Depressão (ainda banalizada) pode levar ao suicídio – (En)Cena entrevista Tatiane Paula Souza

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Organização Mundial da Saúde estima que 800 mil pessoas morrem por suicídio anualmente

Segundo levantamento da OMS, a depressão atinge cerca de 5,8% da população do Brasil, posicionando o país como o maior em quantidade de pessoas com a doença na América Latina. “Expressões como ‘sou chato’, ‘sou incompetente’, ‘serei infeliz até o final da minha vida’, nas quais a pessoa exterioriza uma visão negativa de si mesma, de sua experiência de vida e do futuro podem significar o início de um quadro de depressão,” explica​ a psicóloga​ Tatiane Paula Souza. A profissional traz algumas orientações e recomendações sobre esta que é uma das mais devastadoras doenças da modernidade.

Grupo CASA – O que diferencia a doença depressão de condições emocionais, como a tristeza?

Tatiane Paula Souza – A depressão normalmente se caracteriza por um sentimento de tristeza persistente que se reflete em sintomas físicos como alterações no sono, dificuldades na execução das tarefas cotidianas, falta de apetite ou compulsão alimentar, cansaço e falta de energia. Quando os sintomas se tornam crônicos, podem ocorrer também pensamentos suicidas e uso de substâncias psicoativas. Deprimidos também apresentam perda de interesse; atenção e concentração prejudicadas, auto-estima reduzida e sentimento de culpa e inutilidade.

Grupo CASA – Uma pessoa com depressão pode se tratar apenas com o uso de medicamentos? Há tratamentos alternativos eficazes?

Tatiane Paula Souza – O diagnóstico correto da depressão deve ser realizado pelo médico psiquiatra que fará a prescrição do tratamento medicamentoso, ferramenta essencial para debelar os sintomas mais acentuados. Para tratar a doença é fundamental contar com um psicólogo especialista em saúde mental. As técnicas terapêuticas ajudam na modificação dos comportamentos prejudiciais permitindo que a pessoa consiga compreender o seu estado e, juntamente com seu psicólogo, busque estratégias de enfrentamento das situações de crise.

Grupo CASA – Quais os fatores mais comuns que podem fazer a pessoa ter depressão?

Tatiane Paula Souza – Existem alguns padrões que podem desencadear a acentuação dos sintomas e, consequentemente, a evolução da doença. Entre eles estão as perdas (emprego, ente querido, status social), ambiente de trabalho hostil, bullying, estresse além de traumas físicos ou psíquicos.

Grupo CASA – Como a família e pessoas próximas podem ajudar alguém com depressão?

Tatiane Paula Souza– A família deve buscar compreender a situação, conhecer a doença e não fazer julgamentos. É importante incentivar o parente deprimido a procurar ajuda médica, acompanhá-lo à consulta e colocar-se à disposição para colaborar com o tratamento prescrito. Potencialize ao máximo o afeto em torno da pessoa, evitando deixá-la sozinha e envolvendo outros membros da família. Se há evidências de pensamentos e comportamentos de suicídio, o indicado é informar imediatamente o médico psiquiatra responsável pelo paciente.

Grupo CASA – A depressão ainda é tratada com preconceito por muitas pessoas. Quais atitudes de pessoas próximas podem prejudicar a recuperação de uma pessoa com depressão?

Tatiane Paula Souza – Depressão não é frescura. O fato da pessoa estar prostrada e sem energia não significa preguiça. A postura de julgamento e crítica constantes prejudica muito o paciente, não só no entendimento dos sintomas, mas também o afasta da ideia de buscar um tratamento efetivo. Infelizmente, é muito comum que a família só descubra que o parente deprimido estava precisando de ajuda quando acontecem tentativas de suicídios não concretas ou quando ocorre suicídio de fato. Depressão não se encaixa em uma classe social específica, todos nós estamos sujeitos. Ao suspeitar de qualquer padrão de comportamento que possa apresentar sinais de suicídio é preciso procurar imediatamente ajuda.

