Emagrecer com saúde: por que cada corpo precisa de uma abordagem diferente?

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*Por Natalia Carrega

O emagrecimento saudável vai muito além de simplesmente reduzir calorias. Neste processo, é fundamental levar algumas questões em consideração, como manter um déficit calórico moderado, garantindo que o corpo gaste mais energia do que consome, além de ingerir proteínas de forma adequada para preservar a massa muscular e aumentar a sensação de saciedade. 

Outro ponto importante nessa dinâmica é o consumo de fibras, que visam melhorar a digestão e auxiliar no controle do apetite. As gorduras boas também são fundamentais para gerar um equilíbrio hormonal. Já os carboidratos complexos ajudam a fornecer energia de forma gradual. E, não podemos esquecer a hidratação. 

No entanto, cada organismo reage de maneira única a certos alimentos e a exercícios físicos, tornando essencial uma abordagem nutricional personalizada. A verdade é que cada ser humano tem um funcionamento único, com variações no ritmo do metabolismo — que determina a quantidade de energia que o corpo gasta em repouso —, na composição corporal, genética e até na microbiota intestinal. Ou seja, no conjunto de bactérias que influenciam a digestão e a saúde. 

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Fonte: https://encr.pw/6CCoo

Abordagem individualizada e personalizada

Além desses precedentes, elementos como nível de atividade física, idade e gênero também impactam diretamente no alcance dos objetivos. Por exemplo, pessoas com maior massa muscular tendem a ter um metabolismo acelerado enquanto fatores hormonais influenciam no armazenamento de gordura. 

Atualmente, existem alguns métodos que ajudam na construção de uma estratégia alimentar individualizada. Dentre eles, podemos destacar o teste genético, sendo um procedimento que analisa as variações genéticas individuais para entender como o corpo responde a diferentes alimentos e nutrientes. Esse exame identifica predisposição a problemas como metabolismo lento, intolerâncias alimentares, tendência ao acúmulo de gordura e a eficiência na absorção de vitaminas e minerais. 

Com o resultado em mãos, um nutricionista é capaz de elaborar um plano alimentar personalizado com base nas informações geradas, ajustando macronutrientes, tipos de alimentos, suplementação e outras ações específicas para otimizar o emagrecimento. Tal recurso deixa o processo mais leve e saudável, diferente de muitos casos em que a pessoa adota uma dieta restritiva, que não somente atrapalha o alcance dos resultados, mas também prejudica a saúde. 

Equilíbrio nas escolhas diárias 

Diante de tantas soluções inovadoras aplicadas por meio da ciência e conhecimento profissional, uma abordagem personalizada é a chave para um emagrecimento saudável e sustentável a longo prazo. Alinhada a pequenas, mas consistentes mudanças no dia a dia, a prática impulsiona o estabelecimento de bons hábitos de forma duradoura. 

Para conquistar resultados as escolhas são essenciais nesse processo, por isso é importante priorizar refeições balanceadas, ricas em proteínas, fibras, gorduras boas, e manter-se bem hidratado. Ter lanches saudáveis disponíveis e planejar as refeições com antecedência, além de prestar atenção no excesso de estresse e garantir um sono de qualidade. Emagrecer é um processo, mas não precisa ser difícil. Manter ao lado profissionais qualificados e estratégias eficazes, torna a jornada mais simples e gratificante. 

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Impacto da alimentação no desempenho escolar

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Estratégias de Educação Alimentar e seu Impacto no Desempenho Escolar no Contexto Brasileiro

A interação entre alimentação e desempenho escolar é um campo de estudo significativo que abrange várias disciplinas, incluindo nutrição, psicologia educacional e saúde pública. Nutrientes essenciais como vitaminas, minerais, proteínas e carboidratos são cruciais para o desenvolvimento cerebral. Uma nutrição inadequada pode levar a deficiências cognitivas, afetando a memória, a atenção e a capacidade de resolver problemas. Segundo Benton (2008), deficiências nutricionais, especialmente durante fases críticas de desenvolvimento, estão relacionadas a atrasos no desenvolvimento da linguagem e dificuldades de aprendizagem.

O papel do café da manhã na melhoria do desempenho acadêmico também é notável. Adolphus et al. (2013) demonstraram que o consumo regular de um café da manhã nutritivo está associado a um melhor desempenho em tarefas escolares que exigem atenção e habilidades de memória. Essa refeição fornece energia e nutrientes essenciais após o jejum noturno, sendo fundamental para a manutenção da função cognitiva durante o dia.

Por outro lado, padrões alimentares não saudáveis, como o consumo excessivo de alimentos processados ricos em açúcares e gorduras, mas pobres em nutrientes, estão relacionados a um desempenho escolar inferior. De acordo com Florence et al. (2008), esses hábitos podem resultar em problemas de concentração, hiperatividade e comportamentos disruptivos, que são prejudiciais ao aprendizado e ao desempenho acadêmico.

Intervenções nutricionais nas escolas, como a oferta de refeições equilibradas e programas de educação nutricional, têm mostrado resultados positivos. Murphy et al. (1998) observaram que a disponibilização de um café da manhã balanceado nas escolas está vinculada a melhorias no desempenho acadêmico e no bem-estar psicológico dos alunos. Tais intervenções são especialmente valiosas em comunidades carentes, onde os alunos podem não ter acesso regular a alimentos nutritivos.

A relação entre alimentação e desempenho escolar tem sido amplamente estudada no Brasil, com foco na educação alimentar e nutricional como estratégia para promover hábitos alimentares saudáveis. Uma revisão de literatura realizada sobre estudos de intervenção no campo da educação alimentar e nutricional em escolares no Brasil, entre 2000 e 2011, apontou melhorias no conhecimento em nutrição e nas opções alimentares dos alunos. No entanto, a maioria dos estudos que realizaram avaliação antropométrica não encontrou mudanças significativas no estado nutricional dos estudantes. Os estudos tendem a adotar metodologias baseadas em estudos epidemiológicos de intervenção, indicando a necessidade de abordagens mais inovadoras em educação em saúde e modelos de pesquisa adaptados aos objetos de estudo​​ (Santos et. al., 2012).

