Acadêmicas do curso de psicologia promovem roda de conversa sobre pressão estética e Transtornos Alimentares

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Na última terça-feira (29) as acadêmicas de Psicologia Camila Melo e Mariana Aires, promoveram a roda de conversa “Entre a Forma e o Fardo” como parte das atividades da disciplina de Práticas Interprofissionais de Educação em Saúde. Os participantes compartilharam reflexões e narrativas acerca de pressões estéticas, contando com as participações das professoras e psicólogas Isaura Rossatto e Ruth Cabral, que contribuíram com a discussão levantando conceitos de saúde, pressão estética e gordofobia.

“Dado ao momento em que vivemos, e a busca demasiada por padrões de belezas inalcançáveis, é preciso desnudar e questionar essas práticas, para possíveis tensionamentos e mudanças de paradigmas, partindo da discussão sobre padrões inalcançáveis.” fala pontuada pela professora Isaura, o que reverberou a reflexão de que ao colocar essa prática como inalcançável ela serve a um propósito hegemônico de perpetuação de desigualdade e manutenção do status quo dominante, que criam um ideal imaginário do qual é a base de um sistema capitalista que cria e vende o corpos magros como sendo a resposta para as infelicidades e sofrimentos. Para as psicólogas, falar sobre questões estéticas é também pensar questões socioeconômicas, de gênero, sexualidade e raça e em como esse fenômeno recai sobre cada corpo.

Foi levantado o debate de que “Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) a definição  de saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”.“ As pessoas insistem em estigmatizar o corpo gordo e defini-lo como doente, levando como premissas os padrões estéticos, sem considerar em profundidade a análise do que se significa saúde”, prática essa, como frisou a professora Ruth Cabral que “recai de forma violenta sobre pessoas gordas, pois impossibilita que as mesmas tenham acesso a espaços básicos por falta de estruturas que a comportem, e também na falta de garantia de direitos, como acesso à saúde pois resumem este corpo a uma única demanda, e a inúmeras violências e negligências”. Seguido pela fala da professora Isaura sobre a necessidade de distinguir gordofobia e opressão estética, pois o primeiro recai sobre todos, porém o outro é o retrato de violência, perda de direitos e acesso de alguns corpos.

Fonte: Exposição – Opressões estéticas

 

Foram abordados os múltiplos abandonos, ou condicionamentos que pessoas gordas sofrem no ramo dos afetos, sendo o último a ser escolhido como figura de amor, pela carência de representação estética, que coloca o corpo gordo como não desejável. Refém de discursos de cunho individualista que afirmam que basta querer para alcançar o desejável corpo padrão, vendidos por ilusões capitalistas. O que reforça a necessidade de deslegitimar esses preconceitos tanto na prática quanto nos discursos que naturalizam e perpetuam violência, e assim com informação e quebra de padrões buscar alcançar uma realidade mais leve e sustentável que não oprima corpos.

Na foto: as acadêmicas Camila Melo e Mariana Aires, do curso de psicologia, da Ulbra-Palmas.
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A relação entre obesidade, alimentação e transtornos neurodegenerativos

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Desde meados do século XX, passamos a conviver com o comprometimento da saúde cada vez mais cedo e a acompanhar o crescimento acentuado de transtornos neurodegenerativos

Se você perguntasse aos seus avós qual a causa da morte de familiares, amigos, vizinhos, certamente ouviria que morreram de “velhice”. Dificilmente havia conhecimento de mortes causadas por complicações do diabetes, câncer, demência e doenças cardíacas. É evidente que devemos considerar que havia limitações nos diagnósticos clínicos, inclusive no diagnóstico precoce, que viabilizassem o tratamento e prevenção.

A velhice pode ser entendida como uma deterioração provocada pelo tempo, em que o envelhecimento gradualmente se instala como uma ferrugem em um carro antigo, que vai oxidando e corroendo uma célula aqui, outra ali, declinando as funções corporais, esgotando vitaminas, minerais e organelas naturais de defesa.

Aos companheiros dos nossos antepassados, atribuímos a morte ao corpo velho, que vai ficando mais vulnerável a uma doença degenerativa ou um vírus oportunista comprometendo gravemente a saúde.

Hoje nossa realidade é outra, desde meados do século XX, passamos a conviver com o comprometimento da saúde cada vez mais cedo, não de forma única com o envelhecimento, mas acometidos por síndromes e complicações que vão se acumulando com o tempo de forma crônica e degenerativa.

                                                                                                                             Fonte: Pixabay.com

Crescem as complicações com doenças como o diabetes, câncer, doenças cardíacas e o foco do nosso texto os transtornos mentais, ou desordens cerebrais, em especial o Alzheimer.

Nesse sentido, como mencionado acima, crescem as complicações com doenças como o diabetes, câncer, doenças cardíacas e o foco do nosso texto os transtornos mentais, ou desordens cerebrais, em especial o Alzheimer. Muito temido por todos e foco de estudos na medicina, cerca de 1,2 milhões de pessoas vivem com alguma forma de demência no Brasil e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano.  No mundo, o número chega a 50 milhões de pessoas.

De acordo com o ministério da saúde (MS), o Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais.  Ainda segundo o MS, o mal de Alzheimer tem causa desconhecida, de origem genética, inevitável e atribuída a idade, sendo responsável por mais da metade dos casos de demência na população idosa.

Mas será que a origem é genética e imutável?

