Terapia psicodélica

Primeiro estudo terapêutico com LSD em 40 anos mostra resultados positivos para ansiedade e depressão em pacientes com doenças terminais. A pesquisa, feita pela Associação Multidisciplinar para Estudos Psicodélicos (MAPS), traz as primeiras evidências científicas sobre o uso medicinal da droga. Os testes, realizados na Suíça, ainda são restritos, apenas 12 voluntários participaram da pesquisa.

Nenhum medicamento psiquiátrico foi utilizado e só foram aceitos pacientes sem histórico de problemas mentais, como a esquizofrenia. Os 12 voluntários passaram por 30 sessões utilizando a droga: 22 com uma dose de 200 mg, e oito com a dose placebo de 20 mg. Não houve efeitos colaterais graves como flashbacks, surtos psicóticos ou ansiedade severa.

Segundo o psiquiatra Peter Gasser, coordenador do estudo, “a droga interage com neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, provocando uma espécie de sonho acordado muito vívido, que leva os pacientes a um profundo contato com suas pendências e ao enfrentamento de seus medos”, afirma.

De acordo com Rick Doblin, fundador e presidente da MAPS, as novas pesquisas devem apontar alternativas a medicamentos psiquiátricos tradicionais. “As pessoas já demonstram descrença na indústria farmacêutica e tendência à aceitação de outras substâncias para finalidade médica e espiritual. A exploração do subconsciente e da espiritualidade é um direito humano fundamental”, opina.

Apesar disso, ainda há uma série de restrições por parte do governo, que impedem que os estudos sejam realizados livremente. Essa preocupação começou desde o início das descobertas científicas a respeito do LSD, devido ao uso recreativo da droga entre os jovens nos anos 60. Mas com a descoberta dos potenciais terapêuticos como possível tratamento para diversos distúrbios, os estudos com LSD vão sendo cada vez mais aceitos em pequena escala.

Com os resultados promissores obtidos através do estudo feito pelo MAPS, a organização também planeja novos estudos legais sobre o uso medicinal do MDMA (ecstasy), maconha, ibogaína e ayuasca para tratamentos direcionados à ansiedade, estresse pós-traumático e dependência química. Os próximos grupos devem ser montados no México e Nova Zelândia.  Os pesquisadores acreditam que os avanços positivos nos estudos colaboram para que em poucas décadas possamos ver o uso de tratamento com psicodélicos em larga escala trazendo inúmeros avanços à medicina.