“Bebê Rena” é um duro convite para enfrentar muitos demônios existenciais

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“Bebê Rena” apresenta-se como um título que provoca um misto de curiosidade e inquietação, refletindo a complexidade do ser humano. A série mergulha nas profundezas da psique, explorando os limites entre o ordinário e o patológico, o impulso e a violência, e nos leva a questionar as nuances de nossa própria existência. Criada e estrelada por Richard Gadd, a série é uma obra de exposição visceral. Gadd se desnuda diante de nós, revelando suas vulnerabilidades e contradições em uma busca incessante pela verdade

Ele personifica a dualidade do ser humano, onde a realidade e a ficção se entrelaçam de forma quase indissociável. Jessica Gunning, ao interpretar Martha, nos faz refletir sobre a natureza da obsessão e suas consequências devastadoras. Martha é uma mulher envolta em delírios, desenvolvendo uma paixão intensa por Donny e inundando-o com mensagens diárias. Essa dinâmica nos expõe à fragilidade das relações humanas e à dificuldade de estabelecer limites claros, especialmente quando há uma necessidade

O comportamento obsessivo de Martha pode ser analisado através do prisma do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e outros transtornos de personalidade. A obsessão, nesse caso, não se limita aos pensamentos persistentes, mas evolui para um delírio, uma crença fixa e inabalável, alheia à realidade. Martha apresenta delírios, que são firmemente sustentados, mesmo diante de evidências comprovadas. Esses delírios podem ser classificados como eróticos, quando uma pessoa acredita que está apaixonada por ela. No caso de Martha, essa crença leva a um comportamento intrusivo e invasivo, não percebendo os sinais de desconforto e exclusão de Donny

“Bebê Rena” não é apenas uma narrativa sobre perseguição. É um convite a enfrentar nossos próprios demônios, explorando a relação intrínseca entre amor e violência. Em um mundo onde as fronteiras entre realidade e ficção estão cada vez mais difusas, uma série nos desafia a confrontar a complexidade de nossos sentimentos e ações. O relacionamento entre Martha e Donny revela a dificuldade de distinguir entre amor e violência. Martha, com sua obsessão patológica, é um exemplo clássico de stalker. Seu comportamento é intrusivo e violento, impulsionado por uma necessidade profunda de controle e posse sobre Donny. Esse tipo de comportamento muitas vezes é enraizado em experiências de desamparo aprendido, onde uma pessoa, ao longo do tempo, internaliza a ideia de que não tem controle sobre sua própria vida, buscando desesperadamente algum tipo de controle.

Donny, por outro lado, não é apenas uma vítima passiva nessa dinâmica. Ele também possui uma personalidade dúbia, que contribui para a complexidade da relação. Suas respostas à obsessão de Martha podem variar entre condescendência e exclusão, criando um ciclo vicioso de comportamento abusivo e ambíguo. Em alguns momentos, suas atitudes podem até, inadvertidamente, estimular os comportamentos de Martha, perpetuando a dinâmica disfuncional entre eles.

A obsessão de Martha é uma forma de violência psicológica, que pode ser tão prejudicial quanto à violência física. A constante invasão de privacidade e a pressão emocional que ela exerce sobre Donny criam um ambiente de medo e ansiedade, afetando gravemente sua estabilidade emocional e mental. Donny, por sua vez, envia sinais confusos para Martha, agravando a situação. Ele pode oscilar entre tentar ajudar Martha, sofrendo pena de seu sofrimento, e rejeitando-a, incapaz de lidar com a intensidade de sua obsessão. Essa dualidade cria uma confusão emocional para ambos. Martha, com seu comportamento controlador e obsessivo, assume o papel de algoz, enquanto Donny, com sua vulnerabilidade e respostas ambíguas, se encaixa no papel de vítima. No entanto, a complexidade da situação reside na interdependência dessas identidades, onde ambas são permitidas para a perpetuação do ciclo abusivo. Donny, embora vítima, tem um papel ativo na manutenção da dinâmica, seja por compaixão, medo ou conivência.

