quais ele mesmo irá reagir, exceto em circunstâncias raras e anormais, o ambiente não pode forçar o indivíduo a se comportar de maneira inapropriada a sua natureza, logo se o organismo não consegue controlar o ambiente, ele tentará se adaptar à ele, portanto é mais valoroso um estudo compreensivo de uma pessoa do que uma investigação extensiva de uma função psicológica observada em muitos indivíduos. Atrelado a isso a teoria organísmica e a Psicologia da Gestalt assemelham-se na forma como ambas tendem a “ver” e perceber o ser humano de modo unificado e não como um conjunto de partes separadas.

Fonte: https://bit.ly/2GbQS7M

A teoria organísmica tem como principais conceitos (PORTAL EDUCAÇÃO, 2012):

➔   O organismo tende a estar organizado; é um estado natural do organismo. A desorganização, por sua vez, pode ser considerada patológica e, frequentemente, é consequência do impacto do meio ambiente.

➔   Os teóricos organísmicos creem ser impossível compreender o todo estudando as partes de forma isolada.

➔   O organismo age motivado por um impulso dominante, o de auto realização, e não por vários impulsos. Isto quer dizer que o homem luta continuamente para realizar suas potencialidades inerentes.

➔   Crê que as potencialidades do indivíduo lhe permitem desenvolver-se de forma ordenada, em um meio apropriado. Nada é naturalmente mau no organismo, faz-se mau por interferência de um meio ambiente inadequado, lembrando as ideias de Jacques Rousseau, de que todo homem é naturalmente bom, mas pode ser corrompido por um meio que lhe negue oportunidade de atuar conforme sua natureza.

➔   O estudo sobre as percepções e a aprendizagem do organismo constitui a base para a compreensão do organismo total.

➔   Afirma que pode aprender mais com o estudo compreensivo da pessoa do que em uma investigação extensiva de uma função psicológica específica e isolada do indivíduo.

Relação com a Gestalt

A Gestalt-Terapia é uma abordagem psicológica que dá ênfase e estuda o papel dos processos de criatividade como uma das ferramentas para a auto-regulação organísmica. Esta noção de auto-regulação, é advinda da Teoria Organísmica, pois Kurt Goldstein foi médico assistente de Fritz Perls, sendo este muito influenciado pelas teorias de Goldstein devido os pacientes em estado de readaptação após a guerra que ambos tratavam. As ideias dos dois com este trabalho resultaram em um livro que apresenta as premissas da teoria organísmica.

Fonte: https://bit.ly/2Gck3ru

A Gestalt-Terapia compartilha do mesmo da Teoria Organísmica de que a repetição de padrões de comportamentos, a não exposição a novas situações, é uma esquiva para evitar situações de ansiedade gerada pelo desconhecido. Para a Gestalt isso seria um estado neurótico de comportamento que limita a vida do sujeito, pois para ambos o neurótico desistia muitas vezes da satisfação devido suas experiências negativas. Na Teoria Organísmica, Goldstein deu importância ao papel da criatividade para o indivíduo se auto-regular, evitando assim a ansiedade, e estimulando este indivíduo a ir em busca da novidade.

REFERÊNCIAS

LIMA, Patrícia Albuquerque. Criatividade na Gestalt–terapia. 2009. Disponível em: <http://www.revispsi.uerj.br/v9n1/artigos/html/v9n1a08.html>. Acesso em: 9 ago. 2017.

PORTAL EDUCAÇÃO. Teoria Organísmica. 2012. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/teoria-organismica/23636>. Acesso em: 7 ago. 2017.

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Rede de Atenção Psicossocial: Dhieine Caminski fala sobre a RAPS

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De acordo com o Ministério da Saúde (2017), dentro das diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), propõe-se a implantação de uma rede de serviços aos usuários que seja plural, com diferentes graus de complexidade e que promovam assistência integral para diferentes demandas, desde as mais simples às mais complexas/graves. As abordagens e condutas devem ser baseadas em evidências científicas. Esta política busca promover uma maior integração social, fortalecer a autonomia, o protagonismo e a participação social do indivíduo que apresenta transtorno mental. Os pacientes que apresentam transtornos mentais, no âmbito do SUS, recebem atendimento na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).