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Ministério da Saúde incorpora tratamento completo para Transtorno Bipolar

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Os cinco medicamentos deverão atender já no primeiro ano 270 mil brasileiros que sofrem do transtorno


Os brasileiros que sofrem de Transtorno Bipolar são beneficiados com a linha completa de tratamento para a doença após a inclusão de cinco medicamentos. A decisão publicada no Diário Oficial da União deve representar investimento do Ministério da Saúde da ordem de R$ 755 milhões em cinco anos. A estimativa é que ainda neste ano cerca de 270 mil pessoas sejam atendidas com esse novo tratamento, e a previsão é que esse número chegue a 330 mil em 2019.

Outra novidade importante é a publicação do primeiro Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) que servirá como guia para a orientação do diagnóstico, tratamento e acompanhamento desses doentes. Segundo estimativas de associações de pacientes, o transtorno pode afetar até dois milhões de brasileiros.

Os medicamentos incorporados servem para o tratamento dos sintomas associados à doença, caracterizada por alterações de humor que se manifestam como episódios depressivos alternando-se com episódios de euforia (também denominados de mania), em diversos graus de intensidade. Estima-se que os pacientes diagnosticados com transtorno bipolar podem desenvolver mais de 10 episódios de mania e de depressão durante toda a vida. A duração das crises e dos intervalos entre elas em geral se estabiliza após a quarta ou quinta crises. Frequentemente, o intervalo entre os primeiro e segundo episódios pode durar cinco anos ou mais, embora 50% dos pacientes possam apresentar outra crise maníaca 2 anos após sua crise inicial.

De acordo com a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar, a mortalidade entre os portadores da doença é elevada e o suicídio é a causa mais frequente de morte, principalmente entre os jovens. Estima-se que até 50% dos portadores tentem o suicídio ao menos uma vez em suas vidas e 15% efetivamente o cometem. Além disso, outras doenças clínicas como obesidade, diabetes e problemas cardiovasculares são mais frequentes entre os portadores de Transtorno Bipolar do que na população geral.

Devido a peculiaridades na apresentação clínica da doença, o diagnóstico é difícil. Frequentemente crianças recebem outros diagnósticos, o que retarda o início do tratamento adequado. Isso causa consequências devastadoras, pois o comportamento suicida pode ocorrer em 25% dos adolescentes portadores de Transtorno Bipolar. Sendo assim, O tratamento adequado do Transtorno Bipolar reduz a incapacitação e a mortalidade dos portadores.

O transtorno bipolar pode se apresentar em diferentes graus, do mais leve ao mais grave, por isso é importante promover o diagnóstico correto e o acesso ao melhor tratamento existente. Com essa incorporação a expectativa do Ministério da Saúde é que até o final deste primeiro semestre os medicamentos já estejam à disposição da população” estima o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.

MEDICAMENTOS INCORPORADOS

CLOZAPINA: Medicamento indicado para tratamento de esquizofrenia resistente ao tratamento; risco de comportamento suicida recorrente em pacientes com esquizofrenia ou distúrbio esquizoafetivo; e psicose durante a doença de Parkinson.

LAMOTRIGINA: Indicado para prevenir episódios de alteração do humor, especialmente episódios depressivos.

OLANZAPINA: Indicado para o tratamento de episódios de mania aguda ou mistos do TAB (com ou sem sintomas psicóticos e com ou sem ciclagem rápida) e para prolongar o tempo entre os episódios e reduzir as taxas de recorrência dos episódios de mania, mistos ou depressivos no TAB.

QUETIAPINA: Indicado como adjuvante no tratamento dos episódios de mania, depressão, manutenção do transtorno afetivo bipolar I (episódio maníaco, misto ou depressivo) em combinação com os estabilizadores de humor lítio ou valproato, e como monoterapia no tratamento de manutenção do transtorno afetivo bipolar (episódios de mania, mistos e depressivos).

RISPERIDONA: Indicado para o tratamento de curto prazo para a mania aguda ou episódios mistos associados com transtorno bipolar I.

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Terapia psicodélica

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Primeiro estudo terapêutico com LSD em 40 anos mostra resultados positivos para ansiedade e depressão em pacientes com doenças terminais. A pesquisa, feita pela Associação Multidisciplinar para Estudos Psicodélicos (MAPS), traz as primeiras evidências científicas sobre o uso medicinal da droga. Os testes, realizados na Suíça, ainda são restritos, apenas 12 voluntários participaram da pesquisa.

