Como a autocompaixão pode ajudar mulheres com excesso de demandas?

Compartilhe este conteúdo:

É fato de que as mulheres cotidianas podem possuir duplas a triplas jornadas e apresentar certas dificuldades em conciliar tudo. Há uma multiplicidade de papéis e atribuições da mulher contemporânea: ser mulher, mãe, esposa, filha, profissional, estudante, empresária, artista ou todos eles ao mesmo tempo. Para conciliar maternidade e carreira, felicidade e amor, as mulheres contemporâneas se deparam com muitas tarefas e muitas exigências. A mulher muitas vezes se vê prensada entre o modelo anterior e o atual, esforçando-se arduamente para ser a “mulher-maravilha”, mas também profundamente exaurida afetivamente. A intervenção em grupo visa criar estratégias de enfrentamento buscando auxiliar aqueles que participam.

Existem várias formas de dinâmica em grupo, destacamos aqui duas delas: a de Kurt Lewin, que foi o primeiro a conceituar a Dinâmica em grupo. Dentro da visão dele, para se entender um indivíduo é necessário conhecer a dinâmica do espaço em que vive. De acordo com Feitosa e Soares (2018), a Teoria de Campo estuda o comportamento na perspectiva     da totalidade, sem uma análise das partes separadas. O campo psicológico influencia tanto sobre o comportamento que se não tem mudança no campo não haverá mudança no comportamento.

Segundo Ramalho (2010) “grupo é um conjunto restrito de pessoas ligadas entre si por constantes de tempo e espaço, articuladas por sua mútua representação interna, que se propõe de forma explícita ou implícita a realização de uma tarefa” (apud RIVIÉRE, 1980). Nesse sentido a dinâmica de grupo é um importante trabalho a ser desenvolvido para incentivar a comunicação e facilitar o desenvolvimento social individual mútuo.

Fonte: Imagem de Pexels por Pixabay

Felizmente, nós também possuímos uma capacidade inata para responder ao nosso próprio sofrimento de uma maneira tranquilizadora e curadora – a autocompaixão. Dalai Lama (1995) define a compaixão como “uma abertura ao sofrimento, aliada ao desejo de aliviá-lo” e a mesma atitude direcionada para si mesmo associado ao bem-estar psicológico e saúde mental, incluindo resiliência emocional frente a eventos negativos, de forma que ela merece uma consideração cuidadosa.

Neff (2003) destaca que a autocompaixão possui três componentes principais: (1) auto gentileza, (2) uma percepção de humanidade comum, e (3) mindfulness. A auto gentileza implica em sermos calorosos e cuidadores com nós mesmos quando as coisas acabam mal em nossas vidas. A humanidade comum implica no reconhecimento da natureza compartilhada do sofrimento quando as situações difíceis surgem, em vez do sentimento de estarmos desesperadamente sozinhos. E mindfulness se refere aqui à habilidade de se abrir à experiência dolorosa (“isso dói!”) com consciência não-reativa e equilibrada. Juntos, a autocompaixão é precisamente o oposto de nossa reação típica às ameaças internas – auto criticismo, autoisolamento e auto absorção.

Schanche, Stiles, McCollough, Swartberg, & Nielsen (2011) relata que através da autocompaixão previram menos sintomas psiquiátricos e problemas interpessoais.

Fonte: Imagem por Pixabay

Uma vez que a autocompaixão prevê a conexão com emoções difíceis sem autojulgamento, parece que ela leva a um funcionamento psicológico mais saudável.

Pereira, T. T. S. O. (2013) a dialética é como a arte do diálogo. Não pode haver transformação sem diálogo, sem interação, sem a troca, sem a palavra do outro construindo sentidos junto à primeira palavra, seja na mesma direção, seja em sentidos contraditórios, em um movimento permanente, dialético e em espiral.

Nesse, (1993) fez um rápido relance que permiti compreender o estabelecimento na linguagem filosófica feito por Platão sob a dialética, diz-se que “[…] a dialética é a arte de discutir; tensão entre opostos”.

De acordo Castanho (2012) para o filósofo grego, a dialética era um modo de conhecimento. Argumentos inicialmente contraditórios eram confrontados através do diálogo e da conversa, podendo-se chegar a uma conclusão satisfatória para todas as partes envolvidas. Esse processo, dentro da concepção platônica de mundo, era a possibilidade da passagem do mundo sensível (da contradição inicial) ao mundo inteligível (visto como imutável). A dialética era, portanto, o modo de ascese de um mundo ao outro.

Fonte: Imagem de Jerzy Górecki por Pixabay

Há uma multiplicidade de papéis e atribuições da mulher contemporânea: ser mulher, mãe, esposa, filha, profissional, estudante, empresária, artista ou todos eles ao mesmo tempo. Para conciliar maternidade e carreira, felicidade e amor, as mulheres contemporâneas se deparam com muitas tarefas e muitas exigências. É a época dos recasamentos e da maternidade tardia, (o parto é uma escolha, não uma obrigação). Elas são mais livres sexualmente, ficam longe de relacionamentos abusivos, são mais autoconscientes, buscam mais irmandade e são menos críticas. Entre aqueles que trabalham em casa e no exterior, eles experimentam estresse e dor por não estarem totalmente comprometidos com todas essas áreas da vida como deveriam estar. Muitas mães se sentem culpadas e inadequadas por não conseguirem passar o máximo de tempo possível com seus filhos, familiares, amigos, ter lazer e diversão.