A história deles é um lembrete poderoso da importância de considerar sinais de comportamento obsessivo e abusivo, e buscar ajuda antes que a obsessão se transforme em algo ainda mais destrutivo. Em última análise, é um chamado à empatia e à compreensão, tanto para aqueles que sofrem quanto para aqueles que se encontram presos a essas dinâmicas adoecedoras. Muitas vezes, esses sentimentos podem parecer semelhantes, mas são basicamente opostos. A violência, com sua natureza contagiosa, perpetua-se através do tempo, representando um desafio constante para a humanidade compreender e romper esse ciclo

A beleza de “Bebê Rena” reside em sua capacidade de nos levar a uma reflexão profunda sobre nossa própria existência. Uma série, com suas nuances e complexidades, aborda aspectos fundamentais da condição humana, provocando introspecção e questionamentos sobre quem somos. “Bebê Rena” destaca a fragilidade da existência humana através dos desafios e adversidades enfrentadas pelos personagens. A luta pela sobrevivência, a vulnerabilidade diante das forças da natureza e dos conflitos internos refletem a precariedade da vida e a batalha constante para encontrar significado e propósito.

Os personagens são confrontados com suas próprias dúvidas e inseguranças, sendo solicitados a questionar suas opiniões, valores e o papel que desempenham no mundo. Essa busca por identidade é um aspecto universal da experiência humana, ressoando profundamente com o público. É enfatizada também a importância das relações humanas e das relações emocionais. A interdependência entre os personagens, suas interações e os laços afetivos que formam são centrais para a narrativa. “Bebê Rena” mostra como essas conexões podem ser fonte de apoio e conforto, mas também de conflito e dor, revelando a complexidade das relações humanas na realidade

A mortalidade é um tema recorrente em “Bebê Rena”, nos lembrando da impermanência da existência e da necessidade de valorizar cada momento. Apesar dos desafios e adversidades, “Bebê Rena” é uma ode à resiliência e à esperança. Os personagens demonstram uma capacidade notável de perseverar diante das dificuldades, encontrando força nas mesmas e nas suas relações

A série nos provoca uma introspecção sincera, uma análise de nossos comportamentos e motivações, em busca de uma transformação genuína e, neste processo, somos levados a questionar nossos interesses. Quais objetivos, conscientes ou inconscientes, nos impulsionam a agir de determinada maneira? Em “Bebê Rena,” uma análise das interessantes das personagens revela suas verdadeiras motivações. Isso nos desafia a reflexão sobre nossos próprios objetivos, promovendo uma autoavaliação que pode levar a uma mudança significativa em nós e em nossas relações.

Além disso, a série também provoca uma reflexão sobre a perda de privacidade na vida contemporânea. A invasão constante na vida de Donny por Martha reflete uma interferência crescente em nossa sociedade, onde a privacidade é frequentemente comprometida pela obsessão e controle de outros. Esta dimensão da trama ressalta a vulnerabilidade dos indivíduos em um mundo cada vez mais conectado e monitorado, onde a linha entre público e privado se torna cada vez mais tênue. A série, portanto, não explora apenas a profundidade da psicologia humana, mas também nos alerta sobre os desafios da privacidade na era moderna.

Por fim, há uma explicação subjacente de compreensão e busca de significado, onde Martha tenta dar sentido à sua vida através de sua relação com Dony, embora de uma maneira patológica. Esses elementos nos desafiam a entender as motivações profundas por trás de comportamentos aparentemente irracionais e abusivos. É um processo de autoconhecimento que busca não apenas respostas, mas uma transformação interior. A arte, assim como a vida, é uma busca contínua por sentido e compreensão.

“Bebê Rena” é mais do que uma série sobre obsessão; é uma viagem que nos desafia a enfrentar nossas sombras e a encontrar a luz através da facilidade e transformação de nossos aspectos mais sombrios. Nos mostra que, ao confrontarmos a nossa escuridão interior, podemos alcançar a transformação pessoal e, assim, nos aproximarmos do autoconhecimento e da harmonia interior que tanto buscamos.

