“Parece que não sou digna de amor”: a solidão afetiva de mulheres negras

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A solidão afetiva da mulher negra é uma realidade dolorosa e frequentemente invisibilizada, impactando suas conexões íntimas e amorosas.

“Mais que qualquer grupo de mulheres nesta sociedade, as negras têm sido consideradas “só corpo, sem mente”

Iniciando-se falando sobre a solidão, podemos dizer que a  solidão é um estado emocional e subjetivo caracterizado pela sensação de estar sozinho, isolado e ausente de cuidado de conexões com outras pessoas. É uma experiência comum que pode afetar qualquer indivíduo, independentemente de estar fisicamente sozinho ou cercado por outras pessoas. A solidão é frequentemente descrita como uma sensação de vazio, tristeza e desconexão.

A solidão pode surgir por diversos motivos, como a falta de relacionamentos íntimos, a ausência de apoio social, a perda de entes queridos, a separação de um parceiro, a mudança para um novo local ou até mesmo a sensação de não ser compreendido pelos outros .

É importante destacar que a solidão não está diretamente relacionada com a quantidade de pensamentos sociais que uma pessoa possui, mas sim com a qualidade dessas. Uma pessoa pode estar cercada de outras pessoas e ainda assim sentir-se solitária se essas conexões não forem expressivas, autônomas e satisfatórias.

A solidão, segundo Weiss (1973), pode ser entendida como uma resposta à falta de um tipo específico de relacionamento ou à ausência de um determinado provimento relacional. Em muitos casos, é uma resposta à falta de uma conexão íntima e pessoalmente próxima, mas também pode ser uma resposta à falta de amizades, relacionamentos colegiais ou outros vínculos com uma comunidade coesa. Com base nessas situações, o autor mencionado sugere que a solidão é uma resposta à deficiência relacional e, apesar das diferenças em cada experiência de solidão , existem sintomas comuns, o que permite considerar a solidão como uma condição singular.

Dentro do contexto da solidão, como foi dito, ela pode estar presente em diferentes âmbitos da nossa vida, então é válido falar sobre a solidão afetiva, sendo essa um tipo de solidão que pode estar relacionada a ausência ou a não completude nos aspectos emocionais e afetivos de um sujeito. Elas podem vir como sentimento de vazio, desconexão emocional e a falta de intimidade em relacionamentos pessoais, ou até mesmo a falta dessas relações.

Pontuando que a solidão é um fenômeno de caráter subjetivo e perpetua em vários aspectos do sujeito, faz-se necessário falar sobre suas dimensões dentro da vivência das mulheres negras, principalmente no que diz respeito à solidão afetiva das mesmas. As mulheres negras muitas vezes enfrentam desafios adicionais em relação à solidão afetiva devido às interseções de opressão racial e de gênero. Elas podem enfrentar estereótipos negativos, detectar raciais e dificuldades em encontrar relacionamentos íntimos e experimentar que levem em conta sua identidade racial e experiências específicas

Fonte: Alex Green/Pexels

A solidão afetiva tem efeitos profundos na vida das mulheres negras, afetando sua autoestima, saúde mental e emocional

No trabalho de Pacheco (2013), são discutidos os fatores presentes na sociedade, que foram historicamente moldados pela construção sociocultural decorrente do colonialismo no Brasil. Esses fatores incluem o racismo, sexismo e cisheteropatriarcado, que atuam como sistemas reguladores na sociedade, influenciando não apenas as relações sociais, mas também as subjetividades individuais e a expressão da afetividade sexual.

Durante o período colonial no Brasil, os senhores de escravos tinham o direito de propriedade sobre o corpo de suas escravas. Devido às restrições morais da época, que proibiam os senhores de sanar seus desejos sexuais com suas esposas brancas, eles escolhiam as mulheres negras para realizar seus desejos sexuais. Na literatura da época, as personagens negras eram frequentemente retratadas de forma estereotipada como anti-heroínas, e representadas de forma sensual, exibicionistas, moralmente depravadas, corpulentas e voluptuosas. Esses estereótipos racistas construídos de forma estrutural, foram capazes de criar uma imagem coletiva da mulher negra como sendo um objeto apenas para prazer e satisfação, despertando pouca confiança e, portanto, não sendo consideradas para o casamento, pois eram vistas como infiéis e estavam fora dos padrões de beleza certos pela branquitude (OLIVEIRA & SANTOS, 2018).

No trabalho de Pacheco (2013), são discutidos os fatores estruturais presentes na sociedade, que têm sido historicamente moldados pela construção sociocultural baseada no histórico colonialismo brasileiro. Esses fatores estruturais, como o racismo, sexismo e cisheteropatriarcado, atuam como reguladores na sociedade, influenciando não apenas as relações sociais, mas também as subjetividades individuais e a expressão afetiva. Essas estruturas se manifestam de forma tangível nas preferências afetivas dos indivíduos, resultando em repercussões em relação às preferências afetivas e ao acesso ao afeto. Isso indica quem tem o direito de fazer escolhas afetivas e quem é privado desse direito com base na questão da raça (VIEIRA, 2020.).