Nenhum medicamento psiquiátrico foi utilizado e só foram aceitos pacientes sem histórico de problemas mentais, como a esquizofrenia. Os 12 voluntários passaram por 30 sessões utilizando a droga: 22 com uma dose de 200 mg, e oito com a dose placebo de 20 mg. Não houve efeitos colaterais graves como flashbacks, surtos psicóticos ou ansiedade severa.

Segundo o psiquiatra Peter Gasser, coordenador do estudo, “a droga interage com neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, provocando uma espécie de sonho acordado muito vívido, que leva os pacientes a um profundo contato com suas pendências e ao enfrentamento de seus medos”, afirma.

De acordo com Rick Doblin, fundador e presidente da MAPS, as novas pesquisas devem apontar alternativas a medicamentos psiquiátricos tradicionais. “As pessoas já demonstram descrença na indústria farmacêutica e tendência à aceitação de outras substâncias para finalidade médica e espiritual. A exploração do subconsciente e da espiritualidade é um direito humano fundamental”, opina.

Apesar disso, ainda há uma série de restrições por parte do governo, que impedem que os estudos sejam realizados livremente. Essa preocupação começou desde o início das descobertas científicas a respeito do LSD, devido ao uso recreativo da droga entre os jovens nos anos 60. Mas com a descoberta dos potenciais terapêuticos como possível tratamento para diversos distúrbios, os estudos com LSD vão sendo cada vez mais aceitos em pequena escala.

Com os resultados promissores obtidos através do estudo feito pelo MAPS, a organização também planeja novos estudos legais sobre o uso medicinal do MDMA (ecstasy), maconha, ibogaína e ayuasca para tratamentos direcionados à ansiedade, estresse pós-traumático e dependência química. Os próximos grupos devem ser montados no México e Nova Zelândia.  Os pesquisadores acreditam que os avanços positivos nos estudos colaboram para que em poucas décadas possamos ver o uso de tratamento com psicodélicos em larga escala trazendo inúmeros avanços à medicina.

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Memórias de uma mente esquizofrênica

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Até os 14 anos eu era uma garota normal, nada tinha de suspeito. Apenas um comportamento de isolamento e gostava de ficar sozinha, por horas, brincando com minhas bonecas. Gostava muito de estudar, era aplicada e excelente aluna, costumava virar a noite estudando.

Quando fui embora de Miracema para Goiânia, deixei meus pais e passei morar com minhas irmãs que já trabalhavam e estudavam lá. Como toda pessoa jovem, fazia muitos planos: trabalhar, estudar, formar em medicina, casar e me realizar em todos os aspectos. Infelizmente, a doença a que fui acometida me impediu dessas realizações. Ainda em Goiânia já havia iniciado minha vida acadêmica na UCG.

Entretanto, as coisas mudaram para mim. Lembro-me que fui a uma benzedeira, em Goiânia, e ao voltar para casa já me sentia um pouco estranha. Sentia uma sensação diferente, como se ouvisse uma voz ou uma força que me proibia de lavar os cabelos. Ao chegar em casa, entrei no meu quarto e pude perceber a presença de um  espírito. Esse espírito bateu forte no meu rosto, me envolveu e me acomodou em uma cama para dormir. Ao acordar, tudo estava confuso… Passei semanas sentindo dores no corpo. Falava bastante, me sentia doente. A isso tudo eu atribuía à possessão de um espírito. Passaram-se os dias, pude levantar da cama e estava melhor, mas sabia que a partir de agora eu tinha que conviver com esse espírito que me possuiu. Seria impossível, aqui neste texto, descrever tudo o que me acontecia durante o período em que a doença ainda não havia sido diagnosticada.

Naquela época, dentre tantos tratamentos alternativos, pois até então não se sabia qual era o meu problema, fui levada em Igrejas católicas e evangélicas onde recebia orações de padres e de pastores, respectivamente. Falava-se até em exorcismo. Também fui levada ao Centro Espírita PAI – Posto de Atendimento Espiritual, em Goiânia. Nesse mesmo tempo, uma senhora que havia passado por situação semelhante com o seu filho, aconselhou minha família a procurar um médico psiquiatra. O meu primeiro médico psiquiatra diagnosticou a doença como sendo Esquizofrenia.  Até hoje ele atende em Goiânia. Os primeiros remédios que ele me receitou foram Rivotril e Haldol. Ele atende grupos de pacientes em conjunto com os familiares. Os remédios, no início do tratamento, mesmo com seus efeitos colaterais catastróficos, surtiram efeitos. Até pensei que estava curada, fui morar em Maceió com o meu irmão e sua família, estudava e tudo parecia normal, descuidei da medicação e aí… um novo surto! Voltei para Goiânia.