Voltando novamente no tempo, aos nossos bisavós dessa vez, imagine-se sentado na frente da casa deles contando como a nossa vida cotidiana conta com a tecnologia, é provável que essa conversa seja regada a um morno chá, cujas ervas foram cultivadas logo ali atrás da casa. Contextualizando a eles a evolução das máquinas e da internet incluiremos nesse panorama da vida moderna os meios de transportes, forno de micro-ondas, comida congelada, os controles remotos, smartphones e junto deles as facilidades a um clique. Nesses cliques devemos incluir a entrega a domicílio de comida, sanduíches, pizzas, doces, sorvetes, batatas fritas e demais produtos alimentícios. Entenda por produto alimentício alimentos que passam por processamento e inclusão de aditivos químicos, glúten, realçadores de sabor, corante, conservantes, diferente de alimento, que não passa por processos de modificação. Ao final da nossa explanação certamente estariam boquiabertos, incrédulos e o chá esfriando na caneca.

                                                                                                                                          Fonte: Pixabay.com

As mudanças socioculturais vêm trazendo mudanças nos hábitos alimentares e impactando a forma como estamos envelhecendo.

As mudanças na nossa vida cotidiana, a participação maior das mulheres no mercado de trabalho, a sobrecarga que vivemos de responsabilidades e estresse vem trazendo mudanças nos hábitos alimentares e esses têm impactado diretamente na forma como estamos envelhecendo.

No ano de 2005, pesquisas descreveram o Alzheimer como sendo um terceiro tipo de diabetes. Recentemente novas pesquisas têm se voltado mais para a alimentação como esperança de prevenir e até mesmo tratar o Alzheimer.

Parece muito absurdo para você relacionar uma doença cerebral degenerativa com a alimentação? E mais ainda, mudanças no estilo de vida e na alimentação ser preditivo para evitar que males como Alzheimer, depressão e TDAH acometam o seu cérebro? A explicação para essa relação pode ser bem simples: a inflamação e a metabolização da glicose.

Hipócrates, o pai da medicina disse que todas as doenças começam no intestino. Nesse sentido, alto consumo de alimentos ricos em carboidratos tem um papel fundamental no gatilho de cascatas inflamatórias no nosso organismo, entenda por carboidrato uma fonte de açúcar rápida, que pode ser um pão ou um sorvete cheio de açúcar refinado. No contexto do pão um fator ainda agrava nossa saúde intestinal e mental, que é uma proteína denominada glúten. O glúten está presente em grãos como trigo, centeio, cevada, aveia e malte, e apresenta -se maléfico ao intestino e ao cérebro.

O médico e pesquisador Alessio Fasano é especialista em doença celíaca e distúrbios relacionados ao glúten, professor na Harvard Medical School autor de diversas pesquisas diz que os sintomas relacionados ao consumo de glúten e a hiperpermeabilidade intestinal, as reações cruzadas e mimetismo molecular precisam ser reconhecidos para serem manejados corretamente. Fasano afirma em seus estudos que ainda se pensa que o trigo faz mal apenas aos celíacos, mas a sensibilidade ao glúten não celíaca, o espectro de sintomas e doenças autoimunes relacionadas é uma realidade forte no impacto da saúde intestinal e distúrbios cerebrais como TDAH, autismo e Alzheimer.

Fasano descobriu em suas pesquisas que uma proteína chamada zonulina, liberada na presença do glúten, como um mecanismo de defesa, altera nossa permeabilidade intestinal. Nosso intestino que é como uma peneira bem fininha, passa a ficar esburacada, ou seja, hirperpermeável. Assim o indivíduo torna-se altamente suscetível a sensibilidades alimentares, favorecendo o surgimento de processos inflamatórios e o desenvolvimento de doenças autoimunes.

                                                                                                                                    Fonte: Pixabay.com

Já há trabalhos científicos que relacionam a sensibilidade ao glúten a sintomas como depressão, ansiedade, câncer, autismo, confusão mental, distúrbios digestivos, doenças cardíacas entre outros.

Como dissemos, os processos inflamatórios são base para muitos problemas cerebrais, com a liberação de citocinas inflamatórias e podem atacar o cérebro. Tal relação já é bem descrita em trabalhos que relacionam a sensibilidade ao glúten a sintomas como depressão, ansiedade, câncer, autismo, confusão mental, distúrbios digestivos, doenças cardíacas entre outros.

Com relação ao açúcar, vamos entender como nosso corpo metaboliza a glicose e o papel da insulina nesse metabolismo. Quando nos alimentamos, nosso corpo digere, transforma e absorve os nutrientes do que comemos, vamos chamá-los aqui de macronutrientes, os estruturais: Carboidrato, Proteína e Gordura. Cada um deles é recebido e metabolizado por nosso organismo de maneira particular, mediados por enzimas e substâncias próprias de cada reação bioquímica necessária a sua transformação e absorção.

Nosso corpo usa como principal fonte de energia a glicose, necessária ao funcionamento do cérebro, músculos, fígado e coração, por exemplo. A glicose é obtida da metabolização dos carboidratos da alimentação, porém as células dependem de um hormônio para esse aproveitamento, a insulina, que é produzida no pâncreas.

Assim, na presença de glicose na corrente sanguínea, o pâncreas libera insulina, que viabiliza o uso adequado das células pelo combustível, e nossas células quando bem “treinadas” apresentam sensibilidade a insulina, de maneira que na presença dela, prontamente a reconhecem e encaminham tudo para a metabolização da glicose. Esse é o modelo das células dos nossos bisavós, aqueles do chá citado anteriormente. Eles tinham na sua alimentação um equilíbrio na oferta de alimentos, obtendo dela os macronutrientes, além disso as suas atividades laborais, eram de modo geral com mais esforço físico e a oferta de alimentos fonte de carboidratos eram mais escassas.

Não precisamos abordar apenas gerações passadas como exemplo de equilíbrio alimentar e hábitos de vida saudáveis, mas a realidade é que estamos frente a uma epidemia de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis (diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia, sobrepeso e obesidade). Segundo a Associação Brasileira para o Estudo de Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), a estimativa é que em 2025 cerca de 2,3 bilhões de pessoas estejam acima do peso e 700 milhões com obesidade (IMC>30). No Brasil, a obesidade aumentou 72% nos últimos 13 anos.                                                                            

                                                                                                                                           Fonte: Pixabay.com

O sangue açucarado torna-se pesado, tóxico para muitos órgãos, e pode provocar inúmeras doenças, dentre elas o Alzheimer.

Em comparação com o sistema metabólico dos nossos antepassados, podemos esperar de um organismo hoje, uma maior oferta de glicose na alimentação (pães, massas, salgados, doces, sorvetes, frituras, etc) e hábitos de vida sedentários, mediados por estresse, insônia e aumento de doenças crônicas não transmissíveis.

As células desse indivíduo hoje passam por diversos processos de oxidação e inflamação e o excesso de glicose gera uma resistência à insulina, ou seja, em comparação às células treinadas dos nossos bisavós, nossas células perdem parte dos receptores de insulina, fazendo com que nosso pâncreas trabalhe em dobro até que estas reconheçam a presença da insulina, e a permitam participar do metabolismo da glicose. Temos aí o pré diabetes e caminhamos para o diabetes tipo 2. O sangue açucarado torna-se pesado, tóxico para muitos órgãos, e pode provocar inúmeras doenças como cegueira, danos aos nervos, danos vasculares que levam à hipertensão arterial, doenças cardíacas e danos ao cérebro como o Alzheimer.

De acordo com a Federação Internacional de Diabetes (IDF) a projeção é que até 2030 o número de diabéticos no Brasil esteja em 21,5 milhões. O surgimento do termo diabetes tipo 3, atribui-se a perda da capacidade dos neurônios do cérebro a reagirem à insulina, reação essencial para tarefas básicas como memorização e aprendizado. Acredita-se também que a resistência à insulina contribui para a formação das famosas placas nos cérebros em diagnóstico, e é fato que os diabéticos têm chances dobradas de desenvolver Alzheimer.

                                                                                                                                        Fonte: Pixabay.com

  1. Zheng e colaboradores em um estudo em 2018, demonstraram que quanto maior a glicemia, maior o declínio cognitivo.

Não se pode afirmar que o diabetes seja diretamente a única causa do Alzheimer, mas o diabetes e o Alzheimer começam nas mesmas origens, como demonstraram E. Zheng e colaboradores em um estudo em 2018, onde pessoas com glicemia mais alta mostraram nível de declínio cognitivo mais elevado que pessoas com glicemia normal. O estudo acompanhou mais de 5 mil pessoas durante 10 anos e quanto maior a glicemia, maior o declínio cognitivo, sendo diabéticos ou não.

Nosso cérebro é sensível àquilo que comemos, e nesse contexto explicamos com mais detalhes a sensibilidade ao glúten, a metabolização do açúcar e a elevação da glicemia no sangue, no entanto nossa alimentação está cada vez mais inundada de gorduras ruins, proteína e carboidratos em excesso, o que também contribui para a inflamação.

O caminho então seria melhorar a sensibilidade à insulina, adotar uma dieta mais equilibrada em carboidratos e evitar o consumo de glúten e ultraprocessados. É fato que a oferta de produtos ricos em açúcar e a facilidade com que acessamos esses alimentos favorece o comportamento alimentar visto hoje, mas a reflexão pode ir além de uma vida estressante ou da falta de tempo para cozinhar.

                                                                                                                                                  Fonte: Pixabay.com

As recomendações de uma vida saudável incluem também propiciar uma alimentação adequada a saúde mental.

O caminho de volta desses resultados pode parecer difícil, mas nos leva ao encontro dos nossos avós e bisavós: Praticar uma alimentação pobre em açúcar, pobre em carboidratos refinados (massas, pães, batatas, doces, guloseimas, arroz); Descascar mais e desembalar menos: usar alimentos naturais, minimamente processados na alimentação, comprados em feiras, de preferência frutos e vegetais da estação; Cozinhar com gorduras boas, que alimentam o cérebro, como por exemplo azeite de oliva extravirgem, manteiga e óleo de coco; Priorizar o consumo de frutas menos doces; Praticar atividade física ou mesmo ter uma vida ativa: caminhadas, uso de escadas, passear com seu cachorro, filhos; Ter boas noites de sono.

As recomendações de uma vida saudável incluem também propiciar uma alimentação adequada a saúde mental. O guia alimentar para a população brasileira (2014), uma atualização da versão antiga de 2006, inclui orientações básicas ao comer como: regularidade e atenção, comer em ambientes apropriados e comer em companhia.

Sabemos que comer com calma e atenção favorece uma boa mastigação, respiração e como resposta induz a uma melhor digestão; proporcionar um ambiente agradável e comer à mesa são atitudes importantes para dar a verdadeira importância ao momento de se nutrir, mas destacamos aqui o comer em companhia. Algo extremamente importante para manter a conexão entre pessoas, a troca de experiências e vivências, o senso de compartilhar e pertencer a um lugar.

Refeições compartilhadas feitas no ambiente da casa, são momentos preciosos para cultivar e fortalecer laços entre pessoas que se gostam. Preparar as refeições em casa envolve as pessoas em atividades que as antecedem e podem promovem o desenvolvimento e autonomia das crianças e adolescentes através do preparo, das compras, da escolha de receitas de família e assim criar memórias afetivas, fortalecer laços e tradições, bons hábitos de alimentação e colaborar para a valorização do compartilhamento, perpetuação de boas escolhas alimentares e promoção de saúde mental e emocional.

Biografia:

 

Josiane Buzachi é nutricionista, formada pela Universidade Federal do Tocantins. Especialista em disbiose, alergia alimentar, doença celíaca e doenças inflamatórias intestinais. Atua em consultório e online desde 2018, hoje atende presencialemente em Goiânia, onde reside desde o início de 2023.

Referências:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 156 p. : il.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2019 : vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico : estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2019 [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2020. 137. : il.

BRASIL. Ministério da Saúde.2021. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/alzheimer#:~:text=A%20Doen%C3%A7a%20de%20Alzheimer%20(DA,neuropsiqui%C3%A1tricos%20e%20de%20altera%C3%A7%C3%B5es%20comportamentais.Acesso em 20 de setembro de 2023.

FASANO, A. Zonulin and its regulation of intestinal barrier function: the biological door to inflammation, autoimmunity, and cancer. American Physiological Society Bethesda, MD. 2011.

SERRANO, Amanda. Diabetes vai atingir 21,5 milhões de brasileiros até 2030. Estado de Minas, 2020. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/saude-e-bem-viver/2022/06/24/interna_bem_viver,1375768/diabetes-vai-atingir-21-5-milhoes-de-brasileiros-ate-2030.shtml. Acesso em 20 de setembro de 2023.

STEEN.E. et al.,Impaired insulin and insulin-like Growt factor Expression and Signaling Michanisms in Alzheimer’s Disease: Is This Type 3 Diabetes? Journal of Alzheimer’s Disesase,v.7 n.1,pp.63-80,2005.

ZENG,F. et al., HbA1C, Diabetes and Cognitive Decline: The English Longitudinal Study of Ageing. Diabetologia, v.61, n.4, pp.839-48,2018.

 

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Avaliação Psicológica para Cirurgia Bariátrica

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A cirurgia bariátrica e metabólica, também conhecida como cirurgia da obesidade, ou popularmente, redução de estômago, reúne técnicas com respaldo científico, destinadas ao tratamento da obesidade mórbida e ou obesidade grave e das doenças associadas ao excesso de gordura corporal ou agravadas por ela. Inclusive, este tema será debatido durante o Simpósio de Avaliação Psicológica, que ocorre em 25 de maio no CEULP/Ulbra.

O tratamento da obesidade é multidisciplinar, e o psicólogo exerce um importante papel neste processo, e que será o responsável pela realização da avaliação psicológica. Por se tratar de uma cirurgia que implica em um impacto muito grande na anatomia do corpo do paciente e, consequentemente, em seu estado psicológico e emocional, é preciso um acompanhamento psicológico pré e pós-operatório da cirurgia bariátrica para o sucesso da intervenção.

A avaliação psicológica neste contexto é um processo técnico-científico que têm início com uma entrevista semiestruturada minuciosa, onde o profissional fará um levantamento psicossocial do indivíduo, e será indispensável compreender quais são as expectativas em relação à cirurgia, além das alterações no estilo de vida, motivos que o levaram a realizar a cirurgia, entender se o paciente está preparado e principalmente se compreendeu sobre todas as alterações que ocorrerão em sua vida e se poderá colocá-las em prática. Este  suporte serve para a compreensão de todos os aspectos envolvidos, decorrentes do pré-cirúrgico e pós-cirúrgicos, para a aquisição de uma melhor qualidade de vida a longo prazo para o indivíduo.

Fonte: encurtador.com.br/blG45

É de extrema importância a aplicação de testes psicológicos para complementar todo o levantamento de informações realizado na entrevista, pois confere uma dimensão objetiva em relação ao estado psicológico do candidato.

Um dos principais objetivos da avaliação psicológica é a de proporcionar a compreensão das mudanças necessárias em relação ao período pós-operatório do paciente bariátrico, aumentando assim as chances de sucesso da cirurgia. A avaliação é imprescindível nesse processo, pois o paciente deve ter total segurança na tomada de decisões em relação ao processo, seja ele de realização imediata ou futura, ou na não realização.

Ao final do processo é feito um documento (laudo) que deve ser entregue ao paciente para que junto com seu médico avalie o melhor momento para a realização da cirurgia ou a opção da não realização.

 

REFERÊNCIAS

ALBERT EINSTEIN. OBESIDADE. Disponível em: https://www.einstein.br/doencas-sintomas/obesidade. Acesso em: 07/05/2022.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA. A Cirurgia Bariátrica. Disponível em: https://www.sbcbm.org.br/a-cirurgia-bariatrica/. Acesso em: 07/05/2022.

MUNDO PSICOLOGIA. Avaliação Psicológica para Cirurgia Bariátrica. Disponível em: https://www.mundopsicologia.com.br/avaliacao-psicologica-para-cirurgia-bariatrica-contra-obesidade-e-compulsao-alimentar. Acesso em: 07/05/2022.

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Relato de experiência: de cara com a balança

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Os anos de 2020 e 2021 trouxeram grandes desafios para a maioria das pessoas. O caos da catástrofe imposta pelo novo coronavírus modificou radicalmente a rotina de muitos, impôs adaptações a curtíssimo prazo a todos e também favoreceu o aparecimento de sintomas de ansiedade, depressão e pânico.

Isso se deu em decorrência das situações de luto, isolamento social, medos constantes do futuro, da doença, do desemprego e do outro que poderia portar o vírus. Além da exaustão causada pelo acúmulo de tarefas domésticas e laborais em decorrência do teletrabalho, das aulas remotas/online das crianças e das demissões em massa.  

Nesse sentido aponta a pesquisa do Observatório Febraban/Ipespe que ouviu três mil pessoas nas cinco regiões do país: “entre as principais mudanças na vida dos brasileiros provocadas pela pandemia do coronavírus, a saúde mental e emocional foi mencionada por 57%”.

 

Fonte: https://medicinasa.com.br/saude-mental-emocional/

É preciso esclarecer que a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que no Brasil 11,5 milhões de pessoas sofrem com depressão e que até 2030 essa será a doença mais comum no país.  

E, ainda, neste sentido, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) pesquisou o impacto da pandemia e do isolamento social na saúde mental de trabalhadores essenciais e mostrou que sintomas de ansiedade e depressão afetam 47,3% desses trabalhadores durante a pandemia, no Brasil e na Espanha. Destaque-se que mais de 50% destes sofre de ansiedade e depressão ao mesmo tempo. Além disso, a pesquisa indica que 44,3% têm abusado de bebidas alcoólicas; 42,9% sofreram mudanças nos hábitos de sono; e 30,9% foram diagnosticados ou se tratou de doenças mentais no ano anterior. Por fim, a Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho (Abresst) aponta que a síndrome de Burnout ou esgotamento profissional também vem crescendo como um problema a ser enfrentado

 

Fonte: encurtador.com.br/qxEIS

Em resumo, trata-se de um tempo muito difícil, que, certamente, trará consequências ainda imprevisíveis à saúde física e mental dos envolvidos.

A minha experiência com a pandemia não foi tão aguda ou desafiadora de modo que eu me autorize a reclamar. Tenho consciência do privilégio que é estar atravessando a calamidade tendo emprego, filhos na escola particular, saúde física e, ainda, viver com relativa estabilidade no caos, apesar do ônus imensurável de ter perdido meu tio para COVID em março deste ano.

Contudo, tais regalias não afastaram o sofrimento mental, nem as consequências físicas da experiência na pandemia.  

Foram muitas crises de ansiedade, insônia continuada, irritabilidade, esgotamento físico e mental por excesso de trabalho, perda de concentração, cortisol nas alturas, compulsão alimentar e, de cara com a balança encontrei 10 quilos a mais. 

Fonte: encurtador.com.br/dBKS9

 

Situações de estresse, tensão, ansiedade e irritação, promovem uma liberação excessiva de cortisol no organismo para diminuir o estresse e restaurar o equilíbrio do corpo. Condições adversas, tais como a pandemia, aciona os mecanismos de fuga e alerta do organismo. 

Todavia, em excesso, como no meu caso, o cortisol pode ser muito prejudicial à saúde, pois faz com que o corpo mobilize as reservas de energia, o que retarda o metabolismo e o fluxo sanguíneo, dificultando o emagrecimento e o ganho de massa magra, aumentando as chances de doenças como infarto e diabetes.  

Para mim, o ganho de peso significou perdas importantes para a saúde física e mental. No campo físico, meu colesterol chegou a níveis recorde que me levaram a iniciar a trágica e necessária prática de tomar remédios para o resto da vida. E no campo mental, a minha autoestima era atacada pelo desafio de passar horas olhando o meu próprio rosto, cada dia mais gordo, na tela do meet durante mais de 12 horas por dia entre home office e aulas online na faculdade de psicologia. 

Confesso! Eu pensei que não fosse suportar quando: parei de me olhar no espelho; nenhuma roupa servia; procurei duas nutricionistas, fiz dietas e exercícios físicos, mas nada adiantava. Eu continuava a comer compulsivamente, especialmente nos dias e horários em que estava muito cansada. De um modo estranho, comer era uma forma desesperada de obter energia para continuar produzindo.

 

Fonte: https://veja.abril.com.br/blog/letra-de-medico/pandemia-engordavirus/

Eu pude fazer análise durante toda a pandemia. Mais um privilégio a ser anotado! E tenho certeza de que teria sido muito mais difícil sem esse precioso recurso. Porém, ainda assim eu estava sofrendo muito com o resultado no meu corpo.

Em agosto deste ano, após grande relutância e me sentindo vencida e impotente, procurei auxílio de médico endocrinologista e iniciei um tratamento medicamentoso, bastante invasivo, para perda de peso. Minha falta de autoestima e minhas crises de ansiedade haviam chegado ao ápice.  

O primeiro passo do tratamento que promoveria minha mudança foi a realização de uma bioimpedância. Um procedimento que apresenta os percentuais de gordura, massa magra, água e, considerando o funcionamento metabólico define a idade do organismo do paciente. No meu caso, mesmo com todos os privilégios, tinha ganhado 17 anos na pandemia.

Meus hormônios derivados do sistema de alerta (luta e fuga) estavam muito alterados e eu precisei de medicamentos para regulação de metabolismo, sono, apetite e, é claro, ansiedade.

Fiz dois meses do tratamento prescrito, em conjunto com a terapia, e perdi 8 dos 10 quilos. E sigo firme, mas muito assustada com a quantidade de intervenções que precisarei fazer no meu organismo afim de oportunizar a regularização do funcionamento hormonal e metabólico que foi severamente afetado pelo sofrimento emocional durante a pandemia. 

Por outro lado, esta experiência tem me feito refletir sobre a importância das técnicas não medicamentosas em psicoterapias e psicanálise a serem oportunizadas às pessoas em sofrimento decorrente dos sintomas que decorrem da experiência com a calamidade da COVID 19, bem como daqueles que advirão no pós-pandemia. 

Fonte: encurtador.com.br/dkCFK

 

De outro modo, também me pego pensando no texto de Eliane Brum “Exaustos – e correndo e dopados” que utiliza a teoria de Byung-Chul Han para nos localizar numa “sociedade do cansaço” e identificar nossa condição de escravo de nós mesmos advinda dessa necessidade de trabalho e desempenho sem que haja o devido tempo para o luto, a melancolia e o sofrimento. Sobre este ponto, me admirei da quantidade de psicofármacos que me foram ofertados pela equipe médica para que eu pudesse, mesmo nos dias difíceis, conseguir produzir muito, mais e até melhor que nos dias bons. Bastava uma pílula de um tarja preta e tudo ficaria controlado. Afinal, “o depressivo é o inválido da guerra internalizada da sociedade de desempenho” (Brum, 2016). Pois, o mercado de trabalho, os afazeres domésticos e a faculdade não podem esperar o reequilíbrio das baixas causadas pelo sofrimento emocional.

 Referencias Bibliográficas

BRUM, Eliane. Exaustos – e Correndo – e Dopados. https://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/04/politica/1467642464_246482.html

CAMPOS, Lediomar Silva, LEONEL, Camila Ferreira Silva e GUTIERREZ, Denise Machado Duran, Relação entre estresse e obesidade: uma revisão narrativa. 2020. https://periodicos.ufam.edu.br/index.php/BIUS/article/view/8255 

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Obesidade infantil x aprendizado: qual é a relação?

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Um fato conhecido por muitos é que a obesidade pode desencadear diversos problemas de saúde como diabetes, problemas cardíacos e até câncer. Mas, você sabia que a obesidade infantil está relacionada a um desempenho acadêmico preocupante das crianças? 

Além de fatores socioeconômicos, estudos indicam que o mau desempenho acadêmico está também relacionado à autoestima. O fato da criança se ver ou não com excesso de peso está ligado potencialmente ao aprendizado. Sinais de ansiedade, tristeza e solidão também foram analisados no estudo, indicando que os estudantes acima do peso apresentam mais dificuldades emocionais e consequentemente, afetam as notas escolares. 

Não fica claro, porém, que a obesidade por si só é motivo para as crianças terem problemas emocionais. O que se entende é que as “consequências” de estar acima do peso, acabam trazendo sofrimento. O bullying e a estigmatização prejudicam a interação social, causando tristeza e determinando, em alguns casos, que as crianças mudem seus hábitos alimentares de forma inadequada para satisfazer um grupo social e ser vista com outros olhos. Esses sentimentos, obviamente, podem inibir a participação dos estudantes em aula e consequentemente, atrapalhar o desempenho escolar.

Fonte: encurtador.com.br/hmsX1

No entanto, é fato que os problemas de saúde relacionados à obesidade também podem atrapalhar no aprendizado. O distúrbio do sono, por exemplo, uma doença desencadeada pela obesidade e que provoca uma interferência na qualidade do sono, prejudica consideravelmente o desempenho escolar. A falta de atividade física ainda pode diminuir a capacidade do cérebro, causando inflamações e outros processos biológicos prejudiciais. 

Mesmo que os estigmas não sejam sempre comparados ao bullying, a representatividade é um papel na segurança e confiança da criança obesa. Ou seja, quando um comportamento ou característica se torna algo normal, os estigmas tendem a diminuir. Se o número de crianças obesas cresce, o efeito negativo no desempenho cai, pois o estigma se torna normalizado. 

Para alguns profissionais, a falta de interação da criança acontece por uma característica de personalidade. Porém, nem sempre o problema deve ser encarado desta maneira. O ideal é incentivar a criança a participar e construir laços com os colegas. Para os pais, a opção ideal é incentivar os pequenos a praticarem atividades físicas. Além de, claro, promover o bem-estar, conforto e cuidado da saúde mental da criança.

Fonte: encurtador.com.br/sCNSV
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Gordofobia e culpabilização – (En)Cena entrevista a psicóloga Isaura Rossatto

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“A “obesidade” é vista como comorbidade para a COVID-19 mesmo quando não há outros indicadores em saúde que demonstrem fragilidades. Nesse sentido, o estigma de ser gorda e estar com Covid-19 representa uma sentença de morte eminente na visão das pessoas ao redor dessas mulheres”.

O Portal (En)Cena entrevista a psicóloga Isaura de Bortoli Rossatto, egressa do Ceulp/Ulbra, residente em Saúde da Família e Comunidade pela Fundação Escola de Saúde Pública (FESP) para compreender o que significa ser mulher no Brasil na pandemia pelo olhar da jovem profissional que estuda e escreve sobre a saúde mental das mulheres gordas.

No curso da sua fala, Isaura também explica os impactos da pandemia no fazer do profissional de psicologia, apontando as adaptações normativas promovidas pelo Conselho Federal de Psicologia que ampliaram as autorizações para atendimento online e realização de avaliação psicológica online e destacando os desafios enfrentados pelas profissionais que ingressam no mercado de trabalho, especialmente durante a pandemia.

Fonte: arquivo pessoal

(En)Cena – Considerando o seu lugar de fala, mulher, jovem, psicóloga e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID-19?

Isaura Rossatto – Considerando minha recente atuação como psicóloga na atenção primária e antes, como estagiária, percebi alguns acréscimos nas dificuldades que as mulheres enfrentam no dia a dia em razão da pandemia. Não é incomum deparar-se com relatos de mães precisando se desdobrar em mais uma jornada de atividades no auxílio das atividades escolares dos filhos. Mães chefes de família com dificuldades em encontrar emprego, dependendo fortemente do auxílio emergencial proposto pelo governo federal, que tende a decrescer como consequência da prolongada ineficácia das políticas de isolamento social. Ou mesmo, dificuldades nos aspectos relacionais com pares devido à convivência aumentada com o isolamento e home office. Nesse sentido, vejo impactos nos aspectos relacionais, sociais, de trabalho e renda. Algumas dessas dificuldades perpassam a população coletivamente, outras são exclusivas da condição feminina na nossa sociedade.

Fonte: Editorial Gorda Flor. https://grandesmulheres.com.br/

(En)Cena – Durante o seu tempo de trabalho na revista (En)Cena você produziu trabalhos muito elogiados sobre a perspectiva da “mulher gorda”. Levando em conta há diversas divulgações na mídia e nas redes sociais acerca de indicadores de que apontam a obesidade como fator de risco para complicações da COVID-19, como você entende o sofrimento emocional da mulher gorda durante a pandemia?

