Número 23: um retrato de superstição e obsessão

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Que revelações o número 23 pode trazer a tona?

Superstição e obsessão. Estes são retratos do filme Número 23, lançado em 2007 e que tem como protagonista Jim Carrey (Walther Sparrow) interpretando um pai de família e apanhador de animais que ao ganhar de sua esposa Agatha (Virginia Madsen) um livro intitulado “O número 23” se vê obcecado pelas revelações ou não que este número pode trazer a tona.

Ao iniciar a leitura o personagem de Carrey se torna um refém do livro que, aos seus olhos, retrata sua própria história de vida, uma autobiografia de todos os medos e angustias vivida por Sparrow. A partir de então, nasce uma paranóia com o número 23, que o assombra a cada nova descoberta ou coincidência.

Segundo o filosofo Pitágoras, os números dão-nos como que um gênero de parâmetro para a vida. Tudo o que existe está automaticamente ligado à Matemática. Ainda de acordo com Pitágoras, os números são a manifestação do divino e estão na base do Universo.

Ao assistir o filme o espectador mesmo que por um instante, se vê navegando junto com o personagem nas histórias que o livro apresenta além, de muitas vezes se perguntar – “Isso é uma verdade”? E até mesmo fazer contas junto com o personagem para tentar chegar a um fato que leve ao número 23.

O longa metragem nos leva a discussões sobre as possíveis revelações ou coincidências que o enigmático número 23 pode apresentar. Verdade ou não, com sua paranóia o filme nos prender a atenção e ao final leva o espectador a descobertas que, para alguns, são vistas como coincidências já para outras como demonstrações do poder que os números têm, em especial o 23.

PS: esta resenha foi finalizada as 11:23:23 horas (coincidência?)


FICHA TÉCNICA DO FILME

NÚMERO 23

Diretor: Joel Schumacher
Elenco: Jim Carrey, Virginia Madsen, Logan Lerman, Danny Huston.
Produção: Beau Flynn, Fernley Phillips, Tripp Vinson
Roteiro: Fernley Phillips
Fotografia: Matthew Libatique
Trilha Sonora: Harry Gregson-Williams
Duração: 97 min.
Ano: 2007
País: EUA
Gênero: Suspense
Distribuidora: Não definida
Estúdio: New Line Cinema
Classificação: 14 anos

 

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Tudo é número?

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“Tudo é número, logo tudo é razão. Falso. Nem tudo é razão. De onde vem? Das relações matemáticas?”

 

Eles estão aqui, ali, e bem aí. Na senha, nos códigos de barras, na hora de acordar, no dia da semana, nos dados da produção, no valor da bolsa, no número de mortos, no número que visto, que calço, que peso, que invisto. Quer você os ame ou odeie.

Há quem não tenha afinidade alguma com eles; quem tenha certa aproximação e quem opere bem, seja no campo dos reais ou complexos. E, em meio a isso, temos ainda aqueles que vão além do ódio ou amor a esses objetos matemáticos: os que acreditam na intervenção direta dos números em suas vidas.

A numerologia, pseudociência que se dedica ao estudo do significado e da influência dos números no caráter e no destino das pessoas, a partir da interpretação de expressões matemáticas relacionadas ao nome que se possui, é, muitas vezes, consultada por alguns na tomada de decisões empresariais e, inclusive, pessoais. Atitude essa que estabelece certa relação de dependência do indivíduo em relação aos números.

Embalados por essa crença, acreditamos que tais indivíduos, assim como Pitágoras, corroboram a ideia de que ‘tudo é número’. E, embora não concordemos com a totalidade da afirmação (até mesmo porque tudo tenderia ao exato, à razão), necessitamos considerar engraçada a relação de afinidade ou desapego que temos com dados algarismos.

E, de fato. No Japão, por exemplo, os números 4 e 9 são considerados como números de azar por lembrarem morte e sofrimento. Em alguns hospitais do país não se usam esses números nos apartamentos e nas enfermarias, pois vários hospitalizados se recusam a se internarem em dependências hospitalares por eles identificadas. Já no Brasil, o número 13 é o de má sorte, pois é tido como incompleto na numerologia se posto em comparação ao número 12 dos 12 meses do ano, dos 12 signos do Zodíaco, das 12 tribos de Israel e dos 12 apóstolos. Outra possível justificativa para essa superstição pauta-se em explicações advindas da mitologia nórdica (conjunto de religiões e crenças pré-cristãs) que cita a lenda de Loki, um espírito ruim que apareceu para um banquete de 12 pessoas sem ser convidado provocando a morte do deus Balder, o mais quisto dos deuses (http://pt.wikipedia.org/wiki/Sexta-Feira_13). Dentre essas comparações místicas, há ainda o fato de que na cultura brasileira este número (13) se associado a uma sexta-feira também pode representar um dia mau agouro. A explicação para essa associação ser pouco sortuda dá-se em decorrência da morte de Cristo ter ocorrido em uma sexta-feira; dia em que, segundo as Sagradas Escrituras, supostamente também ocorreu o grande dilúvio.

No meu caso, por exemplo, embora a numerologia diga que meu número de sorte seja o 8, algo de peculiar há nos números 20 e 10. Não que eles expliquem ou ajudem a compreender a origem do universo, ou estabeleçam uma estrutura lógica para equacionar enigmas como o conjunto dos números primos. Eles simplesmente representam, para mim, uma data singular registrada no RG n° 612.990.

Aos religiosos, por sua vez, como citação, há certo distanciamento do número 666, já que essa sequência lembra o que ficou registrado em Apocalipse 13-18: “[…]Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis”. A besta, o dragão e o falso profeta representam, para os cristãos, figuras apocalípticas que os reportam a profecias acerca do sofrimento do fim dos tempos. Logo, para esses, não é de bom tom ter esse número ligado à sua imagem ou a pertences seus.

Loucura? Coisa da cabeça?

Aos jogadores da Megassena, o uso de combinações de números pares, ímpares, perfeitos ou múltiplos pode desencadear na sorte de se receber vários zeros à direita do saldo bancário, se eles acertarem 6 dos 60 números disponíveis na cartela. Já aos matemáticos, essa sorte fica mais à mercê dela própria do que da probabilidade real de um fato desses ocorrer, uma vez que existem 50.063.860 formas diferentes de combinações dos 6 números.

Enfim, sortudos ou azarados, não temos como comprovar essas adjetivações, o que nos leva a concluir que, fomentados ou não pelo pensamento de sorte ou azar advindo de um dado número, somos apenas capazes de afirmar que vivemos em meio a um verdadeiro sistema numérico. Situação essa que nos conduz à escolha de sermos simplesmente uma variável que acompanha os coeficientes numéricos ou um fator determinante no jogo da própria vida.

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sobrenomes

Nome e sobrenome

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A gente é um número. Sob vários aspectos. Começa com o espermatozoide. Um só, na maioria das vezes, consegue fecundar o óvulo. De milhões que saíram na disputa. Depois, tem o lugar na vida da família. Se não é o primeiro, é o segundo, terceiro ou quarto filho. E assim vai.

Chegam as primeiras idas para a escola. Lembro do meu tempo de menina, de aluna de escola pública. Na fase do ‘ginásio’, veio a série onde ninguém era chamado pelo nome, mas pelo número da lista de presenças, a tal ‘chamada’. Quem se lembra disso aí?

– Número 5? Perguntava a professora.
– Presente! Confirmava o aluno rapidamente.

Na sequência, ou pari passu, chegam os números dos documentos de identificação. RG, CPF. Estes abrem as portas para a vida corrida de números: cartões de crédito, de banco, passaporte, carteira de trabalho, certidão de casamento. Tudo vira número. Haja memória para guardar tudo.

Na lista de inscrição dos concursos, somos números desejados (pelos organizadores, porque representamos $$) e indesejados pelos candidatos (porque significamos concorrência). Também somos fiscalizados pelo governo. Não há como fugir da Receita Federal, em tudo tem o ‘nosso’ número. Na contagem populacional, do IBGE, não importa quem eu sou. Cada cidadão é um número no registro dos habitantes do país.

E sim, qual é mesmo o seu/meu nome?

Eu até gostaria que não fosse assim. Nesta história de gente, gosto de saber o nome. Não me importa o número que forma o salário, ou o número que perfaz a quantidade de títulos de conhecimentos, ou ainda a loucura de saber quantos dias da vida já foram vividos e quantos ainda estão por vir.

Eu, como Toquinho, gosto de nome e sobrenome. A gente precisa dos números. Mas eu prefiro ter nome e sobrenome.

Gente Tem Sobrenome
Toquinho
Todas as coisas têm nome,
Casa, janela e jardim.
Coisas não têm sobrenome,
Mas a gente sim.
Todas as flores têm nome:
Rosa, camélia e jasmim.
Flores não têm sobrenome,
Mas a gente sim.

O Jô é Soares, Caetano é Veloso,
O Ary foi Barroso também.
Entre os que são Jorge
Tem um Jorge Amado
E um outro que é o Jorge Ben.
Quem tem apelido,
Dedé, Zacharias, Mussum e a Fafá de Belém.
Tem sempre um nome e depois do nome
Tem sobrenome também.

Todo brinquedo tem nome:
Bola, boneca e patins.
Brinquedos não têm sobrenome,
Mas a gente sim.
Coisas gostosas têm nome:
Bolo, mingau e pudim.
Doces não têm sobrenome,
Mas a gente sim.

Renato é Aragão, o que faz confusão,
Carlitos é o Charles Chaplin.
E tem o Vinícius, que era de Moraes,
E o Tom Brasileiro é Jobim.
Quem tem apelido, Zico, Maguila, Xuxa,
Pelé e He-man.


 Nota: Texto publicado originalmente no Blog da autora: www.jocyelmasantana.wordpress.com

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