Com o tempo o meu comportamento foi se modificando, alternando o meu humor, dificultando o meu raciocínio, retardando a minha capacidade de memorização, a minha coordenação motora – consigo digitar com muita de dificuldade – com o uso continuado dos REMÉDIOS CONTROLADOS, fui percebendo, ao longo dos anos, os benefícios e as ruínas dessas drogas. As drogas que já tomei e ainda as tomo até hoje – já experimentei quase de tudo disponível no mercado –  têm suas reações adversas. Vou citar algumas. Quem que não faz uso desses medicamentos, não tem ideia do estrago que eles causam no organismo…

Buraco negro!

AMPLICTIL, NEULEPTIL, MELLERIL, ORAP, STELAZINE, ZYPREXA, RISPERDAL, SEROQUEL, GEODON, INVEGA, PIPORTIL, EQUILID, HALDOL… Isso tudo e muito mais, é DROGA, mas não dá nem pra cheirar.  Se um dia eu criar algum bicho de estimação, vou chamá-lo de SEROQUEL ou STELAZINE.  Eu “devoro” as bulas e sei dizer quando o remédio é bom e faz bem, ou não. Os efeitos desses medicamentos, quase sempre angustiantes, me deixam parecer e/ou sentir que estou com algum problema sério de saúde, mas são os remédios que trazem essas consequências, efeitos contrários (falta de disposição, sonolência, ansiedade, obesidade por não conseguir controlar a alimentação, falta de concentração, nervosismo, irritabilidade, tiques nervosos, perda de memória recente e por aí vai…) Hoje sou dependente dos indutores do sono,  pois só  consigo dormir com o uso deles.  Quais benefícios os TARJAS PRETAS trazem? Quase nenhum… Falarei sobre isso e também por onde já busquei tratamentos, em outra oportunidade.

Quando engravidei (aos 28 anos) – na época tomava medicamentos de um médico de São Paulo que o meu irmão havia me levado para uma consulta – estava muito feliz e a minha filha era tudo, brincávamos muito. Eu não me entendia muito bem com a minha irmã, que passou a minha filha para o seu poder, de uma maneira que todos a apoiavam e ficavam do seu lado. Eu, sendo a parte mais fraca, não tive condição e nem apoio para me defender. Por várias vezes fui afastada do convívio da criança, para ser internada. Sofria muito a ausência de minha filha. Mas mesmo assim tentava levar uma vida “normal”, sendo que os maiores obstáculos foram internações contra a minha vontade. As clínicas merecem outro capítulo, não gosto de ouvir falar que eu preciso ser internada, sofri muito e saia semimorta das clínicas. Quando voltava das internações sentia que muitas coisas tinham se perdido, inclusive a própria filha. Sinto falta dela e essa que sobreviveu não me considera como mãe, me maltrata e tudo isso manipulado pela minha irmã.

Acredito em todas as crenças. Fui uma criança muito sofrida e tive alguns maus-tratos. O diagnóstico de Esquizofrenia veio resgatar o trauma de infância por eu ter presenciado o crime de uma mulher, que é minha mãe biológica. O que posso resgatar da infância é só isso, pois me senti muito ruim quando vi a fotografia dela. Ela já tentou se comunicar comigo, fui obrigada a rasgar a prova que eu tinha – uma foto em preto e branco – pois estava me fazendo mal, mas cheguei a mostrá-la a umas três pessoas.

Frequento o CAPS – Centro de Atenção Psicossocial – buscando uma maneira melhor de tratar o meu problema. Entretanto, diante de tantos “saudáveis” cometendo absurdos, me considero uma pessoa normal, a não ser quando me vejo influenciada por uma espécie negativa que leva ao apelo sexual, de certa forma inconveniente, invisível. Existem espíritos e todas as espécies de entidades, elas podem influenciar nas vidas das pessoas para ajudar, mas existem também espíritos invejosos e pessoas que só desejam o mal.

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