Nesse aspecto, a exclusão de certos grupos de mulheres como potenciais parceiras afetivo-sexuais é construída por meio da racialização da negritude em contraste com a não-racialização da branquitude. Essa diferença surge na vivência interseccional de raça e gênero em outros grupos femininos nesse contexto, destacando como as mulheres brancas são predominantemente preferidas nesses relacionamentos, o que contribui para a solidão das mulheres negras (PACHECO, 2013).

Fonte: Olayinka Babalola/Unsplash

A falta de um suporte sólido pode dificultar a superação desses obstáculos e levar a um sentimento de exaustão emocional.

A nossa sociedade é estruturada a partir de uma história escravocrata, sendo assim o racismo estrutural é presente e conceitua-se no sentido relacional e com isso, a sociedade julga quem é digo ou não de amor. Embora as escolhas afetivas parecem ser feitas apenas por preferências pessoais, a estrutura social também contribui para essas escolhas (OLIVEIRA & SANTOS, 2018).  Então, a afetividade é como se fosse direito apenas às pessoas brancas, já que ela é bastante vivenciada, enquanto pessoas negras estão existindo dentro de uma negação por conta da opressão racista dentro do campo afetivo-relacional, e assim podendo ser fator adoecedor. E a negação de amor para com pessoas pretas em detrimento da branquitude, pode afetar diretamente na autoestima dessas pessoas (VIEIRA, 2020).

E dentro desse contexto, as mulheres negras, são submetidas as várias dimensões sociais intersecionais, sendo obrigadas a enfrentarem os sentimentos de aversão a si mesma e solidão em detrimento do racismo estrutural (VIEIRA, 2020). E nisso, o corpo negro também é alvo disso, sendo concomitante para escolhas afetivas, nisso a forma como a estética do corpo da mulher negra é percebida, principalmente por meio de características fenotípicas, é atravessada por diferentes representações sociais que perpetuam conceitos e estereótipos racistas e machistas. Existe uma idealização do outro como belo, agradável e desejável, que se baseia nos padrões estabelecidos pela branquitude (SOUZA, 1983).

Discutir sobre mulheres já é abordar tópicos frequentemente negligenciados, porém, ao direcionar a atenção para as mulheres negras, percebe-se que a dívida histórica é ainda mais profunda do que se pode imaginar. A história revela uma triste realidade de estigmatização e marginalização das mulheres negras, nas quais sua humanidade e individualidade foram negadas e suas experiências afetivas diminuídas.

 

Referência:

OLIVEIRA, Ilzver de Matos; SANTOS, Nayara Cristina Santana. Solidão tem cor? Uma análise sobre a afetividade das mulheres negras. 2018. Disponível em: <https://www.lareferencia.info/vufind/Record/BR_34bb4dcb1c269c2a1c23385965008d37> Acesso em 30, de maio, 2023.

PACHECO, Ana Claudia Lemos. Mulher negra: afetividade e solidão. Edufba, 2013

SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro, ou, As vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social . Graal, 1983.

VIEIRA, Camilla Gabrielle Gomes. Experiências de solidão da mulher negra como repercussão do racismo estrutural brasileiro. Pretextos-Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas, v. 5, n. 10, p. 291-311, 2020. Disponível em: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/pretextos/article/view/22458> Acesso em 31, de maio, 2023.

WEISS, Robert Stuart. Loneliness: The experience of emotional and social isolation. Cambridge MIT Press, 1973. 263.

 

 

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Desafios de uma estudante negra no curso de psicologia: (En)Cena entrevista Gabriela Fernandes

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Pensando na importância de discutir as pautas antirracistas e seus impactos no contexto acadêmico, em adesão à campanha #SaudeMentaldaPopulaçaoNegraImporta!, da Associação Nacional de Psicólogos Negros e Pesquisadores (ANPSINEP), o curso de Psicologia, do período de 15 de agosto a 15 de setembro, tem se dedicado à divulgação e produção de conteúdos voltados às questões raciais.

Dessa forma, entre os materiais produzidos, três entrevistas foram organizadas com mulheres negras que, de alguma forma, são vinculadas à psicologia. Levando em consideração a implicação do curso no tema, e pensando na importância de voltar a atenção para a situação da própria instituição no que tange às práticas antirracistas, a presente entrevista convidou a acadêmica Gabriela Fernandes Pereira Filha, de 23 anos, do oitavo período do curso de Psicologia do CEULP/ULBRA, para expor suas percepções e vivências como estudante negra:

(En)Cena: Qual a sua percepção, como acadêmica de psicologia, a respeito da pauta racial no corpo teórico e científico da profissão? Acredita que essa problemática é contemplada nos estudos, pesquisas e artigos desenvolvidos pela ciência psicológica?

