Aspectos éticos no processo de avaliação psicológica

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O 3º Simpósio de Avalição Psicológica Tocantinense que ocorrerá do dia 25/05/22 abordará diversos temas relevantes para o mundo acadêmico e profissional, dentre eles está os aspectos éticos no processo de avaliação psicológica. A ética do psicólogo diz que ele deve exercer a profissão promovendo o respeito e a liberdade. Afinal, ela se baseia no cuidado com a saúde mental, portanto, é um princípio bem importante.

O tema da relação entre ética e avaliação psicológica tem sido preponderante em múltiplas produções científicas no Brasil, até mesmo recentes (Amêndola, 2014; Anache, & Reppold, 2010; Frizzo, 2004; Hutz, 2002; 2009; 2015; Jesus Junior, Bighetti, Freitas, Oswaldo, & Noronha, 2007; Pellini, & Leme, 2011; Queiroz, Segabinazi, & Borsa, 2016; Rodrigues, 2011; Wechsler, 2001; Zaia, Oliveira, & Nakano, 2018). Dentro desse repertório de publicações ainda se incluem as produções que foram criadas no Ano Temático da Avaliação Psicológica que teve como fundamental objetivo refletir sobre a interface dessa área com os aspectos éticos, técnicos e o respeito aos Direitos Humanos (Conselho Federal de Psicologia – CFP, 2011).

A profissão do psicólogo, bem como as outras profissões, é marcada por um código de ética profissional, esteja ele expresso ou não em códigos oficiais, tendo em vista garantir que os vínculos entre os profissionais da área e destes com a coletividade ocorram englobando valores tais como o respeito, a justiça e a dignidade.

O código de ética instaura padrões para que o profissional possa pensar sobre sua prática, tendo a consciência da sua responsabilidade, pessoal e coletiva, pelos efeitos de suas ações no exercício profissional (Resolução No 010/2005).

Fonte: encurtador.com.br/czJOQ

Viabilizando assim, que o psicólogo seja o pensador da ciência denominada Psicologia, matutando sobre quais atitudes são necessárias para a edificação do bem do outro e da sociedade. Os princípios e normas integrados nos códigos de ética se baseiam na conduta profissional em benefício do respeito aos indivíduos e aos seus direitos essenciais, visando a felicidade e a realização destes indivíduos.

A análise sobre a ética é algo recorrente, por esse motivo um código de ética não deve ser entendido como um agrupamento de normas estáticas, ao contrário, as sociedades se alteram, as profissões se modificam, o entendimento sobre o ser humano e seus direitos e deveres muda (Resolução No 010/2005). Assim sendo, o entendimento sobre a ética dos comportamentos está condicionado no espaço e no tempo, isto é, intimamente linkado à cultura de um determinado país ou região que, por sua vez, está em incessante mudança, e por esse motivo não há como se alcançar um código de ética profissional ou um documento normativo de conduta universal.

O exercício do psicólogo, envolvendo sua prática na avaliação psicológica, deve atender os princípios fundamentais e as responsabilidades descritas no Código de Ética Profissional do Psicólogo.

O atual código de ética (Resolução No 010/2005) é organizado em sete princípios fundamentais que são transversais nas atitudes explanadas como responsabilidades do psicólogo. Resumindo, os princípios norteiam que a conduta ética do psicólogo tenha como base os direitos humanos universais, evidenciando sua responsabilidade na edificação da justiça social em múltiplos contextos e na dignidade da atuação profissional (Resolução No 010/2005, p. 07).

REFERÊNCIAS

Bleger, J. (1964). A entrevista psicológica. In J. Bleger (1964/2011). Temas de Psicologia: Entrevista e grupo (4. ed., pp. 1-58). São Paulo, SP: WMF Martins Fontes. Publicado originalmente em 1964.

Conselho Federal de Psicologia [CFP]. (2005). Código de Ética Profissional da/o Psicóloga/o. Brasília, DF: Conselho Federal de Psicologia (CFP).

Conselho Federal de Psicologia, [CFP]. (2013). Cartilha: Avaliação Psicológica (1. ed.). Conselho Federal de Psicologia. Recuperado de http://satepsi.cfp.org.br/docs/cartilha.pdf

Conselho Federal de Psicologia [CFP]. (2018). Resolução n. 9, de 25 de abril de 2018. Estabelece diretrizes para a realização de Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicóloga e do psicólogo, regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos – SATEPSI e revoga as Resoluções n. 002/2003, n. 006/2004 e n. 005/2012 e Notas Técnicas n. 01/2017 e n. 02/2017. Recuperado de http://satepsi.cfp.org.br/legislacao.cfm

Cunha, J. A. (2000). Fundamentos do psicodiagnóstico. In J. A. Cunha & Cols. Psicodiagnóstico-V (5. ed. rev. e ampl., pp.23-31). Porto Alegre, RS: Artes Médicas.