Segundo Paiva (1989). As mulheres de hoje devem cumprir todas as tarefas antes desempenhadas apenas pelos homens e ainda manter todas as suas velhas atribuições e a mesma feminilidade que lhes foi historicamente atribuída. A imagem vendida pela mídia é de mulheres independentes, eficientes, bem sucedidas profissionalmente, bem resolvidas sexualmente, e ainda bonitas, atraentes e sempre jovens. Ao mesmo tempo espera-se que sejam mães modernas e esposas amorosas.

Este é o modelo de mulher moderna, o papel esperado a ser bem desempenhado, sua nova persona.  A mulher muitas vezes se vê prensada entre o modelo anterior e o atual, esforçando-se arduamente para ser a “mulher-maravilha”, mas também profundamente exaurida afetivamente.

REFERÊNCIAS

AMADO, Gilles. GUITTET. André. A dinâmica da comunicação nos grupos. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

ARANHA, M. L. MARTINS, M. H. P. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1993.

BROWN, Brené. A coragem de ser imperfeito. Rio de Janeiro: Sextante, 2016.

CASTANHO, Pablo. Uma Introdução aos grupos operativos: Teoria e Técnica. Vínculo – Revista do NESME, 2012, v.9, n. 1, pp 1-60

DEREK griner, MARK E. beecher, GARY M. burlingame, DAVID M. erekson, ANDE kara,Terapia na compaixão em grupos.2010.

FEITOSA,C.M.Beleza e SOARES, S. M. A concepção de envelhecimento com base na teoria de campo de Kurt Lewin e a dinâmica de grupos, Ciência & Saúde Coletiva, 24(8):3141-3146, 2019

JUNG, C.G. Considerações gerais sobre a teoria dos complexos. In. A natureza da psique. Tradução de Pe Dom Mateus Ramalho Rocha. Petrópolis: Vozes, 2000b p.27-39.(Obras Completas de C.G Jung v.9/2). 1934.

LAMA, Dalai. The power of compassion. New Delhi, India: HarperCollins. 1995.

LINEHAN, M.M. Manual de treinamento de habilidades para o tratamento do transtorno de personalidade borderline. Imprensa Guilford. 1993.

PEREIRA, T. T. S. O. Pichon-Rivière, a Dialética e os Grupos Operativos. 2013

RAMALHO. Cybele. Psicodrama e dinâmica de grupo, Aracaju, 2010

Compartilhe este conteúdo:

Ser Mãe Empreendedora

Compartilhe este conteúdo:

Sou Livia Marques, Psicóloga Clínica e Organizacional, Palestrante, Escritora, Professora Universitária e empreendedora. Mas tenho como principal função: Ser Mãe de duas crianças lindas que amo muito.

Quando decidi, realmente, empreender eu já tinha meu filho mais velho e tinha acabado de passar por um forte assédio moral na empresa em que trabalhava. Decidi fazer algo que eu já gostava e era minha área. A Psicologia, que eu conciliava a clínica com o RH, trabalhando com carteira assinada. Então, fui, mesmo com o maior medo. Logo depois, no Brasil veio na tal crise e as pessoas me perguntavam: “Você é louca?! Faz um concurso!”

Eu simplesmente fingia que não ouvia e continuava. Ser empreendedora não é fácil, aliás empreender não é nada fácil no nosso país. Mas eu faço isso e gosto muito do que realizo, tenho paixão real pelo meu trabalho. E o principal, mostro isso para meus filhos. O que faz com que eles entendam o meu trabalho e me admirem. Por mais que tenha dias que sentimos muita falta uns dos outros.

Fonte: encurtador.com.br/fBZ16

Eu como mãe e psicóloga (a pessoa é psicóloga e tem filhos) sou bombardeada, sim! E sou muito. Por exemplo: “Essa mãe não liga para os filhos, só trabalha”. E os julgamentos continuam: “Ela não tem tempo para os filhos, trabalha todos os dias e em todos os horários”. Essas frases ouço com muita frequência.

Por mais que eu seja psicóloga, sei que precisamos nos ater às coisas boas, mas os julgamentos doem muito. Pessoas, não julguem mães que trabalhem e nem que empreendam! Aliás, vamos parar com esse julgamento de que essa mãe é ruim ou não dá atenção necessária. Crianças e mães não nascem com manuais. E outra, vamos levar em consideração que mães podem gostar do que fazem e podem trabalhar e não perderem seu amor materno. Essa ideia de que se a mulher estiver trabalhando é péssima mãe deve ser deixada de lado. Será que hoje falam dos pais que trabalham? Que você acha?

Ser mãe, empreender é muito bom, para mim é. Eu realmente me canso muito mais do que com a CLT. Mas a minha satisfação, a alegria de estar fazendo a minha agenda, por mais que, às vezes, ela possa não bater com a da família, é muito bom. Outra grande questão é a importância de quando se tem apoio, seja da família, de amigos, companheiro(a). Isso é um grande diferencial. Se você tem medo e/ou passa por julgamentos, acredite, as pessoas falam. Mas apenas você pode ir atrás do que sonha.

Compartilhe este conteúdo: