Por que acreditamos em fake news e como combatê-las: um olhar sobre os vieses cognitivos

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Uma grande quantidade de informações que nós temos contato diariamente não são verdadeiras. Conheça porque acreditamos em fake news e como podemos combatê-la.

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O acesso a informações e notícias está mais fácil

O termo “Fake News” tem sido amplamente divulgado e debatido, visto que é algo que impacta as opiniões e comportamentos das pessoas. As fake news descrevem histórias e manchetes sensacionalistas ou enganosas que circulam pelas redes sociais. Embora o conceito de notícias falsas não seja novo, a forma como a sociedade consome tecnologia e mídias sociais facilitou a disseminação de informações falsas em escala global. Segundo o Centro de Tecnologia da Informação e Sociedade da Califórnia, as consequências desse fenômeno vão de manipulação da opinião pública à instabilidade política. Neste cenário, a implicação da psicologia ao estudo desse fenômeno é importante porque ela pode apresentar uma compreensão aprofundada sobre esta temática e colaborar para o seu enfrentamento.

Por que acreditamos nas fake news? Na psicologia do ser humano existe algo chamado viés cognitivo, que permite que as pessoas criem atalhos e padrões mentais para conseguir pensar e executar diversas atividades no dia a dia. Esse processo biológico é o que permite o aprendizado de padrões de comportamento. Exemplos como chegar na faculdade ou como escrever, para não ter a necessidade de aprender todas essas informações continuamente, são formas como esse aprendizado se torna útil. Uma vez que esse processo é algo que acontece em milésimos de segundo, é possível que alguns erros resultam disso.

Outro aspecto psicológico interligado às fake news, é o uso da  manipulação de emoções em manchetes para ampliar o alcance, e o ato das pessoas de não lerem o que a matéria ou artigo diz. De acordo com princípios do Behaviorismo e Análise Comportamental, a memória é influenciada pela emoção, aquilo que elicia uma resposta emotiva, pode ser associado aos comportamentos. Muitas fake news geram medo e engajam reações rápidas, sendo um contexto favorável para  a sensação de pânico na população. Outra emoção comumente eliciada, é a raiva, a partir da apresentação da informação de uma forma que cria um senso de urgência nas pessoas, podendo facilitar comportamentos agressivamente.

Uma característica psicológica muito importante para entender as fake news é o viés de confirmação. Neste tipo de viés, as pessoas tendem a procurar e acreditar em informações que confirmam suas crenças e essas informações apelam para tais crenças porque existe essa tendência de acreditar no que suporta tais visões. Esses aspectos são parte da individualidade de cada pessoa, mas se associam a interesses coletivos, como assuntos sobre religião, política, ciência etc. Um dos perigos desse viés é a interpretação pouco acurada da realidade, principalmente em contextos sociais e políticos em que as notícias inflamam ou suprimem conflitos sociais.

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Aplicativos de comunicação ampliam o alcance das fake news

Um setor diretamente impactado pelas fake news é o governo. A intencionalidade de governos e pessoas tem de ser analisada para entender o impacto social que as fake news produzem. A política é o principal motivador da geração dessas notícias, o que gera a polarização de opiniões e mobiliza a população, levando à manifestações violentas, como o caso Pizzagate. Neste caso, ocorreu a disseminação de uma teoria da conspiração envolvendo tráfico humano e a candidata à presidência dos estados unidos Hillary Clinton foi antecedente ao disparo de tiros dentro de uma pizzaria de Washington. Nesse contexto, algumas comunidades da extrema direita americana utilizaram das  redes sociais, contexto em que pessoas de vários países, bem como robôs (robôs-bots) divulgaram essa notícia falsa.

O exemplo mais recente das consequências da fake news está na atual guerra entre a Ucrânia e a Rússia, em que mídias sociais espalham conteúdos enganosos dos dois lados, o que pode gerar efeitos catastróficos para a população, de acordo com pesquisadores de Cambridge. Não saber se uma notícia é real ou falsa é confuso, e fazer essa distinção é difícil, no entanto existem formas de combater esse fenômeno, como o uso de algoritmos que detectam informações falsas e as removem. Algumas redes sociais, como o Instagram utilizam desses algoritmos para rotular e avisar os usuários quando uma postagem que foi verificada é falsa.

Outra forma de combate é a alfabetização midiática, que se tornou essencial para crianças e jovens que estão cada vez mais inseridos na tecnologia e no mundo da internet. Essa alfabetização é a capacidade de acessar e analisar informações e redes sociais de uma forma crítica para que os indivíduos possam se inserir na sociedade através das mídias. É um conceito importante para a psicologia porque as relações estão cada vez mais envoltas na tecnologia, assim como a subjetividade é influenciada por ela.