Hutz, C. S. (2015). Questões éticas na avaliação psicológica. In C. S. Hutz, D. R. Bandeira & C. M. Trentini (Orgs.). (2015). Psicometria (pp. 165-174). Porto Alegre, RS: Artes Médicas.

Mendes, L. S., Nakano, T. C., Silva, I. B., & Sampaio, M. H. L. (2013). Conceitos de avaliação psicológica: conhecimento de estudantes e profissionais. Psicologia: Ciência e Profissão, 33(2), 428-445. Recuperado de: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932013000200013

Muniz, M. (2018). Ética na Avaliação Psicológica: Velhas Questões, Novas Reflexões. Psicologia: Ciência e Profissão, 38(spe), 133-146. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-98932018000400133&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

Zaia, P., Oliveira, K. S., & Nakano, T. C. (2018). Análise dos Processos Éticos Publicados no Jornal do Conselho Federal de Psicologia. Psicologia: Ciência e Profissão, 38(1), 8-21. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-98932018000100008&script=sci_abstract&tlng=pt

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A promoção e manutenção da saúde mental: o maior bem da atualidade

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Pronto para desvendar os mistérios do comportamento e da mente, o profissional da Psicologia é muito importante no processo de autoconhecimento.

Nos tempos acelerados da tecnologia, a falta de contato humano se tornou um dos grandes problemas da atualidade, ao mesmo tempo que parecem mais conectadas as pessoas ficam distantes sem perceber. Essa falta vem gerando cada vez mais angústia e dificuldade de expressão dos sentimentos, e esse é um dos principais motivos para o psicólogo ser um profissional de extrema importância atualmente e nos próximos anos.

Conversamos com a Profa. Dra Irenides Teixeira, professora e coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário Luterano de Palmas – Ceulp/Ulbra, sobre o curso e a relevância dessa área tão apaixonante.

Ceulp/Ulbra – O que você pode dizer sobre a área da Psicologia na atualidade?

Irenides Teixeira – A Psicologia, hoje, é uma das profissões mais promissoras do Brasil. Isso ocorre porque a atual conjuntura, permeada por rápidos processos de mudança em áreas que vão do mercado de trabalho ao campo afetivo e às configurações sociais, requer o apoio e intervenção cada vez mais profissionalizado e científico que só a Psicologia pode proporcionar. Desde o início deste século os vírus e bactérias deixaram de ser um problema, e as questões de ordem psicológica assumiram esta posição. A promoção e manutenção da saúde mental, então, passa a ser o maior bem, atualmente.

Ceulp/Ulbra – E quanto ao curso aqui no Ceulp/Ulbra, você vê algo que fazemos diferente dos demais?

Irenides Teixeira – O curso de Psicologia do Ceulp tem muitos diferenciais, dentre eles pode-se destacar a qualidade e profissionalismo do corpo docente, que é composto de 100% de mestres e doutores; além disso, trata-se de um curso consolidado, o primeiro do estado, e que tem como diferencial os processos inovadores. Nosso currículo é um dos mais atualizados do país, contemplando praticamente todas as áreas de atuação na Psicologia. Deve-se destacar, também, que contamos com a melhor e mais equipada clínica-escola das regiões Norte e Centro-Oeste, e não medimos esforços para oferecer o que há de mais atualizado também no campo da avaliação psicométrica e projetiva. No final do curso o nosso acadêmico pode escolher duas de cinco áreas, preconizadas pelas Diretrizes Curriculares do MEC, tais quais Ênfases em Processos Clínicos, em Saúde, em Gestão, em Educação, em Avaliação Diagnóstica. Por fim, contamos com excelente estrutura física, com uma das maiores bibliotecas da região Norte e com dezenas de ações extensionistas e projetos de pesquisas que garantem o contato do estudante com todos os campos da produção acadêmica.

encurtador.com.br/cgILS

Ceulp/Ulbra – Quais as principais pesquisas que estão sendo desenvolvidas hoje?

Irenides Teixeira – Temos cinco áreas fortes que acabaram se transformando em frentes de produção de pesquisas. No núcleo de Psicologia Experimental, há um esforço conjunto para reforçar o caráter científico-positivista da Psicologia, com pesquisas que apontam intervenções práticas na profissão; na Psicanálise a ênfase é sobretudo em casos clínicos que são pesquisados e aprofundados para que se possa ampliar a atuação do psicólogo, além de focar no papel da Psicologia no campo social; entre os humanistas e os gestalt-terapeutas, há o enfoque em se colocar como uma alternativa tanto ao positivismo quanto à psicanálise, com enfoque em terapias de alto impacto, em todas as áreas de atuação. Por fim, temos um núcleo de pesquisa sobre a interface entre a Psicologia e Corporeidade, e entre Psicologia e Tecnologia, duas grandes áreas em franca expansão.

Ceulp/Ulbra – Como o curso procura estar inserido no contexto da comunidade? Há algum tipo de ação que preste serviço à comunidade?

Irenides Teixeira – Há várias ações. Só para se ter uma ideia, os serviços oferecidos pela clínica-escola atenderam gratuitamente, no último ano, mais de duas mil pessoas, em áreas que vão da psicoterapia individual, psicoterapia de casal, terapia em grupo, avaliação diagnóstica, ludoterapia, entre outros. Além disso, temos ações extensionistas que atendem diversas comunidades palmenses, sobretudo no extremo sul da cidade. Uma série de outros projetos, como o Portal (En)Cena, Ação Psi, Psicologia em Debate, Núcleo de Estudos Mímicos, Alteridade, entre outros, ampliam os serviços prestados à comunidade.

Ceulp/Ulbra – O que o curso tem disponível de infraestrutura hoje?

Irenides Teixeira –  Temos uma das maiores clínicas-escolas da região na área de Psicologia, com salas específicas para atendimento infantil, de casal, atendimento em grupo, sala de espelho, sala de atendimento em ludoterapia, brinquedoteca, auditórios, laboratório de anatomia, biblioteca, laboratório de intervenção em grupo e ações culturais, laboratório de medidas psicológicas além, claro, de uma robusta estrutura física onde são ministradas as aulas, com destaque para as salas equipadas para as metodologias ativas.

Ceulp/Ulbra – O que te fez escolher Psicologia como profissão? O que você pode dizer que o curso oferece que faz o estudante se apaixonar pela área?

Irenides Teixeira – Eu sou fascinada pela diversidade humana, além de acreditar no processo de crescimento humano a partir do autodesenvolvimento. E a Psicologia é a ciência que permite este tipo de intervenção. É muito compensador ter uma profissão onde é possível colaborar para a diminuição do sofrimento humano, além de desenvolver estratégias que potencializam aptidões e constroem pontes. Em muito, isso é o que fascina os jovens, já que eles perceberam que, dadas as configurações da contemporaneidade, é necessário investir na saúde mental, nas potencialidades humanas e em estratégias para colocar-se no mundo de forma fluída e consistente.

encurtador.com.br/lyNQ8

Ceulp/Ulbra – Quais as áreas de atuação profissional? Como é o mercado de trabalho no Tocantins?

Irenides Teixeira – Há uma imensidão de áreas de atuação. Algumas delas são a Psicologia Clínica, a Psicologia do Trânsito, Hospitalar, da Educação, da Aprendizagem, Psicologia Social, Psicologia Comunitária, Psicologia Indígena, Pesquisa em Psicologia, Neuropsicologia, Avaliação em Psicologia, Psicologia do Esporte, Psicologia da Religião, Psicologia Política, Psicologia do Trabalho, Psicologia das Organizações, Psicologia Jurídica, Psicologia e Empreendedorismo, Psicologia e Arteterapia, entre outras. Todas estas áreas, em maior ou menor grau, existem no Tocantins. E o panorama é de expansão.

Ceulp/Ulbra – O curso iniciou suas atividades em 2000, então existem egressos com muito tempo no mercado de trabalho. Você recebe bons testemunhos dos ex-alunos?

Irenides Teixeira – Temos contato com muitos egressos e ficamos felizes pelos feedbacks que recebemos. Muitos de nossos egressos estão se desenvolvendo de modo excelente na Psicologia Clínica e na Psicologia das Organizações, além de ter um contingente enorme atuando na Psicologia Social e Comunitária, área que garante os maiores índices de empregabilidade. Além disso, muitos egressos acabaram entrando em mestrados espalhados pelo país, bem como em programas de residência em saúde. Como o curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra prima pela qualidade da formação, há uma enorme possibilidade de inserção dos egressos no mercado de trabalho, seja a partir de relações de trabalho convencionais, seja a partir do empreendedorismo.

Irenides Teixeira é Doutora em Educação, Mestre em Comunicação, Especialista em Psicologia Clínica, Gestão do Ensino Superior e em Teorias da Comunicação. Possui graduação em Psicologia, Comunicação Social, Ciências Sociais e em Processamento de Dados. Possui formação em Arteterapia e em Fotografia. É professora no Ceulp/Ulbra desde 2002 e coordenadora do curso de Psicologia desde 2015.

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O que esperar de um atendimento no SUS

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Aproximadamente às 23:40 da noite de um domingo dei entrada na Unidade de Pronto Atendimento – (UPA- SUL), com fortes dores na região abdominal e nos rins. Fiquei esperando a triagem, logo fui chamada. Na sala de triagem haviam dois profissionais, enfermeiro e técnica de enfermagem, os quais rapidamente, após a triagem, me encaminharam para a sala do médico e responderam algumas perguntas que fiz, sempre muito educados. Neste momento pude ver um dos princípios do SUS sendo aplicados a mim com muita responsabilidade e profissionalismo, pois naquele momento tinham outras pessoas na fila para serem atendidas, mas o princípio de equidade foi aplicado e imediatamente foi atendida pelo médico por se tratar de uma necessidade um pouco maior do que das pessoas que estavam ali naquele momento.

Cheguei ao consultório médico, me queixando de fortes dores tanto na região abdominal quanto nos rins, então, logo passei por uma avaliação médica, e a partir desta avaliação iniciou-se a suspeita de apendicite, e caso fosse confirmada já sairia dali direto para o Hospital Geral de Palmas – HGP. Inicialmente fiquei desesperada, pois se tratava de um procedimento cirúrgico, que por menor que seja, tem sempre um risco.

Fonte: https://goo.gl/Dc8JJ2

O médico continuou a me fazer algumas perguntas, e então chegou a uma segunda suspeita, a de cálculo renal. Ele sempre muito atencioso e continente, vendo meu desespero por sentir tamanha dor e incertezas do que poderia ser, logo receitou alguns medicamentos para dor, o qual tendo sido avisado que sou alérgica a dipirona prontamente trocou o medicamento. Após isso me pediu alguns exames de sangue, que diriam se alguma daquelas suspeitas se confirmava.

Neste momento fui encaminhada a enfermaria feminina e informada que ficaria ali por um período para receber a medicação, ser feita a coleta do sangue para o exame e para ser observada até o resultado do exame ficar pronto. Até este momento todos os profissionais que me assistiram tinham sido educados, atenciosos, éticos e sempre agindo com muito profissionalismo. Pensei então, “tive sorte dessa vez”. Até que a técnica em enfermagem chegou para aplicar a medicação, imediatamente com muita grosseria mandou que eu me sentasse e puxou meu braço, nesse momento perguntei que medicamento era aquele que ela estava aplicando e sua resposta foi a pior que eu poderia escutar: “Não interessa, você não precisa saber, só precisa ficar quieta para eu conseguir pegar sua veia, se não quiser ser furada mais uma vez”.

Ao ouvir aquilo eu só tinha vontade de chorar, pois via ali uma pessoa totalmente inapropriada para exercer aquela função. Ela estava, naquele ato, desrespeitando todos os princípios, códigos e leis que asseguram ao paciente o direito de saber a quais procedimentos está sendo submetido. Ao ouvir aquela resposta me senti tão humilhada, maltratada por alguém que escolheu aquela profissão e agora, talvez por frustração, raiva ou qualquer outra coisa que a profissão tenha lhe causado, me tratava de maneira tão grosseira.

Fonte: https://goo.gl/fnwUxr

Sem responder minha pergunta, ela aplicou o medicamento e saiu. Após algum tempo ela retornou e aplicou mais um medicamento, e novamente eu perguntei o que era aquilo, falei que era alérgica a dipirona e queria saber o que era. Ela me olhou e perguntou se a dor tinha passado, eu ainda com muita dor, respondi que não. Então ela falou: “Agora com esse aqui vai passar, ou passa ou então não tem mais jeito para você aqui”, e mais uma vez saiu sem responder a minha pergunta.