Gabriela: É fato que a pauta racial não é contemplada na academia. As teorias são brancas, ou seja, construídas para contemplar as pessoas brancas. As pessoas que estudam, publicam artigos e projetos voltados pras questões raciais são de fato estudantes e profissionais de psicologia negros. A academia não vê como relevante abordar esse assunto nas disciplinas. Geralmente pegam todos esses conteúdos voltados para questões sociais e jogam em uma ou duas matérias. Uma ou outra ação é feita e em épocas bem específicas, mas não com o intuito de promover algo que saia do discurso, mas para acalmar os animos de quem reivindica, método esse que na verdade é bem antigo, métodos de controle.

(En)Cena: Como você avalia, no atual contexto, a presença das pessoas negras na academia? Acredita que essas pessoas compõem uma parcela significativa na docência e corpo discente?

Gabriela: A presença das pessoas negras na academia não é nem de longe uma parcela significativa. Extremamente desproporcional em relação a presença de pessoas brancas. No nosso curso, por exemplo, a quantidade de docentes negros já diz muita coisa, são 2 professores negros para 11 brancos. Nossa presença na academia é muito importante, é uma marcação politica, mas o acesso a esse lugar é marcado por obstáculos estruturais muito fortes.

Fonte: encurtador.com.br/qyIRZ

(En)Cena: Quais dificuldades e impasses você, como mulher negra, vivenciou e ainda vivencia no percurso como estudante de psicologia? Quais são seus sentimentos a respeito disso?

Gabriela: Desde o começo, tenho um sentimento de não pertencimento. É um incômodo muito grande estar em um ambiente onde há poucos negros. Uma das minhas maiores dificuldades dentro disso é perceber que há uma neutralidade muito grande nesse ambiente acadêmico de psicologia e que é pensado de forma muito consciente com o intuito de uma manutenção dessas estratégias de poder para que nós de fato não nos sintamos bem nesse lugar.

(En)Cena: Na sua opinião, o debate racial recebe a devida atenção no espaço de ensino universitário, como um todo?

Gabriela: Não. Como eu havia citado antes, eventos muito pontuais sobre temáticas raciais e cartazes na semana da consciência negra pelos corredores da universidade, não constroem academicamente profissionais com compromisso social.

(En)Cena: No que tange à representatividade negra nos diversos espaços da profissão, como você avalia a situação da Psicologia, atualmente? As pessoas negras estão recebendo as posições de destaque que merecem como pesquisadoras e autoras da prática psicológica?

Gabriela: Nós temos já há algum tempo uma articulação desses profissionais e estudantes de psicologia para ocupar mais espaços dentro dessa profissão. Apesar disso, pessoas negras brilhantes não recebem o destaque que de fato merecem, apenas são chamadas quando o assunto é relacionado à temática racial. Há uma tendência em reduzir os conhecimentos desses profissionais apenas a esse ponto.

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Saúde Mental da população negra em foco: (En)Cena entrevista a Psicóloga Izabella Ferreira

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No período de 15 de agosto até 15 de setembro de 2020, o curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra estará fazendo parte da campanha “Saúde Mental da População Negra Importa!”, promovida pela Articulação de Psicólogas (os) Negras (os) e Pesquisadoras (es) (ANPSINEP). Instigados por reivindicações que envolvem a saúde mental da população negra no âmbito clínico e também na saúde pública, o postal (En)Cena entrevista a psicóloga Izabella Ferreira dos Santos.

Izabella é graduada em Psicologia pelo Centro Universitário Luterano de Palmas (Ceulp/Ulbra), é Especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial e Mestre em Ciências da Saúde. Confira a entrevista a seguir:

(En) Cena – Qual a importância de uma psicologia antirracista?

Izabella Ferreira – É possível pensar em uma Psicologia que não seja antirracista? A Psicologia, que traz em seu escopo de premissas éticas a necessidade de contribuir no combate e eliminação de formas de opressão e violência, pode ser pensada a partir de uma perspectiva que ignora a existência de opressões de raça, gênero, classe? Quando penso sobre isso, percebo o quanto a luta antirracista deveria ser inerente à própria Psicologia, de modo que acharíamos inclusive redundante falar Psicologia antirracista. Porém, sabemos que a Psicologia já serviu muito a projetos excludentes e apartados de nossa realidade social e que hoje traz contribuições muito importantes, mas ainda incipientes frente a magnitude do racismo e dos agravos que ele acarreta à saúde mental das pessoas. O Brasil possui uma população formada em sua maioria por pessoas negras. A população negra vive atravessada por vivências de racismo que infelizmente estruturam a nossa sociedade. Quanto sofrimento físico e mental é resultante desse processo? A Psicologia não pode se omitir frente a esses dados. Precisa estar comprometida com um projeto de enfrentamento ao racismo, pois este causa sofrimento e adoecimento psíquico. Não consigo pensar uma Psicologia que não esteja comprometida com a temática das relações raciais e no combate ávido ao racismo.

(En) Cena – Como é ser uma psicóloga negra diante de um país onde o racismo é velado?

Izabella Ferreira – É desafiador e cansativo! O racismo faz com que as pessoas pressuponham que não somos intelectualmente capazes ou que somos menos capazes que pessoas brancas, por exemplo. Isso faz com que pessoas negras sejam direta ou indiretamente questionadas quando ocupam espaços que são entendidos como legitimamente de pessoas brancas. Algumas profissões, por exemplo, são vistas como legitimamente destinadas a pessoas negras, a saber: profissões que exigem baixo nível de instrução. A Psicologia é uma profissão ainda muito elitista e predominantemente branca. Pensam que esse espaço não é nosso e, logo, passível de ser questionado. Enquanto psicóloga negra percebo em minha trajetória profissional muitas reações de surpresa e/ ou incredulidade quando digo que sou psicóloga. Acompanhado dessa surpresa percebo muitas vezes uma espécie de regime de suspeição quanto à minha capacidade técnica enquanto profissional. Observo o quanto isso me demanda emocionalmente por que estou sempre precisando “provar” que sou capaz. Isso marcou e marca toda a minha trajetória acadêmica e profissional. Sempre senti que precisava me esforçar para ser muito boa no que faço, por que a minha cor chega primeiro e o racismo faz com que as pessoas a leiam como sinônimo de baixa capacidade intelectual. Tudo isso não é dito de maneira direta, pois no Brasil o racismo opera de maneira bastante velada.

Fonte: encurtador.com.br/dprYZ

(En) Cena – Durante sua formação, foi abordada a saúde mental de pessoas negras?

Izabella Ferreira – Durante os cinco anos de graduação, eu só me recordo de uma vez onde o tema foi abordado numa aula de psicologia social. Será que apenas uma aula ao longo de cinco anos de curso seria capaz de contemplar toda a amplitude e complexidade do tema Psicologia e relações raciais e fundamentar a atuação de futuras/os psicólogas/os frente ao cuidado à saúde mental da população negra? É razoável pensar em profissionais que se formam e apresentam em sua prática certa miopia (quiçá, cegueira total) frente às questões raciais? Este é um tema que não será esgotado em uma aula e/ ou em uma única disciplina, mas precisa perpassar toda a grade curricular da formação. Ouço muitos relatos de pessoas que tiveram experiências em psicoterapia onde psicólogas/ os minimizavam, anulavam ou negavam seus relatos e sofrimentos decorrentes do racismo. Isso significa acentuar o sofrimento e a Psicologia precisa atuar para combatê-lo, não reproduzi-lo.

(En) Cena – Como o racismo irá afetar a saúde mental dessa população?

Izabella Ferreira – O racismo afeta diariamente a vida das pessoas negras. São várias vivências de violência sendo orquestradas historicamente pelo racismo na sociedade brasileira. A população negra é maioria dentre a população brasileira, porém é a que tem menos acesso à saúde, educação, trabalho e renda, por exemplo. Isso torna essa população mais vulnerável a diversas opressões e violências. A intensidade do estresse vivido cotidianamente por essas pessoas marca também a intensidade dos agravos. A subjetivação das pessoas negras é permeada por conteúdos apresentados desde a tenra idade e que reflete uma visão onde esses sujeitos se entendem como inferiores. Isso afeta diretamente a autoestima e autoconfiança das pessoas negras. Além disso, segundo a Política Nacional de Saúde Integral à População Negra, entre os agravos e doenças prevalentes nesta população estão reconhecidamente a depressão, o estresse, sofrimento psíquico e transtornos mentais decorrentes do uso abusivo de álcool e outras drogas. Outro dado alarmante é que o número de suicídios entre jovens negros tem aumentado. Segundo a cartilha Óbitos por suicídio entre adolescentes e jovens negros 2012 a 2016, “a proporção de suicídios entre negros aumentou em comparação às demais raças/ cores”. Esta mesma pesquisa identificou o racismo como determinante de risco para suicídio. O que estes dados revelam é a cruel e inegável extensão das conseqüências do racismo à saúde mental da população negra.

(En) Cena – De que maneira o racismo no Brasil se mostra mais difícil de ser combatido?

Izabella Ferreira – No Brasil, ele se dá de maneira velada. Isso significa dizer que ele pode ser manifestado de maneiras não explícitas, o que dificulta sua identificação e reconhecimento. No nosso país, as pessoas ainda reforçam o mito da democracia racial que passaria a imagem de que vivemos harmoniosamente numa diversidade étnico-racial e sem discriminações. Assim, é freqüente ouvir as pessoas dizendo que os Estados Unidos são um país racista, que lá sim os negros sofrem racismo, revelando uma visão distante do racismo enquanto problema no Brasil. O racismo está tão implícito que muitas pessoas negras chegam a duvidar se realmente vivenciaram uma situação de racismo, bem como se podem fazer alguma coisa a respeito. O racismo no Brasil pode vir em forma de ofensa travestida de falso elogio quando, por exemplo, nos dizem que somos “da cor do pecado”. Dadas as características mencionadas acima, é muitas vezes difícil identificar o racismo contido em tais falas e quando identificadas muitas pessoas protestam dizendo “hoje em dia não se pode falar nada” ou “hoje em dia tudo é racismo”. Quando o racismo é negado ele se torna ainda mais fácil de ser combatido, pois como vamos combater algo que não é reconhecido como um problema? Algo que não existe? Ele precisa ser identificado e nomeado. Negá-lo faz parte da própria estrutura racista que apenas endossa tais violências.

Fonte: encurtador.com.br/oSWY9

(En) Cena – Além de ser antirracista, como a Psicologia pode contribuir com a saúde mental da população negra?

Izabella Ferreira – Uma Psicologia que engloba em seu projeto político uma postura de fato antirracista já direciona todos os seus caminhos rumo ao enfrentamento ao racismo, bem como suas conseqüências à saúde mental da população negra. Assim, a Psicologia contribui quando forma profissionais capacitados/as para identificar e cuidar dos agravos à saúde mental decorrentes do racismo; produz e divulga conhecimento em torno da Psicologia e relações raciais; atua juntamente com órgãos, instituições e sociedade civil na busca do enfrentamento ao racismo, atuando também diretamente no controle social de tais questões.

(En) Cena – Em nosso país, há políticas que englobam a saúde mental de pessoas negras? Se sim, acredita que são devidamente aplicadas?

Izabella Ferreira –O SUS é a principal política pública que operacionaliza o acesso de todas as pessoas à saúde. Porém, como disse anteriormente, as pessoas negras são as que menos têm acesso a tais serviços. É também nos próprios serviços de saúde que muitas situações de racismo ocorrem (racismo institucional), fragilizando ainda mais aqueles que necessitam de cuidados em saúde. Também foi falado como alguns agravos e doenças são prevalentes na população negra, demandando ações específicas para essa população. Então, em 2007 é implantada a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra que busca combater as vulnerabilidades raciais em saúde, buscando a promoção da saúde integral da população negra, bem como a melhoria das condições de saúde dessa população. A PNSIPN também traz como objetivo fundamental o combate ao racismo. Tais políticas possuem muitas fragilidades no tocante a sua operacionalização. O momento político que estamos vivendo no país acentua tais fragilidades, pois não reconhece a saúde da população negra como uma prioridade. Vivemos um período de retrocesso e de perda de direitos. Precisamos sempre exigir que as políticas sejam cumpridas, exercendo nosso papel enquanto controle social mesmo diante de contextos temerosos como o que vivemos. Integro um coletivo feminista de mulheres negras do TO e na edição do Julho das Pretas realizada esse ano, nós juntamente com vários outros movimentos sociais do Estado elaboramos notas de posicionamento cobrando ações e serviços voltados para a população negra. Dentre as notas, foi elaborada uma nota que versava sobre a saúde mental das mulheres negras que foi direcionada em forma de ofício para os poderes públicos responderem e tomarem as devidas providências. Tais ações de mobilização são importantes para que acompanhemos e cobremos melhores condições de vida e saúde para nossa população.

(En) Cena – Me conta a sua percepção perante as constantes notícias de violência policial exibidas nas redes sociais, TV e os protestos que se iniciaram nos EUA e continuaram no Brasil.

Izabella Ferreira – As notícias e cenas de violência contra pessoas negras são sempre muito impactantes e dolorosas para mim. Causam indignação, raiva, revolta e tristeza.  E é exatamente nesses momentos que o racismo assume sua forma mais explícita e cruel. Não são atos pontuais, são rotineiros e estão sendo cada vez mais registrados e divulgados. No Brasil, falamos de um genocídio da população negra que denuncia que os corpos negros são alvo constante de violência e morte. A polícia brasileira é considerada a mais letal do mundo. Os atos que sucederam após a morte do americano George Floyd foram uma resposta exausta de quem vive com medo e prejudicado em seus direitos mais fundamentais. Aqui no Brasil, um adolescente foi morto quando brincava em sua própria casa pela polícia no Rio de Janeiro. Estas mortes acontecem o tempo todo. São vidas interrompidas, famílias ceifadas pelo braço do Estado. A população negra nunca parou de lutar pelos seus direitos. Não há descanso para nós, pois o tempo todo tentam negar nossa história, nossa identidade, nossa cultura, nossos conhecimentos e nossa existência.

Fonte: encurtador.com.br/abcW8
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Quem matou Marielle Franco?

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Na noite de quarta feira (15), Marielle Franco (38) foi assassinada a tiros no bairro Estácio, enquanto retornava de um evento no Bairro da Lapa. O evento se deu na Casa das Pretas, um espaço coletivo de mulheres negras no centro do Rio de Janeiro, com o tema “Jovens Negras movendo as estruturas”. Esse evento, por sua vez, está vinculado as atividades desenvolvidas pelo PSOL “21 dias de ativismo contra o Racismo”. Foi assim, promovendo os ideais revolucionários da promoção dos direitos humanos que a vereadora vivenciou seus últimos momentos.

Nascida e criada no Complexo da Maré (ela mesmo se denominava “cria da Maré”), um conjunto de favelas no Norte do Rio, fez cursinho pré-vestibular comunitário e conseguiu uma bolsa total do Programa Universidade Para Todos (PROUNI) na PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro para cursar Ciências Sociais.

Fonte: https://goo.gl/1kM2RH

Impactada pela morte precoce de uma amiga, vítima de bala perdida em um tiroteio entre polícia e traficantes, e a partir de suas próprias vivências como mulher negra, favelada, bissexual e marginalizada, Marielle se engajou na luta pelos direitos humanos. Após o término do curso, concluiu o mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), onde defendeu a sua tese “UPP – A redução da favela a três letras: uma análise da política de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro”

Seu envolvimento com a política começou em 2006, ao integrar a equipe de campanha que elegeu Marcelo Freixo como presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) sendo nomeada assessora parlamentar. Também assumiu a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Em 2016, Marielle decidiu se candidatar a vereadora. Em sua primeira disputa eleitoral, conquistou o posto de quinta vereadora mais votada, justamente por ir ao encontro dos anseios das causas que defendia. Marielle foi eleita por  46.502 pessoas que se sentiram representadas pela sua luta.

Na Câmera, continuou a defender a participação mais ativa da mulher n

Fonte: https://goo.gl/LThSDr

a política, integrou a Comissão de Defesa da Mulher e no dia 28 de fevereiro de 2018, passou a integrar, como relatora, uma comissão que acompanharia a intervenção federal no Rio de Janeiro. No dia 10 e 11 de Março, Marielle denunciou via Twitter, os abusos cometidos pelo 41º Batalhão da Polícia Militar.  E então, no dia 14 de Março, ao sair do evento em que militou novamente pela independência das mulheres negras, foi perseguida por um veículo e atingida por quatro tiros na cabeça. O motorista que conduzia seu veículo também foi atingido e morto. A sua assessora sofreu alguns ferimentos, mas sobreviveu.

As notícias sobre a morte de Marielle repercutiram internacionalmente. Todos os detalhes de sua morte e sua trajetória em vida estão disponíveis a um clique em qualquer rede social, ou espaço da internet. Por esse motivo, neste texto, procuro falar sobre a grande pergunta que paira (tecnicamente sem resposta) sobre o mistério que não quer calar: Quem matou Marielle Franco?

Fonte: https://goo.gl/bcG2Ai

A perícia ainda em andamento descobriu que as balas que a atingiram são do mesmo lote de munição usado na carnificina de 2015 em Osasco, onde dezessete pessoas morreram assassinadas e pela qual três policiais militares e um guarda civil foram condenados. O lote tinha sido adquirido pela polícia federal. Não é um absurdo supor que Marielle foi assassinada pelos algozes que denunciava, embora ainda não seja possível afirmar isso.

Marielle é o símbolo de resistência da mulher negra, periférica, mãe solo e bissexual. “Venceu na vida” como diriam alguns. Conseguiu se formar,  terminou um mestrado e alcançou o ideal apregoado pelos profetas da meritocracia. E não sobreviveu. No nosso país, onde a violência contra a mulher atinge números altíssimos, Marielle, em 14 de Março, foi uma das doze mulheres assassinadas por dia no Brasil (dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2017).

https://goo.gl/m5jqgv

Defendia os Direitos Humanos com veemência e ainda sendo velada, recebeu a enxurrada de comentários comemorando sua morte. Os autores desses comentários, não é de se estranhar, são em sua maioria, homens. Como cria da favela, foi imediatamente condenada sem provas no tribunal da ignorância, vítima de falsos boatos que a acusam de envolvimento com o tráfico, ridicularizada por tentar elevar sua voz e se fazer ouvida. Todass essas acusações são facilmente desmentidas ao se consultar a história de sua vida.