Para além das abordagens reativas, é necessária uma análise do sujeito sobre a ótica das consequências das fake news, como isso impacta a confiança? Como isso impacta a democracia? O que muda quando o sujeito é exposto a fake news por muito tempo? A tecnologia, sendo a maior propagadora disso tudo e mudando a forma de raciocínio, pode resolver esse problema?

A solução mais prudente é pensar de forma crítica sobre a veracidade das informações antes de compartilhá-las e se atentar a características dessas notícias, como sites que parecem ter credibilidade mas não tem, em vez de www.globo.com estar acessando www.globo.com.co. Uma outra recomendação muito relevante é o site https://www.aosfatos.org/, um site brasileiro de checagem e investigação de notícias. É importante saber quais canais de notícias são confiáveis e não extremistas, a verificação de fatos pode diminuir a incidência desses casos. Também existem jogos que ensinam sobre notícias falsas ao colocar o usuário em contato com a possibilidade de produzir sua própria notícia, assim se familiarizando com o processo de manipulação e podendo reconhecê-lo mais facilmente.

 

REFERÊNCIAS

Center for Information Technology & Society; Santa Barbara, CA; < https://www.cits.ucsb.edu/fake-news/why-we-fall > Acesso em 24/02/2023.

Center for Information Technology & Society; Santa Barbara, CA; < https://www.cits.ucsb.edu/fake-news/danger-social > Acesso em 28/02/2023

Center for Information Technology & Society; Santa Barbara, CA; <https://www.cits.ucsb.edu/fake-news/protecting-ourselves-teach >  Acesso em 28/02/2023

Jenny Gross;; 20/01/2023 <https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/01/como-a-finlandia-esta-ensinando-uma-geracao-a-detectar-desinformacao.shtml> Acesso em 28/02/2023

SaraBrown;Cambridge,MA;6/04/2022;<https://mitsloan.mit.edu/ideas-made-to-matter/russia-ukraine-war-social-media-stokes-ingenuity-disinformation> Acesso em 28/02/2023

SPINELLI, Egle Müller. Comunicação, Consumo e Educação: alfabetização midiática para cidadania. Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, v. 44, p. 127-143, 2021.

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CAOS 2022 promove minicurso sobre Habilidades Sociais nas organizações

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O Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia (CAOS) de 2022, que tem como tema “Saúde Mental no Trabalho”, promoverá minicurso sobre habilidades sociais nas organizações na terça-feira, 22 de novembro, às 9h, na sala 407 do Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/Ulbra).

Conduzido pela psicóloga Ester Borges de Dias Lima, formada pelo Ceulp/Ulbra em 2018 e pós-graduada em Avaliação Psicológica em 2022, o minicurso abordará questões acerca dos comportamentos que podem contribuir para melhorar a qualidade das interações sociais e resultar na promoção da saúde mental dentro das organizações.

Experiente na área, a ministrante também é graduada em Música Sacra desde 1994, já trabalhou como instrutora/treinamento de pessoas no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) de 2012 a 2018, na empresa Maqcampo/John Deere de 2019 a 2022 e atualmente é psicóloga na Psicotestes Livraria, localizada em Palmas.

A edição do CAOS deste ano ocorrerá dos dias,  21 a 26 de novembro com palestras, apresentações especiais do “Psicologia em Debate”, minicursos e mesas redondas a fim de informar e fomentar discussões que abrangem a importância da saúde mental no trabalho.

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CAOS 2022 – Saúde mental dos trabalhadores da segurança pública

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O CAOS/2022, que iniciará em 21/11/2022, abordará diversos temas relevantes para o mundo acadêmico e profissional, dentre eles está a Saúde mental dos trabalhadores da segurança pública. Um dos pilares da sociedade moderna é o grau de segurança que se possui com o amparo estatal.

Na qualidade de defensor da segurança pública, o Estado, como um todo, tem o dever de garantir a ordem pública através de trabalhadores especializados em proteger a sociedade civil. Policiais, seguranças, guardas, peritos, agentes e mais tantas outras funções são ocupadas em órgãos públicos para proteger a todos.

Contudo, com a crueldade humana sempre encontrou espaço para se tornar cada vez mais brutal, sanguinolenta e sistematizada, o trabalho desses profissionais é considerado intenso, principalmente por lidar com situações de risco físico constantemente.

A intensidade do serviço desempenhado por estes profissionais é comparada aos níveis de guerras. A pressão, o estresse e os traumas que são interligados com a rotina profissional, acaba por tornar a saúde mental destes trabalhadores e defensores da segurança pública um assunto de extrema relevância social.

Um agente de segurança pública deve estar sempre alerta para possíveis ameaças e conseguir identificar, em momentos de crise, o que precisa ser feito, sem que haja um grande impacto social, ou seja, uma intervenção minimamente invasiva.

Fonte: l1nq.com/PVXVu

Para tanto, são necessários treinamentos intensos do corpo e mente, aperfeiçoar a mente para que estes trabalhadores possam trabalhar e manter a sanidade intacta, para servir e proteger.

 

REFERÊNCIAS

BICALHO, Pedro Paulo Gastalho de; KASTRUP, Virginia; e, REISHOFFER, Jefferson Cruz. Psicologia e segurança pública: invenção de outras máquinas de guerra. Psicologia & Sociedade [online]. 2012, v. 24, n. 1 [Acessado 18 Novembro 2022] , pp. 56-65. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-71822012000100007>. Epub 24 Abr 2012. ISSN 1807-0310. https://doi.org/10.1590/S0102-71822012000100007.

BRITO, Divino Pereira de; e, GOULART, Iris B. Avaliação psicológica e prognóstico de comportamento desviante numa corporação militar. Psico-USF [online]. 2005, v. 10, n. 2 [Acessado 18 Novembro 2022], pp. 149-160. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1413-82712005000200006>. Epub 20 Out 2011. ISSN 2175-3563. https://doi.org/10.1590/S1413-82712005000200006.

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Divulgada programação do 1º Festival da Cultura Coreana de Palmas

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17‘K-pop’, ‘doramas’, ‘k-dramas’, produtos da cultura pop coreana estão mais presentes no universo cultural dos jovens da Capital, e agora chegam ao Cine Cultura no ‘1º Festival da Cultura Coreana’ de Palmas, que acontecerá de 23 a 25 de setembro.  A programação é uma realização da Fundação Cultural de Palmas (FCP), com apoio do Centro Cultural Coreano no Brasil, da loja Vitória Geek e da Academia de Taekwondo Mestre Pedro Araújo. O k-pop é um gênero musical que surgiu na Coréia do Sul, doramas são séries de TV produzidas em países asiáticos e k-drama são novelas coreanas.

A gerente de Espaços de Entretenimento da FCP, Elisângela Dantas, destaca que os preparativos surgiram de uma procura apontada pela população jovem de Palmas. “Verificamos um interesse e demanda pela cultura coreana, eles são entusiastas, tanto do k-pop, como da cinematografia, culinária e literatura”, afirma.

A festividade terá em sua programação, concurso de k-pop, exibição de filmes, bate-papo, degustação e sorteio de brindes, dentre outras atrações. Os ingressos custam R$ 10 por dia, e podem ser adquiridos no Cine Cultura, no Espaço Cultural José Gomes Sobrinho, das 16 às 21 horas.

Confira a programação

Sexta-feira 23/09

18h10 – Abertura oficial do Festival –  Participação do músico Pietro De Marque
19h30 – Encontro de dorameiros: a vida de quem assiste k-dramas
19h50 – Apresentação de homenagem aos k-dramas
20h – Desafio Gastronômico e degustação da culinária coreana

 

Sábado 24/09

14h30 – Mostra de Cinema Coreano
16h30 –  Lançamento do Mangá: Play Set Fantasy Jung, Caio Brito e Mateus Franklin
17h30 – Demonstração de Taekwondo, esporte e arte marcial coreana com a apresentação da equipe Palmas Taekwondo
18h30 – Desafio Gastronômico e degustação da culinária coreana
19h30 – Bate-papo: A cinematografia coreana com Gustavo Henrique Lima
20h30 – Exibição do filme Encontros, premiado em Berlim e dirigido pelo sul-coreano Hong SangSoo

Domingo: 25/09/2022

14h30 – Mostra de Cinema Coreano
16h30 – Bate-papo: A Paz das Coreias, com Edy César
17h30 – Desafio Gastronômico e degustação da culinária coreana
18h30 – Competição de Hashi
19:00h – Concurso k-pop cover
20h30 –  Encerramento: Encontro de Dorameiros

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Projeto cria exame de saúde mental a integrantes da segurança pública estadual

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Entrou na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) da Assembleia Legislativa do Tocantins (Aleto) na manhã dessa terça-feira, 27, projeto de lei do deputado Leo Barbosa (Solidariedade) que cria exames anuais de saúde mental para os integrantes da Segurança Pública do Estado, formados em suas corporações e setores dirigentes afins.