Depois disso, deitei na cama e comecei a chorar, pois os sentimentos de medo, incerteza e indignação me inundaram naquele momento. Vendo aquele choro discreto na última cama do corredor, uma outra técnica se aproximou de maneira educada começou a conversar, perguntou o que eu estava sentindo e por que eu chorava se já tinha sido medicada e o medicamento já devia estar fazendo efeito, ouvindo isso chorei ainda mais pois a dor continuava na mesma intensidade o medicamento não teve efeito. Então respondi que a dor estava na mesma intensidade de quando cheguei, e que a outra mulher tinha falado que se aquele medicamento não parasse a dor nada mais poderia ser feito ali para me ajudar. Ela me ouviu, conversou comigo, esclareceu quais foram os medicamentos que foram aplicados e foi procurar o medico para que reavaliasse se aquele era o melhor medicamento mesmo, já que a dor era incessante.

Em seguida outro médico chegou, me reavaliou e mandou aumentar a dose do medicamento, pois aquele era o mais forte que tinha na unidade e realmente, se aquele meio terapêutico não surtisse efeito eu seria encaminhada ao HGP. Este médico respeitando o princípio de autonomia e justiça, respeitando o princípio do SUS de Integralidade, agindo com ética, educação, atenção e humanidade, me explicou tudo o que estava acontecendo comigo de forma objetiva e com linguagem fácil, me assegurou que em breve a dor iria passar e que logo voltaria com o resultado do exame. Continuei aguardando por um tempo e depois fui informada pela “enfermeira boazinha” que tanto o primeiro quanto o segundo médico que me atendeu tinham ido para o repouso e que em breve outro médico vinha olhar o exame.

Fonte: https://goo.gl/9kmR79

Às 06:00 horas da manhã esse outro médico apareceu, bem grosseiro começou a gritar o nome das pacientes em voz alta na enfermaria, ao chegar no meu nome fiz um sinal com a mão e ele pediu que me aproximasse dele, então desci da cama tonta pois a pressão estava um pouco baixa e fui, ele olhou o exame e falou que não tinha nada e já podia ir para casa. Eu falei que ador ainda persistia, em menor intensidade mas ainda doía. Sem ao menos ler no prontuário onde estava escrito com destaque que sou alérgica a dipirona, ele me receitou uma dipirona e falou que após isso estava de alta. Novamente tive que falar da alergia e então depois de verbalizar, em tom de ironia, que “esse povo hoje em dia são cheios das alergias” receitou um buscopam simples.

Por volta das 08:00 horas da manhã da segunda-feira retornei para casa, ainda com um pouco de dor e com a pressão baixa e com uma experiência muito mais dolorosa do que deveria. O sentimento era de gratidão para algumas pessoas maravilhosas que realmente desempenaham com muito profissionalismo suas funções. E de indignação por outros que fazem aquilo como se estivessem cumprindo uma pena, tratando tão mal uma pessoa que já se encontra fragilizada tanto fisica como emocionalmente.

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Minha experiência com a imunização infantil pelo SUS

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O Sistema Único de Saúde (SUS) nasceu graças a movimentos sociais que lutaram pelo direito de saúde a todos, e foi garantido pela Constituição Federal de 1988 com a lei 8.080/1990. Já atendeu 190 milhões de pessoas prestando serviços variados como campanhas preventivas, imunização, fiscalização sanitária, procedimentos médicos de média e alta complexidade como transplante de órgãos, entre outros. O sistema é relativamente novo, (gosto de pensar assim, visto que nascemos no mesmo ano), e vem evoluindo de forma positiva se baseando nos princípios fundamentais da Universalidade, Integralidade e Equidade que garante atendimento a todos.

Fonte: https://www.formacontrolesocial.org.br/images/ilustra_saude_020.jpg

Sendo assim, procurei uma unidade de saúde da família mais próxima e me surpreendi positivamente com a quantidade de unidades de atendimento espalhadas por Palmas-TO. Eu, mãe de primeira viagem, com um bebê de 8 dias no colo, (minha Isis), fui até a Policlínica da 108 sul, para que fossem ministradas as vacinas Hepatite B e BCG (Bacilo Calmette Guérin), simplificadamente, essa vacina cria imunidade e age contra infecções, sendo a principal responsável pela defesa do corpo contra a tuberculose.

