Ambiente de trabalho caótico: oficina de transtornos físicos e mentais

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Com o avançar da sociedade, as mutações presenciadas no setor industrial e de serviços, o crescimento exponencial das demandas em serviços necessários e voluptuários (supérfluos) tem criado um cenário profissional extremamente agitado de competição comercial para entregar o melhor produto e o mais eficiente para o consumidor.

Essa visão de produtividade e comprometimento com público-alvo é algo vem, como dito, se intensificando através dos anos, algumas empresas adotam a postura de aperfeiçoar o serviço desempenhado por seus colaboradores através de novas contratações ou supressões de etapas não essenciais na construção do seu objetivo.

Serviços e produtos que possuem grande demanda são encontrados em todos os seguimentos, por exemplo, automobilístico, aplicativos virtuais, suporte técnico, logística, até mesmo o delivery pode ser observado nesta ótica.

Mas nem tudo são rosas, uma das principais contrapartidas desse grande crescimento e até mesmo pressão dos consumidores em ter o melhor produto, na maior rapidez possível, com o custo-benefício extraordinário faz com que muitos empresários criem um cenário caótico entre seus colaboradores.

Obviamente que um cenário desordenado não é derivado somente da pressão causada pela sociedade em geral, muitas vezes o despreparo do gestor, a falta de uma equipe multidisciplinar que tenha ênfase em psicologia organizacional acaba por não conseguir evitar os atritos e pressões vivenciadas pelos trabalhadores.

As consequências dessa grande pressão, metas profissionais inalcançáveis torna um ambiente crítico que repercute diretamente na vida do indivíduo que exerce aquela atividade essencial para a satisfação direta ou indireta do público.

Fonte: Imagem no Freepik

Quem não se recorda, por exemplo, da comoção nacional para conscientização sobre os riscos dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – DORT, popularmente conhecida como Lesão por Esforço Repetitivo – LER, que é resultante exatamente da grande “mecanização” do corpo humano na execução de uma atividade profissional. O DORT é apenas um dos riscos que já foram amplamente discutidos na mídia nacional. Contudo, outras situações também atingem a estima dos colaboradores, um ambiente de competitividade e cobrança desregulada cria na psique do indivíduo.

Excesso de cobrança, exaustão extrema, esgotamento físico são características da Síndrome de Burnout, uma condição que tem ganhado grande destaque em razão do grande risco à saúde dos profissionais no mercado de trabalho.

Fonte: Imagem no Freepik

De acordo com o próprio site governamental, a síndrome de Burnout causa depressão, exaustão física e mental, falta de vontade e energia, sentimentos de incompetência, priorização das necessidades de terceiros, alterações de humor, etc.

É uma condição que merece ser tratada com zelo e profissionalismo, vez que sua existência prejudica demasiadamente a vida íntima, pessoal e profissional do seu portador.

Medidas alternativas para construção de um ambiente de trabalho engajado e que entregue excelentes resultados da forma mais célere e eficiente possível já estão sendo estudados. Empresas que incentivam o desenvolvimento pessoal e trabalham de forma digna com a compensação de seus colaboradores já vem demonstrando sinais de melhor qualidade de vida organizacional.

Desta forma, o caos pode ser tratado, desestimulado e até mesmo transformado positivamente para o bem-estar daquele ambiente de trabalho.

REFERÊNCIAS

DESCONHECIDO. LER/DORT são as síndromes que mais acometem trabalhadores brasileiros. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca. INFORME ENSP. Disponível em <https://informe.ensp.fiocruz.br/noticias/52793> acesso em 26 ago 2022.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Síndrome de Burnout. disponível em<https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sindrome-de-burnout> acesso em 26 ago 2022.

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5ª Feira de exposição do CAPS Frutal/MG

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5ª Feira de Exposição do CAPS Frutal em Aparecida de Minas – MG.

Na feira, foram apresentados produtos artesanais e artísticos resultados das oficinas feitas com os usuários do serviço.

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Personas do CAPS-AD Palmas/TO

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As máscaras são frutos de uma oficina terapêutica realizada pelos técnicos do CAPS-AD de Palmas/TO. Ao confeccionar as máscaras em papel machê, os usuários do serviço deveriam caracterizar na máscara o que sentiam quando estavam sob o efeito do uso de substâncias entorpecentes. O resultado desse trabalho são as máscaras que você vê neste ensaio.

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Acolhimento em Rede – A realidade do profissional de saúde

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Neste mês de maio, no CEULP/ULBRA ocorreram oficinas na área da saúde, com o tema “Acolhimento em Rede”.  O evento foi promovido pela Política Nacional de Humanização – PNH do Ministério da Saúde, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde e com o apoio do (En)Cena, possibilitou a vinda dos consultores e demais profissionais da área da saúde. As mesas-redondas aconteciam pela manhã. Já pela tarde, os trabalhos em grupo tinham por objetivo a socialização dos conteúdos.

Prática e teoria só funcionam juntas

Em entrevista para a Folha online, o presidente da comissão de graduação da Faculdade de Educação da USP, Manoel Oriosvaldo, afirmou que “a teoria permite ao profissional refletir sobre sua atividade constantemente. E corrigí-la quando necessária”. Tendo essa concepção da importância da teoria para aprimorar o conhecimento, vamos entender como isso se aplica na área da saúde?

Terezinha Moreira, consultora da Política Nacional de Humanização – PNH, em Belo Horizonte, desde 2012.
Foto: Walter Riedlinger

Terezinha Moreira foi consultora da Política Nacional de Humanização na Região Norte, entre os anos de 2004 e 2012. Atualmente é consultora na Região Sudeste do país, mais precisamente em Belo Horizonte. Para ela, a teoria serve apenas como base para as experimentações.