Isaura Rossatto – Muitas reflexões acerca desse tema podem ser extraídas. Vou me ater especialmente à minha percepção e aos relatos comuns referentes às experiências das mulheres gordas em saúde. Mesmo antes da pandemia, precisar de suporte médico e de outros profissionais da saúde já era um problema para muitas mulheres gordas. Como consequência da gordofobia, a vivência da culpabilização, a implementação do medo como estratégia de combate à gordura e a violência verbal são parte de muitas experiências de mulheres gordas no acompanhamento com profissionais de saúde. A “obesidade” é vista como comorbidade para a COVID-19 mesmo quando não há outros indicadores em saúde que demonstrem fragilidades. Nesse sentido, o estigma de ser gorda e estar com Covid-19 representa uma sentença de morte eminente na visão das pessoas ao redor dessas mulheres. Ademais, não há garantias de que se uma escolha entre vidas precise ser feita, seja por escassez de vagas ou recursos, uma pessoa magra seja priorizada por ser vista como mais saudável em razão do seu peso (como já ocorre socialmente). O sentimento é essencialmente de pânico, pois se infectar e sofrer com um quadro agravado será percebido como inteira responsabilidade da mulher gorda, como se ela merecesse esse sofrimento por ser gorda.

A humanização do acesso à saúde para pessoas gordas é uma problemática muito complexa que precisa ser abordada com emergência. A gordofobia promove a perda de direitos pela exclusão, e o direito à saúde tem sido um deles, com o afastamento progressivo dessas pessoas da rede de atenção.

Foto: Fernanda Magalhães

(En)Cena – Como psicóloga formada em 2020, qual sua perspectiva diante do mercado de trabalho tão modificado e adaptado pela pandemia com a possibilidade de atendimentos online e com a abertura para a aplicação de alguns testes psicológicos por meio virtual?

Isaura Rossatto – Na minha visão, o mercado de trabalho atual apresenta desafios para os psicólogos principalmente no que tange ao piso salarial, amplamente ignorado. Os salários podem não corresponder ao volume de trabalho, especialmente no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e pelo Sistema Único de Saúde (SUS), bem como os pagamentos vinculados a atendimentos por planos de saúde, que chegam a R$ 30,00 por atendimento.

Na minha percepção, os atendimentos online e a flexibilização do Conselho Federal de Psicologia (CFP) no cadastro para tanto são um avanço. Essa modalidade demanda, sim, por muitas vezes, de mais criatividade e flexibilidade do profissional e especialmente dos clientes/pacientes; porém, não perde na qualidade do processo terapêutico com adultos quando há comprimento de ambas as partes. Se antes, os atendimentos online já eram uma tendência, atualmente são quase uma habilidade fundamental a ser desenvolvida pelos profissionais.

(En)Cena – Na sua opinião, quais os desafios mais importantes da psicóloga (o) que trabalha durante a pandemia? E como as faculdades de psicologia e os conselhos de regulamentação profissional podem colaborar na preparação de profissionais para os novos desafios?

Isaura Rossatto – O próprio desenvolvimento da habilidade para atendimentos online é um desafio, assim como o risco de contaminação para os profissionais trabalhando presencialmente. Para quem deve (ou deveria) desenvolver atividades comunitárias coletivas o desafio é dobrado. Vejo a articulação multiprofissional, as atividades online e a co-contrução intersubjetiva de soluções como as ferramentas para enfrentar esses desafios.

Nesse sentido, as instituições de ensino superior e os conselhos reguladores podem oferecer oficinas sobre como realizar atendimentos online individuais e coletivos, evolução de prontuários e guarda de documentos de maneira ética durante a pandemia.

(En)Cena – Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?

Isaura Rossatto – Muitas respostas poderiam ser dadas, especialmente sobre as condições em que as mulheres encontram-se em nossa sociedade machista, misógina, gordofóbica e desigual. Vou desenvolver minha resposta em como acredito que os psicólogos podem dar suporte e promover saúde para mulheres nas condições das respostas anteriores. Não devemos ignorar as disparidades entre os gêneros que precarizam a saúde das mulheres, por serem mulheres. Seja a exaustão por jornadas triplas de trabalho no emprego e no lar, os salários inferiores aos masculinos e a desumanização das mulheres gordas no acesso a saúde. A sensibilidade é necessária, assim como a indignação e a recusa à docilização dessas demandas sociais como se fossem desvios individuais; além do estudo, imprescindível para instrumentalização do trabalho com demandas tão complexas. O conhecimento acerca do fluxo entre os serviços da rede de saúde, para oferecer assistência para pessoas em situação de vulnerabilidade é outro aspecto fundamental. Com essas medidas, talvez seja possível contribuir para um caminho mais digno para as mulheres durante e no pós-pandemia, quando pudermos vislumbrar isso.

Fonte: Editorial Gorda Flor. https://grandesmulheres.com.br/
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Na semana do Dia Internacional da Obesidade, especialista em Nutrição oferece vídeos gratuitos

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Entre 04 e 06 de março, Sophie Deram – PhD em Nutrição, especialista em distúrbios alimentares e autora
do best-seller “O Peso das Dietas”- libera gratuitamente vídeos do “Manifesto para o novo olhar sobre
a obesidade”, com palestrantes renomados; conteúdo pode ser 
acessado no site

São Paulo, fevereiro de 2020 – Além da pandemia do coronavírus, o mundo todo -inclusive o Brasil- vive uma outra pandemia crônica, a da obesidade, que prejudica a qualidade de vida e mata milhares de pessoas todos os anos. O dia 4 de março marca o Dia Mundial da Obesidade (World Obesity Day), data em que estudiosos do mundo todo se mobilizam pela conscientização contra a doença.