Acadêmicas de Psicologia do CEULP/ULBRA, em colaboração com o (En)Cena, entrevistaram Dhieine Caminski, que falou sobre a RAPS. Dhieine é psicóloga Especialista em Saúde da Família, possui experiência na área Clínica, Psicologia Pediátrica, Estudos de Gênero, Violência e Saúde, Psicanálise, Saúde Coletiva, Educação Permanente em Saúde e Gestão no SUS. Atualmente trabalha como Gerente de Saúde Mental da Secretaria da Saúde de Palmas/TO na gestão dos processos de trabalho de assistência em saúde mental dos serviços da atenção especializada (ambulatório de psiquiatria, ambulatório de saúde mental infanto-juvenil, CAPS II, CAPS AD III); articulação de todos os pontos da Rede de Atenção Psicossocial.

Fonte: https://bit.ly/2x1GlXT

(En)Cena – Como surgiu a RAPS?

Dhieine Caminski – Surgiu a partir da organização de um movimento da luta antimanicomial que tentava trazer a lógica do cuidado em saúde mental para além do hospital e território com práticas que visassem não segregar as pessoas com transtorno mental. Em 2001 entrou em vigor a lei 10216, que ficou conhecida como a Lei da RAPS, que fala dos diretos básicos de pessoas com transtornos mentais.

(En)Cena – Como funciona a RAPS?

Dhieine Caminski – A RAPS é formada por vários dispositivos dentro do Sistema Único de Saúde, dentro do SUS nos temos as RAS (Rede de Atenção em Saúde), a Rede de Atenção de Urgências e Emergências, a Rede Materno-Infantil, Rede de Condições Crônicas.

(En)Cena – Quais são os dispositivos que acompanham a RAPS?

Dhieine Caminski – Centro de Saúde da Comunidade de Palmas, o CAPS II, o CAPS AD III, as UPAS, as policlínicas, os ambulatórios, cada um com uma função específica.

(En)Cena – Qual a política da RAPS?

Dhieine Caminski – A política da RAPS é regida pela lógica de redução de danos, quando uma pessoa procura, por exemplo, o CAPS AD III para deixar de usar drogas ou álcool essa é uma vontade que ela tem, não aquilo que o serviço impõe. A RAPS vai trabalhar com ela para que ela não tenha mais um uso prejudicial daquela substância, embora a sociedade estimule o uso de algumas substâncias, na mídia, nos bares, supermercados, a equipe esta lá para ofertar saúde, se ele quer tentar abandonar o vício através da abstinência, a equipe estará lá para apoiá-lo.

(En)Cena – Em Palmas quais locais estão habilitados para ofertar serviços para as pessoas com algum tipo de transtorno?

Dhieine Caminski – Grupos comunitários, hospitais, o CAPS AD III que oferta serviço para o uso prejudicial de álcool e outras drogas, CAPS II que oferta serviço para transtornos mentais que não estão associados ao uso de álcool e outras drogas.

(En)Cena – Como se dá o acesso das pessoas a esses CAPS?

Dhieine Caminski – Os dois CAPS trabalham na modalidade portas abertas para o usuário, ou seja, qualquer pessoa que chegar lá vai ter o acolhimento inicial e será feita uma avaliação, onde depois a equipe se reúne e verifica qual o melhor atendimento à esse usuário, sendo que o atendimento é inteiramente gratuito.

(En)Cena – Quais são os horários de atendimentos nesses CAPS e quais profissionais atendem neles?

Dhieine Caminski – O CAPS II tem seu funcionamento de segunda a sexta feira das 07 da manhã ás 18 da tarde, já o CAPS AD III funciona 24 horas todos os dias da semana, mas o acolhimento inicial se dá das 7 da manhã às 19 horas, quando se tem ainda um número maior da equipe trabalhando e por uma questão de segurança. Os profissionais do CAPS II formados por médico clínico geral, psiquiatra, assistente social, psicólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, artesão e os assistentes administrativos. Já no CAPS AD III, se tem basicamente a mesma equipe, mas um número maior de enfermeiros devido a retaguarda de 24 horas, pois temos 12 leitos, que não são de internação (HGP ou UPA ),  que visam uma retaguarda psicossocial, pessoas que tenham fragilidades, passam o período de desintoxicação em até  14 dias, para então restabelecer os vínculos com a família.

(En)Cena – A RAPS atende só o usuário ou a família também?

Dhieine Caminski – Sim, além de atender o usuário, procura-se também dar o suporte a família, para que esta saiba lidar com os conflitos. Possuímos atendimentos individuais e em grupos, porém muitos familiares obrigam o parente a ir, mas elas não vão, dificultando a proximidade com as famílias.

(En)Cena – Dentro de Palmas qual é a maior demanda?

Dhieine Caminski – A maior demanda hoje se trata do álcool, chegando ao número de 93% de usuários que acessam o CAPS AD e o álcool é a porta de entrada para outras drogas.

(En)Cena – Como funciona a RAPS nos hospitais?

Dhieine Caminski – Nós podemos referenciar o Hospital Dona Regina no caso das mulheres e gestantes, o Hospital Infantil no caso de crianças e adolescentes com transtornos mentais, associados ao uso de álcool e outras drogas. Hoje a referência de leitos psiquiátricos é no HGP, onde é feita a avaliação da equipe multiprofissional para fazer ou não a internação.

(En)Cena – Qual o maior problema enfrentado pelo CAPS e pela RAPS?

Dhieine Caminski – Falta de apoio dos territórios, falta do CSC (Centro de Saúde da Comunidade) entender que não é apenas um paciente só do CAPS, mas da RAPS, hoje  a maior dificuldade nos funcionários dos CAPS é fazer com que  atenção primária entenda seu papel de articuladora da rede de atenção psicossocial,  fazendo com que o enfermeiro e o médico lá da atenção primária também atendam esse usuário, pois a RAPS tem um foco que é o sofrimento mental, mas essa pessoa vai ter necessidades diversas no seu cotidiano, é um preventivo, uma questão de um clínico geral, uma gripe, coisas do cotidiano e não é no CAPS que essa pessoa vai ter esse tipo de atenção, é no Centro de Saúde. Só que as pessoas que tem um transtorno um pouco mais moderado/grave na verdade têm pouco acesso, porque as pessoas têm muito preconceito e esse preconceito afasta o acolhimento. E essa pessoa percebe que no CAPS ela tem um melhor acolhimento e aí ela quer ser atendida só  no CAPS.

(En)Cena – Qual é o desafio que a RAPS visualiza no momento?

Dhieine Caminski – Estamos no mês de setembro, o Setembro Amarelo, onde se trabalha a campanha de prevenção ao suicídio, mas o fato é que nesse mês se tem um aumento dos números de tentativas de suicídio e notificações, quer dizer que as pessoas estão mais atentas aos números de notificações, na realidade não, há muita gente falando de suicídio de maneira não qualificada. Esse é o desafio que o serviço de saúde mental enfrenta, porque falar de uma maneira qualificada é falar de acordo com os parâmetros da Organização Mundial da Saúde, da Associação Brasileira de Psiquiatria, Associação Brasileira de Saúde Mental, que estimulam um diálogo focado na prevenção, em vez de falarmos do suicídio temos que falar daquilo que previne o suicídio, falar de habilidades emocionais, tolerância a frustração, vínculos familiares, afetivos, sociais, endossar outras relações sociais para prevenir. Se recebe muitos casos de ideação, tentativas, de automutilação, precisa-se ter muita responsabilidade para tratar desses casos na rede. Estamos traçando estratégias que vão ser tratadas num fórum de saúde mental para trabalharmos esse problema.

(En)Cena –  Quem mais procura tratamento no caso de álcool e outras drogas: homem ou mulher?

Dhieine Caminski – O homem! A mulher ainda tem esse tabu, elas usam, mas não contam, pela questão do machismo mesmo. É aceito socialmente que o homem use o álcool, por exemplo, mas para a mulher não. Tem se trabalhado nos centros de saúde essa conscientização de que a mulher precisa de ajuda e não está conseguindo procurar.