                                                                                                       Fonte: Pixabay, imagem de esigie

Além disso, foi desenvolvida uma série de materiais de apoio para profissionais de educação e de saúde, visando integrar a educação alimentar e nutricional ao currículo de educação infantil e ensino fundamental. Esses materiais se baseiam em uma matriz de temáticas de alimentação e nutrição, promovendo atividades educativas que oportunizam uma abordagem ampliada sobre alimentação e nutrição, integradas de forma transversal ao currículo. Essa iniciativa fortalece as ações de educação alimentar e nutricional no âmbito escolar, contribuindo para a ampliação do repertório dos educadores sobre a temática e sua inclusão no currículo de forma cotidiana e transversal (Gubert, 2013)​​.

No contexto global, a alimentação escolar é reconhecida como uma política importante para o desenvolvimento infantil, apoiando a nutrição adequada e aprimorando as habilidades cognitivas dos estudantes, além de contribuir para a diminuição da evasão escolar. O ambiente escolar é visto como um espaço estratégico para a promoção da segurança alimentar e nutricional (SAN) entre os estudantes, possibilitando o fornecimento de refeições e a formação de hábitos alimentares saudáveis. Globalmente, 169 países fornecem alimentação escolar a cerca de 368 milhões de estudantes, com a Índia, Brasil e Estados Unidos liderando em número de beneficiados (Silva, 2012)​​.

No Brasil, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é regulamentado pela Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, e pela Resolução nº 26, de 17 de junho de 2013, do Fundo Nacional de Desenvolvimento e Educação (FNDE). O PNAE visa garantir a todos os estudantes matriculados em escolas públicas e entidades filantrópicas uma alimentação adequada e saudável, contribuindo para o crescimento, desenvolvimento biopsicossocial, aprendizagem, rendimento escolar e a formação de hábitos alimentares saudáveis, por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que atendam parte das necessidades nutricionais dos estudantes durante o período letivo​​ (Pepe, 2012).

Esses estudos e iniciativas demonstram a importância da alimentação escolar na promoção da saúde, do bem-estar e do desempenho acadêmico dos estudantes, enfatizando a necessidade de políticas públicas e práticas educacionais que integrem a nutrição ao ambiente escolar.

 

 

REFERÊNCIAS

  1. BENTON, D. (2008). The influence of dietary status on the cognitive performance of children. Molecular Nutrition & Food Research, 52(4), 457-470.
  2. TARAS, H. (2005). Nutrition and student performance at school. Journal of School Health, 75(6), 199-213.
  3. ADOLPHUS, K., Lawton, C. L., & Dye, L. (2013). The effects of breakfast on behavior and academic performance in children and adolescents. Frontiers in Human Neuroscience, 7, 425.
  4. Florence, M. D., Asbridge, M., & Veugelers, P. J. (2008). Diet quality and academic performance. Journal of School Health, 78(4), 209-215.
  5. MURPHY, J. M., Pagano, M. E., Nachmani, J., Sperling, P., Kane, S., & Kleinman, R. E. (1998). The relationship of school breakfast to psychosocial and academic functioning: Cross-sectional and longitudinal observations in an inner-city school sample. Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine, 152(9), 899-907.
  6. SANTOS, L. M. P. dos; GOMES, F. S.; SOUZA, A. M. de; SANTOS, S. M. C. dos; SANTOS, L. A. dos; SANTOS, C. L. F. dos. Educação alimentar e nutricional em escolares: uma revisão de literatura. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 15, n. 3, p. 605-615, set. 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v15n3/16.pdf. Acesso em: 5 dez. 2023.
  7. GUBERT, M. B.; SOUSA, D. A. de. Proposta de educação alimentar e nutricional integrada ao currículo de Educação Infantil e Ensino Fundamental. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n. 4, p. 1153-1162, abr. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v18n4/v18n4a33.pdf. Acesso em: 5 dez. 2023.
  8. SILVA, D. O. da; RECINE, E.; BRASIL, B. G. de M.; GOMES, R. C. F.; SCHMITZ, B. A. S. Alimentação na escola e autonomia: desafios e possibilidades. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 91-98, jan. 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n1/12.pdf. Acesso em: 5 dez. 2023.
  9. PEPE, M. S. V. E.; ARAÚJO, M. L. G. de; O’CONNOR, T. M. Alimentação Escolar no Brasil e Estados Unidos: uma revisão integrativa. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 5, p. 1273-1284, maio 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v17n5/25.pdf. Acesso em: 5 dez. 2023.
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A relação entre obesidade, alimentação e transtornos neurodegenerativos

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Desde meados do século XX, passamos a conviver com o comprometimento da saúde cada vez mais cedo e a acompanhar o crescimento acentuado de transtornos neurodegenerativos

Se você perguntasse aos seus avós qual a causa da morte de familiares, amigos, vizinhos, certamente ouviria que morreram de “velhice”. Dificilmente havia conhecimento de mortes causadas por complicações do diabetes, câncer, demência e doenças cardíacas. É evidente que devemos considerar que havia limitações nos diagnósticos clínicos, inclusive no diagnóstico precoce, que viabilizassem o tratamento e prevenção.

A velhice pode ser entendida como uma deterioração provocada pelo tempo, em que o envelhecimento gradualmente se instala como uma ferrugem em um carro antigo, que vai oxidando e corroendo uma célula aqui, outra ali, declinando as funções corporais, esgotando vitaminas, minerais e organelas naturais de defesa.

Aos companheiros dos nossos antepassados, atribuímos a morte ao corpo velho, que vai ficando mais vulnerável a uma doença degenerativa ou um vírus oportunista comprometendo gravemente a saúde.

Hoje nossa realidade é outra, desde meados do século XX, passamos a conviver com o comprometimento da saúde cada vez mais cedo, não de forma única com o envelhecimento, mas acometidos por síndromes e complicações que vão se acumulando com o tempo de forma crônica e degenerativa.