Chegando lá, fizemos o cartão SUS na recepção , tudo muito rápido e sem fila, o cartão é feito de forma digital e impresso na hora em papel comum, só basta recortar no formato do cartão para ficar bonitinho. Em seguida nos encaminharam para a sala de vacinação, onde fomos recebidas com simpatia e profissionalismo pela técnica em enfermagem Nilza Maria Conceição. Acredito que devido ao fato de perceber o medo recorrente estampado no rosto dos pais, tenha criado mecanismos que ajudam no conforto de saber que a vacina é o melhor para nossos pequenos.

A profissional explicou sobre o processo de vacinação de um recém nascido até seus primeiros anos de vida e ao me aprofundar um pouco mais no assunto, encontrei informações sobre o Programa Nacional de Imunizações (PNI), que foi criado em 1973 e é uma referência internacional de política pública de saúde. Pois, por meio das campanhas de vacinação, conseguiu erradicar doenças como a varíola e a poliomielite, mais conhecida como paralisia infantil. De acordo com o Ministério da Saúde “O Brasil conta atualmente com mais de 36 mil salas de vacinação espalhadas por todo território nacional, que aplicam por ano 300 mil imunobiológicos. Há ainda vacinas especiais para grupos em condições clínicas específicas, como portadores de HIV, disponíveis nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).”

Nilza fez anotações sobre as vacinas ministradas na Caderneta de Saúde da Criança. Esse é um documento único, onde contém orientações como cuidados com a saúde, direitos da criança, registro de nascimento, alimentação saudável, vacinação, desenvolvimento, entre outros. A caderneta é distribuída pela secretaria de saúde para as maternidades tanto públicas como particulares e entregue gratuitamente para cada responsável pela criança.

Fonte: http://meteoropole.com.br/site/wp-content/uploads/2016/05/caderneta.jpg

O preenchimento da caderneta, com os dados dos primeiros anos de vida da criança ajuda a fomentar uma base do histórico médico. O que pode facilitar bastante o diagnóstico de possíveis doenças. Acredito ser de fundamental importância o trabalho de coleta desses dados e que em um futuro próximo esta caderneta possa vir a ser digital para que qualquer profissional de saúde tenha acesso a todas as informações importantes do paciente.

Chegado os dois meses da Isis e com a cicatrização da BCG seguindo como esperado, chega junto a preocupação com a temida vacina Pentavalente, que é aplicada aos 2, 4 e 6 meses com o primeiro reforço aos 15 meses e segundo aos 4 anos da criança e protege contra tétano, difteria, meningite, coqueluche (outros tipos de infecções provocadas pelo Haemophilus influenzae tipo B) e a hepatite B.  Mesmo antes do nascimento da minha filha já me assombraram com histórias sobre a mesma, que me fez pensar que seriam dois dias de choro e sofrimento. Até que mais uma vez fomos recebidas pela Nilza com a mesma atenção da primeira vez, que fez seu trabalho e me instruiu sobre os cuidados nas horas seguintes para que fosse mais tranquilo o processo reativo. E realmente, não foi nada assombroso.

Fonte: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/jpg/2018/janeiro/30/calendario-vacinal-2018.jpg

Seguimos com nossas visitas mensais à unidade de saúde até o sexto mês. Foi aí que nos deparamos com a falta da vacina pentavalente, e como informado, havia acabado o estoque em toda a cidade. Saí com o conforto de saber que estaria faltando apenas a terceira dose para minha filha e como informado, não era necessário preocupação. Sei que, muitos pais ficaram esperando e outros  tiveram de recorrer a clínicas particulares de vacinação. Nesse caso específico, o atraso nas entregas ocorreram pois estavam aguardando a finalização de trâmites administrativos para liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), segundo o Ministério da Saúde.

Embora contenha falhas, acredito que o SUS seja uma das maiores conquistas sociais dos últimos anos. Com ele foi possível levar um pouco de dignidade a população, já que antes a saúde era direito de uma minoria rica e era comum perder entes queridos por não poder pagar mais do que um xarope que prometia tudo e não resolvia nada.

Deixo meu agradecimento àqueles que não se conformaram!

REFERÊNCIAS

Sistema único de saúde. Princípios e conquistas. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sus_principios.pdf. Acesso em: 30 Mai. 2018.

Saúde Minas Gerais. SUS para todos. Disponível em: http://www.saude.mg.gov.br/sus. Acesso em: 30 Mai. 2018.

Ministério da Saúde. Caderneta de Saúde da Criança. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/saude-da-crianca/pre-natal-e-parto/caderneta-de-saude-da-crianca. Acesso em: 01 Jun. 2018

 

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