Pensando em ajudar no combate à obesidade, a PHD em nutrição Sophie Deram, autora do best-seller “O Peso das Dietas”, disponibilizará para o público em geral oito vídeos gratuitos do evento online “Manifesto para o novo olhar sobre a obesidade”, realizado em novembro de 2020. O conteúdo poderá ser acessado pelo site do Manifesto, de forma 100% gratuita, entre os dias 04 e 06 de março”.

“Vemos a data mundial (World Obesity Day) como uma oportunidade para chamar a atenção para a doença, além de promover a mudança no enfoque do tratamento dado aos obesos. Enquanto o foco principal for a perda de peso, o quadro de saúde da população tende a piorar. A saúde é um conceito que engloba o bem estar físico, mental e social da pessoa e sua qualidade de vida, não somente o seu peso”, explica Sophie.

Fonte: Arquivo Pessoal

Palestrantes

Além da idealizadora, o manifesto contou com a mediação da jornalista Fabíola Cidral e com as participações de palestrantes renomados: o sociólogo e antropologista francês Claude Fischler; o coordenador da Assistência Clínica do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), o psiquiatra Táki Cordás; a médica Paula Teixeira, fundadora do centro brasileiro de Mindful Eating; e os pesquisadores e também nutricionistas Dennys Cintra e Maria Carolina Mendes, da UNICAMP.

O evento visa despertar a reflexão sobre como lidar de forma mais atualizada e humana com o tratamento da obesidade. Foram apresentadas alternativas para enfrentar a condição, que afeta 19,8% da população brasileira, segundo o Ministério da Saúde. Os convidados também apresentaram estudos científicos que apontam possíveis caminhos para tratar o obeso sem recorrer a dietas restritivas.

O encontro não teve fins lucrativos nem conflito de interesses com as indústrias alimentícia e farmacêutica.
“Com o ‘Manifesto’, vamos na contramão do discurso tradicional e do posicionamento da maioria dos profissionais da saúde, e pretendemos chamar a atenção das autoridades para o novo olhar sobre a obesidade. É necessário rever a abordagem com urgência, adotando um olhar novo e mais empático”, defende.

Serviço
Vídeos Gratuitos- “Manifesto para o novo olhar sobre a obesidade”
Quando: 04 a 06 de março
Como acessar: Pelo site 

Sobre Sophie Deram: Autora do livro “O Peso das Dietas”, é engenheira agrônoma de AgroParisTech (Paris), nutricionista franco-brasileira e doutora pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) no departamento de Endocrinologia. Além de especialista em tratamento de Transtornos Alimentares pelo AMBULIM – Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do HCFMUSP, é coordenadora do projeto de genética e do banco de DNA dos pacientes com transtorno alimentar no AMBULIM no laboratório de Neurociências.

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Pipa: um olhar plus size

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No mundo de a ‘Turma da Tina’ Maurício de Sousa inverte os papeis impostos pela sociedade

Janaína foi criada em 1969 por Maurício de Sousa, pertencente ao mundo de ‘Turma da Tina’’; em 1970 chegou às bancas, onde seu tipo físico foge dos padrões da sociedade, tanto no quesito ‘corpo ideal’ como no quesito de ‘localização onde mora’, pois no começo toda a Turma era composta por adolescentes baianos e com o tempo foram transformados em paulistas, logo adquiriu o apelido de ‘Pipa’ por causa de sua tartaruga.

De acordo com a Revista MSP + 50, durante sua adolescência Pipa sentia vergonha de seu próprio corpo, onde ocasionalmente passou a sofrer bullying e a se sentir menosprezada, características marcantes de uma pessoa que enfrenta problemas de peso.

De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil (1999), a OMS (Organização Mundial de Saúde), classifica a obesidade uma doença de alto risco, crônica e reincidente, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. A obesidade tem adquirido proporções epidêmicas e vem crescendo significantemente. Mesmo que consiga emagrecer, a pessoa terá que passar o resto da vida cuidando da alimentação e de olho na balança. Não é fácil para um obeso tomar a decisão de perder peso. Logo a personagem vive tentando fazer dietas, porém não resiste aos alimentos considerados não saudáveis. Kahtalian (1992) considera que o ato de comer, para os obesos, é tido como tranquilizador, como uma forma de localizar a ansiedade e a angústia no corpo, sendo apresentadas também dificuldades de lidar com a frustração e com os limites.

Fonte: https://bit.ly/2Wvyv3Z

Campos (1993) identificou as seguintes características psicológicas em adultos obesos por hiperfagia: passividade e submissão, preocupação excessiva com comida, ingestão compulsiva de alimentos e drogas, dependência e infantilização, primitivismo, não aceitação do esquema corporal, temor de não ser aceito ou amado, indicadores de dificuldades de adaptação social, bloqueio da agressividade, dificuldade para absorver frustração, desamparo, insegurança, intolerância e culpa.

Porém a personagem em alguns quadrinhos demonstra que aceita sua condição de peso e que se aceita como ela realmente é, mostrando assim para os leitores que não se tem corpo perfeito, e sim que se pode viver feliz como você realmente é.

No mundo de a ‘Turma da Tina’ Maurício de Sousa inverte os papeis impostos pela sociedade, pois a personagem Tina que é alta, magra e resolvida nunca encontra alguém para se relacionar amorosamente e que a fizesse bem de fato, enquanto Pipa em suas condições namora Zecão que a aceita do jeito que é. Mostrando mais uma vez que se pode emagrecer se quiser ou não, mas no mundo de Maurício o seu jeito de ser, pensar e agir te garante um final feliz.

Fonte: https://bit.ly/2TroDX6

REFERÊNCIAS:

RIBEIRO, Antônio Luiz. Disponível em: <http://www.guiadosquadrinhos.com/personagem/pipa/1344>. Acesso em: 01 de jan. 2019.

SOUSA, Maurício de. Disponível em: <http://turmadamonica.uol.com.br/personagem/pipa/>. Acesso em: 01 de jan. 2019.

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