Individuação Vs Adaptação: Perspectivas Queer de gênero e sexualidade a partir do olhar junguiano

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Matheus Vale Campagnac – matheusvalecampagnac@gmail.com

 

O presente texto tem o intuito de apresentar discussões da palestra ministrada pelo grupo Thiasos. O tema da palestra foi apresentado por um grande autor da psicologia analítica, George Taxídes. O autor levantou discussões de relevância sobre o tema de “Individuação Vs Adaptação – Perspectivas de gênero e sexualidade”.

Inicialmente o autor introduz sua perspectiva sobre a razão do tema; George enfatiza que sua maior descoberta pessoal, foi encontrar uma obra inteiramente queer, e como o mesmo coloca, “talvez a maior e mais antiga obra Queer de todas”. George se refere ao Livro Vermelho de Jung. Carl Gustav Jung introduziu todas as suas perspectivas e ideias voltadas aos sonhos, dentro de “The Red Book – O Livro Vermelho”, o qual além de elucidar alguns construtos teóricos da psicologia analítica, trás consigo os relatos pessoais e análises profundas dos sonhos do próprio Jung. George, interliga o contexto apresentado no livro de Jung referente a multiplicidade, a qual contém todas as possibilidades para um indivíduo, e isso perpassa caminhos como comportamentos e identidade de gênero.

A individuação, ele explica, é um processo do qual o indivíduo se tornará único a partir do meio. “É individuando-se que o ser encontra o seu próprio caminho”. Nessa perspectiva, o autor também discute a Adaptação, que descreve como um processo de se juntar ao meio: “De desadaptações e adaptações, formulo o meu Eu”. Nessa perspectiva o autor trás reflexões voltadas ao desenvolvimento do indivíduo, focando especificamente na parte do convívio social e a diferenciação do meio, essa relação de vertentes, origina a personalidade individual do ser.

Imagem: PixaBay

Ele traz a reflexão de que a luta não se trata sobre gênero ou raça, e sim sobre a promoção da liberdade individual como consequência da vida, que todos tenham essa possibilidade de exercerem a si mesmos com todo o ímpeto. Além disso, gera discussões sobre como a sociedade influencia negativamente por meio do preconceito as vivências dessa individuação do indivíduo Queer.

Durante a discussão, George traz a reflexão de que o processo de individuação se volta dentro de uma perspectiva de reflexão profunda e lenta. Nesse sentido, ele discute a respeito de um texto onde Jung coloca que “O indivíduo se pergunta constantemente a sua alma o que fazer”, e tem sua resposta sendo “Wait – Esperar”. George faz uma ligação direta com o tema Queer, onde o indivíduo precisa esperar, e durante esse tempo de espera, busca por um processo de integração com todos os seus “Eus”.

Por fim, George debate sobre como todos somos unidos e próximos, possuímos um grau de unicidade dentro de cada um de nós. Nesse sentido ele enfatiza uma perspectiva de aceitação do humano como ser humano, por meio de uma frase: “Aquilo que é humano, não me é estranho”. Ele termina sua discussão promovendo a ideia de que, “se todos somos únicos dentro de nossas peculiaridades e vivências, não existe um jeito universal, cada uma precisa encontrar a sua própria estrela azul, para que possa se guiar.”

Todos possuem conteúdos individuais e únicos, vivências, pensamentos e experiências. Toda essa multiplicidade que formula o indivíduo é o cerne de toda a questão. O objetivo final é simplesmente apresentar a ideia de que todos precisam ser livres para poderem atuar sobre o mundo como indivíduos libertos e sem medo de ser quem são.

Imagem: PixaBay

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VIII Congresso Internacional de Estudos sobre a Diversidade Sexual e de Gênero ocorre em Juiz de Fora

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Acontecerá na próxima semana o VIII Congresso Internacional de Estudos sobre a diversidade sexual e de gênero, realizado pela Associação Brasileira de Estudos da Homocultura – ABEH, nos dias 23, 24 e 25 de novembro de 2016, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em Juiz de Fora, Minas Gerais.

O congresso, que acontece a cada dois anos, tem como objetivo a realização e exposição de diálogos, estabelecidos nos países dos autores participantes, acerca das relações e tensionamentos da homocultura. Além disso, é considerado uma oportunidade de intercâmbio e enriquecimento sobre diversidade sexual e de gênero.

A programação conta com a conferência de abertura, 27 simpósios temáticos, 6 mesas redondas, 46 apresentações de pôsteres, assembleia para deliberação e eleição de nova diretoria, 36 apresentações de relatos de experiências, lançamento de 24 livros e a festa “Fun House”, no encerramento do evento.

Dentre os eixos temáticos abordados nos simpósios pode-se citar: Gêneros e sexualidades nas escolas: políticas, práticas e poderes em disputa; “We Can Do It” – a desconstrução homocultural das práticas nas relações de trabalho; Ativismos e produções acadêmicas LGBT, feministas e queer em tempos de ascensão conservadora no Brasil; Educação, religião e direitos humanos: diálogos interdisciplinares sobre a diversidade sexual e de gênero; Políticas públicas, processos educativos e subjetividades: reinvenções, potencialidades e tensões na temática da diversidade sexual.

Mais informações, inscrição e submissão de trabalhos podem ser realizadas no site do evento.

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