                                                                                                                             Fonte: Pixabay.com

Crescem as complicações com doenças como o diabetes, câncer, doenças cardíacas e o foco do nosso texto os transtornos mentais, ou desordens cerebrais, em especial o Alzheimer.

Nesse sentido, como mencionado acima, crescem as complicações com doenças como o diabetes, câncer, doenças cardíacas e o foco do nosso texto os transtornos mentais, ou desordens cerebrais, em especial o Alzheimer. Muito temido por todos e foco de estudos na medicina, cerca de 1,2 milhões de pessoas vivem com alguma forma de demência no Brasil e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano.  No mundo, o número chega a 50 milhões de pessoas.

De acordo com o ministério da saúde (MS), o Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais.  Ainda segundo o MS, o mal de Alzheimer tem causa desconhecida, de origem genética, inevitável e atribuída a idade, sendo responsável por mais da metade dos casos de demência na população idosa.

Mas será que a origem é genética e imutável?

Voltando novamente no tempo, aos nossos bisavós dessa vez, imagine-se sentado na frente da casa deles contando como a nossa vida cotidiana conta com a tecnologia, é provável que essa conversa seja regada a um morno chá, cujas ervas foram cultivadas logo ali atrás da casa. Contextualizando a eles a evolução das máquinas e da internet incluiremos nesse panorama da vida moderna os meios de transportes, forno de micro-ondas, comida congelada, os controles remotos, smartphones e junto deles as facilidades a um clique. Nesses cliques devemos incluir a entrega a domicílio de comida, sanduíches, pizzas, doces, sorvetes, batatas fritas e demais produtos alimentícios. Entenda por produto alimentício alimentos que passam por processamento e inclusão de aditivos químicos, glúten, realçadores de sabor, corante, conservantes, diferente de alimento, que não passa por processos de modificação. Ao final da nossa explanação certamente estariam boquiabertos, incrédulos e o chá esfriando na caneca.

                                                                                                                                          Fonte: Pixabay.com

As mudanças socioculturais vêm trazendo mudanças nos hábitos alimentares e impactando a forma como estamos envelhecendo.

As mudanças na nossa vida cotidiana, a participação maior das mulheres no mercado de trabalho, a sobrecarga que vivemos de responsabilidades e estresse vem trazendo mudanças nos hábitos alimentares e esses têm impactado diretamente na forma como estamos envelhecendo.

No ano de 2005, pesquisas descreveram o Alzheimer como sendo um terceiro tipo de diabetes. Recentemente novas pesquisas têm se voltado mais para a alimentação como esperança de prevenir e até mesmo tratar o Alzheimer.

Parece muito absurdo para você relacionar uma doença cerebral degenerativa com a alimentação? E mais ainda, mudanças no estilo de vida e na alimentação ser preditivo para evitar que males como Alzheimer, depressão e TDAH acometam o seu cérebro? A explicação para essa relação pode ser bem simples: a inflamação e a metabolização da glicose.

Hipócrates, o pai da medicina disse que todas as doenças começam no intestino. Nesse sentido, alto consumo de alimentos ricos em carboidratos tem um papel fundamental no gatilho de cascatas inflamatórias no nosso organismo, entenda por carboidrato uma fonte de açúcar rápida, que pode ser um pão ou um sorvete cheio de açúcar refinado. No contexto do pão um fator ainda agrava nossa saúde intestinal e mental, que é uma proteína denominada glúten. O glúten está presente em grãos como trigo, centeio, cevada, aveia e malte, e apresenta -se maléfico ao intestino e ao cérebro.

O médico e pesquisador Alessio Fasano é especialista em doença celíaca e distúrbios relacionados ao glúten, professor na Harvard Medical School autor de diversas pesquisas diz que os sintomas relacionados ao consumo de glúten e a hiperpermeabilidade intestinal, as reações cruzadas e mimetismo molecular precisam ser reconhecidos para serem manejados corretamente. Fasano afirma em seus estudos que ainda se pensa que o trigo faz mal apenas aos celíacos, mas a sensibilidade ao glúten não celíaca, o espectro de sintomas e doenças autoimunes relacionadas é uma realidade forte no impacto da saúde intestinal e distúrbios cerebrais como TDAH, autismo e Alzheimer.

Fasano descobriu em suas pesquisas que uma proteína chamada zonulina, liberada na presença do glúten, como um mecanismo de defesa, altera nossa permeabilidade intestinal. Nosso intestino que é como uma peneira bem fininha, passa a ficar esburacada, ou seja, hirperpermeável. Assim o indivíduo torna-se altamente suscetível a sensibilidades alimentares, favorecendo o surgimento de processos inflamatórios e o desenvolvimento de doenças autoimunes.

                                                                                                                                    Fonte: Pixabay.com

Já há trabalhos científicos que relacionam a sensibilidade ao glúten a sintomas como depressão, ansiedade, câncer, autismo, confusão mental, distúrbios digestivos, doenças cardíacas entre outros.

Como dissemos, os processos inflamatórios são base para muitos problemas cerebrais, com a liberação de citocinas inflamatórias e podem atacar o cérebro. Tal relação já é bem descrita em trabalhos que relacionam a sensibilidade ao glúten a sintomas como depressão, ansiedade, câncer, autismo, confusão mental, distúrbios digestivos, doenças cardíacas entre outros.

Com relação ao açúcar, vamos entender como nosso corpo metaboliza a glicose e o papel da insulina nesse metabolismo. Quando nos alimentamos, nosso corpo digere, transforma e absorve os nutrientes do que comemos, vamos chamá-los aqui de macronutrientes, os estruturais: Carboidrato, Proteína e Gordura. Cada um deles é recebido e metabolizado por nosso organismo de maneira particular, mediados por enzimas e substâncias próprias de cada reação bioquímica necessária a sua transformação e absorção.

Nosso corpo usa como principal fonte de energia a glicose, necessária ao funcionamento do cérebro, músculos, fígado e coração, por exemplo. A glicose é obtida da metabolização dos carboidratos da alimentação, porém as células dependem de um hormônio para esse aproveitamento, a insulina, que é produzida no pâncreas.

Assim, na presença de glicose na corrente sanguínea, o pâncreas libera insulina, que viabiliza o uso adequado das células pelo combustível, e nossas células quando bem “treinadas” apresentam sensibilidade a insulina, de maneira que na presença dela, prontamente a reconhecem e encaminham tudo para a metabolização da glicose. Esse é o modelo das células dos nossos bisavós, aqueles do chá citado anteriormente. Eles tinham na sua alimentação um equilíbrio na oferta de alimentos, obtendo dela os macronutrientes, além disso as suas atividades laborais, eram de modo geral com mais esforço físico e a oferta de alimentos fonte de carboidratos eram mais escassas.

Não precisamos abordar apenas gerações passadas como exemplo de equilíbrio alimentar e hábitos de vida saudáveis, mas a realidade é que estamos frente a uma epidemia de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis (diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia, sobrepeso e obesidade). Segundo a Associação Brasileira para o Estudo de Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), a estimativa é que em 2025 cerca de 2,3 bilhões de pessoas estejam acima do peso e 700 milhões com obesidade (IMC>30). No Brasil, a obesidade aumentou 72% nos últimos 13 anos.                                                                            

                                                                                                                                           Fonte: Pixabay.com

O sangue açucarado torna-se pesado, tóxico para muitos órgãos, e pode provocar inúmeras doenças, dentre elas o Alzheimer.

Em comparação com o sistema metabólico dos nossos antepassados, podemos esperar de um organismo hoje, uma maior oferta de glicose na alimentação (pães, massas, salgados, doces, sorvetes, frituras, etc) e hábitos de vida sedentários, mediados por estresse, insônia e aumento de doenças crônicas não transmissíveis.

As células desse indivíduo hoje passam por diversos processos de oxidação e inflamação e o excesso de glicose gera uma resistência à insulina, ou seja, em comparação às células treinadas dos nossos bisavós, nossas células perdem parte dos receptores de insulina, fazendo com que nosso pâncreas trabalhe em dobro até que estas reconheçam a presença da insulina, e a permitam participar do metabolismo da glicose. Temos aí o pré diabetes e caminhamos para o diabetes tipo 2. O sangue açucarado torna-se pesado, tóxico para muitos órgãos, e pode provocar inúmeras doenças como cegueira, danos aos nervos, danos vasculares que levam à hipertensão arterial, doenças cardíacas e danos ao cérebro como o Alzheimer.

De acordo com a Federação Internacional de Diabetes (IDF) a projeção é que até 2030 o número de diabéticos no Brasil esteja em 21,5 milhões. O surgimento do termo diabetes tipo 3, atribui-se a perda da capacidade dos neurônios do cérebro a reagirem à insulina, reação essencial para tarefas básicas como memorização e aprendizado. Acredita-se também que a resistência à insulina contribui para a formação das famosas placas nos cérebros em diagnóstico, e é fato que os diabéticos têm chances dobradas de desenvolver Alzheimer.

                                                                                                                                        Fonte: Pixabay.com

  1. Zheng e colaboradores em um estudo em 2018, demonstraram que quanto maior a glicemia, maior o declínio cognitivo.

Não se pode afirmar que o diabetes seja diretamente a única causa do Alzheimer, mas o diabetes e o Alzheimer começam nas mesmas origens, como demonstraram E. Zheng e colaboradores em um estudo em 2018, onde pessoas com glicemia mais alta mostraram nível de declínio cognitivo mais elevado que pessoas com glicemia normal. O estudo acompanhou mais de 5 mil pessoas durante 10 anos e quanto maior a glicemia, maior o declínio cognitivo, sendo diabéticos ou não.

Nosso cérebro é sensível àquilo que comemos, e nesse contexto explicamos com mais detalhes a sensibilidade ao glúten, a metabolização do açúcar e a elevação da glicemia no sangue, no entanto nossa alimentação está cada vez mais inundada de gorduras ruins, proteína e carboidratos em excesso, o que também contribui para a inflamação.

O caminho então seria melhorar a sensibilidade à insulina, adotar uma dieta mais equilibrada em carboidratos e evitar o consumo de glúten e ultraprocessados. É fato que a oferta de produtos ricos em açúcar e a facilidade com que acessamos esses alimentos favorece o comportamento alimentar visto hoje, mas a reflexão pode ir além de uma vida estressante ou da falta de tempo para cozinhar.

                                                                                                                                                  Fonte: Pixabay.com

As recomendações de uma vida saudável incluem também propiciar uma alimentação adequada a saúde mental.

O caminho de volta desses resultados pode parecer difícil, mas nos leva ao encontro dos nossos avós e bisavós: Praticar uma alimentação pobre em açúcar, pobre em carboidratos refinados (massas, pães, batatas, doces, guloseimas, arroz); Descascar mais e desembalar menos: usar alimentos naturais, minimamente processados na alimentação, comprados em feiras, de preferência frutos e vegetais da estação; Cozinhar com gorduras boas, que alimentam o cérebro, como por exemplo azeite de oliva extravirgem, manteiga e óleo de coco; Priorizar o consumo de frutas menos doces; Praticar atividade física ou mesmo ter uma vida ativa: caminhadas, uso de escadas, passear com seu cachorro, filhos; Ter boas noites de sono.

As recomendações de uma vida saudável incluem também propiciar uma alimentação adequada a saúde mental. O guia alimentar para a população brasileira (2014), uma atualização da versão antiga de 2006, inclui orientações básicas ao comer como: regularidade e atenção, comer em ambientes apropriados e comer em companhia.

Sabemos que comer com calma e atenção favorece uma boa mastigação, respiração e como resposta induz a uma melhor digestão; proporcionar um ambiente agradável e comer à mesa são atitudes importantes para dar a verdadeira importância ao momento de se nutrir, mas destacamos aqui o comer em companhia. Algo extremamente importante para manter a conexão entre pessoas, a troca de experiências e vivências, o senso de compartilhar e pertencer a um lugar.

Refeições compartilhadas feitas no ambiente da casa, são momentos preciosos para cultivar e fortalecer laços entre pessoas que se gostam. Preparar as refeições em casa envolve as pessoas em atividades que as antecedem e podem promovem o desenvolvimento e autonomia das crianças e adolescentes através do preparo, das compras, da escolha de receitas de família e assim criar memórias afetivas, fortalecer laços e tradições, bons hábitos de alimentação e colaborar para a valorização do compartilhamento, perpetuação de boas escolhas alimentares e promoção de saúde mental e emocional.

Biografia:

 

Josiane Buzachi é nutricionista, formada pela Universidade Federal do Tocantins. Especialista em disbiose, alergia alimentar, doença celíaca e doenças inflamatórias intestinais. Atua em consultório e online desde 2018, hoje atende presencialemente em Goiânia, onde reside desde o início de 2023.

Referências:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 156 p. : il.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2019 : vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico : estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2019 [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2020. 137. : il.

BRASIL. Ministério da Saúde.2021. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/alzheimer#:~:text=A%20Doen%C3%A7a%20de%20Alzheimer%20(DA,neuropsiqui%C3%A1tricos%20e%20de%20altera%C3%A7%C3%B5es%20comportamentais.Acesso em 20 de setembro de 2023.

FASANO, A. Zonulin and its regulation of intestinal barrier function: the biological door to inflammation, autoimmunity, and cancer. American Physiological Society Bethesda, MD. 2011.

SERRANO, Amanda. Diabetes vai atingir 21,5 milhões de brasileiros até 2030. Estado de Minas, 2020. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/saude-e-bem-viver/2022/06/24/interna_bem_viver,1375768/diabetes-vai-atingir-21-5-milhoes-de-brasileiros-ate-2030.shtml. Acesso em 20 de setembro de 2023.

STEEN.E. et al.,Impaired insulin and insulin-like Growt factor Expression and Signaling Michanisms in Alzheimer’s Disease: Is This Type 3 Diabetes? Journal of Alzheimer’s Disesase,v.7 n.1,pp.63-80,2005.

ZENG,F. et al., HbA1C, Diabetes and Cognitive Decline: The English Longitudinal Study of Ageing. Diabetologia, v.61, n.4, pp.839-48,2018.

 

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Um panorama geral sobre transtornos alimentares

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Quando a comida faz o papel de vilão na vida de uma pessoa, e ela tem uma relação disfuncional com o ato de se alimentar, algo pode estar muito errado. Não sejamos ingênuos de achar que os transtornos alimentares são somente preocupações com comida e peso.  Na maioria das vezes é um panorama muito mais amplo do que isso.

Os transtornos alimentares (TA) fazem parte da categoria dos transtornos psicológicos que são caracterizados por distúrbios graves e persistentes nos comportamentos alimentares e pensamentos e emoções angustiantes associados ao comportamento de comer. São frequentemente associados a preocupações com comida, peso ou forma, ou com ansiedade sobre comer e as consequências de comer certos alimentos. Mas além disso, são condições complexas que começam a partir de uma combinação de fatores comportamentais, emocionais, psicológicos, interpessoais e sociais de longa data.

Os tipos de transtornos alimentares incluem compulsão alimentar periódica, anorexia nervosa, bulimia nervosa, e patologias ligadas como ingestão alimentar restritiva e uso de métodos inadequados para manutenção e perda de peso, além da prática de exercícios físicos de forma compulsiva. Esses comportamentos podem ser conduzidos de maneiras que se assemelham a um vício.

Fonte: encurtador.com.br/myCHW

O comer transtornado (CT) abarca todo tipo de comportamento alimentar disfuncional ou que possa ser conceituado como não saudável, tendo grandes chances de desenvolver um TA, como por exemplo dietas restritivas, uso de medicamentos para o controle de peso, jejum prolongado, utilização de substitutos para refeições como shakes ou suplementos, ingestão muito baixa de alimentos ou outros tipos de comportamentos que têm como objetivo reduzir a quantidade de alimento consumido e o controle de peso de forma problemática. O comer transtornado (disordered eating) pode aumentar a probabilidade de desenvolvimento de TA, visto que ele apresenta particularidades parecidas dos transtornos alimentares, o que muda é a frequência e gravidade dos sintomas, que são diminuídos.

Os transtornos alimentares são condições muito graves que afetam a função física, psicológica e social, e abrangem até 5% da população, na maioria das vezes se desenvolvem na adolescência e na idade adulta jovem (de 12 a 35 anos). Normalmente estão mais relacionados às mulheres, mas todos estes comportamentos podem ocorrer em qualquer idade e afetar qualquer gênero.  Nos últimos anos, tem-se observado o aumento do número de homens acometidos, embora a proporção estimada seja de um para cada 10 casos.

Fonte: encurtador.com.br/jmJQX

Geralmente ocorrem em conjunto com outros transtornos, como transtornos de humor e ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo e problemas de abuso de álcool e drogas. As evidências sugerem que os genes e a hereditariedade desempenham um papel importante, motivo pelo qual algumas pessoas correm maior risco de apresentar em algum momento da vida um transtorno alimentar, mas esses distúrbios também podem afetar aqueles sem histórico familiar da doença. Pessoas que sofrem de uma dessas condições costumam usar a comida na tentativa de compensar sentimentos e emoções que, de outra forma, podem parecer esmagadores. Para alguns, fazer dieta, compulsão e purgação podem começar como uma maneira de lidar com emoções dolorosas e se sentir no controle de suas vidas. Mas, ao passar do tempo, esses comportamentos prejudicarão a saúde física e emocional deste indivíduo, sua autoestima e o senso de competência e controle.

A literatura traz algumas características de personalidade que podem ser percebidas nas pessoas que possuem algum TA. Estudos apontam que eles podem vir em forma de uma preocupação em excesso com a aprovação social, alterações na sua percepção corporal, tentativa de se encaixar nas expectativas dos pais, sentimento de vazio e sintomas depressivos. A hipervalorizarão da magreza na atualidade pode contribuir para sentimentos de depressão, culpa, raiva, estresse e insegurança nas pessoas menos confiantes que se percebem longe de um padrão socialmente valorizado do corpo ideal.

O DSM-5 traz como sinais e sintomas da anorexia nervosa por exemplo alguns critérios como a recusa em manter o peso corporal saudável, medo intenso do ganho de peso ou de se tornar obeso, ainda que esteja abaixo do peso, distorção na forma de perceber o corpo e o peso, ou negação da seriedade da atual perda de peso. Em mulheres, consideram-se como critério diagnóstico a ausência de menstruação e restrições alimentares com um padrão alimentar atípico e extrema perda de peso, induzida e mantida a todo custo, além de um medo intenso de engordar. Já para a Bulimia Nervosa incluem episódio de compulsão alimentar seguido de comportamentos compensatórios (episódio bulímico). Desse modo, a preocupação excessiva com relação ao controle do peso corporal conduz a uma alternância entre uma ingestão excessiva de alimentos e vômitos autoinduzidos, ou até uso de métodos purgativos, como estratégias compensatórias para o grande volume de alimentos ingeridos (Associação Americana de Psiquiatria, 2003).

Fonte: encurtador.com.br/fxIMX

Como os transtornos alimentares têm causas multifatoriais, e levando em consideração a complexidade dos transtornos, tanto no início dos sintomas como na manutenção do quadro como um todo, o tratamento dos TA deve envolver uma abordagem multidisciplinar, envolvendo nutricionista, endocrinologista, psicólogo e psiquiatra. O tratamento deve abordar complicações psicológicas, comportamentais, nutricionais e outras complicações médicas. A ambivalência em relação ao tratamento, a negação de um problema com a alimentação e o peso ou a ansiedade sobre a mudança dos padrões alimentares não são incomuns, mas com técnicas comportamentais o paciente pode começar a perceber algumas mudanças, como maior controle da ansiedade, diminuição dos sintomas, maior auto controle, diminuição do sentimento de culpa, desenvolvimento de estratégias para lidar com as crises, melhora da autoestima, equilíbrio do peso e a mudança na relação com o ato de comer e com o corpo, deixando de enxergar a alimentação como vilã e fazendo as pazes com o comportamento de comer.

O tratamento deve ter como objetivo restaurar a nutrição adequada do paciente, e a compulsão e o exagero devem ser reduzidos de forma que o hábito alimentar do paciente se torne algo prazeroso, sem culpa e, principalmente, saudável.

REFERÊNCIAS

Comer transtornado e o transtorno de compulsão alimentar e as abordagens da nutrição comportamental. Revista Interciência, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/estpsi/a/Cxfh6QpdC9cM57xLsQZjFfv/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 04/04/2022.

Aconselhamento em saúde: fatores terapêuticos em grupo de apoio psicológico para transtornos alimentares. Estudos de Psicologia, 2014. Disponível em: file:///C:/Users/Usuario/Downloads/302-Texto%20do%20artigo-1229-1-10-20210713.pdf. Acesso em 05/04/2022.

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Na semana do Dia Internacional da Obesidade, especialista em Nutrição oferece vídeos gratuitos

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Entre 04 e 06 de março, Sophie Deram – PhD em Nutrição, especialista em distúrbios alimentares e autora
do best-seller “O Peso das Dietas”- libera gratuitamente vídeos do “Manifesto para o novo olhar sobre
a obesidade”, com palestrantes renomados; conteúdo pode ser 
acessado no site

São Paulo, fevereiro de 2020 – Além da pandemia do coronavírus, o mundo todo -inclusive o Brasil- vive uma outra pandemia crônica, a da obesidade, que prejudica a qualidade de vida e mata milhares de pessoas todos os anos. O dia 4 de março marca o Dia Mundial da Obesidade (World Obesity Day), data em que estudiosos do mundo todo se mobilizam pela conscientização contra a doença.

Pensando em ajudar no combate à obesidade, a PHD em nutrição Sophie Deram, autora do best-seller “O Peso das Dietas”, disponibilizará para o público em geral oito vídeos gratuitos do evento online “Manifesto para o novo olhar sobre a obesidade”, realizado em novembro de 2020. O conteúdo poderá ser acessado pelo site do Manifesto, de forma 100% gratuita, entre os dias 04 e 06 de março”.

“Vemos a data mundial (World Obesity Day) como uma oportunidade para chamar a atenção para a doença, além de promover a mudança no enfoque do tratamento dado aos obesos. Enquanto o foco principal for a perda de peso, o quadro de saúde da população tende a piorar. A saúde é um conceito que engloba o bem estar físico, mental e social da pessoa e sua qualidade de vida, não somente o seu peso”, explica Sophie.

Fonte: Arquivo Pessoal

Palestrantes

Além da idealizadora, o manifesto contou com a mediação da jornalista Fabíola Cidral e com as participações de palestrantes renomados: o sociólogo e antropologista francês Claude Fischler; o coordenador da Assistência Clínica do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), o psiquiatra Táki Cordás; a médica Paula Teixeira, fundadora do centro brasileiro de Mindful Eating; e os pesquisadores e também nutricionistas Dennys Cintra e Maria Carolina Mendes, da UNICAMP.

O evento visa despertar a reflexão sobre como lidar de forma mais atualizada e humana com o tratamento da obesidade. Foram apresentadas alternativas para enfrentar a condição, que afeta 19,8% da população brasileira, segundo o Ministério da Saúde. Os convidados também apresentaram estudos científicos que apontam possíveis caminhos para tratar o obeso sem recorrer a dietas restritivas.

O encontro não teve fins lucrativos nem conflito de interesses com as indústrias alimentícia e farmacêutica.
“Com o ‘Manifesto’, vamos na contramão do discurso tradicional e do posicionamento da maioria dos profissionais da saúde, e pretendemos chamar a atenção das autoridades para o novo olhar sobre a obesidade. É necessário rever a abordagem com urgência, adotando um olhar novo e mais empático”, defende.

Serviço
Vídeos Gratuitos- “Manifesto para o novo olhar sobre a obesidade”
Quando: 04 a 06 de março
Como acessar: Pelo site 

Sobre Sophie Deram: Autora do livro “O Peso das Dietas”, é engenheira agrônoma de AgroParisTech (Paris), nutricionista franco-brasileira e doutora pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) no departamento de Endocrinologia. Além de especialista em tratamento de Transtornos Alimentares pelo AMBULIM – Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP, é coordenadora do projeto de genética e do banco de DNA dos pacientes com transtorno alimentar no AMBULIM no laboratório de Neurociências.

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Promoção de Qualidade de Vida na Comunidade: experiências de uma nutricionista do NASF

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Para discorrer um pouco sobre o tema e atividades desenvolvidas, entrevistou-se uma das profissionais atuantes no NASF em dois Centros de Saúde da Comunidade de Palmas/TO (1206 e 1304 Sul)

Sabe-se que a expectativa de vida vem aumentando, e com ela a necessidade de melhorar a qualidade de vida. O termo qualidade de vida está associado a uma gama de fatores e não apenas a saúde, “como bem-estar físico, funcional, emocional e mental, mas também outros elementos importantes da vida das pessoas como trabalho, família, amigos e outras circunstâncias do cotidiano, sempre atentando que a percepção pessoal de quem petende se investigar é primordial” (GILL & FEISNTEIN, 1994, apud PEREIRA et al., 2012, p. 244). Sendo assim, a promoção da saúde deve visar a contemplação das inúmeras esferas que o termo qualidade de vida abrange.

Nesse contexto, a Atenção Básica caracterizada como porta de entrada principal do SUS – Sistema Único de Saúde, constituindo um conjunto de ações de saúde, na esfera individual e coletiva, que abrangem a promoção e a proteção da saúde (BRASIL, 2013), conta com os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), também, para a promoção de ações voltadas à qualidade de vida daqueles que são acolhidos pelo serviço.

Para discorrer um pouco sobre o tema e atividades desenvolvidas, entrevistou-se uma das profissionais atuantes no NASF em dois Centros de Saúde da Comunidade de Palmas/TO (1206 e 1304 Sul). Bianca Dias Ferreira é nutricionista residente em saúde da família e comunidade, graduada em Nutrição pela Universidade Federal do Tocantins (2017), com linha de pesquisa em Práticas Integrativas e Complementares do SUS, Saúde Pública e Saúde Coletiva. É membro da Liga Acadêmica de Plantas medicinais e fitoterapia – UFT. Tem experiência na área de Nutrição, com ênfase em saúde pública, atuando principalmente nos seguintes temas: Promoção de Saúde, Fitoterapia e Educação Alimentar e Nutricional.

Fonte: arquivo pessoal

(En)Cena – Sabe-se que a qualidade de vida é um tema muito debatido atualmente, e que hoje existem muitos campos em que a nutrição pode agir a partir desse assunto; no NASF, qual a atividade que o nutricionista realiza para promover qualidade de vida?

Bianca Dias Ferreira –Enquanto atenção Primária à saúde o NASF está inserido e tem possibilidade de vínculo com a população do território de saúde. Isso oportuniza um grande leque de ações que podemos desenvolver enquanto NASF. Na nutrição atualmente realizo atividades coletivas e individuais com o objetivo de promover qualidade de vida: ações para promoção de modos de vida saudáveis em conjunto com as práticas corporais em um grupo semanal compartilhado com profissional de educação física; Apoio às ações do programa saúde na escola; Ações de educação em saúde em grupos de gestantes, puérperas e idosos da ESFSB; Educação alimentar e nutricional em sala de espera e em eventos específicos como semana do bebê, mês da qualidade de vida (abril), entre outros.

(En)Cena – Você acredita que este trabalho pode trazer maior bem-estar para pessoas que muitas vezes já perderam a esperança?

Bianca Dias Ferreira – Certamente. Observamos por exemplo, em um grupo de treino funcional e acompanhamento nutricional que a adesão ao grupo tem propiciado também melhor adesão a tratamentos de saúde, assim como tem melhorado o vínculo da população com os profissionais e serviços ofertados pela unidade.

(En)Cena – Há adesão de pessoas idosas em participar das atividades propostas aqui?

Bianca Dias Ferreira – Nos grupos de educação há uma adesão até que satisfatória nas programações em que eles são convidados. Mas, não podemos desconsiderar que ainda há uma cultura muito forte em que o modelo biomédico prevalece, então muitas vezes essa participação está atrelada ao que os mesmos receberão em troca, seja uma consulta, ou uma renovação de receita, isto, é claro não pode ser generalizado, pois há casos de que as pessoas participam porque gostam de se cuidar, ter um ambiente em que podem se expressar, aprender e compartilhar sobre temas relevantes à sua saúde, mas são uma minoria.

(En)Cena – Nos conte uma experiência, trabalhando com qualidade de vida, que te marcou?

Bianca Dias Ferreira – Inserção de práticas integrativas e complementares em saúde: Lian Gong e Auriculoterapia, pois os relatos dos pacientes sempre dão retorno positivo e é um feedback que gera redução no uso de medicações principalmente em dores osteomusculares, melhora da rotina de sono, ansiedade, entre outras. Acabou sendo uma das ações mais gratificantes que a equipe realiza.

 (En)Cena – Quando percebeu que era nessa área de atuação que você queria trabalhar, ou você acredita que esta área que te escolheu?

Bianca Dias Ferreira – Acredito que fui escolhida, pois desde a universidade sempre me interessei pela parte social da nutrição e quando iniciei a residência em saúde da família e comunidade entendi que na atuação em equipe sempre podemos desenvolver mais ações e contribuir mais com as necessidades da população.

(En)Cena – Quem pode participar das ações desenvolvidas e quais são os critérios de inclusão e exclusão?

Bianca Dias Ferreira – Toda a população pode participar. Nos grupos de práticas corporais são avaliadas as limitações físicas e cada paciente deve respeitar o limite do próprio corpo.