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Por que fazemos o que fazemos? – Uma reflexão acerca da motivação

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Qual é o propósito de tudo o que fazemos? O objetivo desta reflexão é buscar ter uma consciência mais aguçada em relação às razões que nos levam a fazer ou a deixar de fazer certas coisas, com base no livro do filósofo e escritor brasileiro Mario Sergio Cortella.

O livro, publicado pela Editora Planeta do Brasil, traz dentro dos seus 20 capítulos, pontos acerca da relevância do propósito no âmbito do trabalho, e como a busca por ser reconhecido e valorizado vai muito além do ganho salarial. Na capa está estampado o desenho de um alvo, remetendo a um objetivo, uma pretensão, algo que se almeja alcançar. No decorrer da leitura, nota-se que ele escreve mais voltado para o ramo empresarial, mas de forma alguma impede que as reflexões sejam levadas para outras áreas de nossas vidas a partir de diferentes associações e interpretações.

A palavra “propósito” em latim significa “aquilo que eu coloco adiante”.

O que estamos buscando? A clareza sobre esta questão dá mais sentido a nossa existência. No primeiro capítulo já nos é apresentada que a ideia de uma vida com propósito retoma um princípio do pensador alemão Karl Marx, do séc. XIX: a recusa à alienação. Alienado é aquele que não pertence a si mesmo. Uma pessoa alienada é alheia a algo. Ela não faz nada com intenção, não têm consciência direta no que produz, está vivendo automaticamente. No trabalho alienado, desumanizado, não existe a percepção autoral.

Fonte: encurtador.com.br/aor89

Atualmente, no ramo organizacional, a consciência do que se faz e o porquê é algo de muito valor. As empresas inteligentes incentivam isso nos funcionários, pois produz engajamento e inovação, que sejam pensadas outras formas de se fazer aquilo que se faz cada vez melhor. Não simplesmente fazer um trabalho de forma robótica e automática. No capítulo 3, “Odeio segunda feira”, aborda como a situação profissional e o desgosto com ela são as grandes causadoras do ódio coletivo à este dia. Na verdade quando a pessoa não se encontra naquilo que faz, precisa rever os propósitos que tem para aquilo que está fazendo. O propósito reordena as nossas ações.

Steve Jobs dizia “que a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz”. Sim, mas o autor traz a reflexão de que é mais fácil procurar gostar daquilo que se faz do que fazer o que gosta.

É possível ser feliz na empresa?

Segundo Cortella, a felicidade não é possível em lugar nenhum de maneira inteira, exclusiva, hegemônica. Há uma grande obsessão pela ideia da felicidade, e as pessoas acabam vivendo mais a expectativa do que a realização. O autor aborda no capítulo 10 sobre a ética do esforço, que a fixação hedonista de que encontrar prazer no mundo do trabalho, na empresa, é fora de propósito. Que quem entra no circuito do trabalho achando que irá encontrar um prazer imenso acaba se frustrando rapidamente. Porque trabalhar dá trabalho. O prazer de um trabalho bem realizado muitas vezes é a consequência de eventos anteriores não tão gratificantes. Como por exemplo, enquanto estou escrevendo esta resenha (em pleno sábado), estou abdicando de algo que no momento poderia ser muito mais prazeroso. No capítulo 12 ele traz o questionamento “por que eu faço o que faço”? E traz outra pergunta na sequência: “Por que não faço o que não faço?” nos mostrando que não há escolha sem exclusão, não há decisão sem abdicação. Se eu entendo a minha vida como resultante de opção livre, consciente, deliberada, intencional, todas as vezes que escolho, sei que deixo outras coisas de lado.

No contexto da psicologia, há uma diversidade enorme nos conceitos de motivação, e tais conceitos abordados de maneiras muito diferentes.

Vernon (1973) traz um conceito de motivação logo na primeira página do seu livro: Motivação Humana.

“A motivação é encarada como uma espécie de força interna que emerge, regula e sustenta todas as nossas ações mais importantes. Contudo, é evidente que motivação é uma experiência interna que não pode ser estudada diretamente”. (Vernon, 1973, p.11).

No início do trecho citado, motivação é uma força sem que se especifique de que natureza. Logo após, a motivação é tida como uma experiência interna, algo que sentimos e ninguém pode observar. No senso comum, costumamos utilizar esses dois significados como dois aspectos de um mesmo fenômeno. Motivação é uma força interna que nos leva a agir, e por ser interna só nós mesmos a podemos sentir.

Fonte: encurtador.com.br/owJS4

Para finalizar este resumo sucinto do livro, que em suma trata dos pilares do entendimento do ser humano como um ser que trabalha e se sustenta, levando em consideração alguns pontos que despertaram mais interesse, percebo que algumas questões estão atreladas ao surgimento da motivação, como estar em um ambiente onde haja aprendizado, pois aprendizado gera crescimento. Além disso, ter desafios a serem cumpridos e conseguir conquistar metas, fazem o sujeito se sentir competente, e isto é algo extremamente gratificante, principalmente quando há o reconhecimento desse esforço no dia a dia.

As insatisfações com o labor podem ser revistas a partir de algumas reflexões, se buscadas por uma lógica de trabalhar não apenas para o seu sustento, ou pagar as contas, e sim que seja algo socialmente relevante, que o esforço do trabalho repercuta em algo melhor ou um bem maior, algo de valor que não seja mensurado em números, mas sim que o sujeito se identifique e sinta que há um propósito positivo por trás disso, ou seja, que essa força que nos faz levantar e prosseguir, essa capacidade interna que nos faz agir nos alcance, para que possamos obter maior qualidade de vida não só dentro das organizações, mas em toda a amplitude da nossa existência.

Mario Sergio Cortella é um filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário brasileiro. É autor de vários livros, entre os quais Por que Fazemos o que Fazemos?, em que analisa a vida profissional na contemporaneidade.

FICHA TÉCNICA 

Título: Por que Fazemos o que Fazemos?
Autor: Mario Sergio Cortella
Editora: Planeta
Páginas: 174
Ano: 2019

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O Pequeno Príncipe e as bases da Gestalt-Terapia

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Com uma trilha sonora à base de composições do aclamado Hans Zimmer, O Pequeno Príncipe (versão de 2015) repagina a clássica obra do francês Antoine de Saint-Exupéry, ao narrar a estória de uma garota (Mackenzie Foy) que se muda com sua mãe (Rachel McAdams) para um dado setor da cidade – cujo traçado, do alto, provavelmente de forma proposital, lembra os circuitos de um computador -, e acabam por ter como vizinho um piloto idoso (Jeff Bridges) que tenta a todo custo fazer decolar um velho avião estacionado no quintal.

O filme é marcado inicialmente por três traços que saltam aos olhos: a tendência da mãe obsessiva-compulsiva em hiper-racionalizar a vida da filha, criando uma rotina exaustiva e com pouco contato afetivo; uma criança com a infância negligenciada, que vive as projeções da mãe; e um idoso com fantasias que pululam a imaginação – que poderia ser rapidamente associadas a traços de psicose.

A trama começa de fato a se delinear a partir de um acidente provocado por uma das muitas tentativas de o piloto idoso decolar o avião. A hélice se desprende do mesmo e acaba atingindo a casa das novas vizinhas. A criança é tomada de profunda curiosidade e, então, inicia um lento e frutífero contato com o vizinho. Aos poucos, a garota vai entrando no universo de fantasias do piloto, num cenário que recria a trajetória do Pequeno príncipe. Neste ínterim, a mãe insiste em manter a rotina da garota, que aos poucos se distancia do agendamento cotidiano e começa a experimentar uma vida minimamente parecida com um ideal infantil.