É necessário descobrir quem puxou o gatilho que matou Marielle Franco. Mas não é difícil descobrir que ela foi assassinada pela onda conservadora extremista que se apossa do país. Foi assassinada pelo sexismo desenfreado, o desejo pela supremacia militar, a obsessão por crimes e punições, a corrupção desenfreada, eleições fraudulentas, o desdém pelos direitos humanos e também pelos intelectuais e pelas artes. Todas essas são características indicadoras da ameaça fascista, reunidas por Lawrence W. Britt, após analisar sete governos ditatoriais, e infelizmente, características cada vez mais presentes na sociedade brasileira.

O seu assassinato fede a execução, é um grande aviso de silêncio. É alarmante a forma como não houve nenhuma tentativa de sutileza. É a bota do fascismo esmagando, sem piedade, a alteridade. Entretanto, o ideal pregado por Marielle encontra ressonância em cada um de seus eleitores, e para além disso, em cada brasileiro que reconhece a necessidade de lutar pelo que ela lutava, sob o grande risco de também ser esmagado.

Devemos reconhecer nossa responsabilidade como algozes de Marielle, a cada vez que nos calamos para um discurso intolerante, a cada vez que deixamos passar uma piada racista, bifóbica, machista; a cada vez que deixamos para amanhã o engajamento na luta pelos direitos humanos, ou simplesmente nos sentamos, compartilhando notícias, mas sem, realmente, nos implicarmos no fazer política.

Marielle Franco em conversa com mulheres negras, horas antes de ser assassinada. Fonte: https://goo.gl/m5jqgv

Enquanto mulheres, ocupando lugares de resistência forem silenciadas sem escrúpulos; enquanto mulheres negras forem ridicularizadas após sua morte; enquanto mulheres negras bissexuais forem vítimas de boatos infundados; enquanto mulheres negras, bissexuais, políticas, feministas, forem objeto de escárnio por ousarem se pronunciar, é inviável que nós nos calemos ou descansemos.

Quem matou Marielle vai continuar matando quem se opor à dominação branca, elitista e apolítica. Por todos esses motivos, a sua morte não deve ser lamentada com luto, mas sim, exaustivamente questionada com luta. Enterraram Marielle, mas ela é semente. E brotam hoje, indignação, luta e resistência. Marielle presente, hoje e sempre.

Fonte: https://goo.gl/kxcNdd

 

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Histórias Cruzadas: uma reflexão acerca das relações familiares

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Histórias Cruzadas, originalmente “The Help”, estreou no ano de 2012 sob direção de Tate Taylor. O filme se passa na cidade de Jackson no estado norte-americano do Mississipi, por volta da década de 1960 e ilustra a realidade das empregadas domésticas negras que trabalhavam para famílias brancas, em meio ao cenário de intensa segregação racial e luta por direitos civis da época. As profundas raízes do preconceito oriundas do passado escravista no sul dos EUA (que afetam essa sociedade até os dias atuais) são retratadas na trama por meio das relações entre as empregadas domésticas e seus trabalhos para casas e famílias de mulheres da alta sociedade, permeadas por abusos e humilhações.

Skeeter (Emma Stone) é uma jovem que sonha em ser escritora. Recém formada, consegue um emprego em um jornal local escrevendo uma coluna sobre conselhos de limpeza. Mesmo tendo crescido em Jackson e pertencendo a alta sociedade, Skeeter difere das mulheres de sua idade, não demonstrando interesse em casar ou ter filhos e principalmente porque tem uma sensibilidade para com a realidade de segregação, desigualdade e preconceito à qual se encontra. Para escrever a coluna, Skeeter pede ajuda a Aibileen (Viola Davis), a empregada doméstica de sua amiga, que é uma das protagonistas do filme e enriquece a narrativa com seu ponto de vista.

Contudo, novamente em contato com a realidade de sua cidade, a jovem se sente incomodada com a realidade dessas mulheres, e decide tentar escrever sobre suas histórias, frente a uma realidade onde mulheres negras literalmente criam filhos que não são seus, limpam, passam e cozinham, por salários baixíssimos e tendo sua liberdade e honra desconsideradas. Essas mulheres nunca haviam sido respeitadas por pessoas brancas, muito menos ouvidas. Devido ao contato das empregadas domésticas com a criação das crianças nas famílias para as quais trabalham, um ponto muito importante nessa película são as relações familiares nessa sociedade. As mulheres negras, tratadas como objetos, trabalhavam na criação das crianças enquanto os pais se ocupavam em outras tarefas. Essa contradição aflige quem assiste ao filme, pois apesar do repúdio pelos funcionários, a conveniência em não se ocupar com as crianças fala mais alto, mesmo à custa do amor dos filhos.