O projeto propõe que integrantes das forças policiais e bombeiros, por intermédio de suas próprias instituições, sejam examinados em relação à saúde mental, sendo providenciado o imediato apoio, quando necessário, de forma proativa.

Justificativa

A propositura visa ao acompanhamento e à conscientização sobre a importância da saúde mental dos integrantes da Segurança Pública. Segundo o autor, o comentário ouvido dentro de quartéis é que “nossa tropa está doente”.

“Esse comentário ecoa há anos nos corredores dos batalhões da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, e o mesmo se aplica às outras instituições da Segurança Pública do Estado”, afirmou Leo Barbosa.

Noutra matéria, também em análise na CCJ, o deputado propõe a obrigatoriedade de assegurar a publicação, nos sítios oficiais, as listas de pacientes que aguardam por consultas, exames, intervenções cirúrgicas e vacinação contra a Covid-19, nos estabelecimentos da rede pública de saúde do Estado do Tocantins.

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(En)Cena atinge mais de 200 mil pessoas no primeiro semestre

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Para a coordenadora do Projeto, profa. Dra. Irenides Teixeira, “semestre após semestre o (En)Cena se destaca na produção de conteúdo que promovem a saúde mental e problematizam os principais temas da Psicologia”

O portal (En)Cena fechou 2019.1 com 215 mil beneficiados/participantes, a partir dos registros de audiência gerados pelo Google Analytics. As interações são resultantes da publicação de 215 trabalhos que foram divulgados nas redes sociais do portal. O mês de maio foi o que teve mais produções publicadas, com 64, e uma audiência próxima de 72 mil acessos únicos.

Além disso, o  (En)Cena participou com seis edições especiais do Psicologia em Debate durante o Caos 2019 – Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia. Os temas abordados foram “A Garota Dinamarquesa e o fim da era das certezas”, “Dumplin: padrões estéticos precisam ser desafiados por mulheres grandes”, “Preciosa: reflexões sobre o abuso sexual”, “Meu nome é Ray: alerta para os desafios de uma criança trans”, “Seria Azul a cor mais quente?” e “Os desafios e limites na adolescência”. A ação beneficiou diretamente cerca de 150 pessoas que acompanharam presencialmente, e centenas de pessoas a partir dos textos publicados sobre os temas.

Fonte: encurtador.com.br/bAOPV

O (En)Cena também participou, a partir de apresentação de artigo em co-autoria com os professores ligados ao portal, de uma acadêmica de Psicologia, do 4o. Fórum de Direitos Humanos e Saúde Mental, em Salvador- Bahia. O evento foi promovido pela Associação Brasileira de Saúde Mental e ocorreu de 21 a 22/06, no campus da UFBA. Neste evento, foi abordada a atuação transdisciplinar do (En)Cena, que produz conteúdo cujos temas são o cuidado e atenção psicossocial, saúde e loucura.

Para a coordenadora do Projeto, profa. Dra. Irenides Teixeira, “semestre após semestre o (En)Cena se destaca na produção de conteúdos que promovem a saúde mental e problematizam os principais temas da Psicologia, o que garante a manutenção de lugares de fala e agenciamento de discussões emergentes na área”.

Por fim, o portal lançou duas séries, sendo “Os Fotógrafos – Entre a Sombra e a Luz”, com 19 textos publicados, e “Oscar 2019”, com 25 análises de filmes que concorreram à premiação sob a ótica da psicologia. No mais, neste período, pessoas de 112 países visitaram frequentemente o portal (com destaque para Brasil, Estados Unidos, Portugal e Moçambique).

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Jornalismo? E eu com isso.

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Logo ao acordar foi dizendo “bom dia comunidade”, e relatando fatos de pessoas que nunca vi na minha vida. Uma mãe que chorou, um homem que fugiu, outro que morreu afogado e um outro que morreu de amor.

Dentro da lotação a caminho do trabalho, dizia em alto e bom tom que o nordeste pedia água e soluçava de fome. Esfregou na minha cara, como conta vencida, através de um papel com cara de sujo, que as taxas vão deixar minha conta bancária no vermelho.

Quando cheguei ao trabalho, apareceu na tela do meu monitor contando que atriz fulana de tal esta de dieta, depois que o ator cicrano anunciou o fim de um casamento que havia durado apenas três dias… Os três dias mais longos de sua vida.