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Avaliação Psicossocial de Vítimas de Violência Sexual: Desafios da Integralidade do Cuidado

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No dia 22 de agosto de 2016, nas dependências do CEULP/ULBRA, ocorreu como parte da programação da 1ª Semana Acadêmica de Psicologia, a oficina: Avaliação Psicossocial de Vítimas de Violência Sexual, promovida pela coordenação do curso. Ministrada pela psicóloga Lívia Tâmara Barbosa, mestre em ciências da saúde, especialista em saúde pública e psicóloga no Serviço Especializado de atendimento à pessoa em situação de violência sexual (SAVIS) do Hospital Dona Regina, a oficina abrangeu os conteúdos de forma dinâmica e crítica, de modo a facilitar a aprendizagem e envolvimento dos acadêmicos que a acompanhavam.

Abordando um tema atual e recorrente na sociedade, que necessita de atenção especial dos profissionais de psicologia, foram expostos, além da violência sexual, os conceitos de outros tipos de violência, como a física, psicológica, financeira e por negligência, observando as características das vítimas de cada uma delas. Explanou-se também sobre a importância dos direitos humanos como contraponto à violência e a importância da integralidade do cuidado como agente facilitador da resiliência nas pessoas que sofreram abuso.

Segundo a psicóloga, deve-se levar em consideração as particularidades de cada grupo, que tem seus conceitos de violência tangidos por características culturais, religiosas, históricas, políticas e sociais. Estamos inseridos em grupos com características próprias, sendo papel do psicólogo identificar quais técnicas  terão maior aproveitamento com cada indivíduo, dinâmica que também se aplica a pessoas em situação de violência sexual.

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Fonte: http://zip.net/bxtKcs

Atentando-se para uma dúvida comum entre as pessoas e até mesmo entre profissionais, foi analisada a definição do que é violência sexual e os limiares entre ela e outros tipos de violência. Qualquer ato sexual, tentativa de obter um ato sexual, comentários ou investidas sexuais indesejados, ou de alguma forma voltados contra a sexualidade de uma pessoa, independentemente da relação com ela ou o ambiente, são considerados violência sexual.

Dessa maneira, as consequências de tal tipo de violência podem não ser somente físicas, uma vez que a força corporal nem sempre é utilizada, podendo causar danos à saúde mental e bem-estar para com a sociedade, como por exemplo, gravidez, complicações ginecológicas e doenças sexualmente transmissíveis.

Entre as características das pessoas que foram abusadas sexualmente foram citadas: culpabilidade em relação ao ocorrido, baixa auto-estima, problemas de crescimento e desenvolvimento físico-emocional nos casos de crianças e adolescentes, vulnerabilidade ao comportamento suicida, transtornos de ansiedade, depressão e outras psicopatologias. Outras características podem se manifestar dependendo da subjetividade de cada indivíduo e caso ele tenha sofrido outros tipos de violência.

Muito frisado durante a oficina, o termo “integralidade do cuidado” foi descrito como uma bandeira de luta, sendo alcançada através do cuidado integral às vítimas, que por sua vez é a conjunção da atenção emergencial, atenção básica e das redes sociais. A resiliência nos casos de violência se refere à capacidade de uma pessoa de construir ou reconstruir uma trajetória de vida saudável, apesar do ocorrido. Para Lívia, a escuta, o apoio e o atendimento às necessidades do indivíduo, a partir do cuidado integral, servem como fator protetor para a Resiliência.

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Fonte: http://zip.net/bntJnz

Segundo a psicóloga, o indivíduo em situação de violência sexual se recuperaria mais rapidamente com um trabalho em rede, inter setorial, com órgãos como o SAVIS e outros centros de assistência, bem como com um vínculo com a comunidade através de esforços comunitários, campanhas de prevenção, ativismo comunitário e programas nas escolas. Sendo seres biopsicossociais, devemos dissociar a ideia de Resiliência como apenas sendo uma capacidade interna, e sim algo que pode ser alcançado através de interação com o meio social.

Na formação do psicólogo é fundamental o estudo sobre temas como o dessa oficina. Os profissionais de psicologia enfrentam desafios diários com casos de violência sexual, sendo responsáveis por atender as necessidades da pessoa que sofreu abuso e por promover as medidas cabíveis a curto e longo prazo para a recuperação do paciente e prevenção a novas ocorrências.