O filme aborda algumas das teses centrais da Gestal-Terapia. Como mãe e filha compunham um núcleo narcísico – isoladas do mundo –, aos poucos a garota foi arrastada pela necessidade de relacionar-se com o mundo, com o outro, a partir do conceito de contato. Isso ocorre porque, na visão de Perls, o ato de relacionar-se é algo inerente à condição humana, sob pena de sua ausência criar sérias restrições psicológicas ao sujeito. No entanto, como bem explicita o filme, este contato nem sempre ocorre de maneira fluída e rápida. Cada pessoa possui uma “fronteira de contato” que delimita a interação entre a dimensão interna (subjetividade) e a dimensão externa (meio). Uma coisa é certa, e fica clara no filme: o contato, quando ocorre de modo autêntico, provoca mudanças profundas nos sujeitos. É deste contato que surge a possibilidade de ajustar-se criativamente. Configura-se mesmo como elemento de cura para eventuais desajustes.

Há, portanto, um paradoxo: ao mesmo tempo em que o ser humano necessita de contato para suprir necessidades psicológicas e também biológicas, ele é contingenciado por uma separação visceral. Em Gestalt-Terapia, este fato é comumente associado às células do corpo, que estão em constante processo de troca de moléculas com o meio, em que pese a sua individualidade. Essa troca, no entanto, para que supra as necessidades básicas, deve ocorrer de modo satisfatório. Psicologicamente falando, sem o contato não se obtém as condições necessárias para viver como ser humano.

Na fronteira de contato há o aprendizado que lança o sujeito para a vida. A interação sob a forma do Eu-Tu, onde de fato dois sujeitos se permitem ser “tocados”, afastando a tendência à coisificação da relação, é base para que se possa haver um encontro profundo. No filme, a relação com ausência de afeto e excesso de racionalidade entre mãe e filha é marcada por Eu-Isso, numa troca em que, sobretudo, a mãe objetifica a filha, que claramente é representada como uma projeção de seus desejos. A relação Eu-Tu só começa a ser estabelecida quando a criança se permite (por estar propensa a julgar menos que um adulto) a se aproximar do piloto idoso e, à sua maneira, entender o seu mundo. Nasce então uma amizade balizada pelo coração, com uma linguagem marcadamente afetiva.

O ápice do filme ocorre quando, já transformada pelo contato com o idoso, a criança acaba por influenciar a mãe, que reavalia suas estratégias de atuação e, por fim, também é impactada pela dinâmica.

Por fim, o filme tem forte pegada humanista e existencial (duas das bases da Gestalt-Terapia) ao enfocar questões como medo, alienação, amor, amizade, esperança e projetos de vida. Desta forma, toda a obra mostra uma virada rumo à tomada de consciência, num percurso marcado por incertezas, fantasias, curiosidade e abertura para o novo, cujo processo revela uma das facetas mais belas da condição humana: a capacidade de reinventar-se e lançar-se para o futuro.

Referências

FRAZÃO, Lilian Meyer. Gestalt-terapia. Fundamentos Epistemológicos e Influências Filosóficas. São Paulo: Summus, 2013 (versão e-Pub Amazon).

Resenha do filme O Pequeno Príncipe (2015). Disponível em <: http://www.redecanais.com/o-pequeno-principe-dublado-2015-1080p_0687893a2.html >. Acesso em 05 de dez. 2017.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

O PEQUENO PRÍNCIPE

Diretor: Mark Osborne
Elenco: Rachel McAdams, Jeff Bridges, Marion Cotillard, Riley Osborne;
País: Canadá; França
Ano: 2015
Classificação: Livre

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Atrás de toda celebridade, tem um fã

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Atores, cantores, humoristas, atletas, jornalistas, personagens da ficção, séries, filmes, novelas, livros, reais ou direto da ficção, todos são figuras públicas com espaço nas diversas mídias. Mas não seriam famosos se não fosse uma pessoa ou uma legião de pessoas, os fãs. O fã é aquele que gosta de estar por dentro do mundo do seu ídolo. Alguns são fanáticos, loucos por celebridades, ao ponto de quererem se tornar parecidos. Por isso, as perguntas: o que é ser fã? Este ‘ser’ é controlado pelos veículos de comunicação ou pela indústria cultural?