Porém, Skeeter encontra dificuldades em seu novo projeto, uma vez que a realidade de opressão às pessoas negras se intensifica com a luta pelos Direitos Civis e a Liderança de Martin Luther King, que cresceram consideravelmente a partir do ano de 1957 (PURDY, 2011). Devido ao medo as mulheres se recusam a falar, e Skeeter se vê intimidada pela sua família e amigos. Segundo Sarti (2015), as experiências vividas e simbolizadas nas famílias têm como referência definições que são socialmente instituídas por diversos dispositivos disciplinares, e por isso são particularmente difíceis. A sociedade fortemente dividida entre pessoas brancas e negras, também engloba aspectos políticos, econômicos e culturais, tornando até o contato entre as personagens um motivo de estranheza.

Na esperança de mudança e justiça motivada pela sua fé, Aibileen decide contar suas histórias a Skeeter. Agigantada pela atuação de Viola Davis, Aibileen é uma das personagens mais complexas dessa trama. Em um estado depressivo após a morte de seu único filho, a personagem emociona em todas as cenas em que descreve o que viveu, além de demonstrar sua bondade com as crianças que criou. Para Sarti (2015), as mudanças familiares têm sentidos e incidências diferentes em cada família, devido ao acesso desigual a recursos na sociedade de classes. Aibileene possuía uma ligação afetiva com seu filho diferente do modelo familiar das pessoas para as quais trabalhava, por exemplo.

Segundo Sarti (2015), em famílias pobres, a noção de família se baseia em um eixo moral, que tem fronteiras traçadas segundo o princípio que lhe dá fundamento (obrigações), estruturando suas relações. Desse modo, na relação que Aibileene teve com seu filho, ela encontra a coragem para se tornar o tão esperado “escritor” da família. Após a prisão de uma empregada doméstica mãe de família, ocorre uma mobilização geral e Skeeter finalmente consegue todos os depoimentos para seu livro intitulado “The Help” (A Ajuda), que é publicado e causa revolta geral nas patroas da cidade. De acordo com Sarti (2015), os meios de comunicação constituem um veículo fundamental para a instituição dos discursos dos dispositivos disciplinares, que delimitam os modelos de como deve ser a família e sociedade. O livro se torna, portanto, a voz de suas escritoras contra a opressão social.

Devido à polarização racial, modelos éticos também eram difundidos entre as camadas sociais. O modelo familiar em que Skeeter foi criada, que no filme é representado por personagens como Hilly e Elizabeth, é baseado em estruturas sociais mais rígidas, que na idealização daquela comunidade, deveriam ser mantidas. Essa situação pode ser ilustrada no Conselho formado por mulheres da alta sociedade e também na pressão para que Skeeter encontre um marido.

O discurso social a seu respeito, como um espelho, reflete nas famílias, passando por uma tradução de acordo com as experiências vividas, onde esses discursos externos são internalizados (SARTI, 2015). A influência desses discursos sociais de origem familiar culminam no cruzamento de histórias, como o próprio nome do filme delata. Skeeter contraria e modifica a visão de sua família; Hilly não suporta ser exposta por quem considera inferior, manipulando suas amigas; e Aibileene e Minny encontram a força para lutar e ganhar voz para mudar suas realidades.

Dessa maneira, Histórias Cruzadas é um filme emocionante, que eleva os desejos de justiça e igualdade de quem assiste. Assim como em “12 Anos de Escravidão” (2014), “Django Livre” (2012), “Mississipi em Chamas” (1988) e recentemente “Estrelas Além do Tempo” (2017), a trama retrata as barbáries cometidas com base em discursos sobre a cor da pele de alguém. Por meio do filme pode-se perceber como os discursos sociais são construídos e concretizados pelas famílias em diferentes concepções e modelos, engrandecendo a visão sobre influências desse âmbito da vida social, através de um panorama histórico.

Com uma sensibilidade incomum, Histórias Cruzadas demonstra como atos de coragem podem mudar a realidade em que se vive por mais desesperançosa que seja. A trama honra a memória de tantas mulheres, negras e empregadas domésticas, que nunca puderam falar, e inspira os espectadores a lutar contra a desigualdade e o preconceito.

 REFERÊNCIAS:

PURDY, Sean. Direitos civis e contracultura nos EUA – Apresentação. ANPHLAC- Associação Nacional de Pesquisadores e Professores de História das Américas, São Paulo, 2011. Disponível em: <http://anphlac.fflch.usp.br/direitos-civis-eua-apresentacao>.  Acesso em: 05 de Mai. 2017.

SARTI, Cynthia A. Famílias enredadas. In: ACOSTA, Ana Rojas; VITALE, Maria A. F. (Org.). Família: Redes, Laços e Políticas Públicas. . 6. ed. São Paulo: PUC SP CEPEDE, Cortez Editora, 2015, p. 31-44

FICHA TÉCNICA DO FILME:

Diretor: Tate Taylor
Elenco: Emma Stone, Jessica Chastain, Viola Davis, Bryce Dallas;
País: EUA, India e Emirados Árabes Unidos
Ano: 2011
Classificação: 12

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