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Relação histórica e cultural entre Brasil e Portugal será discutida

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Congresso Luso Brasileiro de Arteterapia promoverá integração entre profissionais dos dois países


A maior semelhança entre Brasil e Portugal hoje certamente é a língua portuguesa, fora isto, grande parte da cultura e da historia do país europeu segue permeando nossa história. Ao longo do tempo,  os dois países vêm trocando experiências culturais que contribuem para o fortalecimento dos laços afetivos, econômicos e políticos entre os dois povos.

Diante destes aspectos, o V Congresso Luso Brasileiro de Arteterapia tem como objetivo promover o intercâmbio científico e cultural entre arteterapeutas brasileiros e portugueses. Além de promover uma efetiva troca de saberes e estratégias arteterapêuticas, abrindo também espaços participativos para profissionais vinculados ao universo das artes provenientes de outros países que também compartilham a língua portuguesa.

O congresso acontecerá nos dias 1 e 2 de maio, no Colégio Santo Amaro, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro. Poderão ser apresentados trabalhos e experiências nas seguintes modalidades: poster, tema livre, oficina, performance, mesa temática e mostra de arte postal.

Dentro do tema Partilhando Histórias Ancestrais, os trabalhos a serem apresentados deverão ter conexões com as seguintes áreas: Inconsciente Coletivo: a grande história ancestral; Quando a arte faz a história: cultura e transformação; Histórias geracionais: diálogos em família; Criando e recriando histórias pessoais através do processo arteterapêutico; e Histórias de velhos: memória e afeto.

O valor do investimento é de R$ 240 para estudantes de arteterapia associados, R$ 270 para não associados, R$ 350 para profissionais associados e R$ 400 para não associados. Mais informações sobre inscrições e programação completa no site http://arte-terapia.com/congresso/, ou no email  congressolusobrasileiro@yahoo.com.br.

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Conectados: 24h de olho nas redes sociais

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“Gosto de usar as redes sociais como uma forma de propagação da minha fé. Mas, também confiro as novidades de outras pessoas e me informo sobre programações, eventos etc.” é a resposta de um dos entrevistados sobre permanecer sempre conectado em redes sociais digitais.

Com a criação da internet e sua ascendência a partir da década de 1990, o universo virtual se tornou um campo a ser explorado. Neste lugar, além de estudar e informar com conteúdo selecionado pelo navegante ou internauta, há também a possibilidade de ser entreter, com vídeos, jogos, fofocas.

Neste universo virtual, também surgiram espaços para interação interpessoal, as chamadas redes sociais, onde se dá integração, mas também promoção pessoal, por meio de vídeos, fotos e posts que descrevem a rotina do indivíduo ou o que ele está sentindo. No mesmo local, as pessoas podem encontrar pares com gostos e ideias semelhantes formando assim grupos para tratar de assuntos específicos nas redes sociais.

Já foi necessário estar conectado em computadores pessoais (PC) ou Notebook, mas com a evolução tecnológica é possível acessar a internet e seu universo por meio de um aparelho telefônico, os smartphones. Essa modernização possibilitou a conexão mais duradoura entre as pessoas dentro das redes sociais.

Segundo informações disponibilizadas na versão eletrônica da revista Superinteressante, a Universidade de Chicago fez um estudo relacionado com as redes sociais. A pesquisa contou com 205 voluntários entre 18 e 85 anos que receberam smartphones por uma semana. Durante esse tempo, os pesquisadores entrevistavam os voluntários de meia em meia hora, querendo saber quais os seus desejos naquele instante. O resultado apontou que eles sentiam muito mais vontade de checar as redes sociais do que fazer qualquer outra coisa como fumar, beber ou até fazer sexo.

Pelo jeito ficar conectado 24 horas por dia pode se tornar um vício entre as pessoas, porque algumas acabam esquecendo-se de outras coisas importantes como família, trabalho e amigos. A entrevistada Talanta Oliveira, estudante de Nutrição e violinista, fez um comentário bastante interessante:

Antigamente tínhamos que esperar chegar em casa para então ligar o PC e acessar a internet, hoje isso praticamente não existe mais. Com os smartphones podemos acessar a net a qual momento de qualquer lugar. Se antes era difícil ficar sem se conectar, agora então é impossível. E claro, isso nos ajuda muito, hoje temos em mãos um meio de comunicação rápido e eficaz. Porém  não poucas pessoas, mas quase todas, não conseguem mais se desligar, ficar algumas horas em off, aí eu me pergunto, até que ponto seria isso bom?!  Sabemos que isso tem aproximado pessoas que estão longe (do outro lado da telinha) mas, chega ao extremo  de afastar quem está perto (sentado ao seu lado). Hoje as redes sociais estão substituindo o real pelo virtual. Precisamos aprender usá-las corretamente

A jovem Talanta Oliveira. Foto: Arquivo Pessoal

Os participantes da reportagem apontaram que Facebook e Twitter são as redes sociais mais acessadas por eles, que também utilizam outros mecanismos virtuais com o mesmo princípio, como o Skype e Whatsapp. Todos concordam que hoje, devido a presença e facilidade de acessar as redes sociais só aumentou a necessidade e o vício de estar conectado. “Toda hora não, mas varias vezes ao longo do dia [me conecto], por que elas facilitam nossa comunicação para trabalho, faculdade, encontro com os amigos, igreja. Um dia sem acessar, já fico desatualizado”, conta a jovem Talanta.

Já Ivone Azevedo, contadora em uma empresa de contabilidade em Palmas (TO), considera que “hoje as pessoas estão mais virtuais, digamos assim, ou seja, passam mais tempo teclando do que tendo um bom papo com os amigos”. Ela finaliza com convicção dizendo que, “a tecnologia é boa, mas se não for usada da maneira correta, vicia”.

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Novo mundo, novas formas!

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Há décadas, a dura realidade que se apresentava nas dependências frias e obscuras dos hospitais psiquiátricos configurava a forma como as coisas deveriam ser levadas por ali. De tão peculiar o ambiente sombrio poderia facilmente ser reconstruído, de forma perfeccionista, nas telas do cinema. Prédios altos, geralmente implantados em cenário triste, saguão inóspito com mobília antiga, funcionários e médicos rudes, além de uma administração ignorante e ausente. O tratamento era prático e rotineiro, sem muitas novidades. Aliás, quando eventualmente algum usuário surgia com novidade comportamental, aí sim, havia tratamento “especial”. Aparentemente, cidadania era algo que ficava do portão para trás. Do portão para dentro, forte enclausuramento.

Mas esse molde de concreto duro e impenetrável começa a perder a forma e a resistência. Talvez, o novo pensamento fosse uma tentativa de tratamento mais humano e individualista, onde fossem percebidas demandas e inquietações dos pacientes, bem como a resolução dos mesmos. Um dos passos mais importantes que se deu em direção a esse novo modelo foi a eliminação, de forma gradual, da internação do paciente e, conseqüentemente, buscar o fim da exclusão social desses indivíduos.

O lema agora passa a ser a integração do doente mental na comunidade a qual pertence. Claro que atenção psicossocial não foi ignorada. Pelo contrário. Ela constitui hoje uma rede forte e consolidada, composta de centros de atenção psicossocial (CAPS), cooperativas de trabalho protegido, centro de convivência e cultura assistida, dentre outras atividades. Se antes a falta de atenção era sintoma clássico, hoje doentes mentais, em sua maioria, recebem zelo e cuidado essenciais a sua integração e sobrevivência.

Hoje, tudo isso se configura em uma nova forma, nova fase, nova vida. Como exemplo, rememoro o que presenciei no dia 23 de outubro de 2011, data em que a população de Paraíso do Tocantins, cidade localizada a 60 km de Palmas, comemorou sua emancipação política, os usuários do CAPS integraram o enorme desfile de orgulho e cidadania que percorreu a avenida principal. Diante desse contexto, questiono: As práticas de exclusão social não pertencem mais ao novo mundo da pós-modernidade?

Acredito que conquista como esta representa apenas o começo. No desfile da vida, esse foi apenas mais um passo dado. Ainda é preciso percorrer outros caminhos. Faz-se necessário acompanhamento médico especializado na atenção primária, estrutura capaz de atender a todos de maneira justa e igualitária, ampliação dos mecanismos de inclusão social, dentre outros.

Mas isso é apenas um ponto de vista de um acadêmico de Jornalismo que acredita e anseia por mudanças.

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