 Segundo o dicionário Aurélio, a palavra “fã” significa: “pessoa que tem grande admiração por artistas (de cinema, teatro, televisão) ou figuras populares (campeões esportivos, jogadores de futebol etc.)”. Na sociedade, há vários tipos de indivíduos assim, alguns são até mesmo retratados pela própria mídia. Um exemplo recente é a personagem Valdirene da telenovela “Amor à Vida”,  interpretada por Tatá Werneck. A figura é uma fã fake,pois na verdade busca também a famosidade dos ídolos.

 Os fãs, numa definição simples, são admiradores de pessoas midiáticas, porém essa mesma admiração pode ser tornar uma doença, uma obsessão, ao ponto de fazer alterações no corpo, na voz, no cabelo e replicar um guarda-roupa igual a sua celebridade idolatrada. O “Capitão Hayes” é um personagem ficcional de um desenho animado famoso no Brasil  que retrata uma pessoa com “Síndrome de Adoração a Celebridade” (SAC). O personagem sequestra um mega avião no vôo inaugural, cheio de celebridade, com a intenção de se tornar o único amigo.

 A equipe do Portal (En)Cena questionou sobre o que é ser fã para as pessoas. Leia algumas respostas:

 “Ser fã é ter alguém como referencial, ter uma admiração, e as vezes isso pode ser ao extremo como podemos ver nas mídias. Pessoas que fazem tatuagens pelo seu ídolo, acampam dias na frente dos shows, fazem promessas, etc.” Laryssa Martins

 “Ser fã é compreender tão bem o trabalho de alguém a ponto de fazer com que aquela compreensão faça parte do seu dia a dia, remontando seus valores e construindo sua personalidade com base nos aspectos que você admira em algum ídolo.” Hérica Rocha

 “Fã é um admirador por uma determinada pessoa, por algo que ela faça, ou seja, para mim ser fã é diferente de ser idolatra. Idolatria é colocar uma pessoa ou algo acima de qualquer coisa na sua vida.” João Coelho

 O entrevistado João Coelho é fã do universo gospel, além de acompanhar informações, ele repassa  o conteúdo para o um portal de informações do mesmo ramo, em Palmas(TO). No tempo livre, trabalha como DJ para festas e show do gênero gospel e comenta sobre essa troca de papel, de deixar de ser fã e se tornar celebridade.  “Bom, primeiro não acho que eu tenha fãs (risos), talvez minha mãe, minha namorada (risos), mas caso eu tenha, acho legal, desde que eu não esteja tomando o lugar de Deus na vida da pessoa”, esclarece.

 Fã que é fã sempre faz ou já fez uma loucura para estar próximo do seu ídolo. Veja o exemplo de Brisa (nome ficcional). Quando ela descobriu que a sua banda favorita iria tocar no sul do país, resolveu pegar um vôo para assistir ao show numa terra totalmente desconhecida. Olhe só a história.

Sou fã de uma banda uruguaia [No Te Va Gustar] e no fim do ano de 2011 fiz uma promessa de que iria assistir a um show da banda em 2012 onde quer que fosse que eles tocassem. E assim eu o fiz, em abril de 2012, descobri que a banda iria tocar em Porto Alegre/RS, eu não conhecia a cidade nem ninguém que morasse lá, mesmo assim comprei passagem e fui lá assistir ao show da minha banda preferida. Enfrentei 8 horas de voos e paradas em aeroportos, até chegar em Porto Alegre, fiquei menos de 24 horas na cidade, fui exclusivamente para assistir a apresentação. Fui para o local do show, assisti a tudo e duas horas depois do final do show eu já estava embarcando de volta para a minha cidade com a alma leve e feliz da vida por ver os meus ídolos cantando. O show foi incrível, cantei, gritei, chorei, me emocionei mesmo. Valeu cada centavo que gastei nessa viagem relâmpago“, conta Brisa.

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