Quando voltei pra casa, um casal simpático me dizia “boa noite” trazendo nas bochechas a câimbra de um sorriso aeróbico depois de chorar contando tantas desgraças.

Fui dormir pensando: Se ele vive me acompanhando em cada passou que dou, eu quero vingança. Quero passar o resto dos meus dias contando tudo de todos, para todo mundo. Especialmente para aquela senhora de sorriso fácil que contava histórias durante a viagem de lotação. Quero alimentá-la de fartos causos para que, assim, ela sempre tenha assunto, e eu tenha sempre prazer em entrar naquele ônibus sabendo que o motivo daquele sorriso fácil, foram as boas novas que eu contei a ela, enquanto ela preparava o café.

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Relações midiáticas e produções de Saúde

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“A qualidade dos médicos no Brasil. A formação aqui é péssima. Não existe, em muitos cursos, nem treinamento prático adequado. E há ainda a invasão de (mal) formados em Cuba e na Bolívia “(Folha São Paulo, 2012).

“Treze mil médicos são diplomados ao ano, mas faltam profissionais” (O Globo, 2012).

“O exame realizado Cremesp prova a péssima qualidade da formação médica no Brasil. Em 7 anos 46,7% dos 4.821 alunos que o realizaram foram reprovados”(saúde web,10/2012).

Nos últimos meses temos sido bombardeados por notícias referentes aos cursos de medicina e a falta de profissionais em saúde (a mídia nomeia profissionais de saúde como apenas a classe médica). As quais nos fazem ficar indignados com a precariedade do atendimento à saúde, a falta da dignidade humana, a preocupação com o futuro da saúde do mundo, e principalmente do país.

Um dia ouvindo e vendo estas notícias, comecei a me indagar sobre as outras formações referentes à saúde, como enfermagem, fisioterapia, biomedicina, odontologia, psicologia e tantas outras, como elas andavam. Se aquele dia que a televisão havia ido visitar o hospital, se tinham enfermeiros, fisioterapeutas… no atendimento, ou ainda, se tinha faltado o plantão, apenas o médico? Certamente, deveriam ter outros profissionais, no entanto, no senso comum, “sem médico, a saúde não vai para frente”. Desta maneira, é preciso ter as 196 Escolas de Medicinas no país a fim de promover melhorias na saúde. Será necessário, mesmo?

Não quero aqui, diminuir a formação médica ou até mesmo retirar a necessidade de reflexão e novas práticas na formação acadêmica desta graduação, assim como as intervenções referentes a esta profissão. Entretanto, o que não pode deixar de levar em consideração é que a assistência em saúde não diz respeito apenas ao médico, mas é composta por uma gama de outras especialidades que se unem para cuidar da integralidade do ser humano. Compreendendo inclusive, que a saúde não seja ausência de doença para que seja cuidada como algo especificamente biológico. Mas que seja um bem-estar físico, mental, levando em consideração a autonomia, justiça, beneficência (Araujo, Brito, Novaes, 2008). Entendo que a agenda midiática utiliza destes discursos para favorecer a postergação do modelo biomédico e o hospitalocêntrico.

O modelo biomédico surge no final do século XIX e início do XX, a partir das influências da Escola de Cnido, Modelo Cartesiano, Medicina dos Tecidos e do Positivismo. Este modelo se caracteriza a partir dos aspectos do: reducionismo biológico, exclusão do psíquico e uma visão fragmentada do ser e do adoecer (De Marco, 2003).  Já o modelo hospitalocêntrico é centrado na assistência hospitalar e atenção curativa. Estes dois modelos se retroagem.

O modelo biomédico é uma ideologia que sustenta e justifica uma maneira de produzir cuidados ao paciente através de práticas medicamentosas, especialistas. Onde, medicam mais, realizam mais cirurgias e escutam e olham menos para o ser que está na sua frente. E só para lembrar, existem outras maneiras de cuidar, por mais que estejamos esquecidos.

Manter esta agenda midiática por meio da compra destes discursos é uma forma de aprovar o não-olhar do médico para o paciente. As notícias veiculadas na mídia produzem subjetividades, tanto naqueles que estão nos postos de saúde, hospitais trabalhando e os que vão nestes locais buscar saúde. Então, se vamos questionar as práticas e a formação em medicina, por quê não questionar também as outras formações que abrangem a saúde, as formas de cuidado. A saúde não se restringe à Medicina! A sociedade não pode deixar que a saúde assim se configure.