Fonte: arquivo pessoal

(En)Cena – Quais são as atividades desenvolvidas voltadas a qualidade de vida?

Bianca Dias Ferreira – Sessões de auriculoterapia, práticas corporais, treino funcional e Lian Gong, educação alimentar e nutricional em grupos educativos (gestantes, idosos, puericultura), grupos terapêuticos e sala de espera, grupo de apoio terapêutico ao tabagista, grupo de dores crônicas, grupo servidor saudável, apoio às ações do Programa saúde na escola…

(En)Cena – Que profissionais fazem parte da equipe?

Bianca Dias Ferreira – Nutricionista, profissional de educação física, psicóloga, assistente social, farmacêutica.

(En)Cena – Quais os maiores impactos vistos resultantes das atividades desenvolvidas na qualidade de vida daqueles que participam?

Bianca Dias Ferreira – Redução da usa de medicações, melhora na autoestima, melhora no vínculo com os profissionais.

(En)Cena – Quais são as maiores dificuldades que você percebe quanto a adesão das atividades?

Bianca Dias Ferreira – Desvincular as ações de promoção a saúde da lógica médica e biológica.

*Entrevista realizada como requisito da disciplina de Psicologia da Saúde

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde Mental. 176 p. Cadernos de Atenção Básica, n. 34. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

PEREIRA, Érico Felden; TEIXEIRA, Clarissa Stefani; SANTOS, Anderlei dos. Qualidade de vida: abordagens, conceitos e avaliação. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 26, n. 2, p. 241-250, 2012.

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A (boa) saúde começa na cozinha

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Mayra de Andrade trabalha há 6 anos no Cozinha Brasil e vê avanços nos hábitos da população – Foto: Paulo André Borges

 

Já comum na Europa e em parte dos EUA, a preocupação com a qualidade e o valor nutritivo dos alimentos também vem ganhando espaço no Brasil. Este cenário é reforçado pelo movimento “fitness”, que extrapolou o ambiente das academias e, por uma questão de saúde pública, acaba por gerar o interesse de diferentes pessoas, de todos os perfis.

A mudança de hábitos, no entanto, ocorre de forma lenta. É necessário educar, informar e dar as condições adequadas para que se mude, aos poucos, os costumes alimentares. E é isso que o Programa “Cozinha Brasil”, do SESI – Serviço Social da Indústria, vem fazendo há alguns anos.

Por contar com uma ampla rede de apoio e estar presente em todos os estados brasileiros, o Sesi oferece cursos de curta e média duração, todos gratuitamente, com foco no ensino da prática de uma alimentação nutritiva e saudável, com baixo custo. “Há também uma preocupação em respeitar as diferenças regionais, além de se observar os produtos mais adequados para cada circunstância”, diz a nutricionista do Sesi-DF, Mayra de Andrade Magalhães, que apresentou várias oficinas durante a IV Mostra Nacional de Experiências em Atenção Básica/Saúde da Família, em Brasília.

De acordo com Mayra, é crescente a quantidade de pessoas que estão percebendo a relação direta da manutenção da saúde com uma alimentação de qualidade. “Muitas doenças não transmissíveis podem ser evitadas através de uma boa alimentação”, diz a nutricionista. E a pedagoga Maria Aparecida da Silveira Lemos, uma das participantes de uma das oficinas da manhã desta sexta, 14, procurou ver o impacto da alimentação nas pessoas que têm doenças crônicas, que é o seu caso (ela convive com diabetes). “Foi interessante porque percebi que mudanças simples, no dia a dia, como escolher o alimento pelo valor nutritivo, faz uma grande diferença. Além disso, é possível fazer muita coisa com alto valor nutritivo utilizando-se de produtos que encontramos com facilidade em casa. Ou seja, não é preciso ir muito longe para comer bem”, pontuou.

De acordo com Mayra de Andrade, a procura pelas oficinas está sendo grande, e as pessoas são bastante curiosas sobretudo em relação aos benefícios de uma boa alimentação para a manutenção da saúde e da qualidade de vida. “Há também uma abordagem em relação ao aproveitamento total dos alimentos, para que se evite desperdícios, além de se preocupar em preservar o sabor e os nutrientes dos alimentos”, disse.

Os interessados em convidar o programa “Cozinha Brasil” para desenvolver cursos em escolas, Unidades de Saúde e outros ambientes, basta entrar em contato com o Sesi de seu estado. Mais informações também podem ser acessadas no sitehttp://www.portaldaindustria.com.br/sesi/canal/canalcozinhabrasil/ .

No final de casa oficina, Mayara recebe o carinho dos participantes: “todos acabam querendo fazer uma foto”, diz. Foto: Paulo André Borges

São duas modalidades do Curso de Educação Alimentar e Nutricional:

Curso básico de 10 horas – Durante as aulas, que são oferecidas nas unidades móveis ou fixas do Cozinha Brasil, os alunos recebem treinamento teórico e prático e aprendem, passo a passo, preparações básicas que rendem refeições nutritivas, econômicas e saborosas.

Voltado para a população, as turmas desse curso são formadas por donas de casa, idosos, trabalhadores da indústria e do comércio, autônomos e jovens estudantes que auxiliam as mães ou família na produção das refeições domésticas.

Ao final do curso, todos os alunos com presença em 75% das aulas recebem certificado de participação.

Curso de média duração – Essa modalidade capacita pessoas que têm alguma liderança local, para que possam repassar os conhecimentos adquiridos e multiplicar o alcance do Cozinha Brasil. São ensinadas diversas preparações básicas que rendem inúmeras receitas nutritivas.

Participam líderes comunitários, cozinheiras de restaurantes, assistentes sociais, médicos, enfermeiros, nutricionistas e técnicos em nutrição, agentes de saúde e profissionais da educação, (professores, diretores de escolas, merendeiras entre outros), profissionais de asilos e creches e estudantes universitários.

Ao final do curso, todos os alunos com 75% de presença nas aulas recebem certificado de participação.  (Com informações do site do Sesi)

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