“A teoria é instrumento de estado sobre os aspectos que compõem a vida. A teoria é infinita, por isso, tem que ser atualizada, recriada pelo aluno ou profissional com experimentações. Assim, eu posso mudar o que é teórico para o que é concreto. Por fim, a teoria só tem sentido se houver prática. Neste caso, no momento em que o acolhimento ocorre”, disse.

Outra palestrante que pode contribuir para a discussão sobre o processo de humanização, durante a oficina “Acolhimento em Rede” foi Marilene Wagner. Presente no último Fórum Regional de Humanização, em Araraquara, São Paulo, a consultora matricial da Política Nacional de Humanização afirma, de forma contundente, que a teoria e a prática devem caminhar juntas.

“Uma sem a outra não funciona. Cada oficina dessa contribui para o crescimento do profissional, dá embasamento  para intervirem e mudar a realidade. Mas tudo isso só é possível com experimentação”, afirma.

Cleusa Pavan, consultora da Política Nacional de Humanização, em São Paulo.
Foto: Walter Riedlinger

Parte da boa prática na área da saúde, no acolhimento por exemplo, deve-se à escuta qualificada. Este é um princípio básico do diálogo entre os indivíduos. Contudo, o servidor tem que ter ‘jogo de cintura’ para lidar com as adversidades presentes na rede pública de saúde. É o que explica a consultora da Política Nacional de Humanização, em São Paulo. Cleusa Pavan.

“Saber escutar é fundamental, mas nada cai do céu. A escuta qualificada é instrumental. Para que os processos funcionem corretamente, exige-se experiência, prática. Tem que saber escutar, mas tem que saber ofertar (alternativas) também. Assim como não basta só ter remédio em estoque. Isso não garante bom acolhimento”.

O discurso da consultora se confirma na explicação da assistente social do Hospital Infantil de Palmas, Maria Catarina Machado.

“Nós, assistentes sociais, fazemos o acolhimento com escuta qualificada. Com a ficha preenchida, fazemos o encaminhamento do paciente. Mas continuamos acompanhando. Em um hospital, por exemplo, o acolhimento não se dá apenas na entrada, mas durante e pós a internação, inclusive”, disse.

Preconceito no acolhimento

Já sabemos, então, que a escuta qualificada contribui para a melhoria  do acolhimento, mas ainda há muitas barreiras que impedem a boa convivência do profissional da saúde com o paciente. Um deles é preconceito ou pré-julgamento. E não é qualquer preconceito. É aquela velha busca pelo padrão de beleza e status social.

“Não é específico no trabalho. É cultural. Temos uma visão de padrão aceitável. Este padrão é de um homem branco, rico e heterossexual. Isso quem dita, todos os dias, são a família, os meios de comunicação, os círculos sociais”, afirma Cleusa Pavan.

Urgência não é desculpa

Sabemos o Sistema Único de Saúde passa por momento delicado, devido à quantidade de profissionais disponíveis para o atendimento. Isso implica em mais casos de urgência e desanima quem espera nas filas. Então, como acolher bem, humanizar, ou seja, ter o cuidado necessário com cada situação, quando há tantas pessoas aguardando? A grande demanda e a urgência não dificultam a humanização? A consultora Marilene Wagner garante que não.

Marilene Wagner, consultora matricial da Política Nacional de Humanização.
Foto: Walter Riedlinger

“De forma alguma. A urgência não pode nos impedir de humanizar os processos. Agora, se o paciente for vítima de um acidente, não pode responder por si próprio e o quadro clínico é grave, nem tem como haver o diálogo, o profissional tem que encaminhar rapidamente. Porém humanizar é estar atento aos sinais vitais do paciente. Então, quem atende tem que fazer essa análise”, explicou.

Recursos

Agora entramos num aspecto burocrático, mas muito importante para a motivação do profissional da rede pública: recursos financeiros. Todo o estudo teórico e prático, na visão da consultora Terezinha Moreira, é ineficaz sem investimento monetário.

“O SUS é subsidiado pelo estado. O investimento é necessário para que o servidor consiga por em prática as políticas de humanização. Quando o recurso é escasso, dificulta o aprimoramento da prática. Ele interfere diretamente na experimentação, atualização dos processos e no atendimento ao público. O servidor é responsável apenas pelo conhecimento e ações próprias”, alertou.

Acolhimento em Rede

Por fim, entendemos que, quando há dificuldades no atendimento, é preciso que a classe se una, que as mãos sejam dadas, para a melhoria do sistema público de saúde. Aí está a importância da oficina.

“O “Acolhimento em Rede” é a oportunidade de mexer com os valores. É o momento de os profissionais da área da saúde se repensarem, de verem outros jeitos de tratar a vida. A Política Nacional de Humanização é justamente para transformar, repensar os processos no atendimento público”, disse Cleusa Pavan.

E, engana-se quem acha que as palestras e demais atividades em grupo sejam parte de um planejamento do Ministério da Saúde. Já são ações postas em prática.

“O evento já é execução. O que difere uma oficina de outra é que os detalhes e as experimentções vão aumentando. Por isso, em cada oportunidade, enfatizamos o que já foi planejado e damos sequência”, confirmou Marilene Wagner.

 “O “Acolhimento em Rede” já é execução, não mais planejamento. O problema é que ainda não há apoio para planos de humanização. Já trabalhamos muito em planejamento com a PNH (Política Nacional de Humanização). Essas oficinas são para aprimorar, não mais para aprender apenas”, concluiu Terezinha Moreira.

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