Referências:

DE MARCO, Mário Alfredo. A Face Humana da Medicina: do Modelo Biomédico ao Modelo Psicossocial. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

ARAÚJO, Arakén Almeida; BRITO, Ana Maria de; NOVAES, Moacir de. Saúde e Autonomia: Novos Conceitos São Necessários? Revista Bioética, vol. 16, n° 1, 2008.

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Relações midiáticas e produções de Saúde

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“A qualidade dos médicos no Brasil. A formação aqui é péssima. Não existe, em muitos cursos, nem treinamento prático adequado. E há ainda a invasão de (mal) formados em Cuba e na Bolívia “(Folha São Paulo, 2012).

“Treze mil médicos são diplomados ao ano, mas faltam profissionais” (O Globo, 2012).

“O exame realizado Cremesp prova a péssima qualidade da formação médica no Brasil. Em 7 anos 46,7% dos 4.821 alunos que o realizaram foram reprovados”(saúde web,10/2012).

Nos últimos meses temos sido bombardeados por notícias referentes aos cursos de medicina e a falta de profissionais em saúde (a mídia nomeia profissionais de saúde como apenas a classe médica). As quais nos fazem ficar indignados com a precariedade do atendimento à saúde, a falta da dignidade humana, a preocupação com o futuro da saúde do mundo, e principalmente do país.

Um dia ouvindo e vendo estas notícias, comecei a me indagar sobre as outras formações referentes à saúde, como enfermagem, fisioterapia, biomedicina, odontologia, psicologia e tantas outras, como elas andavam. Se aquele dia que a televisão havia ido visitar o hospital, se tinham enfermeiros, fisioterapeutas… no atendimento, ou ainda, se tinha faltado o plantão, apenas o médico? Certamente, deveriam ter outros profissionais, no entanto, no senso comum, “sem médico, a saúde não vai para frente”. Desta maneira, é preciso ter as 196 Escolas de Medicinas no país a fim de promover melhorias na saúde. Será necessário, mesmo?

Não quero aqui, diminuir a formação médica ou até mesmo retirar a necessidade de reflexão e novas práticas na formação acadêmica desta graduação, assim como as intervenções referentes a esta profissão. Entretanto, o que não pode deixar de levar em consideração é que a assistência em saúde não diz respeito apenas ao médico, mas é composta por uma gama de outras especialidades que se unem para cuidar da integralidade do ser humano. Compreendendo inclusive, que a saúde não seja ausência de doença para que seja cuidada como algo especificamente biológico. Mas que seja um bem-estar físico, mental, levando em consideração a autonomia, justiça, beneficência (Araujo, Brito, Novaes, 2008). Entendo que a agenda midiática utiliza destes discursos para favorecer a postergação do modelo biomédico e o hospitalocêntrico.

O modelo biomédico surge no final do século XIX e início do XX, a partir das influências da Escola de Cnido, Modelo Cartesiano, Medicina dos Tecidos e do Positivismo. Este modelo se caracteriza a partir dos aspectos do: reducionismo biológico, exclusão do psíquico e uma visão fragmentada do ser e do adoecer (De Marco, 2003).  Já o modelo hospitalocêntrico é centrado na assistência hospitalar e atenção curativa. Estes dois modelos se retroagem.

O modelo biomédico é uma ideologia que sustenta e justifica uma maneira de produzir cuidados ao paciente através de práticas medicamentosas, especialistas. Onde, medicam mais, realizam mais cirurgias e escutam e olham menos para o ser que está na sua frente. E só para lembrar, existem outras maneiras de cuidar, por mais que estejamos esquecidos.

Manter esta agenda midiática por meio da compra destes discursos é uma forma de aprovar o não-olhar do médico para o paciente. As notícias veiculadas na mídia produzem subjetividades, tanto naqueles que estão nos postos de saúde, hospitais trabalhando e os que vão nestes locais buscar saúde. Então, se vamos questionar as práticas e a formação em medicina, por quê não questionar também as outras formações que abrangem a saúde, as formas de cuidado. A saúde não se restringe à Medicina! A sociedade não pode deixar que a saúde assim se configure.

Referências:

DE MARCO, Mário Alfredo. A Face Humana da Medicina: do Modelo Biomédico ao Modelo Psicossocial. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003.

ARAÚJO, Arakén Almeida; BRITO, Ana Maria de; NOVAES, Moacir de. Saúde e Autonomia: Novos Conceitos São Necessários? Revista Bioética, vol. 16, n° 1, 2008.

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